segunda-feira, 30 de abril de 2012

Floralia Brussels

Há cerca de um mês, comecei a ver posters destes pela cidade:


Não foi nenhuma promoção bem disseminada, acho mesmo que a impressão que tive do "comecei a ver posters pela cidade" foi porque, na verdade, havia um no meu caminho diário, daí parecer que eram muitos porque o via todos os dias. Percebendo desde cedo que esta é uma cidade que não se dá a conhecer facilmente, que há que ser pro-ativo na sua conquista, estou sempre de olho nestas exposições/eventos efémeros que de vez em quando brotam aqui e ali na cidade. A imagem do castelo com as flores coloridas à volta suscitou a minha curiosidade e eu fiquei tentada a visitar a exposição das flores nesse mês. Pensei "Ver flores é uma ode à primavera, tenho de escolher um dia de sol para lá irmos visitar e isto ser mesmo bonito. Com o tempo e o calor que tem estado, não deve ser difícil."

Coitadinha, mal sabia eu que cidade meio-nórdica é esta. Ainda estava de ressaca da felicidade que foi usar manga-curta em meados de março, e do sol que na primeira metade no mês nos tinha brindado constantemente. Claro que uma pessoa, chega aqui, sente este tempo, e pensa: "Entrámos na primavera, isto agora é sempre a melhorar!

Pobre alma ingénua. Tive que levar com um mês inteiro de chuva diária, num padrão irritantemente regular de "amanhecer soalheiro + fim de tarde com chuva", apanhar uma molha porque me esqueci do chapéu-de-chuva num dos dias (lá está, uma pessoa sai de casa com céu limpo e nem se lembra que pode piorar) e ser atacada por calhaus brancos a cair do céu e trovões para dar valor a uma tardezinha de sol.

Assim, foi com uma alegria muito grande e nada antecipada que hoje acordei e um sol resplandecente entrava pela janela do quarto. Mais: estava calor! Foi assim, ainda surpreendida, que eu resgatei a ideia da Floralia dos recantos da minha memória onde já a tinha guardado sem qualquer esperança e decidi: é agora ou nunca! E lá fomos nós.

Claro que o sol resplandecente não poderia resistir ao padrão climatérico de Bruxelas e a seguir ao almoço já o céu se encontrava coberto de nuvens. Não desanima, ainda está calor! Felicidade acrescida por, pela primeira vez num mês, ter podido sair à rua sem o casacão de inverno.

O Castelo de Grand-Bigard fica nos arredores da capital. Tivemos de apanhar o metro, um tram e andar um bom bocado para lá chegar (meio às cegas porque não havia placas a indicar o caminho). A quantidade de moradias e o largo pitoresco de vila com os cafés e brasseries a toda à volta, mais a igreja centenária, anteciparam que o Castelo estaria perto e que já não nos encontrávamos propriamente em Bruxelas.

À medida que nos aproximávamos do Castelo, a minha antecipação crescia porque eu tinha visto uma ou outra foto na net e aquilo parecia ser qualquer coisa de especial.

Não desapontou. Ainda não estávamos lá dentro do recinto e eu já usava um sorriso de orelha a orelha ao descortinar canteiros de flores de todas as cores e feitios.




O Castelo fica numa grande ilha rodeada a toda à volta por um fosso de água, que em tempos deve ter servido para defender os seus habitantes e que atualmente dá um ar de conto de fadas a todo aquele cenário. Entra-se por uma ponte e encontramo-nos logo no páteo em frente ao Castelo. Tem um ar algo germânico, agora que penso nisso. Depois de devidamente admirado, passa-se ao que lá fomos realmente ver: os jardins no seu auge primaveril. Verde por todo o lado, canteiros e canteiros de flores de toda a espécie e cor, árvores imponentes, arbustos moldados, tudo muito bem arranjado e cuidado. 




Tenho de confessar que uma pessoa começa a enjoar tanta beleza. Ainda há pouco, enquanto passava as fotografias para o computador dei por mim a olhar incrédula para metade delas porque me pareciam montagens ou aqueles wallpapers de imagens de natureza impossivelmente bonitas.




Mas impressionou-me, sem dúvida. Apesar de hoje em dia ser difícil irmos às cegas para qualquer lado - googlar o sítio antes é tão tentador - e eu saber ao que ía, há qualquer coisa de especial em estar fisicamente no local, experimentar uma vista a 360º, percorrê-lo com os nossos pés, sentir os cheiros, o calor (abafado) do dia e ver o que as fotos estilizadas nunca nos mostram. E, claro, descobrir estes locais de extrema beleza aqui em Bruxelas faz bem à alma.




S.  

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