segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Cavalgando por 2015 fora

A minha lista de desejos para 2015 é muito modesta. Não quero nenhuma coisa, não quero sequer viajar, nem ganhar dinheiro. Só quero saúdinha nestas pernas para poder correr uma data de corridas que já tenho sonhadas. 
 
2015 vai ser o ano em que vou correr a minha primeira maratona. Vou gastar as minhas passas todas só nesse desejo porque quando penso no próximo ano só penso nisso.
 
Será em Lisboa, em outubro, exatamente o percurso que terei feito nessa altura há cerca de um ano atrás de bicicleta.
 
Mas como isso vai ser só quase no final do ano, antes disso já terei acumulado mais uns dorsais preciosos, espero.
 
 
 
 
Depois da São Silvestre de Lisboa deste sábado, onde quase chorei de pura alegria quando emergi do metro no Marquês de Pombal e vi tanta gente vestida de amarelo e uma das avenidas principais da cidade coberta de gente e sem carro nenhum, é altura de recomeçar os treinos para voltar a correr os 21 km, mas desta vez em bom. O objetivo são os 1h59, e, contando que este ano fiz 2h20, vou ter que comer uns bons espinafres para aguentar a pedalada necessária. Desta vez terei a companhia e o apoio moral do marido e da I., portanto conto não me aborrecer lá para o meio, como aconteceu este ano.
 
 
 
 
 
Estou há algum tempo a querer correr esta corrida, por motivos afetivos e também solidários pela causa, e desta vez calha estar cá em Portugal, por isso vai ser desta. Gostava muito de correr os 10 km e fazer um tempo fixe, mas tendo em conta que é uma semana depois da meia-maratona, temo que ainda estarei em convalescença. Em último caso, caminho os 5 km que também lá há, e junto na mesma a vontade à convalescença.
 
 
12 abril - Corrida dos Sinos (Mafra) 15 km
 
 
Por uma coincidência incrível, as férias da Páscoa do ano académico em 2015 vão de 20 de março a 13 de abril, o que significa que posso prolongar a minha estadia por terras lusas para abarcar a meia-maratona em Lisboa e a corrida da minha terra e assim ir corrê-la mais uma vez. Comer estrada às estradas da minha infância e ter claques de familiares eleva a euforia das provas ao quadrado. O objetivo são os 1h29, menos 6 minutos do que na última.
 
 
 
 
Estava muito preocupada porque entre abril e outubro não tinha nenhuma corrida para ir correr e portanto temia chegar à maratona 'destreinada' do ambiente e da adrenalina das provas. E porque estar meio ano a correr sem nenhum objetivo é desperdício. Descobri uma meia maratona bastante perto do verão e relativamente perto de casa, o mais a meio caminho possível entre a meia-maratona de março e a maratona de outubro. Será um prazer enorme voltar à Escócia, e descobrir Edimburgo através da corrida.
 
junho - descansar, ronha, preguiça, apanhar sol
 
Será o meu mês de férias da corrida, o respirar fundo antes do início da preparação para a maratona, que começará oficialmente a 29 de junho (perdoai-me o planeamento a esta distância, mas eu tiro quase tanto gozo dos planos como das corridas em si).
 
verão - preparação para os 42,129 km Cascais-Lisboa
 
Vai ser um verão duro. Mas um verão é capaz de ser mais fixe para preparar uma maratona do que um inverno. Sempre tenho dias intermináveis e o fantasma do gelo longe de mim. Isto tudo contando que o verão seja maioritariamente passado em terras da rainha, para ter os tais dias intermináveis mas sem o calor abrasador português.
 
18 outubro - MARATONA!!!
 
 
De Cascais ao Parque das Nações, sempre à beira do rio, à parte do facto de ter que se correr umas 4 horas sem parar, deve ser uma experiência do caraças.
 
Será o culminar do meu primeiro ano de planos de corrida a sério, e espero que apenas o fim do início. O meu desejo grande é corrê-la em 3h59, mas não sei ainda se isto é um desejo alcançável para já. Os resultados nas duas meias e depois na preparação para a inteira logo dirão. O meu sonho máximo nisto das corridas é correr a Maratona de Londres, mas acho que estreia na de Lisboa é mais do que apropriado. Londres só se entra por sorteio, correndo por uma organização solidária depois de angariar mais de 1800-2000 libras, ou com tempos do caraças, por isso a maratona rainha terá que esperar.
 
E pronto, o meu 2015 girará à volta destes objetivos.
 
Já agora também gostava de passar a minha confirmation review em maio para passar a ser formalmente aluna de doutoramento e de perceber um bocadinho melhor de alemão daqui a um ano do que percebo agora.




S. 

 

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

À terceira é de vez

Agora que já criei a minha nova rotina à volta das leituras para o doutoramento, consegui voltar a incorporar alemão na minha vida. Com sucesso, posso dizer com confiança, porque a língua já faz parte da nova rotina e já aguentou o passar da novidade, portanto é para ficar.
 
Eu sei exatamente o que preciso para que a terceira tentativa de incursão no alemão seja bem sucedida. Livros de exercícios não é, aulas também não, cursos online ainda menos. Preciso de ler muito, mesmo muito, para que as construções das frases comecem a fazer sentido, as palavras comecem a repetir-se e a aprendizagem se torne o mais intuitiva possível, sem que eu saiba como lá cheguei. Mas como ler com um dicionário ao lado é contra-producente e extremamente aborrecido, o que eu preciso é de ler textos bilingues. Ir lendo o texto em alemão e deixar o olhar deslizar de vez em quando para o lado, para a língua familiar, sempre que estiver mais perdida. Preciso portanto de uma história que eu conheça de trás para a frente, que ainda me dê prazer lê-la, nas versões inglês e alemão.


Exato, nunca houve dúvida de que livro teria a honra. Já tinha tentado uma vez lê-lo em alemão mas não funcionou. Tinha mesmo que ser versão bilingue.
 
Mas não há versão bilingue.
 
Procurei e procurei em todos os canais que me lembrei porque com a popularidade destes livros suspeitei que isto existisse oficialmente, ou que pelo menos já houvesse alguém que tivesse tido a minha ideia, mas nada.
 
Não há, inventa-se. Foi o que acabei por me mentalizar que teria que fazer. Aprender a formatar dois textos de forma a aparecerem exatamente lado a lado numa página e depois transformá-los num ebook.
 
O NOVA Aligner, software dos tradutores, tornou-se o meu melhor amigo. Aquilo alinha automaticamente o melhor que pode os dois ficheiros .pdf mas como os ficheiros vêm de fontes diferentes não bateu quase nada certo. Gastei preciosas horas de vida a alinhar frase a frase o livro.
 
No final, valeu muito a pena. Voilá:



289 páginas de texto alinhadinho, em alemão e inglês. O meu livro de Harry Potter bilingue! :')
 
Já o li, acompanhado da versão audio em alemão, para entender os sons e mergulhar duplamente na língua. Estou muito feliz e sinto que é desta que encarrilo.
 
Agora tenho mais 6 livros para ir alinhar.
(Tenho só que meter cada frase de diálogo por linha e ficam perfeitos.)




S.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Os limites da imaginação humana

Ontem, enquanto assistia ao último filme do The Hobbit, estive agudamente consciente de uma coisa: inventam tanto troll, tanto orc, tanto elfo, tanto verme gigante, tanto anão, tanto hobbit, tanto feiticeiro, mundos mágicos com pormenores intrincados, línguas novas que se criam de raiz, criaturas que são misturas de hienas e cavalos, dragões que falam, mas o que não se consegue inventar nem conceber é uma sociedade - nem que seja de anões, de orcs, de feiticeiros ou de elfos - que não seja patriarcal. As relações de género são as mesmíssimas que no nosso mundo real aborrecido.
(Os exércitos são todos de criaturas do sexo masculino, pouquíssimas personagens femininas e as que há é para enfiar histórias de amor no enredo, ou para serem filhas que gritam muito de horror para serem salvas pelo pai e irmão, a companhia que foi reconquistar a montanha era toda de anões homens + hobbit homem + feiticeiro homem, o previsível "women and children" para o abrigo enquanto os homens lutam, etc.)
 
Mulheres no poder e a fazerem coisas que importam, isso é que era ficção científica.
 




S.
 
 
P.S. Os elfos, ainda assim, parecem a sociedade mais igualitária. Mas para uma espécie tão perfeita, deixam muito a desejar nesses campo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Somos mesmo uma nação de emigras

Há duas semanas enviei e-mail ao consulado português em Manchester para alterar moradas para poder votar nas legislativas portuguesas e começar a pensar em renovar cartões de cidadão que expiram para o ano. Enviaram-me e-mail há uns dias a dizer que temos marcação para... 11 de março de 2015. A próxima data livre.

Estamos todos cá fora, está visto.

(Faço ideia da espera no consulado português em Londres, o principal.)



S.