domingo, 26 de dezembro de 2010

1º Natal como dona de casa

Hoje é o dia de ressaca das festividades. Ressaca que nada tem que ver com álcool mas sim com o fim de dois dias de festa antecipados. Todas as festas têm o seu momento de ressaca, que normalmente envolvem limpar e arrumar todos os vestígios da mesma. De maneiras que fazer um feriado no dia a seguir ao Natal é inteligente.

O Boxing Day é também ao que parece um dia de saldos e compras em grande. Faz sentido: as lojas querem aproveitar para se livrarem do que não venderam para o Natal. Nunca vi tanta gente na High Street. É assustador. Nem nos dias anteriores ao Natal, que infelizmente tive de sair e misturar-me na confusão (prendas e compras de última hora...), havia tanta gente na rua.

Anyway, e como prometido, vou postar as fotos das iguarias que fiz para esta época festiva. Não foram muitas nem tantas como tinha pensado, mas contando que erámos só dois a desfrutá-las, ainda bem :).

 A primeira coisa que fiz foi a gelatina com leite condensado, uma sobremesa muito fácil de fazer e muito boa. Como tinha em casa carradas de caixas de gelatina, foi uma boa ideia para me livrar delas ao mesmo tempo que fazia uma sobremesa que apesar de não ser especialmente natalícia é sempre bem-vinda.



Os pacotes de gelatina eram muitos mas não eram variados, como dá para ver. Só tutti-frutti e ananás, o que fez uma sobremesa normalmente colorida apenas verde, lol. Não usei leite condensado mas sim leite evaporado (don't ask...). Claro que tive de pôr açucar, uma vez que o leite evaporado sabe a leite só, ao contrário do condensado. Ficou boa mesmo assim :).

Enquanto a gelatina ía ao frigorífico para solidificar fui fazendo o tão esperado eggnog, de longe a iguaria mais antecipada por mim este Natal. Leva uma quantidade enorme de ingredientes, estranho numa bebida, já que enquanto misturava as gemas e o leite mais as natas me ía interrogando 'Mas isto bebe-se?...'. O resultado foi uma bebida extremamente doce, parecido com pudim uma vez que leva baunilha, mas desenjoativa graças à canela e à noz moscada. Leva álcool, supostamente rum, mas preferi comprar um licor parecido com Baileys, porque me pareceu mais cremoso. Um erro talvez, porque a bebida em si já é bastante cremosa, não precisava de um lícor adicional. Muito bom mesmo assim.




Depois foram as rabanadas. Ora, estas deram-me um bocado de dor de cabeça. Não correram como eu queria. A explicação está no pão de forma cortado às fatias fininhas que comprei. Nada adequado a molhar no leite e no ovo; uma vez ensopadas as fatias partiam-se antes de chegar à frigideira. Outra razão para o fracasso é a minha inabilidade em lidar com frigideiras e óleo. É coisa que detesto mesmo. Tenho pânico que o óleo espirre para fora se estiver demasiado quente, o que resulta em nunca encontrar a temperatura ideal para fritar coisas. Tal ficou comprovado com as fatias douradas: algumas ficaram pouco douradas, outras demasiado escuras :/. Devia tê-las deixado mais tempo no papel absorvente também, estavam demasiado oleosas. Mas comi algumas, o que prova ou a minha grande fome na altura ou o meu grande sacrifício para não estragar comida :D.


Os crackers também não faltaram! Uma tradição um bocado estranha mas divertida. É suposto puxar uma pessoa de cada lado do cracker, aquilo depois dá um estalo e sai de lá uma prenda. Os nossos trouxeram cada um uma coroa de papel, mais um mini escorpião e um mini dinossauro de borracha. E um papel com uma mini piada/trocadilho. Tudo mini, claro está, os crackers são esses pacotes pequenos ao pé da fruta, não caberiam grandes presentes lá dentro!

A refeição da ceia de Natal teve de ser bacalhau claro está. Emigrante que é emigrante faz bacalhau no Natal, para lembrar as origens. Ora, o que se passa com os ingleses é que desconhecem completamente que o bacalhau como deve ser é salgado e seco. Ou seja, há muito bacalhau nos supermercados mas é fresco, como qualquer outro peixe (e sabe a qualquer outro peixe!). O que eu fiz foi descongelá-lo um dia antes e espalhar montes de sal em cima para que quando o cozinhasse ficasse parecido com o verdadeiro bacalhau. Resultou :). Cozi o bacalhau, as batatas e as couves (que surpreendentemente apareceram no Asda há uma semana, mesmo a tempo do Natal :) ), e de seguida levei ao forno, regado com azeite e com pão ralado por cima. Magnifique! Simples mas diferente e mais elaborado (e delicioso) que o tradicional prato de bacalhau e batatas cozidas.




No dia seguinte fiz o tradicional perú para o almoço. Claro que não comprei um perú enorme dos que cá há (somos só 2....) e para minha grande frustração também não encontrei perna de perú. Decidi-me por um pedaço do peito, já preparado para ir ao forno que me pareceu suficiente para os dois e suculento. Não me enganei. Apesar dos avisos maternos que o peito é sempre mais rijo que a perna, este pedaço de carne saiu extraordinariamente suculento e nada seco. Infelizmente só quando a barriga estava a digerir o dito cujo é que me lembrei que tinha faltado a foto ao bicho :(. Pele tostadinha e carne macia regada com um molho de margarina, limão e alho, fica a imagem mental :).

E pronto, assim me entreti nestes dois dias festivos. Um esforço para não esquecer a tradição, porque é destas pequenas coisas que a vida e a felicidade se constrói, e porque não pude estar com o resto da família o que, claro, foi estranho e traduziu-se num Natal mais sossegado e silencioso. Mas o Skype faz maravilhas e pudemos matar saudades enquanto saltávamos de casa em casa e falávamos com as respectivas famílias. Tradição, amor e calor humano não faltaram mesmo assim, nem o entusiasmo na abertura das prendas, e por tudo isto, orgulho-me muito :).


S.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Comida, enfeites e cartões do cidadão

Este ano decidi empenhar-me a fundo na preparação do nosso Natal. Vai ser a primeira vez que o vou passar fora de casa e longe da família, mas por outro lado, vai ser a primeira vez que o vou passar com o D. (pelo menos a véspera). E pela primeira vez tenho uma cozinha minha para preparar comidas e doces natalícios e uma casa para enfeitar :).

Este Natal e todas as coisas que o envolvem têm estado na minha cabeça desde pelo menos o início de Dezembro. Se bem que tenho a confessar que o espírito natalício só o apanhei verdadeiramente na 6a feira, quando fomos ao consulado português. A experiência em si não foi agradável... Algo que eu já suspeitava que iria acontecer. Ora, isto pode ser por uma de duas razões: primeira vez desde que aqui estou que entro em contacto com um bocado de 'Portugal' e todo o seu aparelho burocrático que deixa muito a desejar, ou por ter tido que conviver com burocracia no geral. Sim, perder um cartão de cidadão no estrangeiro, documento fundamental de movimento para fora (e para dentro) do país, não é uma experiência agradável. Ora, perdendo-o e voltando a encontrá-lo, só porque Londres tem um sistema de perdidos e achados nos transportes tão eficiente e a pessoa que encontrou a carteira onde estava o dito documento foi tão honesta ao ponto de entregá-la com dinheiro lá dentro (SIM, devolveram-me a carteira com dinheiro...), mas não podendo utilizá-lo porque entretanto foi cancelado, é frustrante.

Enfim. Lá fomos nós fazer o cartão do cidadão ao consulado português. Não sem antes termos de voltar à rua procurar um sítio para tirar fotos passe e comprar um envelope e selo para meter a minha morada (??) para me poder inscrever no consulado também. Burocracias. Adiante.

Como o D. não teve de trabalhar o resto do dia, resolvemos passear um bocado pela Oxford Street, já que é uma das zonas mais bonitas (e finas) da cidade. Lojas e lojas a tocar música natalícia, com enfeites a condizer, pessoas na rua, eu e o marido mais um hot chocolate a aquecer as mãos, foi uma manhã muito bem passada. Qual não foi a minha alegria quando saímos de uma loja e começa a nevar profusamente! Foi o culminar de uma manhã muito natalícia! Difícil teria sido eu não entrar no espírito.

 

De maneiras que tenho andado esta semana atarantada com os preparativos que incluíram mais enfeites para tornar a casa mais natalícia, compras para o jantar e almoço de Natal, comida com fartura para a próxima semana em que vou receber os primos, envio de postais natalícios para Portugal, e claro, uma prenda para o marido.




Ontem, para entrar no espírito, resolvi cozinhar algo mais elaborado. Empadão. Ou, como se diz cá, Sheperd's Pie, a tarte do pastor. Acho que foi a refeição mais elaborada que já fiz, o que, tenho a noção, não é dizer muito. Mas ficou com bom aspecto:



Já o sabor, er... Comia-se, mas não ficou aquela coisa. Estava demasiado doce, o que uma pitada a mais de sal resolveria e também pedacinhos de chouriço, que faz parte mas não meti. Para primeira tentativa não esteve mal. :)

Mas é para amanhã que estou mais ansiosa. Resolvi fazer um mix de tradições portuguesas e britânicas; não posso desperdiçar o facto de passar o Natal em Londres e não fazer nenhuma iguaria britânica. Eggnog é um must. Fui ao Starbucks ontem para provar o seu famoso Eggnog Latte, estava esgotado. ESGOTADO. Não era naquele dia, nem naquela loja, É para o resto da época natalícia e em todas as lojas Starbucks. Como é possível terem deixado isso acontecer? 'Ah, mas quer experimentar aqui este Latte-não-sei-quê de canela que temos...?' É claro que não quero o Latte-não-sei-quê, quero o Eggnog, porque é Natal e no Natal bebe-se Eggnog, senhor empregado do Starbucks! Fui-me embora com mais £3 na carteira mas sem ter provado ainda Eggnog. Está no topo da minha lista de receitas para amanhã. Rabanadas, bacalhau com couves, Yorkshire Pudding, gelatina com leite condensado (random, I know) e perú estão também na lista. Mince pies eram para estar, mas pareceu-me demasiado nojento para valer a pena... O que parecem pastéis de nata com recheio de uvas esmagadas mais licor pareceu-me suspeito. Ah, e crackers, claro está. Uma lista de fotos e comentários de como tudo saiu será provavelmente o próximo post no blog. :) Até lá, tenham uma boa ceia de Natal com os vossos, muita alegria e conforto, e uma ou outra prenda.



S.

Mais um trocadilho

 


Para manter o blog em movimento, enquanto não chegam outros posts. Já agora, Merry Christmas!

(não é muito usual ver-se um desejo de feliz Natal e uma foto do Hitler no mesmo post... Ganho pontos pela originalidade.)



S.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Intensamente branco

Este foi o cenário com que me deparei quando acordei e fui à janela:




Aposto que hoje é um bom dia para ir às compras na High Street, mesmo que seja o último fim-de-semana antes do Natal. :D

Também aposto que de hoje a uma semana não vai estar assim, não é... Vou fazer figas na mesma!



S.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ter tv na sala, cozinha, sala de jantar, escritório, quarto e casa de banho não é para todos

Só para quem vive num estúdio.

A melhor coisa de viver num estúdio é a disponibilidade de tudo em qualquer parte da casa. Posso estar a fazer o almoço e a conferir o mail nos intervalinhos. Ou ver tv enquanto me estou a vestir no "quarto". Posso estar a lavar a loiça enquanto converso com o D. que está no sofá e vejo televisão ao mesmo tempo. É óptimo. Altamente vantajoso para quem como eu tem a mania de estar sempre a fazer várias coisas ao mesmo tempo. "Ah, o comer está a fazer vou metendo a roupa a lavar enquanto meto Daily Show no computador." Quando estou em casa é extremamente difícil para mim concentrar-me numa única tarefa. Acho que é próprio do meu género, o tão famoso multi-tasking.

E para limpar a casa? Demoro cerca de uma hora. Não preciso de balde para lavar o chão; basta encher o lava-loiça e molhar o pano de vez em quando, enquanto limpo o chão contínuo da minha cozinha/sala/sala de jantar/quarto/entrada. A casa de banho é a única divisão à parte, mas o lava-loiça continua a poder servir de balde (6 passos separam o meu lava-loiça da cozinha. Eu sei, já contei).

Hoje o D. introduziu mais uma divisão na casa: o escritório. "Ah, e quando estás ali no escritório toda curvada..." Largos risos foram a consequência desta observação. A minha secretária, onde passo boa parte dos dias, é pequena mas realmente dá um ar de escritório: livros em cima dela, num momento em que estou embrenhada em 3 essays finais, não faltam. Um calendário gigante adorna a parede em frente. Por baixo da secretária não faltam impressora, telefone, router e papel com fartura. Um mini-escritório é uma boa definição para aquele espaço :).

Tenho de confessar que o meu entusiasmo por casas grandes com enormes roupeiros do Ikea se desvaneceu bastante desde que vivo aqui. Uma casa grande traz chatice. É grande demais para ser limpa numa hora, grande demais para aquecer no inverno, grande demais para uma família se sentir junta. Mas o mais importante: não há casas grandes em Londres. Ok, melhor dizendo: não existem casa grandes para quem não seja milionário em Londres. E eu quero estar em Londres. Quero viver onde posso encontrar tudo, em vários sítios, em várias diversidades e quantidades. Quero muitas pessoas na rua. Quero saber que tudo o que me apetecer fazer está a uma viagem de metro de distância. Tudo o que quiser comprar está a uns passos de casa (literalmente. Abençoada High Street). Esta é uma das grandes diferenças que eu sinto: o espaço que eu considero meu abarca tudo o que eu possa imaginar e querer. Não troco isso por uma casa grande, nem que tenha roupeiros do Ikea :).

Quem sabe se um dia irei mudar de ideias; afinal ainda há uns meses uma das minhas maiores aspirações no futuro próximo era construir uma casa idealizada por mim. Talvez com os anos e com uma família maior os pensamentos e desejos sejam outros. As necessidades mudam com os anos, isso é algo indiscutível. Por agora, e num futuro próximo, a minha escolha é Londres. Sem hesitar.







S.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Aleatoriedades (singular)

Uma curiosidade que me deixou orgulhosa:

Churchill viveu uns anos em Hounslow, a minha actual cidade emprestada.

Orgulhosa porquê? Porque eu sou mesmo assim, ligo a estas coisas curiosas e históricas. E porque actualmente não há tempo para pensamentos mais profundos e desenvolvidos. :)

(random, random, I know)



S.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Educação não tem preço

A minha colega G. hoje revelou-me uma informação que ela descobriu e que me deixou de boca aberta:

---»  parece que em média cada aula do meu curso custou £80 ao bolso dos meus pais.

Fiquei chocada por não fazer ideia. Nunca tinha visto as coisas dessa perspectiva... Este semestre faltei a duas aulas. O que equivale a 160 libras mandadas ao ar, ou seja, 190 euros.

Se precisava de incentivo para não faltar a nenhuma aula nesta última semana que se adivinha muito complicada, aqui o tenho.




S.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Santas Claus is coming to town

Hoje foi dia de experimentar um bocadinho o espírito natalício de Londres. Tardou a chegar mas acho que a minha consciência já está a ficar sintonizada em "modo: Natal".

Não chega que o hipermercado à porta de casa já venda árvores de Natal desde o Halloween. É preciso que Dezembro chegue. Se esse Dezembro trouxer neve então, melhor :).

Se se procurar, Londres tem inúmeras coisas natalícias a fazer neste período. Mercados de Natal não faltam, ringues de patinagem no gelo são mais de uma dúzia, árvores de Natal começam a aparecer em vários pontos estratégicos, postais de Natal são vendidos por inúmeras instituições de caridade. E neve, este ano. De forma que tudo conspira para que o espírito natalício se forme.

Hoje decidimos então experimentar um dos famosos e piturescos Christmas Markets. Por alguma razão, muitos deles duram apenas este fim-de-semana... Escolhemos dois por ficarem perto um do outro e podermos duplicar assim a experiência natalícia. O acesso era muito fácil uma vez que ficam ao lado da estação de Waterloo.

Que diferença para a segunda-feira passada! Desta vez não fui em pé e não houve a confusão de um dia de greve de metro. Claro que ser sábado significa muito menos gente na estação. Mas também significa menos comboios...

A viagem foi feita em frente a duas senhoras velhinhas - o que contribuiu ainda mais para o espírito natalício! Isto pode parecer estranho mas eu clarifico. Estas duas senhoras eram o epítome da Britishness. Quando se pensa em Inglaterra rural, cottages e chá das cinco? Tudo isso estava embrulhado naquelas duas encantadoras senhoras. Mantiveram uma conversa a viagem toda, para meu regalo. Expressões como "jolly scarf", "good heavens!", "oh dear" naquele inglês perfeito da BBC fizeram-me ter vontade de exclamar "awwww...!" enquanto fingia não estar a escutar todas as palavrinhas e frases bem construídas num inglês que não é todos os dias que se ouve. A amante da língua inglesa em mim estava ao rubro. Foi também uma extraordinária variante das conversas sobre doenças que escutei durante anos em transportes públicos entre velhotas. Se bem que aí houve momentos preciosos de comicidade difíceis de esquecer... :D

Quando estávamos quase a chegar a Waterloo, uma das senhoras pergunta "Does she still talk with her father? On Facebook or on Skype?". Acho que aí não devo ter conseguido esconder que estava a ouvir a conversa já que a surpresa deve ter ficado bem visível na minha cara... Octagenárias a falar de novas tecnologias em inglês (perfeito da BBC, não esquecer!) - amo!

Como o mercado ficava perto da London Eye, enquanto esperava pela I. fiquei a observar as pessoas que patinavam pela pista de gelo a fora. Parece tão fácil! Apesar da certeza da minha falta de jeito é algo que sei que vou ter de experimentar. Faz parte de um Natal londrino!

O mercado em si, Cologne Christmas market, não desapontou. Fofinho é a palavra que melhor o descreve. As iguarias à venda e a decoração das cabanas eram de inspiração alemã. Tudo decorado nataliciamente, com luzinhas já acesas (hora de almoço num dia nublado de Dezembro não significa muita luz) fez-me pensar que aquele mercado deve ser mesmo bonito à noite.

O mercado adjacente, mais pequenino, era constituído por tendas com diferentes iguarias. Iguarias comestíveis de vários países, entre eles Portugal! Claro que tivemos que petiscar ali. Chouriço rolls, servidos por um senhor que não falava português, "only Spanish". O chouriço era uma maravilha, acabado de sair da frigideira quente. Mas não se podia considerar iguaria portuguesa; além do chouriço aquela sandes levava espinafres e molho de tomate... Algo nunca visto em Portugal de certo. Enfim. Comemos ali perto e pudemos constatar que aquela tenda estava muito concorrida. Talvez a gastronomia portuguesa tenha boa fama aqui em Londres. O que, admita-se, não é difícil.

De seguida decidimos passear um bocadinho por Londres central. Atravessámos a Waterloo Bridge e chegámos ao Strand. Uma ponte que se atravessa a pé em 4 min numa capital é algo surpreendente para alguém que está habituada a pensar em pontes do tamanho da Vasco da Gama ou mesmo da 25 de Abril. O Tamisa não é uma fronteira em Londres como o Tejo o é em Lisboa.

Seguimos o Strand até Trafalgar Square, Lá estava a árvore de Natal que os noruegueses oferecem todos os anos aos britânicos, desde o final da 2ª Guerra Mundial, para lhes agradecer o esforço de guerra e o que fizeram pela Europa. :') . É caso para dizer: awwww...! A árvore em si era um pouco, er... desapontante. Um bocadinho raquítica e nada impressionante para duas portuguesas que estão habituadas às megalomanias de "maior árvore de Natal do mundo" e coisas do género com que Lisboa gosta de se envaidecer de vez em quando. Mas o que conta é a intenção, senhores noruegueses! E essa é das melhores :).

Decidimos ir à National Portrait Gallery, (grátis, mais uma vez) um museu feito só de retratos de Reis ingleses e outras figuras importantes da história britânica. Claro que a intenção principal da I. e minha era a galeria Tudor, onde estão os retratos desses reis tão mediáticos e historicamente polémicos. Tanto ela como eu temos a historiadora/romancista Philippa Gregory como favorita e a série The Tudors como hobby a preservar. Rirmo-nos ao mesmo tempo de um quadro do economista David Ricardo fez-me mais uma vez dar graças por ter encontrado alguém com quem partilhar coisas nerds e com gostos tão semelhantes aos meus. Saber que ela me entende - she gets it! -  é um dos melhores sentimentos do mundo sem dúvida. :)








S.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

I'm dreaming of a white Christmas

A minha experiência climática está completa. :)

Tem nevado toda a manhã. A BBC dava light snow para todo o dia de hoje - tão light na realidade que chega ao chão e derrete. Mas que importa, testemunhei neve, sou uma mulher realizada! Neve prevista para o dia todo, desta vez alguma tinha de cair.

Saí de casa munida do meu chapéu-de-chuva e do meu gigante sorriso pronta a enfrentar a água congelada que caía dos céus. Mal desci as escadas exteriores apercebi-me logo que o chapéu-de-chuva (e a palavra- chave aqui é chuva) não servia de muito contra a neve. Os flocos são tão pequeninos e leves que flutuam pelo ar até cair e agarram-se a tudo o que é tecido e pele (se ainda houver alguma descoberta...). Nunca tinha pensado nesse pormenor. No meu imaginário neve caía como chuva, em linha recta até ao chão, às vezes na diagonal mas fácil de enfrentar com um chapéu. Nop, parece que é leve demais para tal.

Ia no metro e um mantra repetia-se dentro da minha cabeça "Está a nevar, estáanevar, ESTÁANEVAR!!!". Apercebi-me que a neve parece mesmo pedacinhos de algodão a cair. O que, tenho de admitir, não é a mais original das comparações, mas foi a única que me ocorreu.

Tenho a dizer, no entanto, que neve não é sinónimo de mais frio. Não está hoje mais frio do que ontem, pelo contrário. De maneira que tenho que reduzir um bocadinho as camisolas extra que visto, já que hoje senti calor. Leram bem, calor, enquanto andava pela rua. Em vez de 5 camadas de roupa, talvez 4 cheguem?...

Claro que tive que partilhar que nunca tinha presenciado neve antes. A minha colega G. que me acompanhou até à biblioteca foi o alvo mais à mão. "Tenho a dizer que hoje é a primeira vez que vejo neve!". Como se ela não soubesse, coitada, levou a semana anterior toda com o meu entusiasmo perante a perspectiva que ia nevar... Pelo caminho ia fazendo malabarismos com o chapéu de chuva a tentar aparar a neve que cai umas vezes pela esquerda, outras pela direita, outras parece que vem por baixo do chapéu (!), quando a G. recusa que eu tente aparar a neve em direcção a ela. "Guarda o chapéu para ti, eu já vi neve, sei me defender!" Hahaha, gosto desta rapariga! :D







S.

Waterloo

Dia de greve do metro em Londres é sinónimo de manhã chata. Implica pesquisa de rotas alternativas no dia anterior e meia hora a menos na cama de manhã. Considerando que já me levanto 2 horas e um quarto antes das aulas começarem, meia hora significa muito cedo.

Em dois meses e meio já é a terceira greve de metro que testemunho. É inteligente da parte dos senhores dos sindicatos escolherem o metro: metro londrino parado significa grande reboliço na cidade. Só nestes dias dá para perceber a importância deste transporte para a cidade. A confusão que se instala é enorme.

Mas é uma confusão com ordem. Comboios e autocarros ficam apinhados mas toda a gente sabe exactamente a alternativa a tomar para chegar ao trabalho/escola como sempre. Ainda que isso implique meia hora a menos na cama.

Londres tem uma coisa magnífica: o site de transportes. Nele metemos o ponto de partida e o ponto de chegada e dá-nos a rota a tomar para lá chegar. Mostra não só os diferentes tipos de transporte e as mudanças como o tempo máximo em cada um e o tempo estimado da viagem total. Nem é preciso explicar como isto já me foi útil em dezenas de situações. Refere também as linhas de metro que estão suspensas ou com atrasos em determinado dia, particularmente aos fins-de-semana. De maneira que todos os commuters londrinos sabem bem o que fazer quando há perspectiva de greve.

Uma viagem que costuma demorar 45 min demorou hoje o dobro do tempo. Apanhei um autocarro até a uma estação de comboio e aí apanhei comboio até à estação central de Londres para todos os comboios suburbanos: Waterloo. Não era suposto ser preciso tanto tempo, mas o comboio atrasou-se 20 min. Sardinha em lata é a expressão que melhor define a minha viagem até Waterloo. Sardinha em lata com pernas dormentes depois de 40 min em pé (somados aos 20 min à espera na estação dá uma hora. Já mencionei que estavam 0 graus? E que eram 8 da manhã?)

Depois é o terror tentar apanhar um autocarro, em dia de greve de metro, numa das estações mais movimentadas do país. Num papelinho levei todos os números que paravam na minha univ. Acabei por apanhar um que parou na rua de cima. Não é novidade. Consigo sempre fazer com que uma (aparentemente) simples viagem de autocarro se torne mais complicada. Ou é porque o autocarro não passa onde eu pensava, ou é porque tem de ir por um desvio ou é porque não tenho a certeza do nome da paragem. Autocarros não são definitivamente para mim. Já o metro foi o melhor transporte alguma vez inventado para grandes cidades. Leva-me do ponto A ao ponto B sem desvios, e como pára em todas as estações não há margem para engano. Se bem que o Tube tem algumas variações com que é preciso contar...

 Acabei por chegar um quarto de hora atrasada. Início de manhã atribulado tal como é suposto em dia de greve. Well done, senhores sindicais, you did it.

A viagem de regresso foi o agradável oposto. Se o metro é o melhor transporte inventado, o comboio é de certo o mais confortável. As carruagens são novas e as linhas bem mantidas. O que faz com que o comboio não ande mas deslize sobre os carris. Se juntarmos assentos confortáveis mais aquecimento no máximo e carruagens desertas não é difícil perceber o meu estado de contentamento na viagem de regresso.

Mas antes da viagem consegui maravilhar-me um pouco com a estação de Waterloo. Não era de todo a primeira vez que ali estava (3 greves de metro...) mas como tive de procurar nos placards qual era a plataforma e a que horas o comboio partia a observação foi especial. Fiquei uns bons minutos especada a olhar para os (mais que) muitos placards electrónicos com os destinos e as estações em que parava cada comboio. Há uma magia qualquer nestes espaços de partida e chegada, semelhante à dos aeroportos. E aprende-se geografia! Alguns nomes eram-me familiares, outros nem por isso. Da próxima vez já o serão porque lembrar-me-ei "Já vi o nome dessa terra nalgum lugar..." O sentido de orientação e localização melhoram também.

Por todas as estações onde passava o comboio havia sal espalhado na beira da plataforma. Mais um prenúncio da neve que teima em chegar...






S.

domingo, 28 de novembro de 2010

Deixa nevar (a sério, deixem lá...)

Ando colada às previsões meteorológicas da BBC para ver quando prevêem neve. Tenho a minha localização guardada (Hounslow) e Londres como recently viewed e ando a alternar entre as duas para ver quando e onde vai cair neve primeiro.

Porque aquilo tem previsão de 24 horas, detalhado o tempo que vai fazer em cada parte do dia, e previsão de 5 dias, mais geral. Bastante útil para saber que tempo vou apanhar em casa e na univ. Se bem que já levei chapéu de chuva várias vezes e a chuva prevista não caiu. Ando a fazer contas de cabeça para ver a que horas vou estar onde (Hounslow ou Londres central) e que tempos vou apanhar. 

Andei o dia todo ansiosa porque davam neve para as 21h em Hounslow. Nada. Entretanto emendaram no site; agora diz 21h - white cloud (não não, senhores da BBC, dark cloud...) .  A ironia é darem neve para amanhã às 9h em Hounslow, quando não vou estar cá mas sim em Londres central (9h - mist).

Na 5a feira estava eu com a N. e a G. quando a conversa se voltou para o tempo. "Ah sim, dizem que hoje vai nevar." diz a G., sem qualquer entusiasmo. Compreensível, se tivermos em conta que ambas as meninas vêm de países onde neve é tão corriqueira como chuva. Já eu, "I come from the sunshine lands, I've never seen snow!!!" Tenho direito a estar tão entusiasmada como uma criança no Natal!







S.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Essays revisitados

Hoje foi um dia semelhante à 5a feira passada. A professora voltou a falar do que esperava nos essays finais e houve mais uma aula extra sobre como escrever textos académicos, desta vez dissertações. Mas o dia correu de maneira muito diferente :) .

Hoje foi o culminar do trabalho para EU institutions. Esta semana era a minha vez de escrever um essay sobre o tópico semanal (Política regional e de coesão da União Europeia) e de fazer uma apresentação, tudo isto em conjunto com a minha colega R.. Se se lembram, o pânico sobre os essays era mais que muito pois essays não me são instrumentos de avaliação e trabalho especialmente familiares. Portanto este primeiro essay, apesar de ser apenas um quarto do que os finais terão de ser, seria uma introdução ao trabalho que terei de desenvolver até Janeiro.

Acho que não podia ter corrido melhor. :D

No nosso essay tivemos em conta as críticas feitas a essays anteriores apresentados nessa disciplina para nos guiar para longe do que o que não devemos fazer, e indo assim por exclusão de partes para o que se deve fazer. Depois da aula extra sobre como escrever um essay em já tinha em mente a seguinte ideia muito simples: um essay é a tomada de uma posição e a defesa dessa posição através de provas. Ter isso em mente ajudou-nos bastante a escolher a direcção a tomar na estrutura do trabalho. Argumentos a defender a nossa posição, mais argumentos a defender a posição oposta e o porquê da nossa posição ser melhor. É basicamente isto.

O nosso esforço valeu-nos elogios de colegas no debate da aula e da professora. O meu coraçãozinho voou por uns momentos quando no final a professora disse: "I really liked your essay, you really nailed it" o que pode ser traduzido como "acertaram na muche". Fiquei incrivelmente orgulhosa de mim, pela primeira vez neste mestrado. Apetecia-me pular e soltar gritinhos histéricos de contentamento.

A apresentação que era suposto acompanhar o essay não podia ter corrido melhor também. A R. fez a introdução e eu apresentei um estudo de caso. Qual? Nada mais nada menos que Portugal :D. Uma data de slides com dados, mapas das regiões que recebem os fundos comunitários e tabelas com os programas e o dinheiro que a UE dispende foram uma tentativa de explicar uma parte complicada da política da UE através de algo concreto. Resultou. Os colegas mantiveram o interesse, fizeram montes de perguntas e comentários no final e alguns até nos congratularam. Pela primeira vez numa apresentação cá não levei qualquer apontamento sobre o que ía dizer, expliquei e analisei os dados consoante eles apareciam nos slides naturalmente e de cor. Não me engasguei (apesar de ter ficado presa uma ou duas vezes numa palavra; acontece-me sempre, tanto em português como em inglês; mas consegui sempre dar a volta e continuar o que queria dizer :) ) e consegui improvisar e responder às perguntas dos colegas de forma satisfatória e construtiva.

Isto tudo para dizer que o sentimento de dever cumprido e de orgulho no final da apresentação era mais que muito. O pânico dos essays desapareceu como por magia e um novo sentimento substituiu-se-lhe: confiança. Já tenho uma ideia clara do que um essay é. Ainda que como aplicar isso a diferentes casos e temas seja outra história.

Quanto à dissertação final, ou tese, nenhum pânico semelhante ao da semana passado se instalou. Parece-me apenas um mega-essay, mais elaborado e mais extenso mas com a mesma estrutura. E com isso eu posso lidar :).

Em suma, o dia de hoje não podia ter corrido melhor. Uma apresentação "very interesting", um essay elogiado, algum tempo passado com 3 colegas que timidamente se vão tornando amigas, o dia com temperaturas mais baixas desde que cheguei mas no qual não senti frio NENHUM (os dois pares de collants devem ter ajudado), o papelinho na caixa do correio para ir levantar o router da internet (após mês e meio!) e os segredos da temida dissertação finalmente revelados fizeram-me pensar enquanto caminhava para casa "Realmente só faltava começar a nevar!..."








S. 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Harry Potter: sim ou não

O facto de o filme ter estreado e não ter ainda decidido ir vê-lo anda-me a moer a consciência.

É uma espécie de pedrazinha no sapato que não perturba mas que de vez em quando uma pessoa se lembra que está lá. E a verdade é que nem sequer tenho a certeza se o vou ver.

Porque a questão é que este é o último livro (ainda que não o último filme) e daqui a cerca de um ano a histeria Harry Potter vai acabar. E estou em Londres, bolas! Ainda no outro dia deparei-me com a lista de lugares onde filmaram cenas dos filmes e fiquei surpreendida com a quantidade deles onde já estive (para não falar de dois pelos quais passo todos os dias). A histeria e o entusiasmo deviam ser mais que muitos.

Mas não são e eu sei perfeitamente porquê. Não houve um único filme em que não saísse profundamente desapontada do cinema. O showbiz, a má qualidade dos actores principais e os directores duvidosos fazem com que o grande foco sejam os efeitos especiais em detrimento da história. Isso irrita-me profundamente. Harry Potter não tem NADA a ver com magia e criaturas fantasiosas. Tem a ver com a natureza humana, com fazer as escolhas certas e desafiar o establishment quando é preciso. Ensina coragem, o valor da amizade, o poder da determinação e a importância de agirmos consoante os nossos valores. Mostra que o "lado do mal" nunca é algo completamente definido e que a distinção do "bem" e do "mal" é uma luta diária e nunca acabada.

De maneira que escolhi não ter ido ver o último filme (6º). A história acaba sempre deturpada e pormenores importantes transformados para ficarem melhor na tela. Eterna luta entre o cinema e a literatura.

Ora agora para este último livro insistiram dividi-lo em dois filmes, ao que parece para contar a história como deve ser. O que é uma grande treta porque o último filme é o rematar dos fios de história desenvolvidos ao longo dos livros. Se esses fios não foram desenvolvidos nos outros filmes, é impossível serem-no agora no último.

Mas a razão mais importante é outra. A histeria Potteriana para mim acabou quando li "the end" no sétimo livro. Não consegui voltar a lê-lo. Nunca mais li a série do princípio ao fim. Foi uma decisão meio consciente meio insconsciente mas necessária afinal de contas para a minha sanidade mental. A história acabou. A ânsia constante de esperar pelo próximo livro para saber o que se passaria a seguir acabou com ela.

Jurei que este post seria curtinho e que não me ía meter nesta explicação toda sobre Harry Potter porque é um assunto que não gosto particularmente de discutir. O impacto que teve na minha mentalidade e na minha formação a vários níveis é algo que não consigo explicar. A verdadeira essência dos livros é impossível de explicar a quem não os tenha lido de forma devota. Mas enfim, este blog está a tornar-se muito catártico :).

Voltando à questão inicial: Harry Potter: sim ou não? Provavelmente não. Se não pensar muito nisso. Se não ceder ao marketing constante que me invade a casa e os sentidos sempre que ligo a televisão ou caminho pela rua e um cartaz do filme me apanha desprevenida.  Acima de tudo se quiser evitar mais uma grande desilusão.

Nunca ter estado presente em Londres numa fila de livraria à meia-noite à espera de um livro de Harry Potter continuará um dos grandes (muito raros) arrependimentos da minha vida :) .





S. 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Essays, Portugueses e Pânicos

Hoje foi um dia de preocupações académicas. Um daqueles dias em que tive de respirar fundo várias vezes para não começar a entrar em pânico.

Acontece que a aula extra sobre como escrever essays teve um efeito contraditório: fez-me ver que um essay não é algo inescrutável, como tudo o que é racional tem uma técnica (ok, não são nada de outro mundo, respira, até tens aqui uma folha com o que fazer e não fazer num essay! O que mais podes querer? respira..) mas por outro lado o que é exigido parece-me demais para mim.

Na aula de hoje de EU institutions a professora começou por explicar o que era esperado do essay final. Não, não é espetar bocados de livros sobre o assunto e não, não é dizer "eu defendo esta posição porque sim". Isso já eu sabia. Em teoria, porque na prática continuei a fazer isso - ainda que de maneira mais refinada - por toda a minha licenciatura todas as vezes (muito poucas) em que tive de fazer trabalhos de investigação. Basicamente lia-se alguns livros sobre o assunto e resumia-se os factos e as posições dos autores e estava feito. Dá cá um 18.

Ora o problema agora é que são pedidos estudos de caso. Dados empíricos que demonstrem os argumentos. Porque um essay (fiquei a saber hoje!) não é um resumo da literatura existente nem uma compilação de factos sobre determinado assunto; é antes uma tomada de posição controversa em relação a um tema muito específico, seguida - e esta é a novidade causadora do ataque de pânico - de informação empírica detalhada que apoie a defesa dessa posição.

Isto dá muito mais trabalho. Implica submergir nas bases de dados da União Europeia, vasculhar relatórios e actas de reuniões à procura de informação que suporte o nosso argumento. Quão mais fácil é dizer "eu acho que é assim porque o autor fulano disse que era assim, e ele sabe! porque fartou-se de investigar os documentos reais nas vastas bases de dados existentes"... Parece que agora não se pode fazer isso. Diz que os essays têm de ser trabalhos originais que acrescentem conhecimento e não sei quê.

De forma que comecei o dia bem, logo com um cheirinho do que a aula extra me iria relevar sobre esses temidos essays. E não melhorou. Estava eu a pagar o meu hot chocolate (amo amo amo) quando me deparo com a minha professora atrás de mim. "Ah, como é que estão a ir as coisas?", "Ah vão bem, tirando os mini-pânicos que se formam cada vez que penso nos essays finais. Vou agora assistir à aula extra sobre eles. Sabe, é que nunca fiz um." É aqui que ela arregala os olhos e diz "O que queres dizer com isso? Onde é que estudaste?!" O mini-pânico começa a formar-se. "Er, Portugal... Era tudo à base de exames." Ela tenta reconfortar-me: "Mas agora também tens exames, não é?", "Não, é mesmo tudo essays..." Os olhos arregalam-se outra vez e tenta disfarçar a preocupação: "Bem, tira muitos apontamentos na aula extra e se precisares de alguma coisa diz" assegura-me ela, lançando-me um sorriso reconfortante. Só não entrei em pânico completo porque tinha um hot chocolate comigo.

Pela primeira vez senti que a minha Univ Nova me tinha falhado. Preparação em trabalhos académicos foi algo que não tive como deve ser. Mas tive notas altas em trabalhos! Um método que foi altamente recompensado na licenciatura tornou-se inútil em mestrado.

Enquanto esperava pela aula conversei com a N. sobre dissertações e disse-lhe como achava que 10 mil palavras não eram assim tanto para uma tese de mestrado e como em Portugal eram 30 mil palavras. "A minha dissertação de licenciatura teve 50 páginas, tens alguma ideia de quantas palavras são?" Eu calei-me e chorei por dentro a ausência de hot chocolate para me reconfortar desta vez.

A amiga do lado: "De onde és?", "Portugal", "?!?! não pareces portuguesa! És tão branca e tens cabelo claro...". Hahaha, estereótipos são sempre uma fonte de imensa risada da minha parte :D . "Mas sou baixa, portanto isso qualifica-me como portuguesa.", "Ah, tens razão." A N. perguntou-lhe então como é que ela achava que eram os portugueses: "Então, são mais escuros e de cabelo preto". Gostei imediatamente desta rapariga :D.

A aula em si teve o efeito contraditório como já referi, mas pelo menos agora já tenho um plano sobre o que fazer e o que não fazer num essay, o que incluir e não incluir, as preocupações a ter. De forma que o balanço foi positivo.

Tal aula coincidiu com a preparação do meu primeiro essay em grupo. Será apenas um quarto do tamanho dos essays finais e já está a dar tanto trabalho :( . Como é suposto ser apresentado dá para ter depois em conta as impressões e os comentários da professora. Amanhã vou escrever a minha parte. Espero sobreviver para contar :D




S. 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Fog ou Mist?

Ontem descobri que os ingleses têm duas palavras para designar nevoeiro: fog e mist . Aparentemente há uma diferença entre os dois, já que a BBC dava mist para ontem e fog para hoje. Hum.

Segundo o Longman Dictionary:  

Fog: cloudy air near the ground which is difficult to see through

Mist: a light cloud low over the ground that makes it difficult for you to see very far

Basicamente é exactamente a mesma coisa. A BBC apenas gosta de brincar com a semântica. Para parecer que o tempo varia. "Ah, hoje vai estar mist, mas amanhã já não! Vai estar fog..."

Não se vê um palmo à frente do nariz, traduzindo para linguagem clara e precisa.


S.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

England state of mind

Cambridge foi a minha primeira saída fora de Londres. A cidade que se tinha tornado num mundo imenso a ser explorado foi assim relativizada: é apenas um grande espaço inserido num espaço muito mais abrangente chamado Inglaterra.

Estava em pulgas para ter o meu primeiro cheirinho da Inglaterra rural, ou seja, vislumbrar a verdadeira essência do meu país adoptivo (por um ano). Porque Londres, fabulosa como é e apelando a todos os sentidos como o faz, não dá a conhecer a verdadeira "Inglaterra". Porque é uma capital e uma cidade cosmopolita,. Tal como Nova York, nunca pode ser expressão de um país só porque é um centro do mundo.

Ainda que uma auto-estrada não seja o melhor lugar para se observar as terras circundantes, deu para ter os meus primeiros vislumbres de pequenas aldeias no meio de campos, casas de telhados inclinados, e verde, tanto verde como em Portugal não é possível haver. E os subúrbios! Filas e filas de casinhas todas iguais, testemunha de um planeamento rigoroso e de uma uniformidade que chega a ser desconcertante.

A minha ideia de Inglaterra (ou mais concretamente, de Grã-Bretanha) é uma mistura de vários elementos que fui recolhendo ao longo das minhas muitas leituras. A Grã-Bretanha celta e druida das Brumas de Avalon, a Britannia romana, a Escócia de Julliet Marilier nas Crónicas de Bridei, Idade Média da Guerra das Rosas e dos Tudor, a Inglaterra das manor houses de Jane Austen e, claro, a Grã-Bretanha mágica/muggle de Harry Potter. Todas estas leituras, umas mais do que outras, contribuíram para formar uma imagem e identidade de um sítio que só agora comecei a explorar timidamente. É essa a beleza da literatura :) .

Cambridge.

Vila (ou cidade pequenina) que vive pela, em função e por causa da universidade homónima. Tudo fica perto de tudo, o centro é agradável e acolhedor, lojas que se encontram em todo o lado encaixadas no meio de lojas tradicionais. Toda a gente anda de bicicleta. Nas estradas há o perigo de se ser atropelado mas não por carros. Os gradeamentos das capelas e colleges estão repletos de bicicletas estacionadas e papéis que anunciam inúmeros eventos/palestras/meditações/reuniões. Cambridge tem a mesma atmosfera de Richmond, uma cidade nos subúrbios de Londres. Todos os serviços estão lá, nada falta, a não ser a confusão e dinâmica acelerada da capital. Há um cuidado e atenção pelo pormenor e pelo ordenamento da vila impossível na maior cidade da Europa.

As colleges funcionam nos mesmos edifícios imponentes em que foram inauguradas no séc. XV, o que é bastante desconcertante. Como é possível ter aulas num mosteiro?! Num mosteiro lindíssimo ainda por cima. E depois os claustros e os jardins verdíssimos e bem cuidados, onde uma pessoa tem sempre presente a noção que está dentro de um postal.

As portas dos escritórios dos professores parece que dão para quartos de monges! Dá a sensação que se as abrirmos de repente vamos encontrar um monge ajoelhado a rezar aos pés de uma cama de madeira com colchão de palha.

As bibliotecas devem ser inimagináveis...


 


 S.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Aleatoriedades

Como estão quase a fazer 2 meses que cá estou e porque não tenho mais nada de jeito para dizer aqui vai uma pequena lista de coisas completamente aleatórias que eu descobri sobre Londres e que me puseram um sorriso nos lábios quando me deparei com elas:

- todas as tomadas têm um interruptor;

- os carros fazem a rotunda pela esquerda;

- as pessoas pagam uma licença anual para poder ver canais normais de televisão (os cegos ou surdos só pagam metade... a sério!);

- há sempre algum problema nalguma linha de metro. Quando não há, anunciam pelos altifalantes do metro como se fosse uma coisa anormal...

- os carteiros andam de bicicleta;

- é preciso ter mais de 18 anos para poder comprar cola;

- eu não passo por mais de 18 anos... (pediram-me BI. 2 vezes)

- as passadeiras têm escrito no chão para onde olhar antes de atravessar a estrada (look left  «---- )

- a mercearia polaca da minha rua vende as melhores salsichas do mundo;

- há corvos por todo o lado. Seriously. É perturbante...

- já vi um corvo e uma gaivota partilharem uma refeição no parque de estacionamento em frente a minha casa;

- há pêra Rocha e chouriço alentejano à venda no meu supermercado;

- grande parte dos museus e parques são grátis;

- o semáforo fica laranja antes de ir para o verde (cuidado! vai ficar verde! ... )

- o lixo é recolhido uma vez por semana;

- na noite anterior as pessoas metem os sacos do lixo no passeio em frente à porta de casa;

- o Bonfire Night dura 5 noites...

- não chove assim tanto como dizem.


E pronto. É tudo o que me consigo lembrar de momento. Digam-me os que mais gostaram e os que acharam mais estranhos! ;)








S. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Estereótipos revisitados

Afinal não sou tão imune a estereótipos como me julgava ser.

Preconceitos são coisas terríveis porque não são racionais. Aparentam ter uma lógica que na realidade não têm pois não sobrevivem a uns poucos argumentos destinados a refutá-los. Mas alojam-se no subsconsciente e provocam reacções irracionais.

Reflexão filosófica porquê? Simplesmente porque hoje ia no metro, meio a dormir, em pé (maldito aeroporto que ficas na minha linha, todas as horas parecem de ponta...) quando entra uma senhora coberta da cabeça aos pés por uma tão mediática burka. Não era de certo a primeira vez que via uma (eu vivo em Hounslow, afinal de contas) mas a surpresa é sempre a mesma.

É vergonhoso se admitir que me deu um impulso de sair do comboio logo naquela paragem? Lá entrou o preconceito. Mulher velada = potencial bombista suicida.

Porque burka significa esconder e esconder significa desconhecido. Esconder o quê? Porquê? Uma burka é perfeita para esconder uma identidade (o que faz com uma eficiência incrível) mas também o pode ser a esconder um objecto... A minha imaginação fértil aliada ao mediatismo dos atentados terroristas tem destas coisas. 

Mas mais do que este preconceito, que afinal só gerou um impulso inicial de fuga (não concretizado, tenho a dizer. Que coragem da minha parte, lol), uma mulher velada da cabeça aos pés mistifica-me. Porquê? Em nome de quê? Numa altura que se fala tanto de relativismo cultural e de multiculturalismo esta é uma coisa que não pode estar bem. Não consigo compreender nem aceitar como correcto. Não pode ser correcto um ser humano sentir necessidade de colocar entre si e o mundo uma barreira física intransponível que o oculta do olhar público. Nenhum argumento que vi me convenceu ainda do contrário.

Ah, e tenho que admitir, em jeito de conclusão, que o impulso não se concretizou em acção por uma razão muito simples: a senhora quando entrou disse para alguém em quem tocou sem querer "Sorry". O que a tornou humana mais uma vez :)



S.

domingo, 31 de outubro de 2010

Happy Halloween!




D. S.

Noite, já?

Eram 4 e meia da tarde e já se notava aquele escurecer do céu que precede o pôr-do-sol. Eu estava consciente deste facto, acreditem que estava. Mas, pelos vistos, preparada não.

Realmente o frio não consegue ser pior do que a falta de luz natural. Porque para o frio a preparação é feita fisicamente: uma pessoa veste múltiplas camadas de roupa, põe um cachecol quentinho à volta do pescoço e prepara-se para enfrentar o que é inevitável. Já a falta de luz exige uma preparação mental porque contra ela não se pode fazer nada individualmente: não dá para andar com uma mega-lanterna a iluminar os sítios por onde passamos. Está escuro, está escuro, não há nada a fazer.

Por isso é com alguma melancolia que passo este Halloween e primeiro dia (ou noite) desde que a hora mudou e desde que percebi realmente o que é anoitecer antes das 5 da tarde.





S.

domingo, 24 de outubro de 2010

Trabalha cérebro, trabalha

Já consigo estudar. Finalmente consegui acalmar os meus sentidos o suficiente para ser capaz de me concentrar em aprender, ler, analisar.

Londres estava a ser demasiado enorme e interessante para eu conseguir focar a minha completa atenção num texto. Agora acho que o meu inconsciente já se apercebeu de que Londres não vai fugir, vai estar aqui comigo durante uns meses valentes e que tudo o que há de interesse para ver vai conseguir ser visto. E por isso posso relaxar e concentrar-me em aprender.

Defina-se "aprender". Uma coisa que me tinha irritado na licenciatura está a ser exacerbada neste mestrado, se bem que agora já não me chateia: as aulas levantam mais questões do que as que respondem. Mete raiva. Uma pessoa quer aprender "coisas", factos concretos e dão-nos interrogações. Afirmam que não há teorias certas apenas modos de ver as coisas diferentes, desde que defendidos por argumentos bem construídos. Wtf! Assim não dá para estudar! Porquê? Porque nos obriga a pensar. A tentar levar o raciocínio mais além. E isso é chato. Porque o cérebro é preguiçoso.

Mas o cérebro também é extremamente flexível e após uns tempos a forçá-lo e a limpar a ferrugem eis que não há nada mais estimulante do que questões controversas para dissecar e raciocínios novos para formar. Thank you, King's :).




S.

domingo, 10 de outubro de 2010

Lar Doce Lar

O que faz uma casa tornar-se "a nossa casa" tem sido uma questão que me tem ocupado a mente nos últimos meses. Mais concretamente desde que soube que teria de sair da minha e construir uma noutro sítio.

Nunca tendo conhecido outra casa senão aquela onde vivo desde que vim ao mundo é normal que fosse algo constantemente na minha mente. Ter outro quarto, caminhar por um sítio diferente até chegar a casa, não ter o jardim, os meus animais... Como seria a adaptação?

A verdade é que nunca pensei que fosse tão simples. A adaptação. Uma casa começar a ser sentida por mim como "a minha casa". Percebi que isso só acontece depois de se fazer o caminho até "casa" várias vezes. Ir passear, ir à escola e ao fim do dia regressar a casa, só esse processo repetido algumas vezes torna uma casa em "nossa casa". Ocorreu-me tal pensamento quando vinha a subir as escadas depois de um dia na universidade/biblioteca e a procurar as chaves na minha mala.

Outro processo muito importante é a limpeza da casa. Uma casa só se torna "casa" quando implica empregar um pouco do nosso esforço nela. Limpar o chão. Sacudir os tapetes. Esses simples gestos reflectem da nossa parte uma vontade de tornar aquele espaço mais agradável. Porquê? Porque passamos nele muito tempo. Porque é nosso. Porque é aí que nos sentimos seguros para efectuar as rotinas diárias que comummente se designam de "viver".

Estas filosofias são muito bonitas e bem pensadinhas da minha parte mas a verdade é que cairiam provavelmente por terra (ou pelo menos não seriam tão lineares) se outro processo não se verificasse ao mesmo tempo: a partilha da casa com o D. Porque são todos os outros processos elevados ao quadrado. A limpeza não implica tornar a casa habitável para mim mas para nós, as compras não são feitas a pensar no que eu quero mas no que é bom para os dois, e quando regresso a casa não regresso a um espaço vazio mas sim a um sítio onde sei que tenho alguém à minha espera. Alguém que gosta e se preocupa comigo, como foi o meu dia, como estou, o que fiz.

E esta é muito provavelmente a razão pela qual Londres - e mais concretamente, a High Street em Hounslow - se tornou a minha "casa" em tão pouco espaço de tempo.






S. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Apresentações e mortificações

Amanhã é a minha apresentação na King's. Apresentação que no fundo tem mais de sessão de esclarecimento sobre o curso, as disciplinas e a tão temida tese. Amanhã é também (finalmente!) o dia para inscrição nas disciplinas.

Estou um bocado desapontada comigo mesma. Não tenho lido livros sobre a UE, não tenho lido jornais, revistas, não tenho visto telejornais, nada que contribua para uma mente informada que deve ser a de um estudante num curso de mestrado sobre a UE. Li mais livros de estudo sobre a UE enquanto trabalhei nas piscinas do que agora que não faço nenhum.

E o pânico começa a surgir dos recônditos dos meus pulmões (sim, o pânico forma-se nos pulmões) se começo a pensar seriamente que daqui a um ano vou ter de estar a apresentar uma tese sobre um tema original pesquisado, analisado e concluído por mim. Wtf!! Que sei eu de inovador para apresentar ao mundo?

Isto não é falsa modéstia. Li livros suficientes sobre a UE para chegar à conclusão simples de que eu não sou capaz de fazer parecido. Sou sucinta demais. E tenho a mania que é necessário explicar sempre mais do que o que é realmente preciso. Ou seja, meto pouca informação e a que meto era provavelmente desnecessária.

E o riso descontrolado que me apetece soltar quando penso que vim estudar União Europeia precisamente para o seu Estado-membro mais relutante? Quem sabe se este paradoxo não virá a dar material para um esboço de tese...

O ponto que aguardo com mais ansiedade amanhã é a visita guiada à biblioteca da universidade. Bibliotecas são dos meus sítios preferidos no mundo. E esta foi uma das frases mais nerds que já disse. Mas é a verdade. Ter a possibilidade de vasculhar livros numa biblioteca enorme como aquela fascina-me. E ainda bem. Parece-me que vou passar várias horas dos próximos meses nesse lugar fascinante.


 



S.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Centros comerciais são universais

Não há nada como uma tarde passada num centro comercial e um filme visto no cinema para nos sentirmos em casa.

Centros comerciais são templos ao consumismo. Digo isto sem qualquer espécie de crítica. Marcas multinacionais como a Zara, a Bershka ou a Accessorize fazem-me sentir numa espécie de lugar fora do espaço geográfico onde realmente se encontram. Não estou em Portugal, mas também não estou bem em Londres. Estou num espaço uniformizado que me é familiar, portanto senti-me em casa. Se não como explicar que quando saí da sala de cinema esperei sinceramente começar a ouvir português à minha volta?

A bolha ilusória só rebentou quando as lojas fecharam todas as 6 da tarde. Nenhum centro comercial que se preze em Portugal fecharia tão cedo.






S.

sábado, 18 de setembro de 2010

We're Londoners now

Cá estou. Finalmente. E um ano pelo menos cá nos aguentaremos.

Londres tem sido simpática comigo: está um céu mediterrânico e a chuva tem sido muito escassa. Se não contarmos com a noite em que cheguei a casa toda molhada depois de uma semi-corrida pela Bath Road abaixo. (não tenho culpa que à noite só passem autocarros de meia em meia hora....)

Depois de uns dias de intensa e stressante pesquisa de casas pela zona já temos um estúdio à nossa espera em Hounslow. 2ª feira lá nos mudamos. Até lá continuará a minha mala(zorra) por abrir e a roupa por tirar. Recuso-me a arrumar tudo novamente. E algo me diz que não conseguiria voltar a fechar a mala...

Por falar em malas... Porque será que eu precisei que os meus pais trouxessem 3 malas (uma delas de 26 kg...) além das 2 que eu trouxe antes e das outras 2 que já cá estavam, e o D. só precisou de 1 ou 2 malas quando para cá veio? Será que é essa a verdadeira diferença entre sexos, 30 kgs de bagagem? Mistificante...

Já corremos algumas partes de Londres. Westminster, Southwark, o West End e o Strand foram palmilhados por nós e pelos meus pais nestes últimos 3 dias. Muito para ver ainda.




O próximo passo é a matrícula na King's e a escolha definitiva das disciplinas. Quero estudar tudo. Tudo me parece interessante. E tenho apenas 3 disciplinas por semestre para fazer. Desapontamento por deixar matérias interessantes de lado é já uma garantia.

E logo depois está a mudança... A nossa primeira casa. Hah, o Ikea já espera por mim.


S.

sábado, 4 de setembro de 2010

Malas: feitas

As malas estão feitas. A ansiedade antecipada já se instalou.



Agora é mais uma semana de espera...


S.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

De malas aviadas

O processo de fazer as malas começou. Se calhar adiantado contando que ainda faltam 2 semanas e 1 dia para a minha partida.

Mas sinceramente, who cares? Eu certamente que não :). Se há coisa que gosto é de fazer malas, seja as minhas seja as dos outros (não é, namorado? ;D). Fazer as malas é o ritual que inicia uma partida para o desconhecido. Assinala a quebra da rotina. Marca o aproximar de uma experiência nova.

Desta vez a conotação emotiva associada é bem mais carregada do que o normal. Enquanto arrumo cremes, lacas, algodões, livros (a roupa fica para o fim; a minha paixão por fazer malas não suplanta a minha preguiça em pegar no ferro de engomar) vou depositando a minha esperança nos estudos que se avizinham, o meu entusiasmo numa vida a dois prestes a começar, a minha ânsia em partir para esse sítio novo e as minhas saudades antecipadas de casa e dos meus.

É um processo que quero lento e reflexivo pelas razões mencionadas acima e por outra mais pragmática: não convém esquecer nada.


S.

sábado, 28 de agosto de 2010

Entretanto... The White Queen

Uma vez que a vida do casal luso em Londres ainda não começou (15 de setembro, quando chegas?...) há que arrancar este blog com qualquer outra coisa. E essa outra coisa é nada menos do que a minha última leitura:



Este delicioso livro é da mesma autora de The Other Boleyn Girl, muito famoso graças ao filme com o mesmo nome e, a julgar por este mais recente, por mérito próprio também.

É um livro que tem tudo para ser uma recompensadora leitura para todos aqueles que, tal como eu, adoram romances históricos: passado noutra época e lugar, com batalhas, intrigas, estratégia e complôs e, claro, algum romance à mistura. E o melhor de tudo é que a História não é mero pano de fundo ou pretexto para um romance lamechas com um final invariavelmente feliz (sim, Juliet Marillier, esta foi para ti!). Nesta história extremamente bem pesquisada (tem bibliografia no final!) as personagens são todas verdadeiras, a história é toda ela constituída por acontecimentos retratados pela História, e o papel da autora limita-se a ser o de trazer as personagens de volta à vida e interpretar as suas motivações de acordo com os acontecimentos retratados, para fazer o enredo rolar suavemente.

Toda a história é contada na voz da personagem principal, a rainha Elizabeth Woodville (mais uma razão para adorar este livro, História na perspectiva de uma mulher), uma mulher excepcional pela sua ambição e "garra" e por ter sido das pouquíssimas rainhas inglesas de origem popular, uma mera commoner. O contexto histórico é a Guerra das Rosas, que opôs as famílias York e Lancaster em dispusta pelo trono inglês. O evento histórico (ou a ausência dele, melhor dizendo) à volta do qual gira a história deste livro, especialmente a 2ª parte, é o desaparecimento dos Príncipes na Torre (de Londres), mistério que ainda hoje confunde os historiadores.

Nota reconfortante: este é apenas o primeiro livro de uma saga sobre a Guerra das Rosas sob a perspectiva de mulheres poderosas envolvidas (o próximo é sobre a mãe de Henry VII - The Red Queen).

Portanto, ladies, especialmente vocês que adoram histórias sobre mulheres de outras épocas com ambição e coragem, mulheres que não pararam até (re)conquistar o que reconheciam ser seu por direito (neste caso o trono de Inglaterra mas, hey, todas nós nos conseguimos relacionar com a luta de uma mulher, seja ela qual for =D) ou apenas aquelas que gostam de uma boa história e de História, por favor, deliciem-se! ;)


S.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Bem-vindos ao nosso blog!

Um lugar para partilhar e um lugar para recordar. Serão estas as funções deste cantinho da web cuja principal vantagem é a (virtual) eternidade dos dados aqui postados, que suplanta a própria memória. 
   
Recordações de uma experiência que esperamos inesquecível e recompensadora a todos os níveis: o início da vida de um jovem casal luso nas terras de sua Majestade!

                                                                                                                                          Enjoy! =D
                                                                                                                                                    D.S.