terça-feira, 30 de novembro de 2010

Waterloo

Dia de greve do metro em Londres é sinónimo de manhã chata. Implica pesquisa de rotas alternativas no dia anterior e meia hora a menos na cama de manhã. Considerando que já me levanto 2 horas e um quarto antes das aulas começarem, meia hora significa muito cedo.

Em dois meses e meio já é a terceira greve de metro que testemunho. É inteligente da parte dos senhores dos sindicatos escolherem o metro: metro londrino parado significa grande reboliço na cidade. Só nestes dias dá para perceber a importância deste transporte para a cidade. A confusão que se instala é enorme.

Mas é uma confusão com ordem. Comboios e autocarros ficam apinhados mas toda a gente sabe exactamente a alternativa a tomar para chegar ao trabalho/escola como sempre. Ainda que isso implique meia hora a menos na cama.

Londres tem uma coisa magnífica: o site de transportes. Nele metemos o ponto de partida e o ponto de chegada e dá-nos a rota a tomar para lá chegar. Mostra não só os diferentes tipos de transporte e as mudanças como o tempo máximo em cada um e o tempo estimado da viagem total. Nem é preciso explicar como isto já me foi útil em dezenas de situações. Refere também as linhas de metro que estão suspensas ou com atrasos em determinado dia, particularmente aos fins-de-semana. De maneira que todos os commuters londrinos sabem bem o que fazer quando há perspectiva de greve.

Uma viagem que costuma demorar 45 min demorou hoje o dobro do tempo. Apanhei um autocarro até a uma estação de comboio e aí apanhei comboio até à estação central de Londres para todos os comboios suburbanos: Waterloo. Não era suposto ser preciso tanto tempo, mas o comboio atrasou-se 20 min. Sardinha em lata é a expressão que melhor define a minha viagem até Waterloo. Sardinha em lata com pernas dormentes depois de 40 min em pé (somados aos 20 min à espera na estação dá uma hora. Já mencionei que estavam 0 graus? E que eram 8 da manhã?)

Depois é o terror tentar apanhar um autocarro, em dia de greve de metro, numa das estações mais movimentadas do país. Num papelinho levei todos os números que paravam na minha univ. Acabei por apanhar um que parou na rua de cima. Não é novidade. Consigo sempre fazer com que uma (aparentemente) simples viagem de autocarro se torne mais complicada. Ou é porque o autocarro não passa onde eu pensava, ou é porque tem de ir por um desvio ou é porque não tenho a certeza do nome da paragem. Autocarros não são definitivamente para mim. Já o metro foi o melhor transporte alguma vez inventado para grandes cidades. Leva-me do ponto A ao ponto B sem desvios, e como pára em todas as estações não há margem para engano. Se bem que o Tube tem algumas variações com que é preciso contar...

 Acabei por chegar um quarto de hora atrasada. Início de manhã atribulado tal como é suposto em dia de greve. Well done, senhores sindicais, you did it.

A viagem de regresso foi o agradável oposto. Se o metro é o melhor transporte inventado, o comboio é de certo o mais confortável. As carruagens são novas e as linhas bem mantidas. O que faz com que o comboio não ande mas deslize sobre os carris. Se juntarmos assentos confortáveis mais aquecimento no máximo e carruagens desertas não é difícil perceber o meu estado de contentamento na viagem de regresso.

Mas antes da viagem consegui maravilhar-me um pouco com a estação de Waterloo. Não era de todo a primeira vez que ali estava (3 greves de metro...) mas como tive de procurar nos placards qual era a plataforma e a que horas o comboio partia a observação foi especial. Fiquei uns bons minutos especada a olhar para os (mais que) muitos placards electrónicos com os destinos e as estações em que parava cada comboio. Há uma magia qualquer nestes espaços de partida e chegada, semelhante à dos aeroportos. E aprende-se geografia! Alguns nomes eram-me familiares, outros nem por isso. Da próxima vez já o serão porque lembrar-me-ei "Já vi o nome dessa terra nalgum lugar..." O sentido de orientação e localização melhoram também.

Por todas as estações onde passava o comboio havia sal espalhado na beira da plataforma. Mais um prenúncio da neve que teima em chegar...






S.

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