quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Tempo belga: 2 D.S.: 0

Meu querido chapéu azul das doze estrelas amarelas:

Vivemos um ano muito feliz, eu e tu. Acompanhaste-me sempre na mala, todos os dias, a fornecer-me a força e confiança necessária para caminhar debaixo de chuva interminável. Foste-me oferecido com muito carinho e no auge da minha paixão por todas as coisas união-europeanas. Ao início até andava cheia de tristeza por o inverno lisboeta de 2011-2012 ter sido tão seco e nunca me dar oportunidade de te usar. Por isso foi com muita alegria que vim viver para o paraíso do aguaceiro. 

A tua flexibilidade sempre me maravilhou. Cabías na minha mala mais pequena mas não eras como os outros chapéus desdobráveis; não senhora. Eras resistente, abanavas muito essas varetas mas nunca nenhuma se partia e, entretanto, eu também aprendi a jogar ao chapéu-de-chuva-e-vento.  Afastaste água, neve e granizo, incluindo aquele temporal de pedras de gelo que nunca mais vou esquecer e que até deu ao céu uma cor meio roxa, muito assustador. Nunca mais fechaste muito bem, mas isso estou em crer que se devia à tua felicidade em me proteger da chuva, mais do que ao teu historial de lutas contra a ventania bruxelense e contra a precipitação do demo. Foste um fiel companheiro nas viagens deste ano louco, e mais do que uma vez voltei atrás para te salvar de um esquecimento que quase era completo.

Mas ontem a ventania foi forte demais. Nem o melhor do chapéus rijos aguentaria aquilo, e tu eras melhor que muitos desses. Eras o melhor dos chapéus. Sei que parei no meio do passeio  porque o vento nos impediu de progredir e agarrei-me com força a ti, na esperança que fosses também o mais bravo dos chapéus e te aguentasses, mas depressa descobri que era em vão. Saltou-te uma vareta, saltou-te duas, e eu pensei "Olha, já foi", enquanto continuava de pé fincado e a fazer força para não ser arrastada para o meio da estrada. Ainda te tentei abrir, como se nada fosse, mas tinhas a asa partida. Tentei concertar-te, mas estava para lá de arranjo. Despedi-me de ti.

Foste um bom chapéu. Só quero que o teu sucessor tenha metade da tua força e aguente metade do que tu aguentaste. Conseguindo-o, já será um grande chapéu.

Um adeus do fundo do meu coração partido,

S. 






P.S. - Isto foi para eu não me armar em esperta a gozar com a queda do Napoleão. Ninguém goza com o tempo belga e sai impune.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Beauvoir explica

Com muita pena minha e após muita pesquisa, descobri que a obra-prima da Simone de Beauvoir não existe em livro eletrónico - nem para fazer download nem para comprar. Teria sempre que comprá-lo em papel, portanto. Primeiro decidi que o iria requisitar numa biblioteca aqui da cidade; estou num país francófono, ora que bolas! (bom, parcialmente, pelo menos). Mas depois cheguei à conclusão que teria mesmo que o comprar já que este é um livro que tenho que ter, para ler, voltar a reler, folhear, ir clarificar qualquer coisa.

Por altura do Natal, deparei-me com isto, que me alertou para uma livraria de livros em segunda mão, a caminho do meu trabalho:



Ali estava uma boa oportunidade para obter o livro de forma baratinha.

A livraria era enorme - o que não deixou antever antes de entrar - e tinha filas e filas de prateleiras cheias até ao teto. Pus logo de parte a ideia de procurar o livro sozinha e assim que perguntei ao livreiro se tinha obras da Beauvoir, ele encaminhou-me para uma estante tão insuspeita quanto as outras todas (maravilha-me o facto de os livreiros saberem sempre exatamente onde estão os livros, qualquer um que se peça, mesmo quando o sistema de organização das obras não é nada explícito).


Eram dois volumes e estavam agarrados por um elástico. E custaram 5 euros, os dois. Que achado!

Devo confessar que a minha excitação por ir começar a ler esta obra-prima do feminismo era de equivalente proporção ao meu medo que isto fosse um livro ideológico, dogmático, um manifesto. Eu gosto mesmo muito do feminismo, mas não gosto de bíblias. Aceito as premissas do feminismo, essa da igualdade entre géneros, mas gosto de saber porquê, que me expliquem as coisas, que me as argumentem logica e racionalmente, sem dogmas e sem credos. Por isso mesmo parti um bocadinho de pé atrás para esta leitura que esperava muito que fosse elucidatória.

Digo agora de consciência muito tranquila e até aliviada que os meus receios eram completamente infundados. Beauvoir antes de ser feminista é filósofa e portanto todo O Segundo Sexo é um discorrer lógico de pensamento. Não há uma pontinha de dogma na obra que muitos apelidam de a Bíblia do Feminismo.

O ponto central da obra é descobrir porque é que a mulher, em toda a História e em todas as sociedades humanas, foi invariavelmente subjugada pelo homem, relegada para um papel secundário, inferior, como segundo sexo, arredada da construção do mundo. A autora explora várias teorias que se debruçaram sobre este fenómeno, como a psicanálise e a inveja do pénis, o materialismo histórico e a importância da produção no valor do homem, etc. Nenhuma delas, no entanto, consegue explicar na totalidade a subjugação da mulher. Todas parecem incompletas. Até a História, por não conseguir apontar o momento ou o acontecimento que relegou a mulher para segundo sexo, não consegue dar uma resposta satisfatória. Mas depressa Beauvoir chega à conclusão que:

"Sempre houve mulheres; elas são mulheres pela sua estrutura fisiológica; tão longe quanto a História consegue alcançar, elas foram sempre subordinadas ao homem; a sua dependência não é a consequência de um acontecimento ou de algo que surgiu."

"Il y a toujours eu des femmes; elles sont femmes par leur structure physiologique; aussi loin que l'histoire remonte, elles ont toujours été subordinées à l'homme; leur dépendence n'est pas la conséquence d'un événement ou d'un devenir, elle n'est pas arrivée." 

Ou seja, isto deixa antever que há algo inerente à fêmea humana que explica a sua condição subalterna. E foi aqui que eu tremi. Não estava bem a compreender onde é que a Simone ia parar indo por esta linha de pensamento abaixo. Fraqueza inerente? Isto cheira precisamente à misogenia que durante séculos manteve a mulher subjugada: "A mulher é naturalmente mais fraca que o homem, tem perturbações de humor, é histérica, é emotiva, é uma incapaz, é melhor deixá-la lá estar sossegadinha no lar. É para bem dela."

Simone envereda pois pela biologia. Vai tentar descobrir onde está a característica que terá que ser comum a todas as fêmeas humanas e que explica o "ser mulher". Rapidamente descobre que só o facto de ser fêmea não explica que a mulher tenha que ter uma posição subalterna ao homem; na Natureza e entre as outras espécies tal não se verifica. Sim, geralmente as fêmeas são mais pequenas do que os machos, menos fortes, e têm obviamente uma função importante na continuação da espécie. Mas estão par a par com os machos; ou seja, funções diferentes sim mas equivalentes. O que não acontece com as sociedades humanas: a mulher, relegada para o lar e para a função reprodutora, tem um papel manifestamente secundário na sociedade (de notar que o livro foi lançado em 1949, e enquanto toda a argumentação é perfeitamente válida hoje, o papel da mulher mudou bastante nestes últimos 60 anos).

Então o que é que a autora descobre? Uma coisa surpreendente na nossa biologia. Nenhuma outra fêmea, na Natureza, está tão escravizada à sua função reprodutora, à sua espécie, portanto, quanto a fêmea humana. Beauvoir enumera: 

- nenhuma outra espécie tem a possibilidade de engravidar todos os meses - se pensarmos nos cães e nos gatos, estes têm, o quê? dois ou três cios por ano, enquanto uma mulher está condicionada pela sua função reprodutora doze vezes por ano; 

- nenhuma outra espécie tem uma semana de relativa alteração hormonal todos os meses fruto do seu ciclo reprodutor que é, lá está menstrual, e que, consoante a intensidade é mais ou menos incapacitante;

- nenhuma outra espécie dá tanto de si, biologicamente, durante a gestação. A gravidez é nas humanas uma condição que lhe suga literalmente elementos indispensáveis à vida;

- nenhuma outra espécie sofre tanto com o parto como a fêmea humana.

Daqui a Simone retira que a mulher é, fisiologicamente, uma escrava da espécie. E que esta escravidão constitui o busílis da questão da sua inferioridade na sociedade:


"A razão profunda que no advento da História relegou a mulher ao trabalho doméstico e a interdiu de tomar parte na construção do mundo, é a sua escravização à função geradora."

"La raison profonde qui à l'origine de l'histoire voue la femme au travail domestique et lui interdit de prendre part à la construction du monde, c'est son asservissement à la fonction génératrice."


Isto era tudo muito bonito, diz ela, na altura em que o homem caçava para comer, esculpia as suas ferramentas, e sobrevivia apenas. Aí a mulher tinha, como qualquer outra fêmea na Natureza, a tarefa de gerar. Mas esta era tão válida quanto a da caça, já que ambas se destinam à perpetuação automática da espécie. É a partir do momento em que o homem começa a modelar o mundo, a explorá-lo, a domá-lo, a desbravar terras e a cultivá-las, que o seu papel ganha uma transcendência impossível até aqui e que a fêmea humana, pela dupla razão da sua escravização à função reprodutora e por ser geralmente mais fraca que o macho humano, é relegada para a caverna de forma definitiva:

"A fecundidade absurda da fêmea impede-a de participar ativamente no crescimento dos recursos uma vez que ela (a fecundidade) cria indefinidamente novas necessidades."

"La fécondité absurde de la femme l'empêchait de participer activement  à l'acroissement de ses ressources tandis qu'elle créait indéfinemant de nouvelles besoins."


Beauvoir chega a interrogar-se no entanto porque é que mesmo assim a mulher não gozou de uma posição igual ou mesmo superior ao homem precisamente pela sua capacidade de gerar vida; se há coisa mágica e geradora de inspiração e maravilhamento é a capacidade de onde só havia um, passar a haver dois. Mas ela depressa descobre porquê:

"É arriscando a vida que o homem se eleva acima do animal." - Ou seja, o homem adquire o seu valor enquanto Homem quando arrisca a vida, quando empreende, quando desbrava o mundo.

"Se en risquant sa vie que l'homme s'élève ao dessus de l'animal." 

"Gerar, amamentar, não são atividades, são funções naturais; nenhum projeto é aqui empenhado; é por isso que a mulher nunca encontrou aí motivo de uma afirmação superior da sua existência; ela apenas se submete passivamente o seu destino biológico."

"Engendrer, allaiter ne sont pas des activités, ce sont des fonctions naturelles; aucun projet n'y est engagé; c'est pourquoi la femme n'y trouve pas le motif d'une affirmation hautaine de son existence; elle subit passivement son destin biologique."

Isto é quase como levar uma chapada na cara. Tão acutilante, tão sem-misericórdia, tão cru, tão racional, tão... controverso. Mas tão lógico e tão clarificador. Explica duas coisas fundamentais da condição da mulher:

1. O historial de subalternidade, desde sempre e em todas as sociedades sem exceção;

2. Porque é que só agora, há pouco mais de 50 anos, é que se tem assistido a uma verdadeira alteração no papel fundamental da mulher. Numa palavra: pílula.

Pela primeira vez na História, a mulher domina o destino a que a espécie a devotou ao controlar quando, como e onde será (ou não) mãe. Só agora a sua participação ativa no mundo, na produção e no conhecimento é possível:

"Um dos problemas essenciais que se colocam à mulher é a conciliação do seu papel reprodutor com o seu trabalho produtor."

"Un des problèmes essentiels qui se posent  à propos de la femme, c'est la conciliation de son rôle reproducteur et de son travail producteur."


Dei pulos de contente quando desenredei todo este pensamento; eu sabia que a minha suspeita de que a conciliação trabalho-família é o grande obstáculo para a igualdade de género na Europa era fundada!

E pronto, chega assim ao fim o ponto central e fundamental d' O Segundo Sexo. Não é o único, bem entendido: falta o papel da religião, a explicação da sexualidade diferente, e as consequências que séculos de relegação para papel inferior tiveram (e ainda têm) no que é "ser mulher" e em como a mulher se vê a si própria. E ainda há todo o papel fundamental que o Cristianismo teve nisto tudo.

Fica para futuros posts.

Por agora, ficarei muito contente se tiver feedback, seja ele do género "isto não faz sentido nenhum" ou "sim senhora, muita lógica" ou ainda "faz sentido mas discordo aqui e aqui". Como diz o outro, é a falar que a gente se entende.



S. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Napoleão é um ovo podre

O Napoleão não fez o trabalho de casa. Ainda não li Os Miseráveis até ao fim, mas sei que esta será a conclusão mais importante que deles vou poder tirar.

Estava eu muito bem a ler o livro quando o Vítor Hugo decide começar a contar a história da batalha de Waterloo. Fiquei muito contente: Waterloo é mais um daqueles grandes virar de página da História Europeia e portanto um marco da identidade partilhada do velho continente. Além disso, fica a uns 40 km aqui de Bruxelas e diz que todos os junhos, no dia da batalha, lá fazem uma recriação histórica muito bonita e cheia de figurantes e tal. Já não me lembro por que é que não fomos lá o ano passado, mas havemos de ir este ano. Em princípio.

De qualquer forma, dizia eu que o Vítor Hugo começou a contar a batalha de Waterloo. Como é que foi, como é que não foi, de onde é que veio um batalhão, por onde é que entrou a infantaria e a cavalaria e não sei quê. Às tantas, diz ele:

"If it had not rained in the night between the 17th and the 18th of June, 1815, the fate of Europe would have been different." 

Arrebitei logo o ouvido (não obstante o facto de estar a ler. Mas adiante):

"A few drops of water, more or less, decided the downfall of Napoleon."

Olha que curioso, ironias do destino, hein, como os acasos deitam abaixo super-homens como o Napoleão...

"All that Providence required in order to make Waterloo the end of Austerlitz was a little more rain, and a cloud traversing the sky out of season sufficed to make a world crumble."

Foi quando eu li este "a cloud traversing the sky out of season" que se fez luz e eu desatei às gargalhadas. Porque, a sério, isto é tão caracteristicamente belga e tão igualzinho ao que eu penei o ano passado que só pude comiserar. Ora então, o grande Generalíssimo, super-mestre-génio-militar senhor Napoleão é derrotado por uma chuvada fora de época. Na Bélgica. 

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!

O senhor Napoleão devia saber que na Bélgica não há chuvadas fora de época. Qualquer altura do ano é boa para cair chuva - e não interessa que nos quinze dias anteriores tenha estado um calor de morrer (o que também é muito difícil). Não interessa que tenha estado um sol magnifíco MEIA-HORA antes do acontecimento: há sempre, a toda a hora, em todos os dias de todo o ano, a forte probabilidade de desatar a chover. Exceto em janeiro, que por causa do frio é mais provável que neve.

Eu sei que ele deve ter escolhido muito bem o dia e o mês para reduzir fortemente as probabilidades da água a cair do céu, embalado lá pela noção da terra dele de que as estações fazem sentido e que o tempo se comporta normalzinho e que no verão não chove. Errou foi no território, pronto. 

Diz que depois aquilo era só lama e a artilharia não conseguia avançar e que depois havia um vale que, por causa da chuva, estava meio inundado e os soldados não repararem que, bom, era um vale, e caiu tudo por ali abaixo. 

Ora então, parece que o tempo bipolar belga livrou a Europa de ser dominada por um déspota. (O Vítor Hugo discorda; diz que quem ganhou Waterloo foi a contra-revolução, as monarquias, o conservadorismo, e quem perdeu foi a Revolução Francesa e a Liberdade. Mas que raio de liberdade é que pode haver com ditadores que se auto-intitulam "Emperator", pergunto eu. E o Vítor Hugo também diz que o Napoleão só perdeu a guerra porque Deus não queria rivais, e o Universo estava a ficar demasiado desequilibrado, de tão divino e maravilhoso que o Napoleão era, e não por mérito do Wellington, que era só razoavelzinho. Por isso o seu juízo é claramente enviesado).

Espero que no dia 18 de junho em que eu vá a Waterloo, seja de que ano for, esteja a chover, que é para a experiência ser completa e extremamente hilariante. Só assim a recriação histórica estará completa.


 

S.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Gym motivation: Unlocked

Vou a caminho dos seis meses seguidos inscrita num ginásio e a frequentá-lo pelo menos duas vezes por semana, o que é um verdadeiro feito considerando o meu historial de sedentarismo/preguiça. O facto de ele ficar perto de casa ajuda mas não explica o fenómeno na sua totalidade. Mas há um aparelhozinho que contribui com o resto da explicação e que mantém oleada a mola que me faz saltar do sofá ou da cama para ir passar cerca de uma hora a mexer as pernas:




É isso mesmo. O Kobo volta a figurar no meu top de adorações. Desta vez, em forma de motivador de exercício. Mas a história toda tem que ser conhecida porque envolve uma boa dose de hipocrisia.

Tinha já reprarado várias vezes nas pessoas que levavam para o ginásio livros e que passavam muito tempo numas bicicletas que parecem poltronas e cujo esforço para movimentar sempre me pareceu extremamente pouco. O meu reflexo do julgar-antes-de-analisar vinha à tona sempre que eu via alguém absorvido na leitura, recostado na sua poltrona-bicicleta e dava-me para pensar com desdém: "Pff, ler e fazer exercício nunca podem combinar. Ou se está concentrado numa coisa ou na outra, impossível fazer as duas bem". E lá continuava eu a pedalar/dar à perna com redobrada energia, como que a provar a mim mesma que não, eu é que estava a fazer aquilo acertadamente.

Entretanto, e como toda a gente que já frequentou um ginásio sabe, aquilo começa a embrutecer a mente. Ou seja, o esforço físico começa a não ser tão penoso quanto o aborrecimento que é estar a ver os minutos a passar lentamente e uma pessoa acaba por se fartar rapidamente. Os programas de TV nunca foram excecionalmente apelativos (tirando o facto de que ali era a única vez que eu conseguia apanhar telejornais belgas e ainda cheguei a ver uma ou outra reportagem interessante sobre as eleições comunais) e cheguei a levar música minha para ver se animava aquilo mas sem grande sucesso. Até que houve um dia em que, contra o meu melhor juízo, fui experimentar as bicicletas-poltronas e... adorei. Que maravilha recostar para trás e só dar à pata! (quero acreditar que foi porque estava especialmente cansada nesse dia). Só que aquilo ainda é menos animado que o resto dos aparelhos e portanto comecei a pensar que fixe, fixe, seria ter qualquer coisa que me distraísse do cronómetro, que ajudasse o tempo a passar mais rápido. Alguma coisa do tipo, um livro... talvez?

E foi assim que o Kobo me passou a acompanhar nas sessões de ginásio. Melhor ideia não podia ter tido! Da primeira vez que o levei sentei-me nas bicicletas-poltronas e fiz meia-hora sem reparar. Meia-hora não é nada de espetacular naquelas máquinas da preguiça, mas o que me surpreendeu foi a rapidez com que essa meia-hora passou. Isto porque o Kobo e as máquinas daquele ginásio (talvez de todos, não sei) têm um casamento muito feliz: as máquinas têm uma espécie de prateleira pequenina no mostrador, onde eu coloco o Kobo, e o Kobo tem a altura e a largura suficiente para tapar o cronómetro mas para deixar a barra circular livre, que me dá uma ideia da percentagem de tempo que já cumpri. Um livro seria sempre muito mais trapalhão, já que é mais grosso que a prateleirinha, e as páginas normalmente não se sustêm sem as estarmos a agarrar. E além de me ajudar a passar o tempo no exercício, ali está uma hora sem distrações que devoto à leitura, o que às vezes é complicado em casa devido à supra-distração que dá pelo nome de internet.

É por isso mais uma ode que aqui deixo aos leitores de livros eletrónicos, vulgos e-readers, ode essa muito merecida. Mais uma boa razão para considerar deixar de parte os calhamaços de papel e abraçar a tecnologia. Que no fundo só vem facilitar a vida (é para isso que ela serve, afinal).




S.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Ele há coisas... #29

Numa das nossas deambulações por Bruxelas, encontrámos isto:




Estava mesmo convencida que aquela imagem do senhor de óculos, chapéu e bigode era do Fernando Pessoa, mas não. Lembro-me que na lista figura o Camus, o Twain, o Nietzche e a Woolf (pintada na porta) mas nenhum português. 

A parede da livraria fica numa rua onde costumamos passar várias vezes, não sei porque é que ainda nunca tínhamos reparado nesta parede. Ou foi porque mudámos de passeio ou porque a livraria é mesmo recente... De qualquer forma, foi um bonito achado.



S.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Agarra que é feminista

Ainda mal o comecei, mas a avaliar pelo tempo que tem estado a marinar na minha mente e pelo número de vezes que já tive ganas de o lançar, este post vai levar tempo a ser escrito. Por mim, tudo bem; tenho o fim-de-semana todo pela frente.

Já por duas ou três vezes toquei no assunto, quase sempre relacionado com os meus estudos. Mas a igualdade de género tem vindo a adquirir uma parte demasiado grande dos meus pensamentos, da minha perspetiva da vida e do mundo, e do que eu quero fazer no futuro. Merece, pois, ocupar um espaço maior na minha escrita. 

Este blog é por vezes demasiado ligeiro, com mais aleatoriedades, reviews de chás e baboseiras sobre chocolates quentes do que eu me atrevo a admitir e, tirando um ou outro post sobre considerações mais profundas sobre o futuro - o meu futuro, entenda-se - não relata nenhuma das minhas lutas interiores de convicções. E o feminismo, como já se viu, é talvez a maior delas. Não era, mas de há uns anos para cá tem vindo a rastejar sorrateiro pelos meus sentidos, fazendo cócegas à minha inteligência, suscitando mais dúvidas do que esclarecimentos, mas trazendo à baila uma lógica muito diferente do senso comum mas que faz tão mais sentido ao que observo à minha volta todos os dias.

Já aqui tinha dito uma vez como as questões de igualdade de género me suscitaram interesse pela primeira vez. Lembro-me perfeitamente de em 2007, por altura da assinatura do Tratado de Lisboa e quando Portugal detinha a presidência do Conselho Europeu, me ter vindo parar às mãos uma capa com panfletos sobre a Presidência, com um cd pequenino que continha as prioridades políticas de Portugal para a Europa, e uma delas ser distintamente a continuação da luta pela igualdade de género. E lembro-me de achar aquilo surpreendente e maravilhoso ao mesmo tempo, sem saber ainda explicar bem porquê. Uma espécie de gut feeling me dizia que aquela era a direção certa a seguir.

Entretanto, a minha paixão, curiosidade e ambição pela União Europeia definiu-se e apurou-se, e numa das minhas leituras anteriores ao ingresso na King's, descobri logo que a minha dissertação final de Mestrado teria que versar sobre direitos das mulheres. E versou. Desde então, vi-me obrigada a ler muito na área, aprender ainda mais, descobrir os variados campos onde a igualdade de género ainda não é uma realidade (todos. Menos o da lei, talvez. Mas os hábitos, como se sabe, são sempre os últimos a mudar) e conciliar a minha visão académica com a minha visão feminista.

Agora que olho para trás é que me apercebo como os dois campos da igualdade de género que sempre me fizeram borbulhar mais o sangue foram precisamente os que escolhi como trabalho/estudo: 

- a violência, doméstica mas não só, contra as mulheres, que foi o que impulsionou a minha intenção de estagiar na APAV. Normalmente, eu sou uma pessoa muito serena, controladinha nas suas emoções e ações, no domínio sobre mim, e por isso mesmo lembro-me perfeitamente de ver o Bordertown, e acabar o filme a soluçar, cheia de calafrios e um horror que me abanou até à alma. E pensar: "Isto não é normal. Se eu não tenho nenhum trauma de violência, como é que é possível isto me afetar desta maneira?". E chegar à conclusão que ali estava a única e verdadeira causa com a qual eu alguma vez me podia indignar a sério, ao ponto de agir.

- a divisão do trabalho doméstico. Esta agora metida assim por baixo da da violência até parece um bocado mal, pontos diferentes de gravidade, se calhar... Mas se há coisa que sempre me mexeu com os nervos foi a questão de levar a roupa, fazer o jantar, fazer a cama, ir às compras, mudar fraldas, dar biberões, ir pôr à escola, passar a ferro, etc etc serem coisas de mulher. Como é que num casal onde ambas as pessoas trabalham fora de casa continua a ser da responsabilidade da mulher? Como é que isto parece justo seja a quem for? Também a propósito disto, lembro-me agora de uma professora de História no 10º ano, que não tinha mais de 30 anos e dona de uma energia contagiante, relatar muito bem-disposta que não senhor, lá em casa fazia-se tudo a meias, ela cozinhava, o marido passava a ferro; ela punha roupa a lavar, ele aspirava o chão. E eu ganhar uma admiração daquelas do género inalcançáveis, "quando for grande quero ser assim" mas ter-se toda a certeza que é preciso muita sorte para calhar com um homem daqueles. Hoje já penso bem diferente, e que não passa pela sorte mas sim pelo bom senso e não espero menos que a sua quota-parte do trabalho doméstico feito. Que - surpresa! - é pelo menos metade: 2 a dividir por 2 dá 1. Que é metade de 2 (ok, acho que já se percebeu). Mas porque entendo que enquanto não houver divisão perfeita neste campo as mulheres nunca vão poder escolher livremente carreira ou família ou ambas, e porque surpreendentemente a UE já legislou sobre isto, foi o tema da minha dissertação de Mestrado.

Estas são duas boas razões para uma pessoa ser feminista. A palavra está conotada com um sentido pejorativo que leva muitas mulheres a afirmarem que acreditam que há ainda muito a fazer no campo da liberdade das mulheres "mas eu não sou feminista". Pensa-se em mulheres histéricas, zangadas com o mundo e com os homens, de cabelo rapado e a queimar sutiãs. É do género da ideia de que os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço. Eu não tenho nada contra feministas radicais que gritam muito, rapam o cabelo e queimam sutiãs; pelo contrário. Tenho uma profunda admiração por este grupo, por exemplo, que cultiva ódios um pouco por todo o lado mas que chocam e abanam o establishment até às entranhas, com a noção muito radical de que o corpo da mulher lhe pertence a ela somente:



Só tenho pena de não ter a coragem delas. Mas ser feminista não é nada mais do que acreditar que todas as pessoas devem ter os mesmos direitos, a mesma liberdade, as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento, tenham elas uma pilinha ou um pipi. Mas depois entra-se no campo da grande frase "mas os homens e as mulheres são diferentes, ponto." Aparentemente são, sim. Mas quanta dessa diferença é biológica e quanta é socialmente construída? Aqui é que reside a verdadeira questão: saber separar as diferenças fisiológicas e óbvias, das que são assimiladas desde a nascença, pela convivência em sociedade, e que se traduzem em todo um conjunto de regras que ditam o que é "ser mulher" e o que é "ser homem". E as diferenças fisiológicas, tenho-me vindo a aperceber que são pouco mais do que as diferenças que há de um indivíduo para outro.

O post já vai longo e por isso reservo a crítica do livro O Segundo Sexo da Simone de Beauvoir, o verdadeiro instigador deste post, para outro dia. E este blog vai decididamente tomar um caráter mais discutidor porque ele sempre foi catártico e meter as ideias em texto ajuda a desenrolar o novelo emaranhado chamado FEMINISMO que reside na minha cabeça e que todos os dias adquire um novo nó.




S.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A marcha dos pinguins

Pronto. Já nevou, já há neve no chão há cerca de uma semana, já visitei um lago congelado, já brincámos com a neve, já percorri uns 3 km sempre com neve fofa debaixo dos pés, já vi xixi congelado, já atirei bolas de neve (e já levei com outras tantas), já vi o Cinquantenaire branco como nunca imaginei, já vi pessoas a limpar a neve dos passeios com pás, já senti o sal grosso a crocar debaixo dos pés. Já me sinto realizada e a sentir plenamente que vale a pena viver num país onde no inverno por vezes as máximas não chegam ao 0.

Só que... Não ando de bicicleta há mais de uma semana. Demoro mais 10-15 minutos a chegar ao trabalho (tempo equivalente a menos na cama). O meu calçado é invariavelmente o mesmo todos os dias e não é especialmente quente; mas ou é o calor ou é o conseguir caminhar a direito, não se pode ter tudo. E nunca pensei eu que uns botins que comprei num capricho de tartã se fossem tornar imprescindíveis. As estradas e as passadeiras estão cobertas de uma nhanha castanha que é o cruzamento entre lama e neve, que só não aborrece mais, lá está, graças ao meu mal-amado botim. 

Mas ainda com a bota apropriada, uma pessoa tem que aprender todo um novo estilo de caminhar: o de não arrastar os pés. Eu sei que isto assim soa mal; não é que eu arraste os pés normalmente a andar. É simplesmente a maneira habitual que os seres humanos andam, encostam o pé ao chão e para se locomoverem dão um leve empurrão no chão que ficou para trás. Só reparei neste sublime gesto quando ele de repente começou a trazer-me problemas. Porque ao empurrar o chão, er... escapava-se-me o pé. Porque a neve, como é óbvio, não dá a luta que o chão dá; se se dá este empurrãozinho, ela cede e lá vai o pé atrás. Apercebi-me disto tudo quando, muito sabiamente, decidi ontem levar as botas quentes em vez das de tração de quatro rodas, e fui o caminho todo até ao trabalho às escorregadelas e a dar passinhos de bebé, em marcha, porque qualquer movimento locomotor normal me deixava a fazer a espargata no meio da rua. E, atenção, não sou a única. Hoje, do alto dos meus botins super aderentes e nada escorregadios, comecei a reparar com atenção nas pessoas que seguiam à minha frente e foi uma desgraça; era só escorreganços camuflados, especialmente os homens de sapato engraxado e sem rasto nenhum.

Amanhã vou voltar à bicicleta. Não tem nevado, as estradas estão praticamente desimpedidas e a neve acumula-se apenas junto aos passeios, de maneiras que já é relativamente seguro. E com máximas a continuar abaixo dos zero até onde a meteorologia consegue prever não dá para esperar; se não é amanhã bem que posso continuar mariquinhas até ao fim do inverno.





S.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Esses malditos veados

Em boa verdade, eles não têm culpa nenhuma de nada. Mas foi o que eu disse várias vezes durante a última passagem por Londres.

Quando se formulou a pergunta: "Vou estar umas boas horas em Londres, alguma coisa em especial que nunca tenha visto / deva ver / queira mesmo muito voltar a ver?" Nada se me afigurou ao primeiro pensamento. Mas aí ao terceiro, uma coisa muito nítida começou a tomar contornos: veados. Muitos veados. Richmond... Este vídeo maravilhoso:




Depressa pus de parte a ideia porque Richmond fica um bocadinho longe da área monumental da cidade e ainda assim havia o mercado de Spitalfields (adoro dizer esta palavra) a que também nunca tinha ido e já merecia uma visita.

Mas depois de horas e horas a deambular pela cidade a obsessão com Richmond foi subindo à tona e numa fração de segundo decidi ir almoçar à cidade/vila da Virgínia (por falar em Virginia Woolf, a senhora é uma alumna da King's e eu não sabia:



Sempre à espera que alguma da genialidade se transmita por osmose ou assim...) e ir finalmente deleitar a vista com as illusive creatures que estes veados londrinos provaram ser.

Como fui de mãos a abanar no que aos mapas diz respeito, e porque só estive em Richmond uma vez, vi-me obrigada a procurar um daqueles postes na rua com a bolinha vermelha do You are here para saber onde ficava o parque. Depressa encontrei um Old Deer Park, não muito longe dali. Meti os pés ao caminho.





Como diz o Nilton: "Bela merda..."

Na minha ingenuidade, achei que a palavra-chave em Old Deer Park era Deer. Afinal era Old, na medida em que era, já não é. Porque veados, viste-los.

Não era mais que um grande descampado verde com balizas (!) de rugby e futebol, um grande campo de golfe atrás, e uma via rápida a correr num dos lados. Que parque tão prazenteiro à vida animal...





Foi quando reparei noutro mapa-poste, desta vez a mostrar o Richmond Park que se fez luz na minha cabeça e que eu fiz o maior facepalm da vida. Parque errado... (mas quantos parques tem Richmond, também?! Quando lá fui em 2010 estive num à beira do Tamisa e nos Kew Gardens e agora no Old Deer Park e nada de veados...)

Resumindo: foram 40 minutos até lá, mais 40 minutos até cá, e mais umas 2 horas a deambular pela cidade/vila deitados pelo esgoto abaixo. E cheguei à conclusão que Richmond também não é tão bonitinho, bucólico e suburbano quanto a minha seletiva memória o havia idealizado. Ainda assim, lá voltarei novamente porque à terceira será de vez e os veados não me vão escapar.



S.



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ele há coisas... #28



Sei que estou bem arranjada quando vou à Loja Twinings, o único centro físico no mundo onde posso encontrar coisas da Twinings em habitat natural, e não têm o chocolate quente da Twinings.

Repito: a loja Twinings não tem Twinings Hot Chocolate. Está esgotado.

??????


Uma cuppa o caraças... Não há!

Se isto se passa na Loja Twinings, que esperança resta para as outras lojas? Eu digo que esperança resta: Nenhuma!


Afoguei as mágoas em alguns chás diferentes, só porque não queria sair dali de mãos a abanar.



Entretanto já cuspi dois deles, o Orange and Cinnamon Rooibos e o Liquorice. Não.Suporto.Chás.Doces. Porquê que continuo a achar que sim?

Toda contente, que tinha descoberto nova loja e marca de chás e afinal resultou no primeiro chá que não consigo beber. I'm not amused, Whittard.



S.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ele há coisas... #27



Hã??? Então levo uma agora e já cá venho comprar a outra...



S.

E por falar em mind the gap...



Fui ver se estava tudo no sítio.


Estava.


Entre a minha chegada do Norte, 


Ser atacada por esquilos, 


E o reencontro de velhos amigos,


Passei um dia mais ou menos assim:


Dia que chegou ao fim, e foi tempo de regressar a casa:


Não vou esquecer a segurança apertada digna de aeroporto, nem a fiscalização (outra vez...) dos meus chás, nem o facto de não me terem deixado esquecer que ali é uma fronteira e que o UK é uma coisa, a Europa é outra, cá confusões...


Mas tinha-me esquecido:

- da quantidade absurda de gente, por todo o lado, em todo o lado, a toda a hora;
- da "planez" de Londres;
- do bom que é ter maquinistas de metro em constante paleio pelos altifalantes;
- que mesmo viajando 40 min de metro, se continua no centro da cidade;
- do cheiro das cornish pasties;
- dos semáforos que acendem laranja antes de passar ao verde;
- da cor da moeda de £2;
- dos tablóides com títulos sensacionalistas a roçar o xenófobo ("Why we should not let Germans forget their atrocities in the Great War")
- que aqui também se anda de bicicleta.



S.

domingo, 13 de janeiro de 2013

C'est la neige!

Várias coisas conspiram, até agora, para que eu ache o facto de esta semana a temperatura máxima ser de -1º de uma comicidade extraordinária:

- os gritos e risos de pessoas lá fora a brincar com a neve;

- o quarto de hora que ainda há uns minutos o carro estacionado demorou até conseguir arrancar;

- aparentemente aqui só poder estar céu limpo e sol quando estão -4º;

- ainda não ter que ter pegado na bicicleta e pedalar sob temperaturas negativas permanentes (gulp) e portanto estar aqui em casa, de roupa fininha, a aplaudir todos os pontos acima.

Hoje já saí à rua, atenção. E para ir ao ginásio (nunca na minha vida pensei vir a ser capaz de fazer isto - e não me custar). Fui em modo boneco de neve, sem um centímetro de pele destapado e sem conseguir encostar os braços ao corpo, tipo culturista, por todas as camadas de roupa que levava. Lembrei-me do que descobri há dois anos, sobre ter frio nos olhos, o que só acontece quando o termómetro desce abaixo dos zero graus. 

Não será amanhã nem terça que experimentarei o pedalanço a menos de zero, uma vez que estarei a trabalhar por outras bandas, mas o frio cá me espera na quarta-feira e passarei por cá para relatar a experiência. Veremos se é para repetir...






S.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mind the gap X 150

O metro mais velhinho do mundo faz hoje 150 anos. Parabéns ao Tube nesta data querida!


Ide ver como o Google está bonito.

E nem de propósito, ainda no outro dia, enquanto lutava para ocupar o cérebro numa sala de espera qualquer, provavelmente aeroporto, pus-me a tentar recordar as estações que percorria na Piccadilly line (e, oh meu deus, nem o nome da linha me lembrava agora!) e descobri com tristeza que só me recordava de uma ou duas. O meu quotidiano londrino está a desvanecer-se do meu consciente :(



S.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Just sayin'

Um dia, vou ter isto numa parede qualquer de casa:




Só espero que não seja no mesmo dia que os Brits decidam desopilar da Europa. Teria que voltar a tirar.



S.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ele há coisas... #26

Desta vez venho partilhar algo lusitano que me despertou realmente o interesse.

Descobri-a bem por acaso (apesar de não ter podido evitar passar por ela, por isso se calhar não foi verdadeiramente por acaso...). Não obstante, descobri-a num momento apressado e quando me preparava para mais um "até logo" a solo lusitano.



A loja, vendendo exclusivamente produtos portugueses não é propriamente um conceito original. Mas foram os produtos e a variedade que me prenderam a atenção.

A loja está organizada por secções e é bastante completa. Normalmente, as lojas de produtos "made in Portugal" são especializadas em apenas gourmet ou apenas calçado ou apenas livros ou apenas objetos de cortiça. Esta tem-nos todos.




A parte das roupas, onde figuram marcas como a Salsa, a Muu ou a Parfois, incluíndo também a Pelcor com as suas malas e carteiras de pele de cortiça.





Uma prateleira dedicada à artista Joana Vasconcelos, recentemente mediatizada pela exposição em Versalhes.




A parte da literatura portuguesa dominada pelo Saramago :)

Mas foi a parte da loiça - curiosamente! - que me prendeu o interesse. Então não é que existem conjuntos de chávenas com os heterónimos do Fernando Pessoa?! Quão fixe é isto, pá...





O Eça também lá estava...





Outros pratos, caixas e chávenas tinham ilustrações relativas a História portuguesa, como esta:





Foi a primeira vez que senti genuína vontade de comprar um souvenir português. No entanto, a mochila a abarrotar mais a mala de 23 kg que me aguardaria à chegada tiraram-me as ideias de compra de porcelanas frágeis da cabeça.

Gostei muito. Vou andar de olho nela da próxima vez que visitar o Aeroporto de Lisboa.



S.







Alquimia

Hoje sinto-me um bocadinho alquimista:




Há qualquer coisa de magico nos chás de folha solta. Especialmente agora que estão alinhados lado a lado, numa caixinha própria...



S.