terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Minha rica cunha

Estou neste momento na biblioteca da LSE, tentando concentrar-me na minha leitura mas falhando redondamente, porque não consigo bloquear a conversa de duas betas de Cascais de como com a sua educação LSEiana conjugada com as connections da mamã, vão ter uma grande vantagem no mercado de advocacia português.
 
Acho que devo ter vomitado um bocadinho para dentro.




S.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O frio está nos ossos de quem o sente

Hoje acordei e deparei-me com este cenário:


Aaaah, que bonito, tudo branquinho! Mas só é bonito porque hoje não tenho que sair de casa. E só tenho planos para correr na rua no sábado.
 
Por falar nisso, este fim-de-semana fui outra vez à floresta correr. Sheffield estava com bocaditos de neve nos passeios por isso o meu destino foi fácil de decidir. Os senhores do tempo disseram expressamente que ia nevar durante a noite mas "will not accumulate". Que mentira. Não acumulou como a foto em cima, mas havia brancura nos passeios. E eu fui os 15 minutos entre minha casa e a floresta a correr à pinguim, devagarinho e a levantar muito os pés com medo de escorregar.
 
Mas, caneco, se valeu a pena. A entrada da floresta tem um caminho de alcatrão e esse estava gelado. Mais um bocadinho de pinguinismo e uma ou outra escorregadela imperceptível.


Para cá logo aprendi e vim pela erva nevada.
 
Mas quando aquilo passou para terra batida foi o céu. Correr na neve fofa é espetacular. É divertido, não tem o impacto que o alcatrão ou os passeios têm nas articulações, e o treino passa a correr porque uma pessoa fica deslumbrada com as paisagens à volta.






É um treino mais lento, não só porque o caminho por entre a floresta é sempre a subir, mas porque ando sempre a parar para admirar a vista e tirar fotos. Ainda por cima estava um sol brilhante e bonito, com tanta gente a passear os cães, a passear-se a si e aos filhos, a correr, a fazer BTT, ou na esplanada (!). Os Sheffieldianos apreciam o ar livre, quer-me parecer, e estão se a marimbar para o frio, só felizes porque não chove.
 
Quanto mais me embrenhava na floresta mais abundante era a neve, até que comecei a achar que estava num postal de Natal.




Era hora de voltar para trás mas só me apetecia continuar porque queria descobrir o que estava além daquela curva, além daquele morro, além daquelas árvores.
 
E depois ganhei tanta sede que queria água e não tinha, ainda por cima com o rio a correr ao meu lado o tempo todo. O rio! pensei eu, É isso mesmo! E fui beber água gelada ao riacho que ali passa. Soube mesmo bem, quem precisa de bebedouros ou garrafas de água à cintura quando se tem água pura aos pés. Fiquei foi o resto do caminho com a mão que fez de tacinha gelada, mas who cares.
 
Saltei mais uma vez as pedras do rio, bebi mais um bocadinho de água fresca e passei por um lago congelado, antes de sair da floresta e subir para casa.
 


 
 
Foi um dia bom. Enlameado, apercebi-me ao fim, mas bom.
 
 
 
 
S.


 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Esta rapariga consegue

Não sei se já viram o vídeo promocional, acho esta campanha espetacular.


This Girl Can é uma campanha que tenta promover o desporto, o exercício físico, o 'mexer-se' para todas as mulheres.
 
Isto parece um bocado aborrecido e mais do mesmo mas a parte fixe aqui é que a campanha quer que isto do mexer-se seja mesmo para todas as mulheres, mulheres cheínhas, mulheres sequinhas, mulheres com celulite, mulheres com carnes a abanar, mulheres com ossos espetados, mulheres que são boas num desporto, mulheres que não são boas mas que gostam de um desporto, mulheres que querem experimentar um desporto, mulheres que querem fazer exercício sozinhas, mulheres que querem fazer exercício em grupo. 
 
O importante, e o que esta campanha celebra, é o ultrapassar a barreira do julgamento de terceiros. E numa sociedade em que as mulheres são avaliadas constantemente e crucialmente pela aparência, e pela relação podre que isto nos leva a desenvolver com o nosso corpo, isto do julgamento de terceiros é mesmo fundamental na decisão de mexer ou não mexer.
 
Um exemplo pertinho de casa: levei bastante tempo a passar do correr no ginásio para o correr na rua, e tenho a certeza de que se não fosse num contexto em que já estava desenraizada de qualquer das formas e em que ninguém me conhecia (Bruxelas), nunca o teria feito. As apitadelas em Portugal confirmam este medo do julgamento: ainda não é muito comum ver uma rapariga a correr sozinha pela beira da estrada fora.
 
Parece-me que tudo o que tente convencer as mulheres de que mexer-se pelo prazer de se mexer, e não como um castigo pela fatia de bolo de chocolate que se comeu no dia anterior, ainda é pouco. Suar é espetacular e combina com o feminino, sim senhora. Nós mulheres também somos animais, sabiam? E temos um corpo que faz coisas incríveis para além de equilíbrio em saltos de 10 cm.
 
 
 
 
S.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Florestas, onde estiveram toda a minha vida?

Estas semanas que passei a correr em Portugal debaixo de 16-17° e sol brilhante estavam-me a amolecer o espírito. Que inverno é este, interrogava-me eu, quando as minhas corridas curtinhas eram passadas a correr de fonte em fonte para acalmar uma sede que não era suposto se fazer sentir em pleno inverno. Fez-me várias vezes falta um chapéu com pala, que o sol encandeava durante os treinos.
 
Well, no more. Ontem à noite olhei apreensiva a neve que caía em rodopio por causa do vento forte, e rezei a todos os santinhos que os 5° que davam para hoje fossem suficientes para não deixar o gelo acumular nos passeios. Esperei pelo meio-dia para ver se o pico do calor - hahaha! - ajudava a derreter o que pudesse restar da água congelada de ontem.
 
Acho que os santinhos me devem ter ouvido porque hoje não tive vislumbre de superfície vidrada alguma.
 
Ainda assim o meu plano era enfiar-me pela floresta adentro. Munida dos meus ténis ultra-resistentes, ultra-não-escorregantes, ultra-impermeáveis, de tapa-orelhas, luvas e impermeável corta-vento, lá fui eu. Tinha esperança que ia ser desta que estreava o aconchego polar de pescoço que nos deram na São Silvestre de Lisboa, mas infelizmente ainda não está assim tanto frio. Mais inverno virá, não desanimarei.
 
 
(Fotos da primeira vez que lá fui, não houve paciência para tirar o telemóvel da braçadeira desta vez)
 
Está um vento do demónio aqui no norte de Inglaterra. Vi várias árvores arrancadas pela raiz na tal floresta e não fui capaz de despir o impermeável durante toda a corrida, coisa que pensei que ia acabar por acontecer uns minutos depois de começar a correr. Fiz schlop, schlop durante grande parte do caminho e fiquei com os ténis cheios de lama, mas com sorriso maníaco na cara. É tão mais fixe ir pelo mato dentro, à beira-rio, e ver patinhos e esquilos. O ponto alto foi quando tive que saltar um riacho de pedra em pedra, espetacular, e nem molhei os pés porque estes ténis são mesmo impermeáveis e feitos para a selvajaria. Estou mesmo contente com isto de correr na floresta.
 
 
(idem)
 
 
Olhai, isto é um caminho que vai dar ao Peak District, a mancha verde mestre do mapa, sempre por floresta, por isso num destes dias hei-de lá ir ter, quando começar a correr mais de hora e meia ao fim-de-semana.



Bem que podem os passeios congelar, já encontrei alternativa mais do que compensadora.




S.  

Eye candy

Tenho Tróia, Mr and Mrs Smith e Ocean's Eleven a dar ao mesmo tempo na TV. Para onde me viro?
 
Decisões, só decisões.




S.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Zen por acaso

Oh, tão queridos :)



Estou a ver que não é por acaso que ficaram em primeiro lugar na satisfação estudantil em 2014.
 
Mas acho que não se aplica. De Bruxelas às vezes vem-me uma saudade aguda da Av. Louise, e das corridas que lá dava, uma coisa um bocado parva, mas de resto estou bem quanto à capital belga. E da hometown não tenho grandes saudades, mas isso pode ser porque a visito mais do que o sensato. De qualquer forma, do que sinto falta são de pessoas, mas como essas pessoas estão espalhadas por vários países, o homesickness não se aplica.
 
Não é que morra de amores por Sheffield, e a sua descentralidade até me chega a aborrecer levemente (como ontem, que entrei no aeroporto de Lisboa às 16h15 e só cheguei à minha porta inglesa bem pertinho da meia-noite). Mas - como dizer isto? - estando aqui não me apetece estar em mais lado nenhum, não anseio por viver noutro lado qualquer nem estou sempre a pensar "daqui a um ou dois anos vou-me poder mudar para ali, depois é que vou estar realmente satisfeita", não, agora estou precisamente onde quero e onde sinto que devo estar. Nem tenho ânsias de viajar para outros sítios, quando em Bruxelas não parava quieta.
 
Não faço ideia do que vou fazer daqui a três anos quando acabar o doutoramento, nem quero saber, porque se significar continuar aqui (aqui, Sheffield, ou qualquer outra parte do UK), está-se bem.
 
Acho que finalmente estou  a viver mergulhada no presente, sem os olhos sempre postos no futuro. E isto é de uma serenidade incrível.




S. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Kobo revisited

Ando um bocado furiosa com isto dos e-readers porque desde que me meti na app do Kindle que vejo que comprar qualquer outro e-reader que não o dito cujo foi uma má decisão.
 
É que, vamos lá ver, a sério?




Já não é a primeira, segunda ou mesmo terceira vez que isto me acontece com livros eletrónicos.
 
Tenho o Kobo, próprio para ler, com e-Ink, levezinho e pequenino e extremamente prático, mas tenho andado a ler no tablet através da app do Kindle, a levar com ecrã luminoso e impróprio para longas horas de leitura (já basta as que passo diariamente a ler para o dout.), porque é a Amazon que tem a maior seleção e os melhores preços em termos de e-books.
 
(Ainda por cima agora tenho a porcaria do Amazon Prime, que me dá livros eletrónicos grátis sempre que escolho entregas sem urgência de outros produtos. E vivo num país onde há Kindles ao pontapé em tudo o que é loja.)  




S.