Estou neste momento na biblioteca da LSE, tentando concentrar-me na minha leitura mas falhando redondamente, porque não consigo bloquear a conversa de duas betas de Cascais de como com a sua educação LSEiana conjugada com as connections da mamã, vão ter uma grande vantagem no mercado de advocacia português.
Acho que devo ter vomitado um bocadinho para dentro.
S.
No outro dia pediram-me para fazer uma pesquisa (básica, básica!) para um assessor de secretário de estado, daqueles de 26 anos e quatro vezes o meu ordenado, e também tive de ir tomar um kompensan.
ResponderEliminarE assim vai este país - revirar de olhos.
ResponderEliminarSó me ocorria o "podes tirar a menina do ambiente da cunha, mas não podes tirar a mentalidade da cunha de dentro da menina". Não é que aqui seja tudo 100% meritocrático (conta-se pelos dedos os primeiros-ministros que não frequentaram Eton, por exemplo) mas ainda assim fiquei com vergonha patriota.
ResponderEliminarEu oubi dezere... que cá chama-se cunhas, pela europa fora chama-se ~networking~
ResponderEliminarEstou convencida que, mesmo nos vários países que transmitem um ar de transparência, na realidade a coisa não é tão diferente daqui da terrinha. O que é uma desilusão. Mas bem, a bida é desilusões.
O tempo está muito cinzento hoje, há gaivotas a 10 Km da costa, vou parar o comentário por aqui antes que azede. *recua lentamente*
Há certos círculos fechados em certas profissões, sem dúvida, particularmente na política. E aqui, tal como em Bruxelas, há uma dificuldade enorme em quem não tem grandes posses financeiras de pôr o pé na escada da carreira profissional. Para começar uma carreira em política, relações internacionais e similares é preciso aguentar 2 ou 3 estágios normalmente não pagos em Londres/Bruxelas, o que só malta com pais que podem é que se pode dar ao luxo de fazer. E estes jovens são muito bem qualificados, que estes dois mercados de trabalho são muito competitivos, mas ainda assim, quem é igualmente bem qualificado e não tem essa ajuda financeira parental não se consegue fazer valer. Isto é um problema grave, sem dúvida, mas é um bocado diferente da cunha e do arranjar favores.
ResponderEliminarDito isto, é verdade também que não estou suficientemente inserida no esquema das coisas aqui para ter noção completa de como as coisas funcionam. Sem dúvida que era uma boa investigação.
Eu nem estava a falar do ter-meios-para-ir-estagiando-e-ir-criando-contactos-profissionais-e-CV-sem-precisar-de-receber-salário, isso é nascer com um ponto de vantagem económico tremendo, e acontece sem dúvida em todo o lado. Tenho é a percepção de que nós somos bastante abertos em relação aos nossos pontos negativos, enquanto que noutros lugares os mesmos pontos negativos podem existir mas não são tão malditos como cá. (Ou se calhar até são, mas nós só estamos "por dentro" aqui, o que resulta na diferença de percepção…?)
ResponderEliminarNão sei se me estou a explicar bem; é haver posições de trabalho com destinatário prometido, mas que são publicadas por ser preciso publicar, entrevistas que se fazem por ser preciso fazer, só para tudo estar certo no papel. Nem tinha em mente áreas tão baseadas em amizades profissionais, por assim dizer, como a política. Parece-me que a coisa é geral.
Era interessante uma comparação honesta deste aspecto entre países, só que o acesso a este tipo de informação seria na prática impossível. A minha suspeita é que, comparativamente, a diferença é capaz de não ser tão enorme quanto nos tem parecido. Na sei, isto é a minha percepção, gostava de ter certezas sobre isto porque é coisa em que penso umas vezes.
Acho que passa por aí, pela falta de perceção sobre o que se passa noutros países europeus, não conseguimos comparar como deve ser. Não deixa de ser curioso que a primeira conversa que apanhe entre duas estudantes portuguesas cá fora seja sobre isso, caramba, que clichés.
ResponderEliminarLá isso foi, cliché nível máximo.
ResponderEliminarGosto deste blog, sempre observações que me são próximas, mesmo quando não tenho nada a acrescentar ou contribuir. :)
Oh obrigada! Ultimamente isto tem andado um bocado pobre em observações mas pronto, faz-se o que se pode.
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