sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ele há coisas... #25

É um facto. Portugal tem o céu mais azul da Europa.


A primeira coisa que noto sempre que regresso é esta luz e claridade intensas, que nem no verão a Europa do norte consegue igualar. 



E estes dias têm sido particularmente simpáticos para dois portugueses emigrantes cheios de carência de vitamina D. Ou apenas carência afetiva solar.






S.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ele há coisas... #24

Fiquei na dúvida se o Parlamento Europeu já está em meados de fevereiro ou se teve uma crise de identidade...



Num olhar mais atento, descubro que esta é apenas uma homenagem a um artista plástico checo, e que o coração néon foi originalmente feito por ele e colocado em Praga para celebrar a queda do regime totalitário comunista. Celebra-se agora 20 anos desde que o senhor ergueu o coração na capital checa.







Noutra nota, o PE decidiu celebrar o prémio Nobel da Paz colocando nos placards a toda a volta da entrada principal as fases da paz europeia. Bem no centro, e por cima do reflexo sêxtuplo do coração, está o contributo português para uma Europa melhor: a Revolução dos Cravos.






Pedacinhos de casa que vou encontrando...



S.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Olha, os macacos



Oh, fuck. Fuck!!

Ando há dois ou três anos a ansiar ir vê-los, estive quase para ter ido ao Super Bock em 2011, quase para ter ido a Madrid, quase para ter ido a Paris. Eu não ligo nada a concertos e ajuntamentos e música e pessoas em geral mas pelos Arctic Monkeys arrastava a minha pessoa até ao inferno do Meco e da Herdade do Pó.

Mas teria que viajar até Portugal (férias de verão antecipadas?...)... E depois teria que testemunhar gente bêbeda e crianças-adolescentes que nunca saíram de casa sozinhas e levar com um copo de cerveja ou dois e engolir muito pó e ir para lá muito cedo porque da última vez houve filas de 4 horas desde Lisboa ou acampar lá ou raios os partisse...

Decisões... decisões...

Porque é que tinham que ir ao SBSR? Porque é que não podiam ir ao Pavilhão Atlântico tocar para as pessoas normais e oh-tão-pegadas-ao-conforto?



S.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O maravilhoso mundo do rastreio aéreo

Há uns anos, o meu pai apresentou-me ao mundo do rastreio online de aviões. Nunca eu havia imaginado que seria possível seguir o curso de um voo, qualquer voo, em tempo real pela internet. Fiquei maravilhada com a possibilidade de poder acompanhar o percurso de qualquer avião, ao vivo (só não a cores) e a qualquer momento. Todo um novo mundo se abriu para mim. Foi o que me acalmou o pânico irracional e desmedido de que alguma coisa má estava para acontecer no dia em que o D. partiu para Londres. É ainda o que me sossega sempre que lá vai ele a planar pelos céus. 

Não gosto de deslocações. Afligem-me os nervos. Nem das minhas nem dos meus entes queridos. A possibilidade de ver, num mapa, o pontinho minúsculo por onde eles vão, dá uma sensação de calma estranha. E poder saber exatamente quando eles aterram é estupidamente aliviador.

Hoje, dia de deslocação, cá me encontro eu nos rastreios. Mas hoje deparei-me com um rastreador ainda mais fabuloso:


Este, ao contrário do normal, não mostra apenas o voo que se quer acompanhar: mostra todos. São os olhos esbugalhados a constatar o congestionamento aéreo europeu. A maravilha que é ver os minúsculos aviões a deslocarem-se em tempo real sobre o mapa da Europa e imaginar que milhares de aparelhos voadores de toneladas sobrevoam os nossos céus, levando consigo uma centena de humanos cada um. Passar o cursor por cima e ver o número de voo e a companhia, carregar na figura e saber de onde ele vem e para onde vai...

Isto é melhor que a Casa dos Segredos, melhor que o Big Brother, melhor que revistas da fofoca (se bem que não é preciso muito para qualquer dos três); isto é cordelhice pura e dura, da boa e da verdadeira.

Estou fascinada. Ide e fascinai-vos também: http://www.flightradar24.com/#!/2012-12-17/19:02

P.S. É impressão minha ou isto roça a linha do stalking, também?

Ele há coisas... #23

A comuna de Ixelles esmerou-se.





S.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Post que não sabe muito bem o que quer ser

Por entre o fim da participação num projeto, ideias lentas mas avassaladoras de outro, prazos no trabalho, pensamentos de próximas viagens, compras de uma prenda ou outra e o fazer das malas para a viagem mais próxima - a do Natal português - tenho andado num estado de mente afastado do blog. 

Era para falar do Plaisirs d'Hiver, o mercado de Natal bruxelense, ou do mercado de Natal da Flagey, mas no primeiro apanhámos um tempo de porcaria (duas pessoas encolhidas debaixo de um chapéu de chuva desdobrável, com vento a soprar de todos os lados, não deixa muito espaço para se gozar as barraquinhas com coisas artesanais ou para tirar fotos como o mercado merecia) e o segundo desiludiu pa' caraças.

De maneiras que sinto-me outra vez um bocadinho em stand-by, com a mala já feita no meio da sala, a pensar muito bem em comprar apenas e exatamente o que se precisa até irmos embora e roupa racionada. 

Ah, e provei o Gluehwein ou vin chaud ou vinho quente e é uma porcaria.





S.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

The closest thing to London

Costumava fazer-me espécie as pessoas que emigravam e no seu pais de acolhimento se isolavam com os seus compatriotas. Só falarem português, instalarem a Meo em casa e só verem telejornais e programas portugueses, só terem amigos portugueses, só frequentarem cafés e restaurantes geridos por outros portugueses, só comerem comida portuguesa. Como se vivessem num gueto cultural. Que interessa então viver noutro país?

Hoje, após ter viajado mais de duas horas para ir comprar a porcaria de uma lata de chocolate quente, percebo que não passo de uma hipócrata. Pior; uma hipócrata patética porque estas pessoas pelo menos refugiam-se no que sempre conheceram, na cultura onde viveram imersas desde que nasceram. Eu corro atrás de produtos de um estilo de vida que tive durante nove meses pensando que são o auge da coolicidade e que não consigo viver sem eles. Sou uma hipócrata wannabe, portanto.

Dito isto, vou falar um bocadinho de Stonemanor.

Desde maio sensivelmente que andava cheia de comichões por a lata de chocolate quente que senhor meu parceiro trouxe de Londres estar a acabar e não haver substituto à vista. Procurei em tudo o que era grande superfície e média superfície e nada. Nunca compreendi como é que o Carrefour de cá, que tem a maior seleção de chás Twinings que já vi - excluíndo a própria loja da marca mas não por muito - não podia ter também o tão afamado chocolate em pó. Procurei, também em vão, o da Nestlé, já que também se tolera, mas só via era Ovomaltines (ia cuspindo quando provei; chocolate o tanas, aquilo sabe a cereais) e uma marca muito duvidosa chamada cécemel, e que além de chocolate contém - surpresa! - mel.

Perguntei nos grupos do Facebook de imigrantes em Bruxelas, diziam que o melhor que tinha a fazer era cruzar o Canal da Mancha e dar um pulinho a Dover. Obrigada pelo conselho, realmente... Estava convencida que a minha viagem a Manchester seria frutífera no que ao chcolate em pó diz respeito mas enganei-me; corremos uns três ou quatro supermercados diferentes e nada. Em Edimburgo, pura e simplesmente esqueci-me (já vivia privada do doce há demasiado tempo).

Mas depois vêm os graus negativos e uma pessoa volta a ansiar. O chá aquece a barriga mas não aconchega, não mata a fome. Começa o périplo pelas chocolaterias sem fim desta terra na esperança de encontrar o chocolate dos deuses mas em pó. Nada.

Durante a minha pesquisa incessante pelos grupos de Facebook, alguém sugeriu uma loja britânica que existe em Bruxelas mas... que fica a uns 30 km da cidade. Mas depois de pesquisas online pelas Amazons do costume e ver que os portes custavam o preço de duas latas, e após emails e mensagens no mural do FB da loja a confessar o meu forte desejo por chocolate quente e a implorar que me dissessem se tinham, e confirmarem, bati o pé e disse "É amanhã." (assim, sem ponto de exclamação nem dada, toda resoluta).

Devia ter sido um "É hoje" mas eu para andar de autocarro suburbano em Bruxelas preciso de horas de preparação. Especialmente porque os subúrbios de Bruxelas são, er... flamengos. E depois do trauma da encomenda do demo, decidi não arriscar.

Após muita pesquisa de Google Maps, de apontar o número do autocarro e do nome das quase 40 paragens até ao destino, lá fui. 

Começou logo mal porque ao que parece os autocarros não dão troco de 20 euros. Mas a motorista foi surpreendentemente generosa e perdoou-me o euro que faltava após contar as moedinhas todas que me restavam. Ao passar por cada paragem, verificava o nome e ia seguindo pela minha lista. Brilhante, e cerca de uma hora depois chegava a Stonemanor, na pequena vila flamenga de Everberg.



Aquilo é um tanto estranho, já que parece uma vivenda e não uma loja.



A loja é bem grande, ao jeito de um supermercado médio e com carrinhos à porta. Tem também dois andares com coisas de Natal, que vão desde bancas enormes de postais até a todas as decorações que se possa imaginar. Faz-me desconfiar que haja muito britânico que faz ali as suas compras semanais...


Sorriso rasgado quando o encontrei. E meia-gargalhada quando me deparei com o meu amigo haggis:



Assim não é realmente muito convidativo...

Até tive direito a um saco todo catita que dá sempre jeito nas compras daqui (em Bruxelas, todos os sacos em todas os supermercados são pagos. Sem exceção. Há toda uma alteração de hábitos e as pessoas aprendem o valor de economizar sacos. E o ser humano, inventivo que é, adapta qualquer mochila, carrinho, cesto de bicicleta ou até caixa de cartão como meio de transporte das mercadorias. Perguntei duas vezes ao senhor da caixa em Stonemanor se não tinha mesmo que pagar por este. Fui brindada com o segundo gesto de generosidade do dia :) ).




Já bebi a minha caneca de chocolate quente e já estou aconchegada no sofá. Agora vou fazer a minha sopa de feijão bem portuguesa para equilibrar o meu wannabeismo com a minha hipocrisia. Haha!



S.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ai o caraças



Really, BBC, really?... Amanhã. Um fora do país e a outra a trabalhar.

A frase "Não se pode ter tudo" tornou-se num ditado muito aplicável.



S.

A precipitação indecisa

Ontem, quando vi na meteorologia que davam sol/nuvens/chuva/chuviscos/granizo/neve, revirei os olhos e pensei: "Típico. Assim também eu sou meteorologista. Não sabem, não metam nada, agora meter os fenómenos climatéricos todos é ridículo."

Guess what...

No meu caminho para casa apanhei chuva, está certo, mas também granizo e neve com força. Sendo que às vezes caíam os três ao mesmo tempo... Mas mais em ciclo (às vezes não percebia se estava a chover ou a cair neve).

Está um tempo indeciso, portanto. Se bem que a máxima de -5 graus que o fim de semana trará cheira-me que vai esclarecer o tipo de precipitação que aí vem...




Espero que nos -5º ela já acumule no chão...



S.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Coisas a evitar num classificado de imóvel #3

Ou, neste caso, após uma visita de potenciais arrendatários.

Estávamos nós a descer as escadas após mais uma vista imobiliária, tentando decidir seriamente se valia a pena ou não, o que nos parecia a casa, o que nos parecia a rua, o que nos parecia a zona, quando a vizinha tomou a decisão por nós, sem o saber:

"Não deixem a porta aberta, hã! Eu cheguei aqui e ela estava no trinco, não pode ser, certifiquem-se que a fecham como deve ser, especialmente à noite, sim porque esta zona não é muito segura." Arregalámos logo os olhos perante inesperada confissão, quando ela lança a bomba:

"Non. En fait, la máfia s'a installé dans notre rue. Oui, c'est vrai."

...

...

...

A oficina do lado não me enganou.

...

A senhora não estava a brincar. A expressão séria e a insistência em fechar a porta deu para ter a certeza.

A primeira coisa que eu pensei foi que se calhar o que ela não queria era vizinhos novos no 2º andar, ou tinha alguma querela com a inquilina atual e queria impedi-la de conseguir arrendar o apartamento (na Bélgica, os contratos mínimos são de 3 anos e, no caso de a pessoa querer sair antes, tem que procurar novo inquilino para a substituir e não pagar a multa de saída antecipada.)

Pelo sim, pelo não, pusémos de lado mais uma casa vista. "Ah, nem iamos poupar assim tanto dinheiro... A nossa casa até é boazinha... E depois ter que mudar para outro sítio... Fica longe do ginásio... Não tem transportes..."

Desculpas para quê, a palavra máfia é universal. E, mais uma vez, fica provado que os belgas não dominam a arte do agente imobiliário.






S.

domingo, 2 de dezembro de 2012

O chá queimado

Há uns tempos, descobri por acaso um chá que se tornou um dos meus favoritos. Precisava de trocos e tinha um supermercado ao pé; o que é que me lembrei de comprar? Chá, óbvio. Na dúvida, vai-se sempre para o chá.

Agarrei num da Twinings quase ao calhas e trouxe-o para casa.




A Twinings tem um indicador que só há pouco tempo aprendi a usar. São aquelas folhinhas na parte inferior da caixa, e que indicam quão forte é o sabor daquele chá. Não é tão bom indicador quanto a possibilidade de cheirar o chá, já que dois chás com "full flavour strength" podem não ter nada que ver um com o outro. Mas dá para ter uma ideia do quão característico será o sabor e o tempo que se pode deixar a saqueta na chávena. O leite, por exemplo, só deve ser utilizado nos chás com sabor forte, uma vez que aos outros deixa-os praticamente sem sabor. Aprendi isso à minha custa.

Este chá tem um sabor muito característico, de facto. À primeira vista, a descrição assusta, já que diz que é feito de folhas (normal) e madeira fumada. E as saquetas cheiram a queimado. Por ter este sabor tão, er..., especial, não pode mesmo ficar muito tempo a infundir.

É... viciante. Depressa fiquei fã deste chá e o sabor a madeira fumada é-me reconfortante e saboroso mesmo. E agora com o viciante e o fumado não consigo evitar fazer comparações com o tabaco. Ou com o salmão fumado.

De qualquer forma, é bom. Se alguém procurar um chá diferente e a modos que exótico, recomendo o Lapsang. E eu não fumo.



S.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Facebook psicólogo

O Facebook anda preocupado comigo:


Eu já lhe respondi: "Nada, está tudo bem! Porquê?", mas ele não quer saber e insiste. Já começa a ser um bocadinho chato.



S.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O inverno não tarda aí, e eu mortinha

Nada me podia ter aquecido melhor o coração (e a barriga, especialmente a barriga) do que isto, após uma semana particularmente esgotante e eventful, e de um dia inteirinho de formação em contabilidade na língua dos gauleses:


Que maravilha! Um chocolate quente que sabe mesmo a chocolate derretido, e não a leite com chocolate, que é só o que eu sei fazer. Com o copinho a escaldar entre as mãos geladas, com a previsão de neve para este fim-de-semana a pairar na minha mente e o mercado de Natal bruxelense que se avizinha, deixei de arrastar os pés cansada e foi quase com saltos de alegria que entrei em casa.

Os mercados de Natal alemães bem que podem ficar para outro ano. Agora tenho é que aproveitar enquanto a prospetiva de uma Bruxelas natalícia ainda é uma fonte de grande entusiasmo e surpresa para mim.



S. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Das conferências e das chatices das manifestações



Pararam grande parte da cidade? Pararam.

Bloquearam as artérias principais de acesso ao bairro europeu com os seus 500 tratores? Bloquearam.

Deu muita chatice a muita gente que ia trabalhar? Deu.

O Parlamento quase fechou as portas por causa do protesto? Sim.

Íamos ficando sem lugar para a conferência que andámos a preparar durante meses, correndo o risco de mais de cem pessoas ficarem à porta? Pois, e trememos muito durante duas horas.

Metade das pessoas chegaram atrasadas? Chegaram.

Houve muito barulho? Se houve.

Tem razão? Não faço a mínima.

É justo que milhares de pessoas sejam afetadas porque uns quantos agricultores se sentem injustiçados? Absolutamente.

O direito à manifestação é um direito ileanável  dos cidadãos de um país democrático. Independentemente das chatices que possa causar  - e normalmente causa - a terceiros. Acho sempre muita piada a quem é contra as greves pelo incómodo que lhe causa. Estes foram especialmente perspicazes em dirigirem os seus protestos a quem é realmente responsável pela política agrícola europeia - as instituições europeias em Bruxelas. E, desculpem mas borrifar a polícia de choque com jatos de leite é ridicularmente engraçado.


A conferência correu muito bem, obrigada. 



S.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Haggis a quanto obrigas

Embora seja muito picuinhas com a comida e a bebida, demore a habituar a novos paladares e só agora me esteja a habituar aos legumes não cozinhados, gosto de provar novos pratos. Lendo muito atentamente as descrições dos ingredientes que contém e fazendo cálculos mentais complexos no sentido de apurar a probabilidade de aquela nova comida ser satisfatória às minhas papilas gustativas, consigo aventurar-me por sabores diferentes.

Claro que a Escócia não tem paladares fundamentalmente diferentes do que uma portuguesa está habituada. Há carne, há. Há batata frita, há. Há puré, há. Há legumes cozidos, há. Daí que a probabilidade de eu gostar do que provaria já era à partida de 50%.

Só havia um prato escocês que me saltava à memória como especificamente tradicional: o haggis. O que eu já tinha ouvido por alto e os bleurcs quase instantâneos ao proferir da palavra "haggis" não me deixaram muito confiante. Tinha ideia que aquilo era uma espécie de iscas, fígado de porco ou vaca ou assim misturado com mais qualquer coisa. Quando a fome apertou e após várias horas de andar de um lado para o outro, decidi entrar num pub e espreitar o menú. Li a tal descrição detalhada e pensei: "tem puré, quão mau pode ser isto? Se não gostar como a batata, pronto". Nervosita, esperei que me trouxessem um prato de iscas a fumegar. Qual não foi o meu espanto quando me trouxeram isto:



Não estava à espera de gostar. Tanto. Esperava tolerar, ir comendo e não aguentar mais o sabor estranho/nojento, mas nunca pensei gostar mesmo. Ou isso ou estava mesmo com muita fome. De qualquer forma, aquilo era-me familiar. Sabia a sheperd's pie, um prato que comi várias vezes em terras da rainha e que é muito parecido com o vulgo empadão.

Dito isto, fico contente por não ter lido antes de comer a descrição de haggis que a wikipédia apresenta: "Haggis is a savoury pudding containing sheep's pluck (heart, liver and lungs); minced with onion, oatmeal, suet, spices, and salt, mixed with stock, and traditionally encased in the animal's stomach and simmered for approximately three hours."

Coração, fígado e pulmão de ovelha?? Cebola?? Suet?? (não sei o que é e temo ir procurar...) Fechado dentro do estômago da ovelha??? 

... Pensando bem não é muito pior que chouriço.

No dia seguinte foi a vez de uma ale pie. Mais uma vez, a presença de puré deu-me coragem para provar. O facto de ser uma espécie de empada alegrou-me a vista e o paladar pois fez-me lembrar as adoradas cornish pasties, empadas maravilhosas que funcionam ótimamente como fast food alternativa. A ale pie tinha carne picada por dentro, muito saborosa. Com o molho aconteceu o que é normal: provo, é satisfatório ainda que diferente, e depois acaba-se a embalagem a meio porque aquilo começa a ficar desagradável. Acho que é ali que entra o ale. Porque aquele molho sabia ao cheiro dos pubs. Ainda bem que vinha separado.



Ainda provei uma sopa que era um cruzamento entre peixe e tomate, muito espessa e saborosa, mas que não teve direito a fotografia. Acho que é o que eles chamam o broth, um caldo que parece que tem pão lá dentro.

Não provei whisky mas isso dispenso. Provei chá mas não foi nada de especial (cada vez mais difícil de contentar neste campo).



S. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Eu conto como foi

E foi assim que, ao dia quinze do décimo-primeiro mês do ano de dois mil e doze da graça de Nosso Senhor, eu descobri que tinha tornado numa velhota. Uma velhota de idade avançada, que faz crochet, mete a mantinha por cima dos joelhos, e tem uma dúzia de gatos em casa.




Ando a ver bules de chá.



S.

Edimburgo a meia luz

Desta vez não comprei chá.

Perdi um bocado a cabeça nas lojas de tecidos tartan, cachemira, lã pura e trouxe mais roupa aos quadrados do que é sensato mas não me arrependo - e só não trouxe mantas e ponchos porque ainda assim só levei uma mochila e eu não tenho dotes mágicos para a fazer alargar.

Por falar em dotes mágicos: Edimburgo, hã... Sim senhora, Rowling. Bem escolhido o sítio. Nunca tinha eu visitado uma cidade que me relembrasse a toda a hora aquele universo mágico. As ruas de calçada, os edifícios de pedra escura, mais o anoitecer típico de inverno às 16h, somado à palidez do céu e ao cinzento das nuvens que normalmente o cobrem (ontem aprendi que os escoceses tem mesmo uma expressão para esse tempo: Scottish dreich) fazem com que não seja mesmo nada difícil imaginar que por detrás daquelas portas de madeira preta vivem confortavelmente feiticeiros que usam cloaks de lã e compram ingredientes para poções na loja da esquina. É a estranheza de entrar num Starbucks que mais parece um Leaky Cauldron, ou numa Topshop que lembra o Gringotts.





Edimburgo é uma cidade de elevações, colinas e o dominante castelo no topo de uma delas. Por vezes, e inesperadamente, vê-se o mar lá ao fundo, relembrando que esta é uma cidade costeira. Não o fiz, mas tenho a certeza que se tivesse subido ao castelo, teria deleitado a vista com a paisagem circundante. E daí talvez não, que o dreich escocês não é muito dado a vistas panorâmicas.


A sensação é de vila, não de cidade, mas uma vila com todas as lojas, serviços e museus (visitei o National Gallery - grátis, claro) que despoletam o estupidamente familiar sentimento de coração quente sempre que estou em território britânico. Aqui, o gaélico não é muito usado e por isso mesmo, aliado à minha curta estadia e não obstante as conhecidas pretensões de país, não senti estar num sítio fundamentalmente diferente do resto do UK. Daqui a ano e meio o referendo ditará se tal continuará assim...

Desta vez não trouxe chá e o arrependimento continua a moer-me a consciência. 



S. 

sábado, 10 de novembro de 2012

Nas margens do rio Main

Apesar de um início de viagem atribulado (seis da manhã é demasiado cedo para ouvir berros de um alemão lunático que acha que as câmaras de gás deviam voltar a ser abertas para os ciganos - não estou a brincar, ouvi isto dito tal e qual...), a day-trip a Frankfurt correu muito bem.

A expectativa de que Frankfurt seria só escritórios e uns arranha-céus e pouco mais desvaneceu-se em pouco tempo, especialmente durante o passeio nas margens ajardinadas do rio Main.



Por entre o rio que me fez lembrar fortemente o Tamisa, com as múltiplas pontes transversáveis a pé, o núcleo de arranha-céus como a City, intervalado com praças centenárias, ruelas e lojas deliciosas, sem esquecer os grandes armazéns comerciais e as marcas multinacionais, mas nem tão-pouco um mercado de rua com coisas alimentares tradicionais (ainda não foi desta que provei o mulled wine), os inúmeros ciclistas que me fizeram ansiar por pegar também numa bicicleta e pedalar e pedalar, como em Bruxelas, e a língua tão misteriosa e estranha mas tão familiar ao mesmo tempo (um dia conquistá-la-ei até ao fim, juro aqui), fiquei muito contente por voltar a sentir-me numa cidade, numa verdadeira cidade.

Depois de provar a tradicional salsicha no pão (que não é o mesmo que o hot dog comum, percebi-o), de encontrar a maior loja de chás que já tinha visto na vida e de não ter apanhado uma gota de chuva, cheguei à conclusão que podia ser feliz na Alemanha...



O D. olhou-me com um misto de impaciência e resignação quando lhe confessei tal coisa. "Tá quieta...", diz ele. Eu limito-me a sorrir e a esfregar as mãos como quem diz "We'll see..." Mas sem gargalhada maléfica no fim. Não o quero assustar.

Acabei por trazer dois chás, que mais podia ter eu escolhido, pff. Especialmente depois de ter tropeçado na loja gigante.



O da esquerda é um chá de inverno, meio natalício, e que por cheirar a canela apaixonei-me instantaneamente. O outro é chá vermelho com caramelo, do qual também gostei do cheiro. (Amo quando as lojas tem testers para se cheirar os chás. Se não conheço o nome e não o posso provar na altura, é óbvio que vou lá pelo cheiro. É ver-me nos supermercados a agitar as caixas seladas na esperança que trespasse algum odor, por entre sobrancelhas levantas de transeuntes que questionam a minha sanidade mental. Por isso, lojas que me poupem a estes esforços infrutíferos ganham uma montanha de pontos na minha consideração). Ainda não os provei mas estou esperançosa.



S. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O fresquinho

Vantagens de estarem 3º:

- voltar a usar gorro;

- felicidade e energia redobrada perante a perspetiva de uma subida de bicicleta; 

- botas peludas;

- bicicletas disponíveis com fartura porque pedalar próximo de zero graus não é para meninos;

- beber quatro canecas de chá por dia deixa de ser esquisito.


Desvantagens de estarem 3º:

- o alívio das descidas de bicicleta torna-se num amaldiçoar constante (merdamerdamerdamerdamerdatáfriotáfriotáfiotáfrio).


Pesando o inverno* na balança dos prós e contras, acho que ele sai a ganhar.




*Mentira. Sei perfeitamente que vem aí pior.



S. 

sábado, 3 de novembro de 2012

Comédia à francesa

Depois de muito debate e de muita hesitação, hoje decidimos ir ao cinema. Foi a primeira vez que o fizemos cá, e, como explanarei de seguida, não foi uma decisão fácil.

A ideia começou a pairar com mais intensidade quando estreou o novo Astérix. Dos poucos filmes que vimos em francês - e gostámos - seria sempre mais um que iríamos ver de qualquer forma. Decidimos que seria o filme ideal para nos estrearmos num cinema belga.

Várias coisas constituem um problema em ir ao cinema em Bruxelas. As que já sabíamos:

- som francês: o problema mais óbvio de todos. Nenhum dos dois entende francês tão bem que consiga acompanhar uma história do princípio ao fim, perceber todos os detalhes e piadas como se se tivesse a ver um filme em português ou inglês. Aqui há também a mania de dobrar os filmes americanos, e, ainda que se se procurar bem dê para encontrar versão original, não é fácil. 

- legenda neerlandesa: ah, legendas; as nossas melhores as amigas. NOT. Filme dobrado em francês com legenda em neerlandês é ouro sobre azul, sem dúvida. Não basta uma pessoa estar a esforçar-se para ouvir e perceber um filme numa língua à qual não está habituada a ter numa sala de cinema, como ainda quando aparece o guia visual da tradução, está numa língua ainda mais impercetível para dois pobres portugueses. Há que fazer um esforço consciente para ignorar o palavreado com que somos bombardeados na parte inferior do ecrã.

- o preço: cinema equivale a luxo nestes países do norte e uma pessoa chora internamente enquanto paga vinte euros por dois bilhetes. Ainda que já tenha pago 26 libras.

Foi por isso com um misto de ansiedade e excitação que entrámos hoje na sala de cinema e nos sentámos à espera dos trailers e do filme que sabíamos não poder esperar entender perfeitamente. Por entre risos combinámos que pelo menos isto era um filme de comédia, e portanto saberíamos que os pontos altos das piadas seria quando ouvíssemos gargalhadas do resto da sala, que era só imitar.

Chegaram os trailers e eu fiquei logo com uma dor de cabeça enorme. Uns eram em francês sem legendas, outros em inglês com legendas em francês, outros em francês com legendas em neerlandês. Um houve cujo som era italiano e portanto tinha legendas duplas em francês e neerlandês, a correr em simultâneo. Começou a apetecer-me bater com a cabeça no banco da frente. 

Depois começou o filme e começa-se a ouvir a versão original francesa. A legenda aparece e os olhos descem inconsciente e instintivamente para a ler, mas lá vem a linguagem dos flamengos e uma pessoa respira fundo enquanto se mentaliza que tem que se apoiar apenas nos ouvidos para entender o filme que aí vem.

É um bocadinho triste. Aquela gente fala muito rápido e se há variação de tom, como um murmúrio, lá vai o entendimento para o galheto. E depois começa tudo a rir na sala e nós não captámos a piada e olhamos um para o outro como que a perguntar "...Percebeste?...". Uma pessoa sente-se excluída. Mas ainda assim não foi tão mau. A comédia é uma faca de dois gumes nesta coisa da linguagem: por um lado as ações, sentimentos, etc são muito mais exagerados e portanto chega-se lá facilmente pela linguagem corporal dos atores, ainda que não pelas palavras exatas; por outro lado é feita de piadas e é permeável a trocadilhos, a que só se chega verdadeiramente se se entender a língua muito bem. Por isto mesmo conseguimos perceber muita coisa, definitivamente entendemos a história, apenas algumas cenas cómicas se perderam.

O sentido de humor destes filmes, cheio de nonsense e atravessado de anacronismos conscientes é um que eu prezo muito e muito bem-vindo por ser tão diferente do habitual hollywoodesco, e distinto também do humor britânico (se bem que este filme era sobre aventuras do Astérix na Grã-Bretanha por isso houve uma espécie de mix entre os dois e, claro, festa de estereótipos :D).

Fazía-nos bem ter TV local. É a conclusão que me ocorre tirar.





S. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gaitas-de-foles e salsichas

Assim num instantinho e muito de repente, fiquei a saber que dentro de uma semana vou concretizar duas viagens de sonho.

Agora fiquei com um bocadinho de vergonha de dizer quais são, sob pena de quem me lê ficar a pensar que os meus sonhos são bem modestos, eu que sou uma valente defensora do aim high e blá blá blá, mas odeio o calor de fazer vómitos e a Europa é neste momento o que me faz cócegas na curiosidade, não tenho viagens de sonho fora daqui...

Bom.

A primeira será Frankfurt. Há alguns anos que ando com uma vontade imensa de visitar a Alemanha. Sei que é tudo menos um sítio popular neste momento, mas sinto que a Alemanha é neste momento um grande buraco negro no meu conhecimento da minha casa europeia e na minha construção identitária do que é ser europeu. E eu gosto de ser do contra, por isso é quando ela é menos popular que me dá mais vontade de a conhecer, um bocado como quando embirrei com o Avatar porque toda a gente viu e dizia que era maravilhoso e por isso mesmo não o fui ver. 

Não sei como ainda não calhou, já que estive muito perto de pisar solo germânico várias vezes: Estrasburgo ficava a uns 10 km da fronteira (de qualquer forma, aquilo é mais germânico que gálico); depois, a conferência de Passau em setembro, que estive a ansiar desde o início do ano mas que acabei por não poder ir por calhar mesmo na minha primeira semana de trabalho (pedir férias antes de começar a trabalhar se calhar não fica muito bem...). Além disso, Bruxelas fica a uma hora e meia de comboio de Colónia e de meia dúzia de outras cidades alemãs, de maneira que o espectro da possibilidade de uma viagem à Alemanha há vários meses que paira por aí.

Calhou agora, e será apenas um cheirinho. Ida e volta no mesmo dia não deixa muito tempo para cirandar mas confio que a minha estreia germânica será interessante de qualquer forma. E farei tudo para lhe tirar o melhor partido. Além disso, consta que Frankfurt não é aqueeela beleza arquitetónica, por isso uma voltita chegará.



Uns dias depois será Edinburgh. Esta está-me encravada desde que vivia em Londres. Planos foram feitos para lá ir, várias vezes, mas nove meses não é assim tanto tempo e a minha vida não é só passear. Abandonei solo britânico com a sensação de missão não-cumprida, de um "não fui à Escócia" que me continuou a moer a cabeça irritantemente. Designei todo um plano na minha cabeça sobre esta viagem que queria muito especial: partiria de Londres, de King's Cross, até Edinburgh ou Glasgow e visitaria a outra cidade porque as duas são pertinho. Depois, seguiria num daqueles comboios que fazem viagens cénicas pelas Highlands para ver as colinas verdejantes, daquele verde mesmo verde, os lochs cristalinos e os castelos fantasmagóricos e centenários. E ali deixaria a imaginação rolar e acredito que não seria nada difícil ter a miragem de um Hogwarts, de uma Forbidden Forest, de um Great Lake. Porque para mim Escócia tem o sabor a Harry Potter, mas também a druidas, a celtas, a palavras esquisitas gaélicas e a Alba.

Não será nada disto que irei fazer, não nesta estreia. Conhecerei apenas Edinburgh, mas diz quem o sabe que planar por cima das Terras Altas, de avião, é uma das melhores maneiras de ficar a conhecer as suas colinas verdejantes, os lochs cristalinos, e um ou outro castelo fantasmagórico. E que Edinburgh tem o suficiente para me entreter na minha curta estadia. 



Fiquei profundamente aliviada por não ter que fazer escala em Londres, seja de avião seja de comboio. A minha sanidade mental agradece, já que Londres está a chatear-me que a visite há meses - desde que a vi da última vez, em janeiro - sempre a ser relegada para segundo plano e cada vez mais furiosa com o facto. Estar lá e não ter tempo de sair da estação/aeroporto é tudo o que eu não preciso neste momento - já basta viver a duas horas de comboio da senhora cidade e ainda não lá ter ido.

Estou portanto um bocado surpresa mas muito entusiasmada com o que me calhou na rifa do Destino próximo. Entretanto, há que pensar insistentemente se há algo que eu precise do território britânico, e qual seria a melhor lembrança para trazer de terras germânicas. Em último caso, as memórias serão mais do que suficientes.



S.  


Vida a 2 e a 1+1

Começou quando a nossa vida a dois ainda não tinha começado. 

O laço da imperatividade da presença física foi quebrado quando o D. entrou num avião a caminho de Londres três meses antes de mim. A nossa relação tornou-se "relação à distância" durante esse tempo, com pontuais visitas de parte a parte, e ainda que temporariamente. Mas o mito de que a presença era absolutamente necessária a todo o tempo desfez-se e tornámo-nos duas pessoas com vidas autónomas, que se sobrepõem muitas vezes, que vivem juntas, que se amam e que partilham um desejo enorme de constituir um "nós" verdadeiro, todos os dias e à sua maneira.

Quando parti para Londres, viajei de avião sozinha pela primeiríssima vez. Como o D. o tinha feito três meses antes, aliás. Outra amarra que foi quebrada. Rapidamente ficou inscrito na minha mente que é possível, eu sou capaz, faz-se. O que até aqui estava conotado na minha mente com "férias em família" (necessariamente, para mim, férias eram em família) tornou-se um mero instrumento que me leva do ponto A ao ponto B. O avião perdeu a mística que encerrava.

Estes dois cortes de amarras, da imperatividade da presença física e do avião como parte de férias, deram origem a uma coisa muito curiosa e que eu nunca esperei: vou a qualquer lado sempre que é preciso. Idem com o D., ou a coisa não funcionaria.

Há um jogo em Londres para ver, mete-se o D. num autocarro e vai ver. Surge a ideia de surpreender os meus pais interrompendo-lhes as férias de verão para se me juntar a eles, lá vou eu a voar até Faro. Reunião de trabalho em Lisboa, apanha-se o avião e lá estou eu na Portela passado duas horas. Jogo do Benfica com o Barcelona, segue sr. D. até terras espanholas. Férias de natal na terra-natal, senhor meu parceiro parte uns dias antes de mim.

É tudo muito novo, isto. Ou antes, por razões circunstanciais (o Benfica de repente joga muito fora mas muito perto daqui e o meu emprego é muito dado a reuniões fora de Bruxelas) intensificou-se recentemente. Talvez por isso mesmo o gosto a autonomia e a quebra da presença física esporádica sejam hilariantes e um gosto ainda não decididamente certo como saboroso ou amargo. Por enquanto é isso mesmo, hilariante, exhilarating, libertador, confortável, saudável. E a sensação de "CASA, cheguei a casa" quando se entra pela porta do nosso pequeno apartamento bruxelense e "olha só quem está aqui, a falta que me fizeram estes braços e estes traços familiares e este riso e esta voz e estas piadas reconfortantes, perspicazes e conhecedoras". Mesmo quando se acaba de deixar outra casa que já foi Casa, outras caras familiares, outros braços reconfortantes, e ainda se está a tentar descortinar se o país que se acabou de visitar e já foi o meu país continua a ser o Meu País e, se sim, que lugar no meu coração tem este onde acabei de aterrar cheia de alívio.

A ausência é uma poderosa catarse de sentimentos. Especialmente porque suscita a saudade. Faz-nos sentir vivos e humanos, e permite definir claramente o que é fundamental e importante na nossa vida, como acho que mais nada o consegue.





S. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Eu gosto de brincar às alterações climáticas



Risk of snow??

Wtf, Bruxelas, ainda ontem estavam 20 graus!... E na terça-feira, 25...

Bolas, cidade mais bipolar nunca vi.



S.

sábado, 20 de outubro de 2012

Cabelo comprido, por que me abandonaste

Ao enviar os e-mails para a organização dos extras da White Queen, pondero duas coisas que não deixam de ser irónicas. 

A primeira é que eles exigem pelo menos cabelo pelos ombros e eu, depois de uns dois ou três anos com cabelo compridão e cortado a direito, tenho-o agora e desde agosto escadeado e mais ou menos pelos ombros. Mega desilusão se não for chamada por causa disto. Bom, pelo menos deixei-me das minhas manias de usar reflexos ruivos e o cabelinho está na sua santa cor natural, como é exigido. 

A segunda ironia é senhor D. estar há boas semanas a querer rapar o cabelo e ainda não o ter feito; exigem que os homens tenham pelo menos três centímetros de cabelo. Sim, entretanto arrastei senhor meu parceiro para o mundo das medievalidades.

Vamos ver se somos chamados. As filmagens decorrem até março e mesmo que não sejamos escolhidos para participar quero ir lá lançar um olhinho. 

Os dedos já estão em figas.




S.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012