quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Edimburgo a meia luz

Desta vez não comprei chá.

Perdi um bocado a cabeça nas lojas de tecidos tartan, cachemira, lã pura e trouxe mais roupa aos quadrados do que é sensato mas não me arrependo - e só não trouxe mantas e ponchos porque ainda assim só levei uma mochila e eu não tenho dotes mágicos para a fazer alargar.

Por falar em dotes mágicos: Edimburgo, hã... Sim senhora, Rowling. Bem escolhido o sítio. Nunca tinha eu visitado uma cidade que me relembrasse a toda a hora aquele universo mágico. As ruas de calçada, os edifícios de pedra escura, mais o anoitecer típico de inverno às 16h, somado à palidez do céu e ao cinzento das nuvens que normalmente o cobrem (ontem aprendi que os escoceses tem mesmo uma expressão para esse tempo: Scottish dreich) fazem com que não seja mesmo nada difícil imaginar que por detrás daquelas portas de madeira preta vivem confortavelmente feiticeiros que usam cloaks de lã e compram ingredientes para poções na loja da esquina. É a estranheza de entrar num Starbucks que mais parece um Leaky Cauldron, ou numa Topshop que lembra o Gringotts.





Edimburgo é uma cidade de elevações, colinas e o dominante castelo no topo de uma delas. Por vezes, e inesperadamente, vê-se o mar lá ao fundo, relembrando que esta é uma cidade costeira. Não o fiz, mas tenho a certeza que se tivesse subido ao castelo, teria deleitado a vista com a paisagem circundante. E daí talvez não, que o dreich escocês não é muito dado a vistas panorâmicas.


A sensação é de vila, não de cidade, mas uma vila com todas as lojas, serviços e museus (visitei o National Gallery - grátis, claro) que despoletam o estupidamente familiar sentimento de coração quente sempre que estou em território britânico. Aqui, o gaélico não é muito usado e por isso mesmo, aliado à minha curta estadia e não obstante as conhecidas pretensões de país, não senti estar num sítio fundamentalmente diferente do resto do UK. Daqui a ano e meio o referendo ditará se tal continuará assim...

Desta vez não trouxe chá e o arrependimento continua a moer-me a consciência. 



S. 

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