quarta-feira, 27 de abril de 2011

Auf Wiedersehen, London

Visitar sítios e questionar se será a última vez que ali passamos não é uma sensação agradável. Mas não está a ser tão dolorosa como pensei.

No fim de maio voltamos para Portugal, o que significa que tenho um mês para me despedir de Londres. Não sei bem o que sinto a respeito disto, mas pânico já não é e dor acho que também não. Mas tal deve ter muito que ver com mais uma mudança que tenho no horizonte. 

A verdade é que Londres já foi explorada à exaustão e não irei embora com a sensação de que não vi o que devia ver. Se vi tudo? Claro que não. Londres é a maior cidade da Europa, dá para viver aqui uma vida inteira e continuar a ser surpreendido uma e outra vez. Agora, Inglaterra, isso já é outra história. Irei embora daqui com a sensação de que não conheço, nem de perto nem de longe, o que gostava do Reino Unido. Não fui à Escócia, não fui ao País de Gales, não fui à Cornualha... Mas se há coisa que aprendi neste último ano foi a não achar que conheço o meu futuro. Porque há um ano ainda nem sabia que estaria a viver aqui, a estudar na King's e a preparar uma dissertação em igualdade de género. Por isso quem sabe onde estarei daqui a um ano.

Não pareço a mesma rapariga que escreveu sobre o seu pânico de voltar a Portugal há uns posts atrás. Mas tal em muito se deve ao facto de não ficar lá indefinidamente. Viena espera-me em setembro e 6 meses lá nos aguentaremos. O entusiasmo ainda não bateu verdadeiramente mas acho que também nunca estive extrovertidamente entusiasmada antes de vir para Londres. Começo a pensar que sou mesmo assim, não acredito subsconscientemente nas coisas até as viver e continuo desconfiada até ao último minuto. É um 'viver de pé atrás', uma ação natural de proteção contra desilusões na vida. Sei que uma das primeiras coisas em que pensei quando soube que ir para a Viena era uma forte possibilidade foi: 'Áustria tem reis? Se tivesse posso continuar a escrever neste blog sem lhe alterar o título...' Nunca escondi o meu apego à insignificância.

O que já pesa é a certeza de mais uma aventura, um sítio diferente a fazer algo de diferente, e isso para a minha paz de espírito neste último mês em Londres é fundamental. O regresso a Portugal é assim não mais do que um interregno entre duas emigrações, um respirar fundo antes de novo mergulho no desconhecido. Porque já percebi como estes mergulhos são viciantes, oh, se são... Só custa o primeiro, porque envolve cortar as raízes e isso é o mais difícil. Uma vez cortadas, e depois de uma experiência bem sucedida, o que nos impede de voltar a repetir? Nada. O mundo passa a ser visto como um espaço de possibilidades e, haja vontade, a mudança torna-se sempre possível. No meu caso não o mundo, mas sim a Europa. A Europa é o meu espaço de conforto, de familiaridade e de felicidade. Porque sei que estando na Europa, tenho tudo o que preciso, conheço as regras, aceito os costumes, estou em casa. Eurocêntrica? Muito. Apenas porque é o meu espaço civilizacional, é onde me sinto bem e em casa. É onde quero estar. 

É recomendado que faça uma lista de sítios que quero (re)visitar antes de abandonar Londres e o Reino Unido. Não. Tenho medo de me voltar a apaixonar por Londres e a saída ser dolorosa. Por isso este último mês não vai ser gasto a ir a todo o lado que nem uma maluca, a visitar o que falta, a revisitar museus, parques e monumentos, a ver musicais e peças só porque é suposto e porque posso já não voltar a ter hipótese. Porque não é assim que quero relembrar Londres (como turista histérica). Quero que as memórias desta cidade sejam naturais e espontâneas, e que não seja através deste último mês que me vá lembrar da cidade no futuro. E porque despedir-me de todos estes locais seria admitir que não vou voltar mais e isso para mim é inconcebível. Por isso este último mês será passado entre casa e a biblioteca porque tenho uma dissertação em que pensar e que escrever antes de setembro e portanto muito trabalho que fazer. 

E que melhor maneira de me despedir da cidade do que passar tempo numa das suas bibliotecas, o único sítio no mundo verdadeiramente universal, onde consigo flutuar num limbo maravilhoso onde nem espaço nem tempo contam, só o livro que tenho na mão?...






S.

sábado, 23 de abril de 2011

Há um ano foi em Madrid...

Mais uma festividade passada em Terras da Rainha. Desta vez, os anos do D.


A criatividade fotográfica de uma criança de 4 anos ultrapassa em muito a minha. Confirmado por estas duas fotos (bolo e nós dois).


Um serão muito bem passado com boas pessoas no Madeirinhas. :)


Ausência de batedeiras significa incapacidade de fazer um bolo, por isso optei por comprar este fudge cake e decorá-lo com o icing azul, para ter um ar de bolo de aniversário. Muito divertido para escrever coisas num prato e depois comer (é a isto que se pode chamar 'engolir as minhas próprias palavras').






S.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mas que mediterraniedade vem a ser esta...



Não, a sério, isto tem de parar.

Estamos em abril. Isto é Inglaterra, não um país tropical. E, pronto, tirando a chuva que parece que nos aguarda na 6a feira, 25 graus para cima nem no verão de cá... E mesmo a chuva pode ser considerada anomalia visto que vão estar 24 graus. 24 graus?! Com chuva!

Primeiro foram as temperaturas a rondar os 20º que duraram outubro adentro... Depois foi a escassa chuva que apanhei no inverno. Agora isto! Não gosto destas anormalidades climáticas. Nem de temperaturas
acima de 20º. Mas isto sou eu que não aprecio transpirar que nem uma porca quando tenho atividade mental para desenvolver.

Eu não tenho roupa de verão aqui! Desculpem se não pensei em trazer calções, saias e biquinis quando fiz as malas para vir viver para Londres. Além disso, a minha casa tem uma quarta parede que basicamente é uma janela, portanto, nada bom para ter sol a bater durante horas. Uma janela que não se abre, ainda para mais.

Portanto senhores do tempo, vejam lá isso. Sei que não é vossa a culpa mas vocês devem ter contatos lá em cima, façam favor de agir porque isto assim não dá. Ontem tive de ir comprar gelados. Gelados! Vejam ao ponto a que isto chegou e tenham vergonha.




S.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vida em suspenso

Vida em suspenso é provavelmente um exagero. E no sentido literal, nem pensar.

A verdade é que as duas últimas semanas têm sido de loucos em termos de oportunidades e decisões e não tenho vontade de escrever aqui até a poeira assentar. Porque dá azar.

Mas hoje decidi que o blog está demasiado descurado e precisa de um bocadinho de atenção e por isso cá está um post sobre qualquer coisa que ainda não sei bem o quê (triste o meu estado mental, eu sei. Mas podia ser pior, podia estar letárgica e felizmente isso ainda não é coisa que eu sinta. O que, contando que estou há 3 semanas de férias, é de espantar).

Hmm, tenho pombos a viver na minha entrada. Os olhares maternos que a pomba me lança cada vez que passo a entrada dão-me a certeza que já lá há ovos.

No outro dia fui ao Asda às 8h30 da manhã. Não vi quase ninguém, mas também não vi pão (qual é a vantagem de estar aberto 24h por dia se não há PÃO às 8 da manhã?).

Já acabei os meus 3 essays finais, uma semana antes do suposto.

Vai haver 3 feriados em 4 dias. Mas o que me interessa isso, se para mim agora todos os dias são feriados...

Londres prepara-se para o Royal Wedding (nem vou entrar por aí... Republicana de coração e mente).

Recebi uma carta a dizer que tinha de enviar os censos. Fiquei escandalizada de terem sequer pensado que eu não preenchi e enviei antes do dia 27 de março como era suposto, EU, que quando chegou o impresso até dei pulos de alegria.

Para a semana tenho a primeira reunião com a supervisora da dissertação. Vou aborrecê-la tanto com o meu entusiasmo, meu deus...

Er... Chega de randomness, acho eu.

Avisei que não ía ser bonito. Para compensar, fofura na fotos que se seguem.






(Mas que raio de animal é este?????)






S.

sábado, 9 de abril de 2011

Verdura Citadina - Parte II

Com a temperatura a rondar os 20º nos últimos dias e um sol maravilhoso no céu não apetece estar em mais lado nenhum em Londres do que num parque. E a primavera chegou! Manifesta-se com todo o seu esplendor nos mais inesperados recantos da cidade. Onde quer que haja uma árvore há cor, em todos os canteiros há flores com fartura. A Natureza segue o seu ciclo onde quer que se encontre.

Hoje, um parque londrino pouco conhecido - Lampton Park. Só é relevante porque é o parque principal de Hounslow, e portanto o meu parque ditado pela minha residência.


Lampton Park



Situado no município de Hounslow, pode-se dizer que este é um parque mais suburbano e sem dúvida longe dos circuitos turísticos habituais. O seu tamanho não deixa de espantar, uma vez que, para parque suburbano, dá para fazer caminhadas, corridas e jogos de todo o tipo. A principal característica deste parque é exatamente a quantidade de campos destinados à prática de várias modalidades. Tem uns 5 courts de ténis, balizas para futebol, e mais uns quantos courts para se improvisar. 

Impressionante a quantidade de pessoas que vi a jogar cricket! Não percebo o jogo e não conheço as regras, mas sempre me pareceu extremamente parecido com baseball. Bater uma bola com um taco e depois correr = baseball. Isto na minha cabeça, claro. Segundo fontes indianas, não tem nada a ver. Hmm, ok senhores conhecedores. Sempre me pareceu suspeito que a única antiga colónia britânica que não vibra com o cricket seja os Estados Unidos. O baseball de certo explicaria essa falha...

A segunda característica deste parque: os baloiços futuristas. A sério, nunca tinha tido tanta inveja de crianças como quando fiquei a ver uma delas a escorregar num slide. Porquê, oh porquê que estes parques são só para crianças?! Eu tenho metro e meio, não peso 50kg, tenho a certeza que os baloiços não deriam pela diferença... A pressão social foi mais forte do que eu.

Característica que define este parque como um parque londrino é não só a dimensão mas também a ausência de inclinações. Um espaço extenso e direito, o que faz com que os seus relvados pareçam imensos. Neste caso alguns canteiros bem cuidados e floridos formavam o centro do parque, quebrando a monotonia do verde extenso.



Uma placa informativa sobre um pedregulho com ar de meteorito informou-me que há 50 milhões de anos Hounslow estava debaixo de oceano. Interessante...


Nivel de esquilidade: baixo (só vi um esquilo. O que, com este calor primaveril significa que existem mesmo muito poucos no parque. Não conseguiriam resistir ao solinho.)

Nível de avicidade: nulo (não há lagos, não há patos. Simples.)

Nível de pombaria: baixo (surpreendentemente, só vi dois ou três. Anormalidade num parque que causa enorme espanto...)

Nível de bambicidade: nulo (o Lampton Park não é propriamente uma reserva natural... Se bem que o Parque Desportivo de Mafra também não e arranjaram lá espaço para meter uns quantos veados. Perturbou-me ligeiramente.)



S.

O melhor de antigamente + o melhor do presente

A minha melhor amiga nestas próximas semanas.


Essays, essays e essays. Não pensar em mais nada até à Páscoa.

Agora que me habituei a tirar notas e apontamentos no computador, tanto nas aulas como no estudo, vou ficando com escassas oportunidades de escrever à mão. Organização de essays e planos dos mesmos são a excepção.

Nerd de tempos antigos e Harry Potter como sou, vibrei quando descobri à venda estas quills no Museu de História Natural. Tive de trazer, como é óbvio. Mas tinteiros não é comigo, portanto, esferográfica integrada em pena é ouro sobre azul.



S.