sexta-feira, 12 de novembro de 2010

England state of mind

Cambridge foi a minha primeira saída fora de Londres. A cidade que se tinha tornado num mundo imenso a ser explorado foi assim relativizada: é apenas um grande espaço inserido num espaço muito mais abrangente chamado Inglaterra.

Estava em pulgas para ter o meu primeiro cheirinho da Inglaterra rural, ou seja, vislumbrar a verdadeira essência do meu país adoptivo (por um ano). Porque Londres, fabulosa como é e apelando a todos os sentidos como o faz, não dá a conhecer a verdadeira "Inglaterra". Porque é uma capital e uma cidade cosmopolita,. Tal como Nova York, nunca pode ser expressão de um país só porque é um centro do mundo.

Ainda que uma auto-estrada não seja o melhor lugar para se observar as terras circundantes, deu para ter os meus primeiros vislumbres de pequenas aldeias no meio de campos, casas de telhados inclinados, e verde, tanto verde como em Portugal não é possível haver. E os subúrbios! Filas e filas de casinhas todas iguais, testemunha de um planeamento rigoroso e de uma uniformidade que chega a ser desconcertante.

A minha ideia de Inglaterra (ou mais concretamente, de Grã-Bretanha) é uma mistura de vários elementos que fui recolhendo ao longo das minhas muitas leituras. A Grã-Bretanha celta e druida das Brumas de Avalon, a Britannia romana, a Escócia de Julliet Marilier nas Crónicas de Bridei, Idade Média da Guerra das Rosas e dos Tudor, a Inglaterra das manor houses de Jane Austen e, claro, a Grã-Bretanha mágica/muggle de Harry Potter. Todas estas leituras, umas mais do que outras, contribuíram para formar uma imagem e identidade de um sítio que só agora comecei a explorar timidamente. É essa a beleza da literatura :) .

Cambridge.

Vila (ou cidade pequenina) que vive pela, em função e por causa da universidade homónima. Tudo fica perto de tudo, o centro é agradável e acolhedor, lojas que se encontram em todo o lado encaixadas no meio de lojas tradicionais. Toda a gente anda de bicicleta. Nas estradas há o perigo de se ser atropelado mas não por carros. Os gradeamentos das capelas e colleges estão repletos de bicicletas estacionadas e papéis que anunciam inúmeros eventos/palestras/meditações/reuniões. Cambridge tem a mesma atmosfera de Richmond, uma cidade nos subúrbios de Londres. Todos os serviços estão lá, nada falta, a não ser a confusão e dinâmica acelerada da capital. Há um cuidado e atenção pelo pormenor e pelo ordenamento da vila impossível na maior cidade da Europa.

As colleges funcionam nos mesmos edifícios imponentes em que foram inauguradas no séc. XV, o que é bastante desconcertante. Como é possível ter aulas num mosteiro?! Num mosteiro lindíssimo ainda por cima. E depois os claustros e os jardins verdíssimos e bem cuidados, onde uma pessoa tem sempre presente a noção que está dentro de um postal.

As portas dos escritórios dos professores parece que dão para quartos de monges! Dá a sensação que se as abrirmos de repente vamos encontrar um monge ajoelhado a rezar aos pés de uma cama de madeira com colchão de palha.

As bibliotecas devem ser inimagináveis...


 


 S.

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