domingo, 10 de outubro de 2010

Lar Doce Lar

O que faz uma casa tornar-se "a nossa casa" tem sido uma questão que me tem ocupado a mente nos últimos meses. Mais concretamente desde que soube que teria de sair da minha e construir uma noutro sítio.

Nunca tendo conhecido outra casa senão aquela onde vivo desde que vim ao mundo é normal que fosse algo constantemente na minha mente. Ter outro quarto, caminhar por um sítio diferente até chegar a casa, não ter o jardim, os meus animais... Como seria a adaptação?

A verdade é que nunca pensei que fosse tão simples. A adaptação. Uma casa começar a ser sentida por mim como "a minha casa". Percebi que isso só acontece depois de se fazer o caminho até "casa" várias vezes. Ir passear, ir à escola e ao fim do dia regressar a casa, só esse processo repetido algumas vezes torna uma casa em "nossa casa". Ocorreu-me tal pensamento quando vinha a subir as escadas depois de um dia na universidade/biblioteca e a procurar as chaves na minha mala.

Outro processo muito importante é a limpeza da casa. Uma casa só se torna "casa" quando implica empregar um pouco do nosso esforço nela. Limpar o chão. Sacudir os tapetes. Esses simples gestos reflectem da nossa parte uma vontade de tornar aquele espaço mais agradável. Porquê? Porque passamos nele muito tempo. Porque é nosso. Porque é aí que nos sentimos seguros para efectuar as rotinas diárias que comummente se designam de "viver".

Estas filosofias são muito bonitas e bem pensadinhas da minha parte mas a verdade é que cairiam provavelmente por terra (ou pelo menos não seriam tão lineares) se outro processo não se verificasse ao mesmo tempo: a partilha da casa com o D. Porque são todos os outros processos elevados ao quadrado. A limpeza não implica tornar a casa habitável para mim mas para nós, as compras não são feitas a pensar no que eu quero mas no que é bom para os dois, e quando regresso a casa não regresso a um espaço vazio mas sim a um sítio onde sei que tenho alguém à minha espera. Alguém que gosta e se preocupa comigo, como foi o meu dia, como estou, o que fiz.

E esta é muito provavelmente a razão pela qual Londres - e mais concretamente, a High Street em Hounslow - se tornou a minha "casa" em tão pouco espaço de tempo.






S. 

Sem comentários:

Enviar um comentário