Hoje foi dia de experimentar um bocadinho o espírito natalício de Londres. Tardou a chegar mas acho que a minha consciência já está a ficar sintonizada em "modo: Natal".
Não chega que o hipermercado à porta de casa já venda árvores de Natal desde o Halloween. É preciso que Dezembro chegue. Se esse Dezembro trouxer neve então, melhor :).
Se se procurar, Londres tem inúmeras coisas natalícias a fazer neste período. Mercados de Natal não faltam, ringues de patinagem no gelo são mais de uma dúzia, árvores de Natal começam a aparecer em vários pontos estratégicos, postais de Natal são vendidos por inúmeras instituições de caridade. E neve, este ano. De forma que tudo conspira para que o espírito natalício se forme.
Hoje decidimos então experimentar um dos famosos e piturescos Christmas Markets. Por alguma razão, muitos deles duram apenas este fim-de-semana... Escolhemos dois por ficarem perto um do outro e podermos duplicar assim a experiência natalícia. O acesso era muito fácil uma vez que ficam ao lado da estação de Waterloo.
Que diferença para a segunda-feira passada! Desta vez não fui em pé e não houve a confusão de um dia de greve de metro. Claro que ser sábado significa muito menos gente na estação. Mas também significa menos comboios...
A viagem foi feita em frente a duas senhoras velhinhas - o que contribuiu ainda mais para o espírito natalício! Isto pode parecer estranho mas eu clarifico. Estas duas senhoras eram o epítome da Britishness. Quando se pensa em Inglaterra rural, cottages e chá das cinco? Tudo isso estava embrulhado naquelas duas encantadoras senhoras. Mantiveram uma conversa a viagem toda, para meu regalo. Expressões como "jolly scarf", "good heavens!", "oh dear" naquele inglês perfeito da BBC fizeram-me ter vontade de exclamar "awwww...!" enquanto fingia não estar a escutar todas as palavrinhas e frases bem construídas num inglês que não é todos os dias que se ouve. A amante da língua inglesa em mim estava ao rubro. Foi também uma extraordinária variante das conversas sobre doenças que escutei durante anos em transportes públicos entre velhotas. Se bem que aí houve momentos preciosos de comicidade difíceis de esquecer... :D
Quando estávamos quase a chegar a Waterloo, uma das senhoras pergunta "Does she still talk with her father? On Facebook or on Skype?". Acho que aí não devo ter conseguido esconder que estava a ouvir a conversa já que a surpresa deve ter ficado bem visível na minha cara... Octagenárias a falar de novas tecnologias em inglês (perfeito da BBC, não esquecer!) - amo!
Como o mercado ficava perto da London Eye, enquanto esperava pela I. fiquei a observar as pessoas que patinavam pela pista de gelo a fora. Parece tão fácil! Apesar da certeza da minha falta de jeito é algo que sei que vou ter de experimentar. Faz parte de um Natal londrino!
O mercado em si, Cologne Christmas market, não desapontou. Fofinho é a palavra que melhor o descreve. As iguarias à venda e a decoração das cabanas eram de inspiração alemã. Tudo decorado nataliciamente, com luzinhas já acesas (hora de almoço num dia nublado de Dezembro não significa muita luz) fez-me pensar que aquele mercado deve ser mesmo bonito à noite.
O mercado adjacente, mais pequenino, era constituído por tendas com diferentes iguarias. Iguarias comestíveis de vários países, entre eles Portugal! Claro que tivemos que petiscar ali. Chouriço rolls, servidos por um senhor que não falava português, "only Spanish". O chouriço era uma maravilha, acabado de sair da frigideira quente. Mas não se podia considerar iguaria portuguesa; além do chouriço aquela sandes levava espinafres e molho de tomate... Algo nunca visto em Portugal de certo. Enfim. Comemos ali perto e pudemos constatar que aquela tenda estava muito concorrida. Talvez a gastronomia portuguesa tenha boa fama aqui em Londres. O que, admita-se, não é difícil.
De seguida decidimos passear um bocadinho por Londres central. Atravessámos a Waterloo Bridge e chegámos ao Strand. Uma ponte que se atravessa a pé em 4 min numa capital é algo surpreendente para alguém que está habituada a pensar em pontes do tamanho da Vasco da Gama ou mesmo da 25 de Abril. O Tamisa não é uma fronteira em Londres como o Tejo o é em Lisboa.
Seguimos o Strand até Trafalgar Square, Lá estava a árvore de Natal que os noruegueses oferecem todos os anos aos britânicos, desde o final da 2ª Guerra Mundial, para lhes agradecer o esforço de guerra e o que fizeram pela Europa. :') . É caso para dizer: awwww...! A árvore em si era um pouco, er... desapontante. Um bocadinho raquítica e nada impressionante para duas portuguesas que estão habituadas às megalomanias de "maior árvore de Natal do mundo" e coisas do género com que Lisboa gosta de se envaidecer de vez em quando. Mas o que conta é a intenção, senhores noruegueses! E essa é das melhores :).
Decidimos ir à National Portrait Gallery, (grátis, mais uma vez) um museu feito só de retratos de Reis ingleses e outras figuras importantes da história britânica. Claro que a intenção principal da I. e minha era a galeria Tudor, onde estão os retratos desses reis tão mediáticos e historicamente polémicos. Tanto ela como eu temos a historiadora/romancista Philippa Gregory como favorita e a série The Tudors como hobby a preservar. Rirmo-nos ao mesmo tempo de um quadro do economista David Ricardo fez-me mais uma vez dar graças por ter encontrado alguém com quem partilhar coisas nerds e com gostos tão semelhantes aos meus. Saber que ela me entende - she gets it! - é um dos melhores sentimentos do mundo sem dúvida. :)
S.
I get you too! :)
ResponderEliminarby the way, afinal o david ricardo não era o de óculos! lol
ResponderEliminarhttp://2.bp.blogspot.com/_TpiMWM4eQWM/R2RkKQ8KWWI/AAAAAAAAABs/ABSMmCWciS4/S226/150px-David_Ricardo.jpg
era tão mais intelectual o de óculos... enfim :D
ResponderEliminarx) a inês lê o meu blog hihihi!
leio desde o inicio, mas só agora decidi mostrar-me! haha :D
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