quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A guerra, o amor, o Lobo e o divórcio

Depois de ler o livro com a compilação das cartas enviadas à mulher durante a Guerra Colonial, e depois de saber que entretanto já casou mais 2 vezes, fiquei com uma vontade enorme de ler mais obras deste autor.




Quando se lê coisas tão íntimas como cartas, sendo elas cartas diárias de amor, escritas durante uma guerra, fica-se com a sensação que se conhece esta pessoa, que o véu que cobre a alma de cada um de nós foi levantado e espreitámo-la na sua intimidade e crueza.

Gostava de perseguir a sua obra para tentar encontrar pistas que desvendem a vida deste homem, como evoluiu a partir do rascunho da sua primeira obra que preparava em Angola, o acompanhamento que fez da filha bebé, o nascimento da segunda, o que levou à separação da mulher que tanto idolatrava e à qual invariavelmente escreveu todos os dias durante provavelmente os dois anos mais difíceis da sua vida.

É que saber todo aquele amor e devoção acaba em divórcio, faz uma pessoa sentir-se traída. "Ai amavas tanto a mulher, tanto 'Gosto de Tudo de Ti", tanta idolatraria, tanta angústia de separação e saudade para acabar em divórcio?". Fico triste com a vida e com a natureza humana.

Ao que parece, este senhor não tem é uma escrita fácil, daí que não saiba por onde começar. Começo pelo primeiro livro? Haverá um mais fácil que sirva de introdução a toda a obra? Sugestões aceitam-se.



S.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Behind the scenes

Etapas de uma foto de Natal minimamente decente em que figura um cachorro irrequieto, um par de chifres de rena, um jardim, e duas donas impacientes:


1ª Fase: o rebolanço
Ter objetos que nos adornam o pelo é tão, mas tão desconfortável. Vá de rebolar para lhes tentar chegar.




2ª Fase: o descair do dito objeto
Uma bandolete não é propriamente um adereço para cães, e um pelo liso, associado a um cão que não pára quieto significa que dito objeto aguentará meros segundos até escorregar pelo lombo abaixo.




3ª Fase: a bola
Tentativa de cansar o cão através de múltiplas apanhas da mesma, muito "busca" gritado, e algum sossego conseguido.




4ª Fase: o rebuçado
Após a tentativa falhado do sossego pela bola, sossegá-lo através da coisa que ele mais ama nesta vida: comer. A excitação redobrou.



5ª Fase: retomar o rebolanço
Porque esta porcaria nunca mais acaba e eu começo a ficar saturado




6ª Fase: Olhar para todo o lado menos para a máquina
Só porque sim.



7ª e Última Fase: os barulhos estridentes
Porque a dona teve a brilhante ideia de começar a guinchar como um macaco para ver se prendia a minha atenção.


Funcionou.

Não me julguem. Há três exceções na Lei Que Diz que Devemos nos Escandalizar Quando Alguém Se Mete a Guinchar no Meio da Rua Sem Motivo Aparente:

- ter um cão;
- ter um filho bebé;
- ter algum problema mental.

Acho que sou qualificável para duas delas.


Ah, já agora: Feliz Natal!



S.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

It's the final countdown

Falta um ano para acabar o mundo. Portanto há que aproveitar bem os próximos doze meses.

Brincadeiras à parte, acho que uma mentalidade de contagem final pode ser saudável. Uma pessoa olhar para trás e questionar-se: "Já concretizei tudo o que queria até a esta fase da minha vida? Estou onde sonhei estar com esta idade? Ou ando a desperdiçar tempo?". No fundo, é fazer o balanço da nossa vida regularmente, não pensar que se tem tempo e que a vida é muito longa e que o dia há-de chegar. Ter objetivos e trilhar o nosso caminho todos os dias em direção a eles.

Como tudo, o segredo é não cair no exagero e na obsessão. Há que deixar espaço ao imprevisto, e às mudanças de percurso intencionais ou ocasionais. Mas deixar tudo nas mãos do "destino", definitivamente não.

Esta é uma filosofia de vida muito bonita mas que eu sigo só até certo ponto. Tenho muito a mania é de olhar para frente, de ver o que ainda me falta conseguir, os sonhos a realizar, os feitos a conquistar, o conhecimento que ainda falta obter. Não posso falar no futuro, mas se o mundo acabasse hoje eu ía era ter uma lista gigante de coisas "em falta", em vez de me contentar com a lista de coisas "atingidas". Aqui ficam algumas:

- trabalhar na Comissão Europeia;

- doutoramento e defesa de uma tese (provavelmente relacionado com a primeira);

- viver em Nova York;

- fazer uma viagem de comboio pela Europa;

- dar à luz;

- ler Freud (porquê, oh porquê que a minha pilha de livros a ler está a baixar tão devagar!);

- fazer a viagem de carro nos Estados Unidos de costa a costa;

- apertar a mão da Rowling;

- dizer o sim;

- ver um concerto de Arctic Monkeys;

- (queria um autógrafo do Saramago, mas parece que já não dá).




É tudo o que me lembro (e se não me lembro de mais, é porque provavelmente não são assim grandes sonhos meus).




P.S. Se o mundo realmente acabar em 2012, fica a questão: o que acaba primeiro, o mundo ou o Euro? Não sei se são mutuamente exclusivos...




S.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Inverno, qual inverno?

Hoje cobri-me dos pés à cabeça de quentura. Ele era gorro, ele era cachecol de metro e meio, ele era casacão, luvas, botas de pêlo.

Mas parece que ainda não está assim tanto frio.





S.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Neve hoje e há um ano

Ontem nevou em Londres. Uma série de recordações passaram de rajada e a nostalgia instalou-se.

Pensar em Londres é uma coisa que tenho evitado nos últimos meses. Por uma questão de sobrevivência e sanidade mental, na lógica do "não chorar sobre leite derramado", e porque, bem ou mal, é uma fase que já passou, e é preciso é olhar para a frente, não para trás. As saudades são de um tipo muito diferente do que eu imaginei: não me dá ataques de pânico nem de nostalgia, nem passo os dias a suspirar pela cidade. Em vez disso, é uma nostalgia muito mais profunda, submersa e letárgica, que sei que está lá mas que não se manifesta abertamente. E ultimamente, as memórias da cidade e da minha (nossa) vida lá vão sendo cada vez mais desfocadas, mais afastadas da realidade, menos vívidas. Um bocadinho como a sensação que temos de um sonho, não saber bem se aquilo aconteceu ou não. As coisas mais aleatórias são as que por vezes me surgem mais nítidas na mente, como quando o "por favor, tenha atenção ao intervalo entre o cais e o comboio" me despertou - sem surpresa, para dizer a verdade - a frase que mais vezes ouvi lá, na voz perfeitamente nítida do senhor que anunciava a toda a abertura de portas: "please mind the gap between the train and the platform edge".

Estupidamente, recusei-me peremtoriamente a voltar à cidade nestes últimos meses. Pretextos não me faltaram: a abertura da loja dos M&Ms, as duas grandes amigas que me ficaram do curso e que lá continuaram a viver, ou a entrega da tese. Mas havia uma recusa em voltar áquela cidade na qualidade de turista, voltar aos sítios familiares e vê-los a partir de uma lente diferente, o medo de os modificar na minha memória e de ser obrigada a admitir, sem possibilidade de desculpas, que a minha casa já não é ali.

Parece inoportuno estar com estes desabafos todos, numa altura em que o que tem de dominar é a perspetiva de Bruxelas, mas a verdade é que não sinto Londres como um capítulo fechado. Gostava de lá voltar a viver. Hei-de lá voltar, muito provavelmente para a próxima fase académica (sim, o doutoramento, ainda que longínquo no tempo, já é coisa que me ocupa um pedacinho de mente). Isto pensando no grande esquema das coisas. No pequeno e mais próximo esquema das coisas, o próximo passo envolve uma visita à cidade, daqui a um mês, para a minha graduation da King's. Pode ser que aí, obrigada a ver a cidade pela perspetiva do visitante, e com o festejo do encerramento do meu ciclo de estudos, eu sinta a visita como uma catarse que dite o encerramento desse capítulo da minha vida no meu subconsciente. Ou talvez não. O mundo é tão grande e o futuro tão aberto e incerto que não faço ideia onde a minha vontade, os meus gostos e a nossa vida nos levará a seguir.

Por agora, uma graduation me espera. E dois pares de braços também.






S.  

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Chá de chocolate = 2 vícios num só

Ando viciada neste chá desde que o descobri através de um blog.


Isso mesmo. É chá de chocolate. O preço (módica quantia de 9.95) fez-me torcer o nariz ao início mas a parte do "chocolate" venceu e eu, fraca como sou, não me contive.

Valeu todos os cêntimos. A lata ainda é grandita e aquilo vem bem guarnecido, portanto tenho chá para muito tempo. Quanto ao sabor a chocolate: claro que não sabe a leite com chocolate - portanto também não é enjoativo - tem só um travozinho a chocolate que torna o chá diferente de qualquer outro que já experimentei e agradável. É um bom substituto para o Café Mocca, por exemplo.

É marca que vou manter debaixo de olho.




P.S. ía morrendo agora que descobri que existe Kusmi de Canela. Quero! Amo canela. Será que... Sim. Acabei de ter a brilhante ideia de misturar canela no Kusmi de Chocolate.



S.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

E porque uma notícia nunca vem só

Os resultados da King's chegaram. Parece que já sou Mestre. 



Agora é Graduation com ela e fecha-se este capítulo. 



S.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Literatura para Porteiras #3 - Game of Thrones

A lição mais importante que tenho aprendido desde que me meti em mil e uma coisas profissionalmente é que o tempo é um bem muito, mas mesmo muito precioso. Sou cada vez mais seletiva com as coisas que me o gastam e menos paciente com o que considero desperdício do mesmo. A linha orientadora é agora: "Passei uma hora nisto. O que é que nessa hora eu podia ter feito de mais proveitoso?"

Claro que continuo a gastar tempo em coisas estúpidas (Ninegag em força, Facebook mais do que gosto de admitir) porque isto é um sistema que ainda está em aperfeiçoamento, mas o que é facto é que a universal e demasiado utilizada desculpa do "Ai não tenho tempo" é coisa que já não me sai da boca. Já o "Não é merecedor do meu tempo" é uma decisão que tento tomar para cada vez mais coisas. Por exemplo, entre as mil e uma coisas em que me meti não figura desporto de qualquer espécie (exceto se contarmos as tardes de domingo passadas na praia a passear o cão). Desculpa do "Ai, não tenho tempo"? Não. Se quisesse conseguia encaixá-lo algures. Decidi-o tão simplesmente não merecedor do meu tempo. Bem ou mal, não o sinto como prioridade.

É por isso que a minha decisão de abandonar a leitura do Game of Thrones não foi tão sentida como culpa como o teria sido há um ano atrás. Já é o terceiro livro em poucas semanas que ponho de parte sem pestanejar.




Este livro tinha tudo para se tornar num favorito. Castelos, cavaleiros, batalhas, intrigas e estratégias para usurpar tronos e conquistar territórios, aliado a uma escrita na 1ª pessoa (em várias 1as pessoas, na verdade, pois os capítulos vão intervalando as perspetivas das diversas personagens), tem a marca de algumas das minhas coleções favoritas: Brumas de Avalon, Sevenwaters, Bridei Chronicles, The Women of the Cousin's War. No entanto, falhou redondamente em me prender às suas páginas e era com impaciência que nos últimos dias já pegava nele para o ler. Falta-lhe qualquer coisa. E eu lanço aqui sugestões sobre o que acho que é:

- logo nas primeiras páginas, uma suspeita apoderou-se de mim e que eu confirmei logo a seguir: o autor é americano. Não sei como a ganhei mas eu tenho uma aversão de princípio contra inglês americano. É coisa que enquanto amante de ortografia, gramática, linguística e todos esses sistemas aborrecidos não consigo deixar de parte enquanto estou a ler. E que me fez torcer o nariz logo de início em relação a este livro;

- relacionado com a sugestão de cima está a linguagem do livro. É má. Nota-se que o autor está a fazer demasiado esforço para escrever em inglês mais-ou-menos antigo - o esperado nestes livros medievais - mas que de vez em quando falha e deixa transparecer linguagem contemporânea. Atenção, não são coisas demasiado escandalosas mas percetíveis o suficiente para o meu gosto;

- o facto de a história se passar numa terra completamente inventada, numa espécie de universo e tempo paralelo porque não dá para focalizar a história nem no tempo nem no espaço. Sabemos que se passa no antigamente, os castelos, reis, lutas pela coroa e objetos dão ar de medievalidade, mas não dá para apontar um espaço definido na história. Ora, eu preciso de balizas temporais e geográficas. Gosto de contexto. Gosto de ler este tipo de romances porque me dão uma melhor perceção dos sítios, da História, da forma como as pessoas viviam, que contribuam para a minha perpetiva geográfica e para associação de lugares e povos. Mesmo dando-se o desconto da ficção e de certos anacronismos, é este o verdadeiro appeal que este tipo de romances tem para mim. No Game of Thrones, nada disto está presente;

- os nomes das personagens. Ai, os nomes. Num mundo inventado, o autor foi pela lógica de que os nomes teriam também de ser diferentes, originais. Pois exagerou. Os nomes de metade das personagens parecem conjuntos de letras que o autor andou a juntar aleatoriamente. Achou que assim dava um ar de antiguidade/exotismo. Na minha opinião, foi falhanço.

Ainda assim, percebo perfeitamente a excitação geral em relação a esta coleção. Nunca vi a série, acredito que seja aliciante para os amantes deste tipo de histórias, onde me incluo. Simplesmente é um livro/coleção que não me enche as medidas. O potencial que o conteúdo encerra está para mim gravemente limitado pela forma escolhida para o envolver.

Desta forma, é um livro que posso dizer que não gostei mas que percebo perfeitamente quem o ama, o ponto contrário do que posso dizer em relação ao Twilight (que nem o conteúdo salva a forma, deus meu).



S.