quarta-feira, 24 de julho de 2013

A face do dinheiro

Entretanto, boas notícias do outro lado do Canal: Jane Austen passará a figurar nas notas de £10 a partir de 2017, assegurando assim que pelo menos uma mulher figurará nas notas esterlinas (para além da Rainha, essa obrigatória).

Ao que parece, feministas britânicas haviam lançado uma campanha contra a não-representação de mulheres nas notas do país, após ter sido confirmado que Elizabeth Fry seria substituída por Winston Churchill em 2016 nas notas de £5. Aliás, não foi apenas uma campanha, foi uma ação legal contra o Banco de Inglaterra, afirmando que este violava o Equality Act de 2010.

Foram bem sucedidas. Garante-se assim que uma mulher e uma das maiores escritoras inglesas figura no dinheiro britânico. 





S.

Saudades e feminismo em Belém

O síndrome da procrastinação para visitar coisas só me ataca quando sei que o tempo é indeterminado. Quando não é, até planeio e aponto o que ver e quando na minha agenda. A lápis, para dar espaço à espontaneidade, mas ainda assim um bocado à maníaca da organização do tempo.

É por isso que tenho andado numa espécie de roda-viva a visitar sítios por este Portugal que, aquando em Bruxelas, me andaram a fazer cócegas ao espírito. Isto das saudades tem muito que se lhe diga e eu tenho descoberto que é das coisas mais aleatórias que eu sinto falta: das waffles de uma barraquinha que só aqui aparece no verão, do Cais das Colunas no Terreiro do Paço, do Cascaishopping (wtf, não meto os pés lá há anos!), da vista do mar no cimo da minha (dos meus pais? bah, isto de "casa" tem muito que se lhe diga) rua, do pêlo do meu cão que já não cá está, dos olhos do que está, de jantar com os meus pais, de deambular pela Baixa, de olhar o Palácio da Pena pequenino no topo da serra, de subir uma estrada aqui perto e ver uma bela porção da costa portuguesa aparecer como quem destapa um pano de repente, do Parque Eduardo VII cheio de barraquinhas brancas com livros, de sentir areia debaixo dos pés descalços. Lisboa, por estranho que pareça porque nunca lá vivi, é sempre o que se apresenta mais forte quando perscruto na minha alma lusa a definição de "Portugal". É assim um misto de Belém, muito Chiado, alguma Baixa, e um bocadinho de Saldanha. Mas mais Chiado. É por isto que não consigo vir a Portugal não indo dar uma volta qualquer a Lisboa também. A visita ao país natal fica incompleta se não o fizer. E claro que tendo lá meia dúzia de caras e espíritos dos que mais falta me fazem torna a volta a Lisboa inescapável.


Mas desta vez, a ida a Lisboa incluiu uma paragem especial. Desde que ouvi falar da sua abertura há umas semanas atrás que me lastimava por não cá estar e poder lá ir deitar um olhinho. Falo da biblioteca pública feminista em Belém. Fica na Biblioteca Municipal de Belém e é uma sala dedicada ao estudo do feminismo. É claro que lá tive que ir.


  



A minha intenção em relação ao sítio era pura e simplesmente satisfazer a curiosidade. Queria saber a dimensão, o tipo de livros que tinha e se era vocacionada para a história do feminismo em Portugal (que, se tudo correr como espero, me seria mesmo muito útil daqui a um ano) ou se era mais generalista. Após uma pesquisa atenta e deliciada pelas lombadas dos livros expostos fiquei contente por ver que os grandes clássicos feministas lá estavam, incluindo obras de Germaine Greer, Betty Friedan e, claro, Simone de Beauvoir. Fiquei com a impressão que é uma coleção que, apesar de mais pequena do que estava à espera, é bastante abrangente, tendo livros de pura literatura de ficção que às vezes me fizeram suspeitar que ali estavam apenas por terem sido escritos por mulheres, obras mais filosóficas sobre o que é ser mulher e a condição da mesma ao longo dos tempos e em vários países, bem como livros que analisam políticas que influenciam a condição da mulher como o divórcio, as leis laborais e as licenças parentais, etc.


Eu fui um bocado gananciosa e levei para a mesa estes 4 livros, embora só tenha conseguido dar atenção - e nem sequer a devida - ao da Maria de Lurdes Pintasilgo. Aguçou-me a curiosidade o facto desta mulher ter sido uma feminista e, o que é mais, ter escrito sobre o assunto. Ela auto-declara-se uma feminista católica, o que é ainda mais interessante porque as duas coisas são normalmente contraditórias na sua teoria. Não lhe consegui ler o livro todo mas gostei mesmo muito do que li. É uma coisa muito terra-a-terra, explicando coisas elementares mas basilares como o que é o feminismo e o sexismo, não deixando que aquilo seja mero dicionário mas deixando transparecer que a autora pensou, remoeu e fez a comparação com a realidade sobre os temas que ali fala. Fiquei extremamente interessada em conhecer mais sobre esta figura da história recente portuguesa.

Era a única pessoa ali - quase na biblioteca toda, aliás - e isso deixou-me um bocadinho desanimada. Na minha ingenuidade, estava à espera que às duas da tarde de um dia de semana em julho aquilo estivesse compostinho mas pelos vistos não conheço bem muitas bibliotecas públicas. Bom, uma coisa é certa, é um lugar ideal para ir trabalhar frequentemente...



S.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Major turn-off

Tanto trabalho para mudar a Constituição, tanto país da Commonwealth para convencer, tanta expectativa para a novidade e depois o bebé sai rapaz? Que desilusão.






S.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ele há coisas... #34

Devia inaugurar aqui uma rubrica intitulada "Como é que demorei mais de um ano a decidir-me a visitar isto?!". A Filigranes figuraria aqui, Bruges, Antuérpia e, pensando bem, TODA e qualquer cidade belga exceto Oostende, bem como o Parque de Tensboch há umas semaninhas e o Cook & Book hoje. Sou estupidamente preguiçosa para visitar coisas. Procrastino indefinidamente, porque aqui vivo por tempo indefinido e penso que "um dia destes vou". Mesmo coisas que sei que iria gostar muito e mesmo havendo a forte probabilidade de me fascinarem. 

Foi numa tarde quente e soalheira (como atesta esta foto de porção de céu bem azul) que o Cook & Book passou a figurar na rubrica "Como é que demorei mais de um ano a decidir-me a visitar isto?!". Conheci-o sensivelmente um ano após ter ouvido falar dele pela primeira vez e não ter percebido como podia tal coisa existir. "Como assim, uma livraria onde se almoça?!"


Mas é precisamente isso que o Cook & Book é: uma livraria onde se almoça. Não é uma livraria ampla como uma Fnac. É ao invés constituída por uns cinco edifícios dispostos em semi-círculo, cada um com a sua livraria especializada (incluindo uma britânica, uma de ficção, de artes, de viagens e uma discografia), e com esplanadas à porta. 


Além dos habituais cafés/refrescos/aperitivos que é suposto uma esplanada ter, aqui servem-se almoços também. É muito famoso o brunch domingueiro e o C&B tornou-se local popular pós-trabalho, tanto por ser um sítio original e agradável e devido às suas horas de abertura extraordinárias: todos os dias até às 21h e aberto ao domingo.


No interior, cada livraria está decorada a preceito. A da ficção tem um teto incrível, onde parece que chovem livros:


Mas o que é verdadeiramente original nesta livraria é o restaurante ao pé do livro. Cada edifício tem uma zona no centro da sala onde se servem os brunches e que está separada das estantes por muito pouco.




Ou por nada:


Não sei se é suposto as pessoas pegarem em livros enquanto comem, se há alguma restrição, se se confia no bom senso dos clientes, como é. Mas acho que a ideia é tornar a livraria um espaço vivido, onde as pessoas vivam realmente e não apenas uma loja onde vão comprar um livro de fugida. Esborratar a linha que separa a hora de comer da hora de ler. Pessoalmente não consigo imaginar melhor programa para um domingo do que almoçar virada para a prateleira dos guias de viagem, fitando obsessivamente o da Escócia enquanto mastigo o meu strogonhoff de frango, ou beber um chá acompanhado de uma tarte de maçã enquanto olho de forma sonhadora os livros da Mireille Calmel, a qual descobri há pouco tempo (romances históricos ingleses são o meu guilty pleasure há muuuito tempo. Daqueles que falam da perspetiva de uma mulher. Acho mesmo que foram as Brumas de Avalon que despertaram em mim o feminismo, muitos anos antes de saber o que isso era sequer). 


Pormenor delicioso: a casa-de-banho no C&B tem prateleiras com livros. Levando a literatura a toda uma outra dimensão.


Um dia destes lá farei um brunch (lá estou eu a procrastinar, oh. Nada de data concreta, antes um "um dia destes", "quando tiver tempo", etc. Fraquinha.), nem que seja só para descobrir se é suposto as pessoas lerem enquanto comem, se o fazem, ou se é só nos intervalos entre um prato e outro.



S. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O mundo ao contrário

Deixar só registado, para daqui a uns meses não pensar que isto foi um sonho:

- deixei uma Bruxelas quente e soalheira, a rondar os 28 graus, e fui acolhida pela terra natal afundada em nevoeiro e cacimba.

(há três semanas deixei uma Lisboa de 36º e fui-me enfiar numa Bruxelas de 12º. Mas assim fico mais descansada e com a confiança que às vezes também faz mais calor na minha cidade de acolhimento que tem um problema sério de botões de clima avariados, do que no meu lugar de origem).





S.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Macacos do Ártico vêm à Floresta Nacional (adoro a língua portuguesa)


Ufa. Ainda não foi desta que o SBSR me encurralou. E finalmente vou ver os Macacos :')




S.

Olha, outro...

Uma pessoa fica sem net por uns dias e quando acorda é esta rebaldaria: ministros a demitirem-se, reis a abdicar...

É qualquer coisa que anda no ar, só pode.

Estou com um bocado de medo de ir para casa agora. Não sei o que esperar nas capas dos jornais de amanhã.







S.