domingo, 29 de setembro de 2013

Desportos radicais em Londres

Foi após muito remoer de prós e contras, em que dois tornozelos me andam a lixar planos de corrida mais uma enorme curiosidade versus uma condução à esquerda endiabrada, que finalmente andei de bicicleta em Londres. Sinto-me uma pessoa diferente e sei que amanhã o meu commuting a pedalar vai parecer uma brincadeirinha de crianças.

Peguei na bicicleta a tremer mas decidida porque queria mesmo muito experimentar bicicletar na amada cidade e porque tinha pouco mais de duas horas para matar as saudades. E eu quando vou a Londres tenho uma espécie de sítios ritualescos por onde tenho que passar e dizer olá, tenha o tempo que tiver. Daí que a bicicleta me pareceu boa ideia.

Coisas que me deviam ter gritado "nããããooo...!" na altura (e até gritaram, eu é que escolhi fazer de surda):

-  conduzir do lado esquerdo da estrada: esta foi a que me gritou "nãããoo" de forma mais audível. Os cruzamentos sabia que eram a parte mais lixada porque é quando se muda de direção e o instinto mais fortemente diz para posicionar do lado normal, ou seja, à direita. Fui o caminho todo a gritar mentalmente "esquerda, esquerda, esquerda, ESQUERDA", especialmente quando era altura de virar numa rua qualquer. Problemas adicionais: às vezes, há estradas com três ou mais faixas no mesmo sentido e, se quero ir em frente, tenho que ir na faixa do meio. Faz engolir mesmo muito em seco uma pessoa estar numa das ruas mais movimentadas de Londres, na faixa do meio e não saber se deve encostar à esquerda ou à direita nessa faixa porque entretanto já se baralhou toda e deve-se ir encostadinha é o mais à direita possível, certo? Ou era à esquerda? Vrrrroooom, e o autocarro que acabou de me rasar a esquerda. Ok, calma. Semáforo vermelho.

- conduzir na hora de ponta: hah, essa também foi boa. Começar a bicicletar numa metrópole a sério (cá Bruxelas, quais quê) às 19h da tarde. Nunca me pesou tanto o capacete que não levava como naqueles 20 minutos que durou a coisa.

- ausência de pistas cicláveis: sinceramente, fiquei desiludida. Pensava que Londres tinha uma muito maior consideração pelos seus ciclistas do que vi. Ruas fundamentais e largas no centro da cidade sem vias designadas para bicicletas, que não precisam de ser vias individualizadas, apenas uma coisa deste género:



Todas as ruas em Bruxelas, mesmo as mais insignificantes, têm símbolos de bicicletas no chão que indicam onde estas devem circular e mesmo que não constituam uma faixa diferenciada, estão lá. No caso de ruas mais estreitas, o símbolo da bicicleta está no centro da estrada, indicando que o ciclista se deve posicionar no meio da faixa e o carro que espere. Foi um choque enorme descobrir que Bruxelas está bem mais à frente que Londres em alguma coisa.

De resto, admirável como aquela cidade é plana de fazer inveja e que nunca precisei sequer de olhar para as mudanças (mas olhei e eram só três. Em Bruxelas as bicicletas de aluguer precisam de sete). Gostei muito do sistema de aluguer Barclays, mais fácil de usar e com bicicletas mais leves do que o aqui do burgo. Pena o movimento tão intenso nas artérias centrais e a ausência de espaços exclusivamente cicláveis. Próxima experiência: Lisboa. 



S.

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