domingo, 21 de dezembro de 2014

Os limites da imaginação humana

Ontem, enquanto assistia ao último filme do The Hobbit, estive agudamente consciente de uma coisa: inventam tanto troll, tanto orc, tanto elfo, tanto verme gigante, tanto anão, tanto hobbit, tanto feiticeiro, mundos mágicos com pormenores intrincados, línguas novas que se criam de raiz, criaturas que são misturas de hienas e cavalos, dragões que falam, mas o que não se consegue inventar nem conceber é uma sociedade - nem que seja de anões, de orcs, de feiticeiros ou de elfos - que não seja patriarcal. As relações de género são as mesmíssimas que no nosso mundo real aborrecido.
(Os exércitos são todos de criaturas do sexo masculino, pouquíssimas personagens femininas e as que há é para enfiar histórias de amor no enredo, ou para serem filhas que gritam muito de horror para serem salvas pelo pai e irmão, a companhia que foi reconquistar a montanha era toda de anões homens + hobbit homem + feiticeiro homem, o previsível "women and children" para o abrigo enquanto os homens lutam, etc.)
 
Mulheres no poder e a fazerem coisas que importam, isso é que era ficção científica.
 




S.
 
 
P.S. Os elfos, ainda assim, parecem a sociedade mais igualitária. Mas para uma espécie tão perfeita, deixam muito a desejar nesses campo.

5 comentários:

  1. As amazonas são uma lenda meio obscura, ainda ninguém criou uma história sistemática sobre essa tribo. E fazem parte do nosso mundo, não funcionaria tão bem como criar um de raiz.
    Ou seja, o meu ponto era que criam-se tantos universos alternativos, mas em nenhum se consegue baralhar completamente a organização da sociedade, particularmente nisto das relações de género.

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  2. Hoje apareceu-se-me isto, lembrei-me de o partilhar porque sabe sempre bem um bocadinho de validação.

    http://edwardspoonhands.com/post/107444502510/ngjenkins-residenceonearth-x-patrick

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  3. Ah, nice :)
    Um dos autores que também já ouvi falar sobre isto foi o G. R. R. Martin, quando numa entrevista lhe disseram que ele escrevia personagens femininas tão complexas e multidimensionais, como é que conseguia, e ele respondeu ironicamente pensativo que sempre tinha pensado nas mulheres como pessoas. E realmente a Guerra dos Tronos tem montes de personagens femininas relevantes, que fazem coisas, muito diferentes entre si, ainda que se movam à mesma numa sociedade patriarcal.

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  4. Ah, pois é, essa do shôr Martins circula de vez em quando e gosto sempre de a ver. Dá uma resposta tão óbvia que até dá pena que seja excepcional.

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