sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A marcha inexorável do progresso

Durante a corrida de hoje, reparei que um pub muito frequentado transmitia em direto um jogo do Euro 2017 feminino. Lá chegaremos.



S.

21 comentários:

  1. adivinha quem foi à final da champions feminina em 2014!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :o Bárbara! Espero que tenhas guardado o bilhete, vai valer muito dinheiro daqui a uns anos :)

      Eliminar
    2. Hahaha acho que o Diogo os tem! Foi o Wolfsburg contra uma equipa sueca que infelizmente não me lembro o nome - ganhou o Wolfsburg - e ficou 4-3 ou assim. Foi no estádio do Restelo e houve concerto do Anselmo no after-party. Estava lá aquela jogadora, a Marta, que consideravam, à data, a melhor do mundo!

      Como me lembrei dela, fui pesquisar: a equipa sueca é o FC Rosengård. Meti no google "Marta jogadora" para a seguir escrever "futebol" e, acho relevante mencionar, as outras sugestões incluíam "Marta jogadora Brasil" e "Marta jogadora sapatona". Talvez não estejamos tão avançados assim enquanto espécie...

      Eliminar
    3. mentira, foi o tyresö, ela mudou de clube nesse ano: https://en.wikipedia.org/wiki/2013%E2%80%9314_UEFA_Women%27s_Champions_League

      Eliminar
    4. Claro que incluíam, a primeira e mais importante ocupação de uma mulher sempre será ser atraente aos olhos masculinos. Isso é assim em profissões que nada têm que ver com o físico, como a política, quanto mais em profissões que têm tudo a ver com o físico, como no desporto...

      Eliminar
    5. mais que isso, acho que se profissionalmente se dedica a algo que até recentemente era exclusivamente masculino, só pode ser lésbica. até porque, como te poderás recordar de conversas semi-recentes, o consenso parece ser um bocado que mulheres só praticam desporto se houver um concerto pimba para incentivar...

      Eliminar
    6. sim! há essa dimensão também. Se gostas de jogar futebol és maria-rapaz, tens atributos masculinos, não podes ser uma rapariga feminina/normal. E para juntar a essa conversa do desporto só através de coisas que as gajas gostam, aqui em Inglaterra houve uma polémica com uma campanha que queria incentivar meninas a jogarem futebol através de princesas Disney...

      Eliminar
    7. http://www.thedrum.com/news/2017/07/18/disney-teams-with-the-fa-and-sets-goal-encourage-more-girls-play-football

      Eliminar
    8. acho mais random que horrível. tipo, o vídeo tem uma boa mensagem: haver poucos clubes quando eram mais novas, onde começou a paixão, o "be kind" e "be confident" são boas mensagens para qualquer pessoa - o random foram os peluches e os "my favourite disney princess is ariel" etc que vêm basicamente de lado nenhum? não podia ser feita a campanha sem isso? ou a disney foi a única empresa que achou digno de campanha (mas só, é claro, incluindo tarecos e namedropping de princesas)?

      Eliminar
    9. não acho de todo horrível, não, e até pode funcionar para algumas meninas. Acho que é melhor isto do que não haver interesse nenhum em criar condições para desenvolver o futebol feminino, que é uma coisa que por acaso também a FPA em Portugal tem apostado bastante recentemente (não sei se viste a campanha #RespondeEmCampo ?) Só acho triste é que tenham pensado que essa era a única associação possível ou a mais eficaz para atrair raparigas... Ali ao nível das corridas com concertos pimba no final (também não acho horrível, de longe, só um bocadinho condescendente)

      Eliminar
    10. Lol estas duas corridas só tinham Tony/Emanuel no início, ou seja, incentivam a aparecer, não a acabar :D (e, muitas vezes, *cough*TONY*cough* nem a arrancar :/)
      mas sim, acho a associação estranha - improvável, até, semi-ilógica. mas desde que funcione, i guess?

      Eliminar
  2. E mais! Foi um jogo melhor, mais renhido, mais entusiasmante e melhor jogado que um do Benfica que fui ver em Dezembro desse ano contra o Gil Vicente.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fico contente que uma final da Champions seja melhor que um Benfica-Gil Vicente :D

      Ainda que isso não fosse necessariamente óbvio, e para muita gente não de todo verdade. Aqui há uns dias um colunista publicou um artigo de opinião num tablóide inglês em que dizia que NÃO, o futebol feminino é PIOR que o masculino, por isso TOMA. Pondo de parte a óbvia agressividade a tentar mascarar o quão ameaçado o colunista se sente pela atenção que as meninas estão a ter, há alguns pontos que merecem discussão. Em primeiro lugar, o que é que estamos a comparar? Seleção feminina com seleção masculina? Era melhor que a masculina não fosse melhor, ora essa! sendo que a seleção masculina tem uma história de mais de um século de refinamento e investimento financeiro e humano e a feminina tem, o quê? 10, 20 anos no máximo? E tendo em conta que o futebol feminino foi proibido durante 50 anos em Inglaterra e só há meia dúzia de anos se começou a dar atenção maior a ele. E em segundo lugar, e então? Mesmo que seja pior, e então? É comparável uma coisa com a outra? Homens e mulheres são diferentes fisicamente, sim. É uma das razões para não jogarem juntos (ainda que isto seja uma discussão que eu adoro ter porque para mim não é assim tão óbvio que essas diferenças tivessem obrigatoriamente de levar à separação. O Quidditch é um jogo misto x) ). Que tal compararmos o estado do futebol feminino presente com o de há 10 anos? E o mesmo para o futebol masculino?

      Há uns dias estava a pesquisar uma página de anúncios para posições relacionadas com desporto em Inglaterra com o D. e fiquei toda contente quando vi a quantidade de preparadores físicos, treinadores, etc que estavam a pedir para diversas equipas femininas inglesas. A alegria esmoreceu quando reparei que na parte da remuneração aparecia em todas sem exceção: voluntary. Portanto, comparando o dinheiro que circula nos dois tipos de futebol e o que isso significa (dinheiro compra competência, não há que negar) e comparando depois a qualidade do futebol, eu diria que o feminino está muito à frente.

      Eliminar
    2. Eu percebo que certos desportos não sejam mistos, especialmente quando são de contacto. Em 2006 em Educação Física fui contra um colega e desloquei dois ossos de uma mão. Mind you, era uma pessoa de estatura semelhante à minha. Agora imagina o Cristiano Ronaldo ir contra ti... ou seja, nem falo de homens serem tendencialmente (tendencialmente, sim, obviamente não é imperativo) mais rápidos/mais fortes/whatever, mas da também tendencial diferença de tamanhos. Nas provas físicas da PJ, os padrões de avaliação eram diferentes por sexo, por exemplo, salto em comprimento com padrão muito mais alto para homens, e a flexibilidade com um requisito muito superior nas mulheres (homens são tendencialmente mais altos, mulheres tendencialmente mais flexíveis: lá está, tendencialmente, que eu sou da altura de um homem e tenho a flexibilidade de uma porta).

      E claro que é muito mais fácil e normal futebol masculino ter mais qualidade que o de mulheres. Há muito mais homens a querer jogar futebol, porque se investe muito mais em desporto masculino, especialmente futebol, e há uma miríade de possibilidades e um futuro muito mais brilhante para um homem que para uma mulher. Com capacidades de captação de jogadores muito superiores, claro que mais talento se irá encontrar nos homens. Portanto, é o investimento financeiro e o investimento pessoal, porque encontramos muito mais homens com essa "vocação", nem que seja na base de um sonho, que mulheres, que são muito menos encorajadas tanto social como financeiramente. Nenhuma mulher jogadora de futebol pode ter a esperança de ganhar tanto como o CR, porque o dinheiro no futebol feminino não é esse. E, claro, em termos evolutivos nunca podes comparar futebol feminino com o masculino actuais, tal como não se pode comparar futebol com volley ou com, sei lá, natação, porque no fundo são desportos diferentes. Têm backgrounds diferentes.

      Isso lembra-me um bocado os meus colegas de educação física na escola que se revoltavam muito por eu ter 10 e eles terem 11 e "ai não sou tão mau como a Bárbara" em vez de "mas eu acho que sou tão bom como X".

      Saliento no entanto que, em Portugal pelo menos, aposto que 90% ou mais das posições de futebol, masculino, portanto, também não são remuneradas. Conheço gente que, com licenciaturas da área de Desporto, trabalhou em treinos de camadas infantis e era basicamente voluntário ou com subsídiozinho de "somos uns fofinhos, portanto toma lá 50€ pelo teu trabalho do mês" (que geralmente envolve trabalhar uns 25 dias do mês).

      Eliminar
    3. Eu também percebo que certos desportos não sejam mistos: é óbvio que não se vai pôr mulheres e homens a correr os 100m ou a maratona juntos. Agora desportos em que a velocidade e a força representam uma parte secundária na qualidade técnica, não sei se será assim tão descabido pensar em equipas mistas. A Serena não podia jogar contra o Nadal? Não é uma pergunta retórica, gostava mesmo de saber se seria um jogo justo. E acho que o futebol encaixa nessa categoria também. Não tinha considerado isso do contacto físico mas também não acho justo o Ronaldo ir contra o Liedson (só para dar o exemplo do melhor marcador do Sporting quando eu ainda seguia o meu clube e que sei que era pequenino e levezinho, haha). Ou contra o Moutinho. No entanto no futebol tens uma variação de alturas, pesos e forças que cobre quase todo o espectro do sexo masculino. A sério que não dava para ter mulheres a jogar aí? O único argumento que me convence é que, em havendo ligas masculinas e ligas femininas tens um maior número de mulheres que podem jogar que não poderiam se só houvesse uma única liga unissexo. Especialmente devido à discrepância de qualidade que os dois tipos de futebol têm no presente.

      Quanto à remuneração do futebol feminino, em Portugal pode ser que 90% das posições sejam voluntárias mas isso não é de todo o que acontece em Inglaterra, onde tens 4 ligas que são profissionais (fora outras em que os jogadores ganham alguma coisa). Não é descabido portanto esperar que equipas da primeira liga feminina paguem adequadamente (ou não, mas que pelo menos PAGUEM alguma coisa) aos preparadores físicos/treinadores/etc. Mas bom. Pelo menos as estruturas estão a ser montadas, o resto virá por acréscimo.

      (E agora vou ter de sair porque vou tentar ver a Filomena a correr a maratona dos mundiais de atletismo ao vivo x) )

      Eliminar
    4. por acaso em futebol acho que velocidade conta imenso: se és defesa, queres fazer cortes, se és avançado e queres chegar à frente, se és lateral e tens de cobrir o campo inteiro em comprimento e o campo é gigante, etc. o Diogo diz-me que nos seus tempos de jogador se destacava precisamente pela velocidade. já em ténis confesso que não percebo até que ponto a força será critério (só sei que acho a raquete pesadíssima LOL). certo, o liedson e o moutinho eram pequenos - no entanto, nenhum dos dois muito mais pequenos que eu, e aposto que o moutinho era mais pesado. é a tal cena de homens serem só tendencialmente mais altos, mas os padrões fazem-se pelo tendencial :/ mas sim, acho que, tendo em conta o investimento de dinheiro, e investimento pessoal por parte de homens vs mulheres (e pondo de parte eu acreditar que velocidade é um factor relevante em futebol), só mesmo com sistemas de quotas para mulheres se podia ponderar um campeonato unissexo. e honestamente, acho sistemas de quotas um bocado contraproducentes... não digo que não haja x pessoas de certa minoria que vão ser competentes no que quer que seja (trabalho, desporto, cenas em geral) - claro que as há. mas parece-me injusto a demasiados níveis. logo, sim, acho ligas separadas um melhor e maior campo de oportunidades. agora é dar tempo para que as coisas cresçam de modo a que as oportunidades possam, realmente, ser boas.

      pois, em inglaterra acredito que seja completamente diferente, até porque, culturalmente, o futebol tem peso há mais tempo. seria normal que pagassem algo, claro. também estive a comparar realidades diferentes :) mas sim, quiçá em breve tudo mude para melhor.

      ena :D diverte-te!

      Eliminar
    5. Os homens têm tendência pra ter joelhos varos, e as mulheres valgos. Varos dá uma vantagem jeitosa na técnica.
      Havia um jogador com um joelho valgo e outro varo, que dava voltas à cabeça dos outros. Não me lembro do nome...

      Ténis, não sei, mas há a maior facilidade de criar massa muscular no homem, maior potencial de aplicar força.

      Se em vez de separar por sexo se separasse por critério mínimo - se produzires impacto acima de x força com o braço, ficas numa categoria, se abaixo, noutra - podias acabar por ter um estabelecimento de critérios que barrassem a participação de quase todas as mulheres automaticamente, havendo muito menos oportunidades para elas.

      Eliminar
  3. Muito sinceramente, meter homens e mulheres a jogar futebol ou ténis juntos acho que é misturar alhos com bugalhos... Não percebo por que é não se há-de de deixar cada género ter a sua liga independente. Não traz mal nenhum ao mundo...

    No ténis foste dar logo o pior exemplo possível: a Serena é vista, aos olhos de muita gente, críticos, etc, como um homem. Tem uma força abismal, mas é uma excepção do ténis feminino. Seria a única mulher do ténis capaz de se bater com um homem, e mesmo assim...

    Se vires vídeos no youtube daqueles jogos de ténis de beneficência em que homens e mulheres jogam uns contra os outros na desportiva para angariar fundos por uma causa, vês muitas vezes as mulheres a rirem-se perante um às fulminante do homem... E outras situações em que elas simplesmente ficam embasbacadas porque sabem que não conseguem fazer aquilo. O que não implica que não sejam boas tenistas. Mas é um tipo diferente de jogo, simplesmente. Novamente, não traz mal nenhum ao mundo e elas próprias não fazem fita por não poderem jogar contra os homens. Sabem que estão noutro campeonato, literalmente.

    Acho que falta verificar-se ainda muuuuito progresso no que toca à igualdade de géneros, mas tentar estender esse progresso para e todo e qualquer sector da sociedade, não me parece que faça sentido. Neste caso do desporto misto, então, não acho mesmo que faça qualquer sentido.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. (e estou a falar do ténis de lá de fora, Nadais e afins, em que o investimento no ténis tanto do homem como da mulher é igual)

      Eliminar
    2. Mas a questão aqui é que eu acho que no desporto, tal como em tudo o resto da sociedade, o default seria termos uma situação perto dos 50/50 homens e mulheres porque é essa a composição da população mundial (penso que até haja ligeiramente mais mulheres do que homens por questões de fisiologia e de papel social, como o facto de os homens levarem uma vida mais de risco na participação/vítimas de crime e em guerras, mas vamos simplificar). Isto não quer dizer que todos os setores ou equipas tenham de ser compostos exatamente por metade homens e metade mulheres mas onde isso não acontece o ónus da prova deve estar com esses setores/equipas; ou seja, a questão deve ser sempre porque é que isto foge à composição demográfica normal? Se 50% da população são mulheres, porque é que só 29% dos MPs do parlamento britânico são mulheres? Discriminação? Bases de partida diferentes para umas e outros? Redes de recrutamento ainda muito fechadas? Desinteresse? Se desinteresse, porquê?

      Aplicando isto ao desporto, a linha base seria equipas mistas em tudo, porque, lá está, demografia básica. Como isso é a exceção, então vamos investigar os desportos um a um e obrigá-los a 'explicarem-se' porque é que há segregação de sexos. A vasta maioria dos desportos nasceu e desenvolveu-se numa altura em que as mulheres estavam proibidas, legalmente ou através de regras sociais muito restritivas, de participar nos mesmos, portanto as equipas/modalidades eram exclusivamente masculinas porque sim. No caso da maratona, que é o desporto do qual conheço melhor a história, não foi como se tivessem inventado essa distância e decidido racionalmente que homens e mulheres são diferentes fisicamente e portanto não seria justo ter mulheres e homens a competir juntos, vamos criar duas competições separadas. Não. Criou-se uma competição onde a entrada a mulheres era barrada implicitamente e depois de Boston em 1962 explicitamente. Só na década de 80 é que permitiram mulheres competir na maratona nos jogos olímpicos e por isso criaram uma competição à parte. Penso que isto tenha sido semelhante noutras modalidades, especialmente em desportos coletivos. Ou seja, a história do desporto é uma de exclusão explícita de mulheres e quando acabada essa exclusão, é uma história em que as mulheres são vistas como um add-on, não tendo sido prevista a sua participação quando as regras estavam a ser formuladas na conceção dos desportos e portanto a sua inclusão seja sempre meio embaraçosa (é a história da humanidade, I guess). É por isto que gosto de interrogar se a segregação por sexos que vemos hoje no desporto é justa ou fruto da inércia e da história de exclusão de mulheres característica do desporto. Há desportos onde é muito óbvio que é justa essa segregação, como os que se limitam à força bruta, velocidade, resistência, outros que à partida nem por isso, como os que envolvem mais técnica. Não digo que nesses não seja justa também, e não conheço a vasta maioria deles bem o suficiente para saber avaliar (foi por isso que no caso do ténis a minha pergunta e exemplo sobre a Serena não era retórica, era genuína e fruto da minha ignorância). Mas o fundamental para mim é mesmo questionar, não partir do princípio que se somos diferentes fisicamente então não podemos competir juntos em nenhum desporto.

      Eliminar