A mês e meio de mudança o tempo de ver casas chegou, chatice só superada pelo tempo de fazer as malas. Eu que gostava tanto de uma coisa e de outra acho que perdi o entusiasmo por ambas.
Fazer malas, o que antes me suscitava sempre a antecipação por algo novo, um sítio diferente, o fugir da rotina, o desconhecido, hoje encaro como um aborrecimento necessário para poder sobreviver com algum conforto noutro sítio qualquer. A verdade é que após duas experiências de empacotamento de coisas tendo em vista um meio de transporte com limite de carga, de muitas escolhas feitas sobre o que é essencial (que é sempre subjetivo - livros sobre a UE eram essenciais há um ano e meio para Londres e desta vez já não são) - tornei-me especialista a fazer caber numa mala o impossível. E a viver durante uns dias com o mínimo de coisas.
Quanto às casas, sempre gostei muito de espiolhar classificados de moradias, apartamentos e afins. O Sapo é uma maravilha para quem, como eu, não se importa de perder umas horas de tempos em tempos a ver espaços bonitos onde se vive. Mas quando comecei a nova ronda da vistoria de casas a sério, desta vez em Bruxelas, apercebi-me que estava a fazer aquilo já não por gosto mas por necessidade e obrigação. As casas não se descobrem sozinhas e de certeza que casa parece-me ser um daqueles bens essenciais para quem se muda para outro sítio qualquer. Diz que não dá para viver sem um telhado por cima da cabeça e paredes à nossa volta...
De maneiras que o ritual voltou:
- descobrir 2 ou 3 sites que parecem ser os que têm mais classificados de casas (agências risca-se já da lista);
- começar a ver casas na cidade para estimar a média do que podemos contar gastar por uma coisita mais ou menos;
- encaixar as nossas expectativas e o que estamos dispostos/o que conseguimos gastar por mês em renda no que existe no mercado;
- descobrir as zonas mais aconselháveis para viver (AKA as que corremos um risco assim para o reduzido de ser assaltados/baleados) ---------» MT IMPORTANTE;
- reunir uma mão-cheia de casas que corresponde aos critérios acima e começar a contactar senhorios e a marcar visitas.
Já foi tudo feito até ao último pontinho. Falta mesmo esse. Porque eu não posso contactar senhorios a dizer para me guardarem a casa com quase dois meses de antecedência. Mesmo as casas que só estão disponíveis a partir de março, não dá para me as guardarem sem qualquer espécie de sinal ou depósito. E eu não posso dar sinais ou depósitos sem ver a casa fisicamente, como é óbvio. Ao mesmo tempo torna-se arriscado começar os contactos com meia dúzia de dias de antecedência quando muitas das casas só estão disponíveis passado 1-2 meses. É um dilema que não tivemos há um ano e meio uma vez que o D. já lá estava instalado numa casa e não havia a pressa que vai haver quando estivermos a pagar noites extras em hóteis.
De maneiras que é chato. Acho que é mesmo a parte mais chata da mudança. E provavelmente a mais importante. O meu espírito controlador e organizador vai ter de hibernar um bocado até ao final de fevereiro quando se poderá realmente organizar visitas aos apartamentos e já lá estivermos fisicamente na cidade. Até lá é ir fazendo as malas para distrair.
S.