sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ele há coisas... #39

Há coisas que uma pessoa esquece. Que o sol português, em pleno solstício de inverno, incomoda os olhos e aquece, é uma delas.

Que levantar às três da manhã e viajar de madrugada nos traz recompensas, é outra.





S.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Media, é assim mesmo #6

Não sei como vivi sem Family Guy tantos anos da minha vida. Desenhos animados cheios de nonsense e uma sátira tão poderosa que às vezes interrogo-me como é que o MacFarlane escapa com aquilo.



E por falar em Seth MacFarlane: fazer a voz de três das cinco personagens principais, mais inúmeras outras recorrentes, além de ser o criador daquilo tudo? No que me diz respeito, está perdoado pelo fiasco dos Óscares de 2013.

O Family Guy já deve ter sido processado por mais pessoas do que eles próprios conseguem contar. Ninguém nem nenhum grupo escapa à sátira do programa. O criador diz que ainda assim eles conseguem fazer e dizer tanta coisa porque é através de um desenho animado. Eu nunca senti que pisassem o risco mas isto sou eu que adoro humor negro de pessoas como o Gervais e o Frankie Boyle. E depois há aquela coisa de se fazerem as piadas tão negras, ou tão obscenas, que acabam por dar a volta e se tornar é sobre quem as diz, não tanto sobre o grupo atacado. Daí que as piadas que eles já fizeram relacionadas com feminismo estão entre as minhas favoritas e que quase me fizeram engasgar de riso (o Family Guy, sendo uma série com um passo muito apressado, em que muita coisa acontece e é dita em pouco tempo, faz com que risos histéricos do nada sejam frequentes. Não há preparação para os gags, e são uns atrás dos outros, impossível não rir como loucos). 

Ficam aqui umas das que apanhei a tempo para me lembrar de que episódio e série eram e conseguir reproduzir aqui:

Aquela vez em que o Peter é processado por assédio sexual no trabalho:




E depois quando ele foi a um retiro com mulheres e ficou tão embuído de ideais feministas que foi dizer isto:



Mas escolheu o local menos apropriado para o fazer (reunião de afro-americanos) :D :





E aquela vez em que a Lois e uma feminista trocaram galhardetes (muito pertinente para o post sobre as escolhas e o feminismo):








E a minha favorita (nesta engasguei-me mesmo):





Tenho um novo projeto de vida que é ver todos os episódios de Family Guy e alencar todas as piadas que eles fazem que se podem relacionar diretamente com feminismo. Estas todas são só de dois episódios. Considerando que já existem 13 temporadas de mais de 20 episódios cada uma, tenho bom trabalhinho pela frente.




S.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

How the mighty fall - part II

Volta e meia lá aparece um estudo que afirma que finalmente se descobriu que os cérebros de homens e mulheres são diferentes. Os anglófonos têm uma expressão muito interessante: hard-wired differently. Ou seja, os cérebros aparentemente não são apenas diferentes em tamanho e peso, mas sim nas conexões que os neurónios fazem uns com os outros.

A reação dos autores destes estudos é mais ou menos a mesma de todas as vezes. Alguma surpresa, genuína ou não, isso agora não é comigo, por os resultados confirmarem de forma tão clara antigos estereótipos nos quais está baseada toda a cultura ocidental, e alguns suspiros de bravura e pioneirismo, de quem conseguiu conduzir uma investigação tão polémica neste mundo dominado pelas feministas e a sua politicamente correta igualdade. 

A reação dos jornalistas é também mais ou menos a mesma de todas as vezes. Ouvem as palavras "diferenças entre sexos" e "estudo científico" na mesma frase e toca a fazer títulos sensacionais. Se há coisa que vende são velhos estereótipos ressuscitados por investigações académicas e revestidos da película sagrada do científico.

A reação dos comentários nos sites dos artigos ou em páginas de Facebook onde estes títulos são publicados também é sempre a mesma. Uns mais trolleiros, outros com pozinhos de sofisticação, resumem-se todos assim: TOMAAAAA, FEMINISTAS! SOMOS DIFERENTES, INCHAAAA!

Foi por isso com uma sensação de impending doom que eu cliquei num desses títulos que me havia aparecido no Feedly através do the Guardian (!). Precisamente por ter surgido neste jornal que dei crédito à coisa: não podia descartar isto como mais um sensacionalismo sexista da direita conservadora. Eu tenho uma genuína confiança na ciência e que a investigação feita nas universidades bem rankiadas é de qualidade e rigorosíssima. E eu não sou de ciências naturais, eu não sei, portanto dei o benefício da dúvida. Como já aqui disse antes, eu gosto das premissas do feminismo, mas não gosto de dogmas. E a investigaçao pura, rigorosa, metódica e peer-reviewed é o melhor sistema que temos contra os dogmas. Por isso contemplei a hipótese de isto da igualdade de capacidades estar errada e continuei a ler. As conclusões mas sobretudo as inferências que os autores faziam pareciam-me um bocado rebuscadas portanto não liguei mais e decidi que só poderia formar uma opinião se lesse o artigo original. 

Não me lembrei mais do caso até hoje, quando o the Economist lançou um post para o feed de notícias do Facebook falando do assunto. A maneira segura, como quem afirma o óbvio, com que descreviam o estudo naquele post fez-me temer o pior: et tu, Economist? Também tu não resistes embarcar na polémica e nos estereótipos-virados-ciência?

Diz o post: 

"Trending: Men and women do not think in the same ways. Few would disagree with that.

Er... A sério? Muitos discordariam.

"And science has quantified some of those differences. Suggesting why this is true in evolutionary terms is a game anyone can play. Finding out why sex differences are true in neurological terms is another matter altogether".

E o que é mais triste é que o próprio artigo, que eles próprios escreveram, prova estas linhas erradas. Os comentários, especialmente os iniciais, não desiludem: o pessoal salta de alegria ao ler a frase "Men and women do not think in the same ways" escrita em relação a um estudo neurológico e os "TOMAAAA, FEMINISTAS!" não se fazem esperar. 

Mas, e o que diz afinal o artigo sobre o estudo?

Foi feito o mapeamento de cérebros de homens, mulheres e crianças de ambos os sexos para se descobrir como é que os neurónios se conectavam entre si e que zonas do cérebro ativam mais frequentemente em cada categoria de humanos. Isto foi o resultado médio:


                                          


Com as imagens resultantes foi só fazer a ligação aos estereótipos comuns e voilá, ligação perfeita. E o problema foi exatamente este (que é quase sempre o mesmo nos estudos deste tipo, para uma boa explicação sobre isto ver The Delusions of Gender da Cordelia Fine): a interpretação que a autora do estudo fez dos resultados é subjetiva e condicionada pelos próprios estereótipos. Eles estão explicados no artigo, mas resumindo: mulheres são melhores na intuição, na comunicação e no multi-tasking, homens são melhores na coordenação espacial e motora. 

Pondo de parte as fortes suspeitas de que o cérebro humano é ainda um grande mistério para os cientistas e muito pouco é consensual sobre como ele funciona, a própria autora acaba por dar um grande pontapé nas inferências que acabou de fazer através da sua seguinte grande descoberta:

"Dr Verma’s other main finding is that most of these differences are not congenital. Rather, they develop with age."

Mau. Mas são hard-wired differently inerentemente ou as diferenças começam a manifestar-se com a adolescência? É que isto muda tudo. Se o cérebro é um grande mistério, no que há consenso alargado é na plasticidade do mesmo e na forma como o conseguimos modelar através do uso. E aqui entra a história das profecias auto-realizáveis: se é expectável que uma rapariga será melhor na linguagem do que na orientação espacial então essa habilidade será mais estimulada, ela investirá mais aí porque é esperado que seja capaz de exprimir as emoções por palavras, tornar-se-á melhor nisso e, pelos vistos, o seu cérebro modelar-se-á de acordo através do treino. Chama-se condicionamento social, papéis de género, socialização, o que quer que queiram, e não devia ter sido descartado tão rapidamente pela autora. Há também a possibilidade de a puberdade desencadear aqui alguma alteração hormonal que afete o cérebro e os torne diferentes, não se sabe. Mas por isso mesmo a ligação que tanta gente, incluindo a autora, já fez entre os resultados e os porquês não só é falsa como apressada e irresponsável. Para não dizer que é má ciência. 

O que me desilude profundamente foi o Economist se ter juntado à onda sensacionalista e ter dado tempo de antena a um artigo com interpretações tão duvidosas. Tinha-o como último reduto do bom jornalismo de investigação e que, apesar de algumas vezes conotado com uma visão económica neo-liberal, era francamente original e questionador da norma, e não lhe vislumbrava uma agenda política definida. Acima de tudo, era rigoroso e de qualidade. Nesta peça fez uma cedência ao bom jornalismo que era impensável ao alinhar no estereótipo virado ciência. E fico contente que a maioria do comentários ao tal post, por entre os sexistas do costume, seja a chamar à atenção para a falta de qualidade jornalística do artigo em questão (e falta de rigor científico no original).   

Será esta fraqueza do jornal a exceção que confirma a regra? Vou confiar que sim mas, daqui para a frente, de olho bem aberto.




S.     

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

How the mighty fall

Há um ou dois meses comecei uma candidatura a doutoramento em Oxford. Entretanto larguei-a porque, enfim, pertencer a uma college e fazer refeições em halls à la Harry Potter era muito bonito sim senhora mas não está nas minhas prioridades académicas. Respeito e confiança no meu projeto de investigação, está. E convenhamos, seria muito improvável entrar. (Mas eu fico-me pela tese das prioridades.)

Mas a universidade agora não me larga. Há uns dias mandou-me um email a avisar que tinham lá uma candidatura semi-acabada no sistema deles e para eu não me esquecer do prazo. Agora acabam de me enviar um email a dizer que têm mais de mil bolsas para alunos caloiros em 2014. Eu já tinha lido um artigo bastante preocupante em que um professor académico alerta para a forma como as universidades britânicas estão a investir muito mais dinheiro em marketing para angariar candidatos e a descurar o investimento nas condições para quando estes se tornam alunos, porque o governo cortou impiedosamente muito do financiamento académico e as universidades precisam das propinas. Mas pensava que se havia universidade que não se precisava de promover era Oxford.





S.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Um-dó-li-tá feminista

"I think about the implications of the twerking class A LOT – some might say too much. I wish I could say that I decided twerking is actually a feminist thing to do because it’s my choice and because it’s fun. That would be neat, but I don’t buy it. I don’t think every choice is a feminist choice, otherwise feminism would just be ‘women doing stuff’ – there’s got to be more to it than that." Daqui.

As escolhas que fazemos e o feminismo: se há coisa que me dá mais voltas à cabeça é o tema da escolha, do livre arbítrio, e da liberdade nisto da igualdade de género. No artigo do excerto acima, a questão está explicada de forma tão clara que me apeteceu enviar um abraço bem apertado à autora.

Um dos objetivos máximos do feminismo, como eu o entendo, é que tanto homens como mulheres sejam livres para serem o que quiserem sem estarem constrangidos por regras socialmente construídas sobre o que é suposto um homem ou uma mulher serem. No fundo, que as categorias "coisas de gajo" e "coisas de gaja" desapareçam (e não me façam falar das categorias muito cristalizadas do "presentes para ele" e "presentes para ela" que pulala por todo o lado nesta altura do ano, que ganho azia e tenho uma tarte de maçãs para ir acabar de devorar). 

Dito isto, aparentemente qualquer escolha que uma mulher faça, o feminismo aquiesce. Pois se foi uma mulher que a fez! E se as mulheres na nossa sociedade europeia são livres! Seja o que for, é uma escolha feminista, e só nos resta bater palmas. Eu, tal como a autora do texto, tenho uma grande dificuldade em acreditar que isto seja assim tão simples. Se o feminismo é sobre tudo o que desejamos que ele seja, então passa a ser sobre nada. Se tudo o que qualquer mulher faça é "feminista", então o feminismo passa a ser "coisas que as mulheres fazem" e limita-se a aprovar o status quo, em vez de o desafiar. 

Conheço as lutas internas e externas lançadas contra o feminismo por esta questão da livre escolha. Particularmente na 2ª vaga, lá pelos anos 60-70 do século XX e quando as feministas começaram literalmente a queimar sutiãs em reivindicação pela liberdade de fazerem o que quisessem com os seus corpos, incluindo quando, como e se dariam à luz, mas também pela entrada plena e em iguais condições no mercado de trabalho, as críticas foram acérrimas. O ideal de dona-de-casa, a própria maternidade, começou a ser violentamente contestado pelas feministas. A mulher independente financeiramente, formada, com carreira de sucesso era a aspiração. A vida doméstica era entendida por várias feministas como algo redutor, e críticas lançadas às mulheres que escolhiam ser donas-de-casa como abandonando a luta feminista, como sendo escravas da família, etc, etc. E estar agora a ler isto parece que estou a falar do presente, onde tantas vezes se continua esta discussão sobre donas-de-casa e feminismo e a compatibilidade ou incompatibilidade dos dois. Mas agora a novidade é que a mulher é suposto ser tudo, não só profissional de carreira brilhante, mas culta, muito lida, muito viajada, boa na cama, belíssima a cozinhar, belíssima num vestido 34, mãe perfeita, sorriso brilhante, sempre pronta a ajudar as amigas, sempre pronta a ajudar os pobres, sempre pronta. As críticas, hoje, são lançadas sempre que uma mulher desiste de qualquer uma para se concentrar só numa outra. Por isso eu sei que o feminismo, ou alguns movimentos do feminismo, tiveram a sua dose de culpa na complexa e por vezes difícil convivência da escolha e do ser feminista. 

Mas para que se mantenham as coisas em perspetiva, quero deixar claro que o feminismo não foi, e continua a não ser, um movimento de maiorias. As mulheres dos anos 60-70 não eram todas feministas, nem sequer a maioria o era, e uma pequenina minoria apenas conseguiu ser ouvida porque era mesmo muito barulhenta e fazia coisas espetacularmente escandalosas como queimar sutiãs e cortar o cabelo curto e assim. Portanto as críticas contra as donas-de-casa nunca foram as de uma nova maioria opressora, onde o novo status quo era a da mulher de sucesso profissional, contra uma minoria doméstica. Foi simplesmente um novo paradigma de vida que começou a aparecer numa classe média-alta, formada e com mais oportunidades que o resto da população, e visto como o novo ideal nessa minoria da população.

Ainda hoje, mesmo com a questão da mulher perfeita e multifacetada, surgem por vezes artigos a questionar se é possível uma feminista deixar tudo para se tornar mãe a tempo-inteiro, ou algumas vozes que se levantam por vezes a lamentar o quanto uma mulher formada que abandona a carreira promissora para se dedicar aos filhos é um insulto às feministas que tanto lutaram para abrir o caminho da independência financeira e profissional às mulheres. Eu, que tenho as minhas sérias dúvidas em relação ao ideal de maternidade e que olho para a coisa com muitas suspeitas, e um par de óculos com lentes nada cor-de-rosa, sei ainda assim melhor do que dar razão a estas vozes e juntar-me ao coro das anti-mães-a-tempo-inteiro. E não é pela razão que toda a gente invoca sobre "cada um faz o que quiser e ninguém tem nada que ver com isso". Odeio profundamente este argumento. Não é porque seja contra ele, é pelo seu relativismo que não contribui para nada. Eu sei que cada um faz o quer, vivemos numa democracia onde a liberdade é um valor máximo, porra. Mas se não se puder discutir as escolhas de cada um, os caminhos diferentes que existem, e indagar por que fizeram aquela escolha em vez de outra, então para que serve essa liberdade também? Atenção que isto é diferente da fofoca maldosa: questionar por que certas escolhas são feitas em vez de outras pode ser um exercício bastante elucidativo e construtivo se não se for pelo ataque pessoal e pelo julgamento moral. (Tentei fazer isto aqui, sobre a questão das mulheres e da maquilhagem durante provas de esforço. A discussão que se seguiu nos comentários foi bastante proveitosa).  

Acho sempre que o busílis da questão das escolhas é a liberdade. E nisto eu sou muito cética: não acredito que a maioria das mulheres, em vários domínios, tenha a liberdade suficiente para poder escolher de forma verdadeiramente livre (passo a redundância) entre diversas opções. Não estou a falar de liberdade formal, como é óbvio. Mas a liberdade verdadeira não passa só pela lei, passa sobretudo pela verdadeira igualdade de oportunidades. E é por isto que o feminismo ainda é preciso. Se uma mulher trabalha a tempo-inteiro, se não existem creches na sua zona de residência ou se as que existem são caras e de horários de funcionamento reduzidos, se o seu empregador não tem uma política flexível de trabalho, e se não conseguir conciliar os horários com os do seu parceiro, então é muito normal que a mulher quando tiver um filho opte por se dedicar a ele a tempo-inteiro. Foi uma escolha? Foi, ninguém a mandou embora do emprego, ninguém lhe encostou uma pistola à cabeça e disse "tens de ser mãe a tempo-inteiro", ninguém a obrigou a engravidar. Foi uma escolha verdadeiramente livre? Não, foi condicionada pelas circunstâncias. Mas não são todas as escolhas condicionadas pelas circunstâncias? Pronto, está bem. Mas esta é condicionada fortemente pelo facto de ela ser mulher, pelo que a sociedade espera dela enquanto mãe, e pela forma como o mercado de trabalho está mal adaptado à vida familiar (tanto das mães como dos pais. De certo que se o pai quisesse flexibilidade no trabalho para poder cuidar do filho seria tão ou mais difícil de obter. Mas é a mulher que é suposto cuidar dos filhos, é a sua carreira a primeira sacrificada nestes cálculos).

E quem diz reconciliação carreira-família diz outra coisa qualquer. Muita tinta correu sobre o vídeo da Miley Cyrus nos MTV VMAs. Antes de se atacar a rapariga (ou mesmo em vez de) deve-se questionar o que a levou a escolher aquela via. Será que é uma estratégia de marketing dos seus agentes porque a polémica e a hipersexualização feminina vendem? Será que genuinamente se quer expressar através da sexualidade? Apenas no caso da última seria uma escolha verdadeiramente livre.

Por falar na Miley, no artigo acima toda a introspeção da autora é à volta da aula de twerking que ela experimentou e gostou, e a conciliação de isso com o seu feminismo. Ela diz que tem fortes dúvidas de que a sua escolha de frequentar aquelas aulas seja uma escolha "feminista", e questiona-se profundamente sobre o que a levou a escolher algo tão sexualizado e veículo de hipersexualização e objetificação da mulher nos videoclips e afins. O que ela acaba por dizer é uma coisa que fez um clique na minha cabeça e juntou as peças deste aparente paradoxo do feminismo numa coisa mais clara:

"People get very angry about feminism ‘stopping women doing things’ but surely achieving any kind of change is going to require some sacrifice? (...) Maybe it’s just that the feminism appears to ask of us (although, contrary to the stereotype, I have never actually heard a feminist say ‘all women must do this’ about anything) are all connected to the meat-and-blood of our lives: relationships, marriage, bodies, things that cut to the very core of us. To take a feminist stance on everything would be exhausting, and probably untenable."

Basicamente, nem todas as escolhas que fazemos são escolhas feministas, mas isso não faz mal. Mesmo que nos consideremos feministas. Fazê-lo seria extenuante e provavelmente por vezes incompatível com outros valores que tenhamos. E porque uma escolha feminista não tem que ser o grau absoluto da moralidade; às vezes posso apenas querer divertir-me numa aula de twerking. Mas não tenho que querer que o feminismo aplauda e ache muito bem, porque, lá está, se o feminismo é sobre toda e qualquer escolha que uma mulher faça, então é sobre nada.

Ela dá o exemplo dos ambientalistas, e questiona-se se terão eles o mesmo nível de introspeção que as feministas parecem ter:

"I wonder if other movements suffer this level of introspection: whether climate change activists write long blog-posts about whether or not they should fly to America."

É uma comparação legítima. Será que um ambientalista, antes de entrar num avião, se questiona sobre se não estará a dar um pontapé no que defende por contribuir para um dos meios de transporte mais poluentes? No final, a decisão de voar poderá ter que ser feita por questões práticas e porque se calhar, simplesmente não há alternativa para ir daqui à América sem ser voando. Não foi uma escolha verdadeira, portanto, foi condicionada por falta de alternativa. Nunca dirá, no entanto, que a sua escolha foi uma escolha amiga do ambiente.

Talvez a questão maior aqui seja então: o que é uma escolha feminista? E provavelmente não há questão mais difícil de responder neste tema todo porque, quem é que decide o que é feminista e o que não é? Se nem o feminismo é um movimento unitário ou consensual (não tem que ser, aliás)...

Eu acho que se as nossas escolhas forem conscientes, questionadas antes de serem tomadas sobre o verdadeiro porquê de as estarmos a tomar (pura diversão como no caso da autora do artigo, questão prática, ou porque estamos a ceder a uma pressão social) e se não prejudicarem outros, então acho que se não for uma escolha feminista, é pelo menos uma escolha de consciência feminista tranquila. Por exemplo, eu ontem escolhi ver A Bela Adormecida e não foi uma escolha feminista de todo, foi uma escolha de saudosismo agudo de infância. E, oh, às conclusões que eu cheguei. (Fica para o próximo.)






S.

O bolo (ou a cozinheira?) mais esquizofrénico de sempre

Comprar a massa já feita e ajeitá-la na forma. 


Cortar a maçã em pedaços fininhos e dispô-los em roda, com uma precisão quase milimétrica, para que criem um efeito de elipse muito bonito. 



E por fim... mandar açucar lá para cima (pode ser com a mão, se se quiser esquizofrenar ao máximo, toque meu).



E está feita a mais simples e rápida tarte de maçã do mundo.



S.

Ele há coisas... #38

Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough
Ain't no river wild enough
To keep me from you
Just call me and I'll be there

A DHL belga tem isto como música de espera durante as chamadas telefónicas. Nunca me tinha apercebido do quão adequada esta letra era para uma empresa de entrega de encomendas. 






S.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Conversas entre egos e ténis

O Mak diz que por vezes mete conversa com os seus ténis; a mim, são sempre os meus ténis que metem conversa comigo. E a conversa é sempre a mesma. É coisa de meninos mimados e birrentos e com todos os estratagemas habituais de tais criançolas para alcançarem o que querem. Inútil, muito inútil. Porque perdem sempre.



Mas a conversa, de tão regular que se tornou previsível, é uma coisa notável. Envolve caretas internas, cartoons de diabos e anjos cada um a puxar para o seu lado, lágrimas e gritos arreliados de uma das partes. Porque os meus ténis não entenderam ainda que a minha alma viciou naquele sentimento incrível que é levá-los ao limite. Pronto, se calhar porque são eles que têm que fazer esse esforço, sem benefício nenhum, enquanto a alma arrecada a parte boa disto tudo sem mexer uma palha. Limita-se a pairar neste aglomerado de ossos e chicha a ver as vistas enquanto os ossos e a chicha trabalham como nunca. Se calhar é normal que haja tentativas de manifestação de vez em quando (sim, tentativas, isto aqui é uma ditadura e não há cá protestos para ninguém. Quem manda é o ego.)

Dizia eu que a conversa é sempre a mesma. E desenrola-se mais ou menos assim:

Véspera da corrida
Alma/Ego: "Oh joy! oh joy! oh joy! Amanhã é dia de corrida! Mal posso esperar! Tornozelos, tudo ok? Joelhos, não inventem, hã!... Anca, 'tás fina? Hahaha, brincadeirinha! A sério, pessoal, 'tá tudo em ordem?"
Ténis/Corpo: "'Bora!!!!" *grande sorriso*




No início da corrida:
Alma/Ego: "Oh, espetacular, este fresquinho na cara, os pés na estrada, só eu e os meus ténis, e estas pessoas todas no passeio a pastelar, EXCUSE MOI, MOVE!"
Ténis/Corpo: "Oh, espetacular, este fresquinho na cara, eu na estrada, só eu e a minha alma, e estas pessoas todas no passeio a pastelar, EXCUSE MOI, MOVE!"



2-3k:
Alma/Ego: "Oh, olha para mim, um pé à frente do outro, sempre a seguir, que sensação de outro mundo, 'tou quase a chegar ao arco lá do fundo. E a felicidade que me faz rimar!"



Ténis/Corpo: "Eer... Ok, isto 'tá a ficar desconfortável. Não 'tou a gostar disto. Pára lá, vá, vamos para casa."


5-6k:
Alma/Ego: "É daqui a meia-hora, daqui a meia-hora é que chega a descarga do sentimento de limite ultrapassado, aguenta!"
Ténis/Corpo: "O QUE É QUE ESTÁS A FAZER, CHEGA, CHEGA!!! EU NÃO AGUENTO MAIS!! PÁRA, PÁRA!!! CHEGA, NÃO GOSTO DISTO, 'BORA PARA O SOFÁ, 






*muda para voz lânguida e meiga* lembra-te da mantinha fofinha que lá temos, o puff, sim, isso, o puff, gostas tanto daquele puff!... Esticar as pernas... Lencinhos para te assoares, um banhinho quentinho..."



E é aqui, nestes dois quilómetros, que reside a ciência toda da matreirice do bicho porque é quando ele se faz mesmo de infeliz e de extremamente cansado e de ai-ai-ai-que-eu-não-aguento-mais. Mas aguenta, ai aguenta, aguenta! Se eu não soubesse melhor caía na esparrela. Porque a seguir vem a fase do esforço verdadeiro, mas do esforço dominável:

6k:
Alma/Ego: "*respira fundo (sim, a minha alma também respira fundo)* 'Bora lá. Já 'tá mais de metade. Não custou nada a primeira, e já vamos aqui, oh! *vai alencando as ruas paralelas à Avenida Louise:* "Rotunda grande, torre do coiso, Vleurgat, Bailli, o Workshop Café..."
Ténis/Corpo: "AAAAAARGGH!!!" *tenta arrancar os fones dos ouvidos porque já lhe irrita toda e qualquer música de motivação. Tenta cuspir para o chão só por despeito (e porque já não aguenta a gosma que se acumula com o esforço). Não chega a pisar esse risco vergonhoso.*


7-8k:
Alma/Ego: "Estás a ir lindamente, S., ainda corríamos mais 2 ou 3 depois dos 10, hã?"
Ténis/Corpo: *chora baixinho, vencido, e finalmente sem os dramas do esforço falso os 5-6k, mas admitir que se calhar, se calhar, até corria mais esses 2 ou 3.*


9-10k:
Alma/Ego: "Ui, afinal não, vamos até aos 10k e vai-se lá saber como!"
Ténis/Corpo: "Um, dois, um, dois, um, dois, um, dois, um, dois, um, dois, um, dois" *os ténis já não me falam. Irão provavelmente ignorar-me o resto do dia, e no dia a seguir também, até à sessão longa dos alongamentos, manifestando o seu desagrado com uma dor no joelho, um ardor na anca, ou uma valente picada no tornozelo. É quase sempre fita, também.*



10k:
Alma/Ego: "A PORTA DE CASA, JÁ VEJO A PORTA DE CASA!!!"
Ténis/Corpo: "A PORTA DE CASA, JÁ VEJO A PORTA DE CASA!!!" *lembram-se que não me falam, cruzam os braços, e empinam o nariz.*



E pronto, é com isto que tenho que lidar. Um senhor corpo que tem sempre a mania que a meio já não aguenta mais e grita e esperneia e quando não funciona finge-se de meigo para me tentar convencer que é verdade. Não sei se isto se passa com todos os corredores, se sim, desconfio que se torne numa conversa cíclica, estou-bem-isto-está-a-ficar-desconfortável-chega-CHEGA-estúpida-pronto-'tá-bem-bora-estamos-a-ir-bem-isto-está-a-ficar-desconfortável-chega-CHEGA-estúpida... ad nauseum. Prefiro acreditar que se torna numa conversa mais pacífica, mas tenho as minhas dúvidas.



S.    

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ele há coisas... #37

Na rotunda de Schuman, mesmo ontem.


Serviu para me educar porque finalmente fui tentar saber mais sobre o Hanukah (ou Chanukah, aparentemente).



S.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Mulheres nos filmes e na filmagem

A New York Film Industry publicou esta fita de estatísticas e outros dados sobre a desigualdade de género na indústria cinematográfica hollywoodesca. Os resultados não são surpreendentes mas ainda assim vale a pena olhá-los, assim, preto no branco, para que não restem dúvidas da forma como as mulheres são representadas nos filmes (ou não representadas de todo):  



E um dia destes faço um post sobre o Bechdel Test. Porque é divertido e eu já tenho saudades de escrever sobre feminismo.



S.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O plano dos azuis e brancos

Eu já tinha partilhado o meu entusiasmo com esta notícia hoje no Facebook do blog mas faço-o novamente: o Alex Salmond, Primeiro-Ministro da Escócia, lançou hoje o plano detalhado com tudo explicadinho sobre como será a independência da Escócia. Isto é um momento histórico: há uma região que tem um plano de 670 páginas, que cobre todas as áreas do que é ser-se um Estado, e que explica como farão quando e se se tornarem um país daqui a 10 meses. É um documento histórico e nem precisa de o plano se concretizar para o ser: nunca ninguém antes planeou uma independência com tanto afinco e detalhe como os escoceses. E nunca essa decisão dependeu tanto da vontade democrática de um povo como acontecerá no dia 18 de setembro de 2014.




Eu culpo a minha educação de ciência política misturada com a minha paixão pela história UKiana para este meu entusiasmo desmesurado e aparentemente fora do lugar, mas vou tentar contagiar quem está aí desse lado. É que, reparem, independências a bem são da coisa mais rara possível na História, independências lembram guerras, revoluções, lutas sangrentas, inflamadas e impregnadas de valores e sentidos de identidade. O sentido de identidade não falta na questão escocesa, claro, sem sentido de identidade a criação de um novo Estado é sensaborona, artificial, sem objetivo. O que é novidade é a falta das outras características todas. Eu vi o lançamento desta espécie de blueprint, white paper, plano para negociação, manifesto, o que quer que os jornalistas lhe chamem, e aquilo foi tão business-like, tão comedido, tão racional, tão pacífico que fez impressão. Agora é que vai começar a campanha a sério, baseada nas ideias para o futuro da Escócia ali explicadinhas, e vai começar a extenuante tarefa de convencer os escoceses - e o resto do UK e Europa, já agora - que uma Escócia independente seria uma Escócia melhor mas ainda assim viável.

Viável... É engraçado como uma das grandes preocupações deste plano é mostrar através de ideias concretas como é que a Escócia seria um país viável a nível económico, como se conseguiria sustentar a si próprio sem os cofres do UK. Foi esta aliás a maior crítica apontada a esta ideia de independência: que a Escócia não é capaz de sobreviver sem as transferências de dinheiro de Whitehall. E ainda que seja bom que isto seja pensado e ideias concretas apresentadas, não deixa de ser um bocado injusto que uma região tenha que provar que é economicamente sustentável para conseguir a sua independência. Se fosse esse o critério para se ser um país então o nosso mapa-mundi seria deveras interessante. E muitos dos países soberanos mais velhos do mundo não existiriam de certo... (Todos temos um na ponta da língua mas vamos deixar o nome por dizer, vá.) Mas bom, a Escócia ao que parece foi bafejada com a sorte dos deuses e aquele Mar do Norte está todo impestadinho de petróleo pelo que têm rendimentos para viver por umas boas décadas sem fazer mais nada. 

Um repórter da BBC afirmava muito espantado que tinha esperado que o lançamento do plano fosse carregado de euforia, simbolismo, carga emocional forte - afinal aquela gente do SNP luta por uma Escócia independente há décadas! - e em vez disso tinha visto um Primeiro-Ministro muito sóbrio a apresentar o seu plano para o futuro do país. Dizia o repórter que achava que era estratégia, para que os escoceses se descansem que uma Escócia independente não seria muito diferente do que é atualmente: continuará com a Rainha como chefe de estado, manterá a libra esterlina, continuará na UE e na NATO, etc. Será só uma Escócia sem coisas que Londres decide e que os escoceses abominam, como a polémica do bedroom tax, com controlo fiscal e controlo do seu próprio futuro. Uma Escócia mais socialista, portanto. 

E por falar em socialismo, é muito interessante isto de a Escócia se tornar mais esquerdista (já aqui tinha falado dessa diferença e do que uma amiga escocesa me disse, qualquer coisa como "We are not like the English, we want to succeed but we want to bring everyone with us.") porque isto significaria que a Inglaterra-Gales-Irlanda-do-Norte se tornar mais conservadora. Já vários escoceses me afirmaram que se a Escócia se vai embora o Partido Trabalhista nunca mais volta a ter maioria em Westminster, já que é muito através dos círculos eleitorais escoceses que lá tem deputados. Daí que se os Conservadores na Inglaterra estão a fazer campanha para um "Better Together" UK e não querem mesmo, mesmo nada ver a Escócia partir (se bem que foi o seu líder que autorizou o referendo pela independência, não percebi ainda em nome de quê, gente estranha), os Trabalhistas também não têm interesse nenhum em que a Escócia se vá embora.

Bom, dizia eu, a Rainha fica, a libra fica, a UE e a NATO ficam, as armas nucleares que estão num submarino qualquer estacionado na Escócia vão embora, a Union Jack não mais será defraldada na Escócia (uuuh, simbolismo!), a BBC vai embora também. No manifesto estão lá os planos detalhados para a negociação de cada uma destas coisas.

Mas depois vem um senhor deputado Conservador e diz: "ah, e tal, isto é tudo muito bonito mas é no papel, o plano não passa de um lindo trabalho de ficção, e não se esqueçam eles que quase todos estes pontos não dependem do governo escocês, dependem de terceiros que podem não estar dispostos a ceder a estes termos, numa negociação não se ganha tudo o que se quer, etc." Eeeeer... A sério que ouvi bem? Oh camafeu, o teu partido quer fazer um referendo em que uma das opções é votar para manter o UK na UE mas com novas condições e poderes repatriados, coisa que nenhum partido pode oferecer porque não está nas mãos de nenhum governo garantir que o resto da UE aceita essas novas condições, e tu vens dar bitaites a outrém sobre como não se consegue tudo o que se quer em negociações? Ide dar esse conselho ao vosso próprio partido, ora essa! Cambada de hipócritas...




Vamos lá entao por partes:

- Sobre manter a libra esterlina, ou seja, fazer uma união monetária com o resto do UK:
"Ah, o resto do UK pode não aceitar." Ao que o Salmond responde "ah, então eu posso não aceitar alarcar com a parte que nos cabe da dívida pública do UK. Uma coisa implica a outra." A dúvida maior seria se a Escócia não seria obrigada a adotar o Euro, como dizem os tratados... Eles dizem que não, "olha para a Suécia, não quis, não entrou, continua a assobiar para o ar a ver se ninguém se lembra dessa exceção que tem que não é bem exceção. Nós fazemos o mesmo!" Não sei, não... 

- Sobre manter a Escócia na NATO: 
"Hmmmmm, não sei se vos deixam, vocês querem-se livrar do armamento nuclear!", dizem os céticos. Oh valha-me deus. Desde quando é que um país tem que ter armas nucleares para pertencer à NATO? Querer livrar-se dele é que devia ser condição para entrada, se é por um mundo mais pacífico que a NATO luta (é? não me lembro bem.). E que o mundo saiba, só 3 marmanjos na NATO é que as têm.

- Sobre manter a Rainha: 
Bah, esta condição não tem problema, ela é chefe de tanto sítio, mais um ou menos um tanto lhe faz.

- Sobre manter a Escócia na UE: 
Esta é a mais complexa de todas elas, concedo. E as dúvidas que os apologistas da união ou os simplesmente mais céticos levantam são legítimas. Nunca a UE teve que lidar com uma região secionista. Aquilo passa a ser um novo país, terá que pedir adesão novamente e esperar uns anitos até entrar? Mas, e entretanto? Rouba a UE ao povo escocês o direito de livre circulação que deteve até aqui, só porque escolheu ser independente? O que o Salmond quer é negociar com os outros estados-membros uma emenda ao Tratado de Lisboa para incluir que a Escócia continuará com os mesmos direitos de estado-membro caso se torne independente, como desde 1973 detém. Aqui há muitas reticências porque para esta emenda ser aprovada a tempo da independência (em 2016) tem que começar a ser negociada já, é preciso que Londres concorde (não quer concordar porque isto é abrir caminho a um "Sim" certo no referendo, os escoceses são eurófilos de coração), é preciso que outros países com problemas na sua casa concordem, como a Espanha (olha a Catalunha aos pulos lá atrás!) ou a Bélgica (já consigo imaginar os flamengos a irem-se embora e a levarem Bruxelas com eles).

E os escoceses, o que pensam eles disto tudo? Segundo fontes confidenciais e ultra-fidedignas (vá, um ou dois amigos) é mesmo muito difícil de prever. Vai tudo depender de que rumo tomará a campanha a partir do lançamento deste plano e provavelmente do quanto as políticas do Cameron os irritarem nestes próximos 10 meses. As fontes confidenciais e ultra-fidedignas dizem-me que não, que tudo vai depender é se fizer chuva ou sol no dia do referendo porque isso ditará se muitas ou poucas pessoas saírão de casa para votar. Parece-me uma análise tão válida como qualquer outra.





S.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O meu mundo encantado

E 100 páginas depois, eis as palavras novas que já aprendi:

- Zauberer (feiticeiro)

- Hexe (bruxa)

- Luft (vassoura)

- Zauberstab (varinha mágica)

- Muggel (muggle)

Tudo palavras úteis para o meu dia-a-dia, portanto.




Update: Luft não é vassoura, caraças. É ar. Acertei o contexto, falhei o objeto. Besen, Besen, Besen, Besen, Besen, Besen, Besen, Besen...




S.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Oh, a neve

A primeira neve da estação está a cair e só me ocorre isto: oh, f*d*-se, já?!


S.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Aprender a andar de bicicleta com rodinhas

Por falar em livros que despoletam boas memórias:


Porque não? Se foi assim que aprendi inglês...

Lembro-me perfeitamente de começar a Pedra Filosofal na versão original e com a tradução portuguesa por baixo, seguindo frase a frase a história em ambas. Não há motivação maior para acelerar o conhecimento de uma língua do que saber que o próximo volume sai quatro ou cinco meses antes da tradução em português... 

Sei perfeitamente que ainda assim o meu nível de inglês quando comecei a ler HP na versão original era melhor do que o meu nível de alemão agora. Mas o meu conhecimento de HP agora é imensuravelmente maior do que na altura, chega a ser embaraçoso mesmo, por isso é capaz de equilibrar. Não sei linhas de cor, credo, não cheguemos a tanto, mas conheço a história o suficientemente bem para não ser capaz de me perder, mesmo que haja avalanche de palavras estranhas.

Portanto, plano para os próximos meses: ler o livro acompanhado com a versão em audio (sim, eu não faço as coisas por menos. Se é para aprender, É PARA APRENDER). Quando descobri o maravilhoso mundo dos livros audio - também no universo HP e porque queria treinar o meu ouvido inglês - passava horas e horas deitada no sofá muito sossegadinha a ouvir o senhor Stephen Fry a contar-me histórias, a fazer as vozes das personagens e a pronunciar as feitiços em latim muito cómicos. Era capaz de meter impressão para terceiros porque eu passava literalmente horas a olhar para a parede ou para o teto desfocadamente, com os fones a debitarem-me história diretamente no ouvido. Parecia que tinha perdido o gosto pela vida ou assim. 

Depois veio a fase do ler alto, mas não vamos já enlouquecer. 



S.