sexta-feira, 11 de abril de 2014

Aprende, só vou explicar uma vez

Viajar na Ryanair continua a ser a experiência bizarra que sempre foi. Isto porque eles continuam a adicionar bizarrarias.

A novidade agora é a segurança. Os assistentes de bordo fartaram-se – com razão, diga-se de passagem - de atuar para o boneco por isso agora as demonstrações de segurança ao início requerem a nossa “complete and undivided attention”. Mas pronto, isto sempre disseram eles, não é? O detalhe novo é que agora estão mesmo a falar a sério.

Proibido usar auscultadores durante a demonstração, proibido falar durante a demonstração. Eles interrompem para mandar calar. A assistente de bordo ralhou com as passageiras no banco da frente, carregou num botão para interromper a gravação com as instruções da demonstração, fez-lhes “Sssssssssssssssssssh” quando não paravam e todo o avião se calou em estupefação. Senti-me de volta à escola primária. Acho que isto deve ser muito recente.

Explicam também com muita seriedade os procedimentos de emergêncica a quem vai nas filas das saídas de emergência, coisa que nunca vi outra companhia fazer. Uma vez fui sentada aí e gostei muito. Gosto de me sentir parte das coisas.

Tudo isto faz desconfiar do verdadeiro motivo de tanto zelo pela segurança. Se há coisa que a Ryanair faz é sempre o mínimo que se tem que fazer, não mais. Será que há razão para temer este novo excesso de zelo? Sabem eles alguma coisa que nós não sabemos? Andarão aqueles aviões tão maus que o melhor é mesmo apostar na educação na fatalidade, já que as probabilidades da fatalidade aumentaram? Aaah, Ryanair, obrigada pelo exercício mental logo pela manhã.





S.

6 comentários:

  1. "Explicam também com muita seriedade os procedimentos de emergêncica a quem vai nas filas das saídas de emergência, coisa que nunca vi outra companhia fazer. Uma vez fui sentada aí e gostei muito. Gosto de me sentir parte das coisas."

    não é só na ryanair, a mim no outro dia aconteceu-me o mesmo na easyjet. Eu ia sentada nesses lugares e tive direito a uma hospedeira a falar só para mim a explicar-me o que tinha de fazer.

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  2. mas sobre isso dos aviões low coast. A mim o que me faz espécie é que não podemos levar malas grandes na cabine, mas se pagarmos a mais já podemos e se comprarmos todos os produtos que há à venda nas lojas duty free perto da porta de embarque também já podemos, não há limite. Ali no terminal 2 da portela por exemplo há uma parfois que vende brincos mas também malas grandes e carteiras. Se eu quisesse comprar a loja inteira, queria ver como é que isso cabia tudo no avião.

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  3. Talvez seja qualquer coisa comum às low costs. A última vez que fui sentada na fila de emergência foi na TAP e fiquei triste por ninguém ter vindo explicar nada.

    Quanto às compras, em Charleroi, que é basicamente o aeroporto bruxelense para a Ryanair, avisam em vários sítios que só se pode levar um saco selado de compras duty free para dentro do avião, o que limita as extravagâncias.

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  4. Amei e temi!
    Amei porque nunca gostei do POUCO CASO dado ao momento mais importante de toda a viagem, que é receber instruções de segurança. Eu tomo essas coisas a sério, sabes? E por mais atenção que tenha prestado em cada vôo que fiz, nunca entendi totalmente o que é suposto fazer, tal é a pressa e o descaso com que as instruções eram passadas. Só conseguia perceber a hospedeira a gesticular freneticamente enquanto uma gravação fala rapidamente. É isso que se deve fazer em caso de pânico? Ficar histérico?? Gesticular?

    Depois leio aquelas instruções chatas de como se posicionar em caso de aterragem de emergencia.

    Enfim, adorei saber que alguém impõe respeito e exige atenção! Adorei mesmo.

    Por outro lado... Posso interpretar essa súbita mudança como um sinal de que existem razões para se acreditar que as probabilidades de se sofrer um acidente subitamente aumentaram. E daí que prestar atenção é importante.

    Mas uma coisa é certa: prestar atenção a medidas de segurança nunca fez mal a ninguém e a meu ver, é dever e é sinal de respeito da parte do passageiro se se mantiver quieto, calado e com atenção nesse minuto em que tal coisa lhe é pedida.

    É que sempre me fez impressão mesmo, não ligarem nenhuma. Irra, que não entendi nunca isso.

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  5. Nunca viajei na Raynair ou em qq companhia low cost. Só na TAP, na British Airways e na KLM (que não recomendo de todo).

    Nenhuma teve essa atenção cuidada de procedimentos de segurança, passam por todas a correr. Já me perguntaram tão somente se aceitava a responsabilidade de abrir a porta de segurança em caso de emergência. Ao que respondi que sim. Mas gostava que tivessem demonstrado mais do que "rode essa alavanca aí". É que na altura da necessidade a coisa nunca funciona. Ou está penra ou nem com todas as tuas forças consegues girar a coisa. Mas a verdade é que NINGUEM quer ter de passar por uma emergencia de vôo. Raramente estas terminam sem 100% de fatalidades.

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  6. Eu acho muito curioso que seja no transporte mais seguro que existe o único em que é necessário haver explicações de procedimentos de segurança.
    Como em tudo o que envolve aviões, há um excesso de zelo pela segurança que acaba por irritar. O aparato todo dos detetores de metais, os revistamentos, ter que se tirar sapatos, não se poder levar a porcaria de uma garrafa de água. Muitas destas coisas não aumentam a segurança dos passageiros, são só estúpidas e para inglês ver.
    A verdadeira segurança de se viajar num avião está na forma como eles foram criados e nos inúmeros planos B que existem na tecnologia do avião para se alguma coisa falhar outra ser automaticamente posta a funcionar para a colmatar.
    Na minha opinião, esta atenção exigida pela Ryanair aos procedimentos de emergência é porque se fartaram de falar para o boneco. Como não podem deixar de apresentar os procedimentos que são obrigatórios por lei, então fazem com que valha a pena apresentá-los.

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