sábado, 16 de fevereiro de 2013

A demanda pela maciez

Sempre me ensinaram que só se fala do que se sabe. Por isso nunca me meti em posts sobre moda, beleza, cosmética, maquilhagem, etc. Não tenho conhecimentos, nem paixão, nem interesse pela matéria. Espreito um blog ou outro de vez em quando com curiosidade, e sigo atentamente o de uma amiga, mas nada mais.

Mas duas exceções se me afiguram: o champô seco, ao qual fiz aqui uma ode há uns tempos - mas cujo entusiasmo já esmoreceu um bocadinho, confesso -, e aos cremes hidratantes de corpo. Toda a minha santa vida me besuntei com eles a seguir ao banho porque a sensação de pele seca mete-me nervosa. Uma pessoa não se pode mexer que a pele começa a arrepanhar e aquilo dá a sensação de que já não cabemos na própria pele. Que se está preso no nosso corpo. Daria palha para toda uma explicação metafórica sobre limitações físicas/limitações mentais mas vou parar por aqui.

A minha demanda pelo creme hidratante perfeito dura assim há tanto tempo quanto me consigo lembrar. Uma vez que odeio perfumes, o meu creme ideal tem que ter estas 3 características fundamentais:

- ter um cheirinho bom;

- ser rápido a absorver pela pele;

- e cumprir a sua função principal: hidratar como deve ser.

A vinda para a Bélgica tornou o último ponto mais urgente e mais difícil de conseguir. A água bruxelense é carregada de calcário, o que significa extra-secura após banho - e também que não se pode beber água da torneira, sob pena de daqui a uns aninhos os rins destas duas jovens criaturas estarem num estado lamentável. 

Ora, eu trazia as minhas embalagens da Dove ou outra marca qualquer de supermercado e rapidamente descobri que o que funcionava razoavelmente bem em conjunto com a água do Oeste português, era um desastre frente à pesada água bruxelense. Decidi confiar no centenário e fiel: a lata azul da Nivea.

Perfeito. Se há coisa que hidrata é aquilo e a minha pele largou as escamas que já andava a formar. É barato, fácil de encontrar e hidratante como nenhum, cinco estrelas.

Pois. Só que às tantas os pontos negativos começam a ser irritantemente óbvios e ao fim de duas latas comecei a pesquisa olfativa pelas lojas de cosmética das redondezas. Queria um creme com um cheirinho bom, e que não precisasse de tanta esfregadela para entrar pelos poros. Por um acaso qualquer descobri uma loja da Rituals, da qual tinha uma vaga memória em Portugal, e decidi começar a cheirar todas as embalagens, um bocadinho a medo porque os preços são puxadotes. 




O cheiro divinal de um dos cremes toldou-me os outros sentidos, especialmente o sentido da poupança, e eu trouxe um boião para casa.

É o verdadeiro heaven on earth.

Aquilo tem um cheiro doce, inidentificável com qualquer fruto ou flor, exótico e muito, muito bom. Normalmente os cremes que cheiram bem ficam na pele só durante dois minutos; o cheiro do Magic Touch (nome foleiro, eu sei, alguma coisa negativa havia de ter) permanece com a mesma intensidade durante horas. (Só para terem uma ideia, eu cheguei a usar aquilo depois de tomar banho no ginásio, e, uma vez, uma senhora veio lá do outro canto do balneário perguntar-me que creme era aquele porque tinha um cheirinho tão bom e lhe estava a chegar lá à outra ponta.) Depois aquilo tem uma consistência que não é manteiga, como os cremes da The Body Shop, nem líquida como os daquelas embalagens altas dos supermercados, é uma espécie de leite-creme, e a pele absorve aquilo num instante. E é a hidratação em creme. Rivaliza sem dificuldade nenhuma com a lata azul.

Pensando bem, aquilo ser caro é relativo; é um pouquinho mais barato do que os boiões da The Body Shop e considerando que é muito mais hidratante e de melhor consistência, acaba por ser uma pechincha. Sei isto porque fui embalada por uma promoção da The Body Shop, em que dois boiões estavam pelo preço de um, e aquilo até tem cheiros agradáveis por isso dei o benefício da dúvida, mas agora anseio por voltar à Rituals, que tenho os calcanhares tipo lixa. (Também nunca lhes dei tanto uso, é verdade, mas é aí que se vê a verdadeira qualidade dos cremes.)

Isto tudo para partilhar a minha felicidade em finalmente ter encontrado o creme hidratante perfeito e dar muitos elogios ao que merece. Nunca se sabe quantas mais pobres almas andarão numa demanda infrutífera pela hidratação perfeita, e ela aí mesmo à porta...





S.

5 comentários:

  1. Também é o meu favorito, mas tenho falhado em convencer-me ce que não é caríssimo...

    ResponderEliminar
  2. Rita, sem dúvida. Esse é o grande senão do creme. Se bem que os da Body Shop são tão ou mais caros, piores, mas bem mais usados.

    AA, estamos esclarecidas então ;) (a curiosidade e eu)

    ResponderEliminar