Estava aqui a folhear as Páginas Amarelas sheffieldianas e não sabia que esta cidade tinha tantas 'catteries'. Nunca sequer tinha visto a palavra 'cattery' escrita, nem sabia que isso existia. Existem aqueles hotéis para animais, sim senhora, mas assim só para gatos desconhecia que fosse uma coisa que existisse. E tantos. O pessoal aqui deve ter mesmo muitos gatos. É a coisa que mais saudades tenho de ter. Poder dar festas a um gato, dar-lhe colo, ouvir 'miaau', apertá-lo com força até ele se zangar e me dar uma sapatada com garras de fora. Era a primeira coisa que fazia se não estivesse expressamente proibido no contrato de arrendamento: arranjar um gato.
Depois de ver tanta cattery nas PA pensei que fixe, fixe, era haver um gatil qualquer onde aceitassem voluntários, assim sempre saía um bocadinho mais de casa e aproveitava para matar as saudades de festas a gatos. E até há um gatil para gatos abandonados, sim senhora, e até aceitam voluntários, mas depois pensei melhor e ser voluntária num gatil deve ser um dos trabalhos mais ingratos do mundo. Deve ser horrível estar a limpar cocó de gato naquelas caixas de areia e ter gatos a passar por nós com aquele olhar mais sobranceiro que existe e que só os gatos conseguem lançar, sabem? como quando lhes tentamos captar a atenção e eles semi-cerram os olhos devagarinho e viram a cabeça para o lado. Os gatos são o animal mais ingrato do mundo. Ao menos num canil há a recompensa imediata da alegria canina pela atenção humana.
Por falar em sobranceria felina, no outro dia fui ao café dos gatos em Londres, o Lady Dinah's Cat Emporium, e não dá para acreditar no desprezo que se leva. Aquilo em teoria é o sonho dos meus sonhos: chá, scones, Londres, gatos, preenche todos os requisitos, mas depois na realidade é só triste. Triste porque se paga 6 libras só de entrada, tem que se reservar com antecedência, há limite de tempo para lá estar (90 minutos) e os gatos não estão nem aí. Enquanto esperávamos por uma amiga observei durante uns bons minutos pela montra o ambiente do café e comecei logo a suspeitar que aquilo ia ser um falhanço porque havia vários gatos mas estavam todos a dormir, bem longe do alcance dos groupies humanos. Acho que nós ainda tivemos um bocado de sorte porque durante a nossa hora e meia dois gatos acordaram e estiveram a desfilar pela sala - como também só os gatos sabem desfilar - e lá se aproximaram um bocadinho de nós. De resto foi dar festas nos gatos que dormiam pelas mil e uma plataformas, cestos e recantos que por lá havia, - e que nem um olho se dignavam a abrir - e é se queres aproveitar um bocadinho da experiência gatil. E ainda por cima nem nos deixam pegar nos bichanos ao colo, o que, suspeito, deve ter tanto que ver com o bem-estar dos animais como com as preocupações paranóicas do health and safety (mandaram-nos lavar as mãos antes de entrar - sim, é este o nível de universo paralelo daquele café em particular e desta terra em geral).
Acho que vou ter que pôr as minhas fascinações felinas em suspenso por uns tempos, assim não há condições.
'Sou um gato e estou-me a cagar que tenhas dado 6 libras para me ver. Aliás, devias era ter dado 10.'
S.
LOL
ResponderEliminarnão tens uma vizinha que te empreste o dela? Eu tenho um gato que acha que é dono da minha casa (o gato é dos vizinhos e um dia entrou-me em casa sem eu dar por ela e pregou-me um susto).
[ri-me imenso com certas partes deste texto, e em particular com a legenda da imagem].
ResponderEliminarConsiderações muito adequadas a certos felinos/as [p.e. aquele com quem moro!], mas injustas para com outros/as :) Garanto que há uns felinos/as santos/as - bonzinhos, e que procuram colinho, e dão turrinhas e lambidelas. No fundo, mostram que amam :)
E há mesmo gatos/as que morrem com depressão - deixam de se alimentar - após abandono/morte dos/as donos/as. :(
Quanto à exigência da loja [lavar as mãos antes de entrar], percebo que pareça um exagero e, de facto, assim pode ser, pelo menos, se os/as gatos/as estiverem todos/as vacinados/as e desparasitados/as. Mas devo dizer que nós humanos/as trazemos bicheza da rua que gosta muito de se alojar nos bichanos. O meu teve algo similar a sarna (!) e nem sequer sai de casa!
snowgaze, os meus vizinhos estão todos na mesma condição que eu, proibidos de ter animais em casa(vivo em alojamento universitário). Pronto, tenho esquilos aqui no páteo, no outro dia apareceram duas raposas à noite e começaram a brincar uma com a outra, mas não é a mesma coisa...
ResponderEliminarCeridwen, já tive vários gatos e realmente as personalidades felinas conseguem ser bastante diferentes. Todas vincadas, mas diferentes. Tive um gato que não podia ver ninguém sentado que ia a correr para o colo dessa pessoa, tive outro que ficava hirto cada vez que o pegava ao colo, e tive uma gata que se metia de barriga para cima a pedir festas mas se fazia uma a mais da conta que ela lá entendia agarrava-me a mão com as garras de fora e mordia-me. Todos fazem aquilo de semi-cerrar os olhos e virar a cabeça para longe de nós, que é uma atitude de desprezo muito característica dos gatos. Há coisas que não mudam.
ResponderEliminarPois, entendo que aqueles gatos convivam com muita gente e que circule por ali muita bicheza. Londres não é propriamente o paraíso do ar puro e da saúde ambiental... Fiquei cheia de infelicidade foi de não os poder pegar ao colo, pensava mesmo que o cat-café era uma coisa muito mais interativa.