terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lista ao Pai Natal

Caros familiares,

Como sei que uma pessoa nesta altura do ano se debate com incertezas sobre o que oferecer no Natal, será que a pessoa vai gostar, o que lhe fará falta, etc, resolvi deixar aqui as minhas wishlists de livros para que tenham uma garantia que qualquer coisa dali me deixará contente e ser-me-á realmente útil.

É tipo uma lista de casamento mas em vez de ser para a casa é para o cérebro.

Cá vai a da Amazon:

http://www.amazon.co.uk/registry/wishlist/14JUGALNGCX5X/ref=cm_wl_act_vv?_encoding=UTF8&visitor-view=1&reveal=


E a da WOOK:









E pronto, é isto.



S.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Já me tinha esquecido

O sentimento de cumplicidade que é treinar um cão.





S.

Pobres Papa-Padres

Os dois feriados que eu mais temia desaparecerem foram os que o Governo acabou de propor aos Parceiros Sociais para deixarem de existir.

Com que então nada de Implantações da República nem de Restaurações da Independência. Sim senhora. Garantem-nos ao menos o Dia da Liberdade e o Dia de Portugal. Os outros não interessam, aconteceu lá longe no tempo, não fazem falta.

Sinceramente, desde que descobri que o Governo estava a pensar em acabar com dois feriados civis, quaisquer que fossem os feriados anunciados eu iria experimentar profunda indignação e repulsa. Nenhuma medida que o Governo tomou até agora me fez sentir semelhante, desde a meia hora diária de trabalho adicional até aos cortes nos subsídios de Natal e férias.

Nem vou entrar em considerações sobre se suprimir feriados aumenta realmente a produtividade ou não. O que me repugna realmente é o facto de, a tirarem feriados do calendário sejam dois civis a cair. Dois religiosos vão ser tirados também, é verdade. O Governo inicialmente foi pela lógica correta: se temos de eliminar feriados então que caiam os religiosos, que esses um Estado laico não tem sequer obrigação de os impor a ninguém. Mas o que me enoja foi a cedência que veio a seguir: a Igreja exigiu que, a retirar feriados religiosos, então o Governo também teria de retirar civis. 2 para cada um, foi o que ficou decidido. A uma primeira leitura parece razoável. Tira-se dois de cada lado, ninguém chora.

Mas não é. Esta cedência do Governo enoja pelo princípio de laicidade que não seguiu, pela influência aumentada que a Igreja adquiriu e pela sobranceria de que a Igreja se arrogou ao exigir pé de igualdade de um feriado religioso a um civil. Meus amigos, nós vivemos num Estado LAICO, num país onde ser português não se confunde com ser católico, onde existe LIBERDADE DE CULTO, onde a Igreja é uma instituição como qualquer outra e uma religião sem privilégios em relação ao budismo, ao islamismo ou ao raio que o partismo. Na sua condição de uma entre outras não tem de se arrogar ao direito de exigir o festejo alargado a todo o país de uma festa que só a ela pertence, em detrimento de festas que fazem parte da História comum dos portugueses, de um país, de uma identidade nacional. O feriado religioso – leia-se católico – é uma aberração que nem sequer deveria existir. Porquê que é que um judeu português há-de não trabalhar no dia 8 de dezembro e ter de trabalhar no Hannukkah?

“Ah e tal, mas as datas cujos feriados vão ser suprimidas vão continuar a ser festejadas, só que ao fim-de-semana, em vez de no dia específico.” Verdade. Mas então retirem 4 feriados religiosos em vez de 2/2 e festejem esses ao fim-de-semana. Até têm um dia e sítio próprios para ser festejados: ao domingo na missa, portanto metade do trabalho está feito.

O que está aqui em causa é o princípio da separação do Estado e Igreja,  onde nenhuma religião impera nem tem privilégios sobre as outras, logo, o princípio da igualdade das religiões, um princípio inscrito na nossa CONSTITUIÇÃO e muito caro, conquistado precisamente pelo regime cuja implantação querem agora deixar passar despercebida.

Bonita maneira de festejarem o centenário da Lei da Separação do Estado e Igreja, sim senhora. Os republicanos que lutaram pela eliminação da influência desses dogmas e superstições atrofiadoras do progresso e da inteligência, como o “Papa-padres” Afonso Costa devem estar a rebolar nas suas sepulturas que nem uns doidos.   







S.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Um dia vou levar-te à América..."

A nossa língua materna reserva para nós sensações que mais nenhuma língua consegue despertar, por melhor que a conheçamos, por melhor que a falemos e compreendamos. A nossa língua materna desperta-nos sentimentos crus e vivos precisamente porque está associada às experiências que vivemos no nosso passado. E isso é algo que nenhuma língua estrangeira pode igualar.




Uma das músicas mais românticas que conheço. Fiquei apaixonada desde que a ouvi pela primeira vez na rádio, sem fazer ideia nenhuma de quem era.

Continuo sem fazer ideia nenhuma de quem é ("Os Azeitonas", não faço a mínima) e continuo apaixonada por ela.

Só em português podia esta letra fazer sentido e ser considerada romântica: "Anda comigo ver os aviões levantar voo / A rasgar as nuvens / Rasgar o céu".

Uma vénia a quem ainda tem a coragem de escrever e cantar em língua portuguesa.



S.

Verdadeira reciclagem

Lavo o chão.




Ligo o desumidificador.


Aquilo aspira a água e eu fico com água para voltar a lavar o chão.

Perfeita e completa reciclagem.






S.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Prunãocieixãnes

Durante o meu ano em terras da rainha eu fui "Sérâ Hrice".

Não demorei muito a aperceber-me que os ingleses simplesmente não têm a destreza vocal para pronunciar um 'r' marcado e fazer o som 'x' onde existe um 's'. "Reich" era o que deviam dizer, saía sempre algo parecido com "reese". O Sarah nem nunca me dei ao trabalho de corrigir.

E quando tive de telefonar para vários serviços e mudar moradas para receber os últimos pagamentos de luz e telefone cá em Portugal? Ui, Jesus. Uma coisa é certa, fiquei pró a soletrar.

Tenho noção que nem tenho o pior dos nomes em termos de pronunciação inglesa. O D. na ilha sempre foi Diego... Entender que existem famílias de línguas diferentes eles lá entendem. Agora entender que dentro da mesma família de línguas, neste caso latinas, existem diferenças de pronúncia já é esperar demasiado. Portanto, sim, a violação da pronúncia dos nossos nomes foi uma constante e um dado adquirido nos nossos meses enquanto emigrantes.

Por isso quando agora, após mais de um ano, a King's me pede para a informar como é que se pronuncia corretamente o meu nome - inteiro! - é natural que eu fique sem jeito. E que me apeteça gargalhar muito.


Há medo que os oradores não consigam ler a lista dos alunos presentes? Há.

Há medo que os alunos presentes não consigam perceber quando os estão a chamar? Há.

Mas sinceramente não percebo porquê. Durante um ano inteiro de aulas os alunos internacionais como eu tiveram mais do que tempo suficiente para se habituarem a ouvir as formas vilipendiadas dos seus nomes na pronúncia inglesa. Acham que seria numa cerimónia de formatura, onde está tudo de ouvido à coca, que alguém não iria perceber quando estão a chamar por nós?

Eu pessoalmente tenho medo é de ouvir a versão original em bocas inglesas. Tenho medo de aí sim, por ser tão claro o meu nome e estar tão fora do contexto de que eu não me aperceba que me estão a chamar a mim e continuar à espera que chamem uma Sarah Reese em vez de uma Sarah (mais uma vez, nem me ralei) Ra-KEL Seal-va Rei-SH.



S.

domingo, 13 de novembro de 2011

Verde verdinho

Acabei de emitir o meu primeiro recibo verde. Não sei se hei-de pular de alegria ("Yey, primeiro dinheirinho desde setembro de 2010!") ou se hei-de suspirar de conformidade ("Bem-vinda à precaridade laboral da tua geração, S.").

Acho que me fico pela primeira, para não cair no desespero e lamúria geral.


S.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tempos + tempos

Agora podia começar o frio. Deixar de chover um bocado, para variar.

E o Glee podia começar a variar as músicas também. Hits do momento e bandas sonoras de musicais já metem nojo. Já nem para ver as interpretações musicais aquilo presta, chiça.


S.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O champô seco e o chocolate quente

Pensando bem, não há muitos produtos londrinos dos quais eu sinta falta. Agora que começa o frio, o ocasional hot chocolate a aquecer as mãos e a barriga calhava muito bem, sem bem que do que eu sinta falta não seja tanto o hot chocolate em si (há cá justos substitutos) mas sim da conveniência que era ter uma coffee shop em qualquer rua que me servisse um e poder levá-lo comigo para a rua ou para a sala de aula. Houve uma vez que entornei hot chocolate pela camisola abaixo, porque parece que o metro faz paragens meio bruscas e portanto não é o local ideal para beber coisas, mas isso é outra história. Havia uma coisa que eu costumava usar para cozinhar, que eram migalhas de pão, que cá nunca encontrei, mas que ficavam sempre melhor por cima do peixe do que o simples pão ralado, e cuja inexistência foi fonte de alguma frustração nas primeiras semanas, mas mais nada de especial.

Agora, se há coisa cuja falta eu não consigo superar é esta maravilha que descobri lá e que desatei a espalhar a sua existência a toda a alma feminina que me visitou. Com grande sucesso.






Chama-se dry shampoo e mudou a minha vida como nenhum outro cosmético o fez (salvo a pasta de dentes. E o gel de banho. E o champô em si. Mas pronto, dos cosméticos mais sofisticados foi o que mais diferença fez).

Ora bem, normalmente tenho bastante relutância em falar dele a meros conhecidos a.k.a. pessoas com quem não tenho grande confiança porque a explicação do que isto é e para que serve soa um bocado, er... mal. Pois que isto é um champô em forma de spray, parece aqueles sprays tira nódoas, e é mesmo capaz de ter os mesmos princípios ativos já que serve para isso mesmo: tirar gordura. Neste caso a do cabelo, o tão querido sebo, que começa a aparecer no dia a seguir à lavagem. Como qualquer possuidora de cabelo normal/seco sabe, não é aconselhável lavar o cabelo todos os dias. Danifica, mete-o seco e tipo palha de aço. O dry shampoo é para meter nos dias de intervalo, para as raízes não terem aspeto nhanhoso enquanto o resto dos fios estão secos que nem palha.

"Ah, então já não lavas o cabelo, é isso?" «------- Razão pela qual é embaraçoso falar deste produto com pessoas a quem não possa revirar os olhos ou gritar um "NÃO, não é isso" É para melhorar o cabelo nos dias em que não se o lava.

O dry shampoo mudou a minha vida porque permite-me ter o melhor de dois mundos: um cabelo domável como não é possível se o lavasse todos os dias e umas raízes como se o lavasse todos os dias. (Isto soou demasiado a publicidade, ainda por cima publicidade lame, mas é a pura das verdades).

Ora qual é o problema nisto tudo: é que dry shampoos não existem em Portugal. Ou melhor, existe um à venda nas parafarmácias, da Klorane, mas aqui é que reside o verdadeiro problema: custa 7 euros. E eu recuso-me, bato o pé inclusive, a dar 7 euros por uma coisa que noutro sítio obtinha por £1.

Após meses de lata vazia e com a humidade a apertar e sem perspetiva de voltar a Londres num futuro próximo, resignei-me a encomendar dry shampoo pela Amazon, que como é vendido no Marketplace teria de pagar portes de envio (por embalagem! ou seja, encomendar quantidades industriais estava fora de questão) mas que ainda assim sairía 2 euros mais barato do que o maldito Klorane.

Toda contente que ele já vinha a caminho quando hoje recebo um e-mail da Amazon: não-sei-quê refund blá blá blá. Impossibilidade de expedir este produto por avião porque é um spray.




Moral da história: o Universo anda a tentar dizer-me para lavar o cabelo mais vezes. Ou - como eu prefiro acreditar - está a tornar implícito que devo voltar a Londres.



S.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Homenagem à Casa dos Segredos

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos perco um ponto de QI.

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos um livro suicida-se.

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos o meu exemplar do The Economist começa a chorar.

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos Nietzsche desata às gargalhadas.

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos os guionistas do Último a Sair erguem a sobrancelha.

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos Freud aponta-me o seu cachimbo e exclama "Ah-ha!"

Cada vez que vejo a Casa dos Segredos a música Stupid Girls da Pink ecoa na parte do meu cérebro que não hibernou entretanto.




Podia ficar nisto a noite toda.



S.

Literatura para Porteiras #2 - Extremamente Alto e Incrivelmente Próximo

Não sabia que era possível uma história ser tão triste e tão cómica ao mesmo tempo.




Mas cómica ao ponto de soltar gargalhadas e triste ao ponto de cair a lágrima. O que se torna embaraçoso quando se lê quase exclusivamente em locais públicos. Apetecia-me dizer a cada pessoa que entrava no autocarro "Estes olhos vermelhos e quase a verter água são por causa do livro, não se apoquente". Não que alguém tenha reparado, mas uma pessoa fica sempre embaraçada.

Enfim, mais um livro bom, rai's parta a mim, que só ando a ler livros de qualidade, eu a querer um livro daqueles mesmo maus para gozar como se não houvesse amanhã e não esbarro com nenhum.

Tenho de voltar à secção do José Rodrigues dos Santos (uups).



S.