segunda-feira, 30 de abril de 2012

Floralia Brussels

Há cerca de um mês, comecei a ver posters destes pela cidade:


Não foi nenhuma promoção bem disseminada, acho mesmo que a impressão que tive do "comecei a ver posters pela cidade" foi porque, na verdade, havia um no meu caminho diário, daí parecer que eram muitos porque o via todos os dias. Percebendo desde cedo que esta é uma cidade que não se dá a conhecer facilmente, que há que ser pro-ativo na sua conquista, estou sempre de olho nestas exposições/eventos efémeros que de vez em quando brotam aqui e ali na cidade. A imagem do castelo com as flores coloridas à volta suscitou a minha curiosidade e eu fiquei tentada a visitar a exposição das flores nesse mês. Pensei "Ver flores é uma ode à primavera, tenho de escolher um dia de sol para lá irmos visitar e isto ser mesmo bonito. Com o tempo e o calor que tem estado, não deve ser difícil."

Coitadinha, mal sabia eu que cidade meio-nórdica é esta. Ainda estava de ressaca da felicidade que foi usar manga-curta em meados de março, e do sol que na primeira metade no mês nos tinha brindado constantemente. Claro que uma pessoa, chega aqui, sente este tempo, e pensa: "Entrámos na primavera, isto agora é sempre a melhorar!

Pobre alma ingénua. Tive que levar com um mês inteiro de chuva diária, num padrão irritantemente regular de "amanhecer soalheiro + fim de tarde com chuva", apanhar uma molha porque me esqueci do chapéu-de-chuva num dos dias (lá está, uma pessoa sai de casa com céu limpo e nem se lembra que pode piorar) e ser atacada por calhaus brancos a cair do céu e trovões para dar valor a uma tardezinha de sol.

Assim, foi com uma alegria muito grande e nada antecipada que hoje acordei e um sol resplandecente entrava pela janela do quarto. Mais: estava calor! Foi assim, ainda surpreendida, que eu resgatei a ideia da Floralia dos recantos da minha memória onde já a tinha guardado sem qualquer esperança e decidi: é agora ou nunca! E lá fomos nós.

Claro que o sol resplandecente não poderia resistir ao padrão climatérico de Bruxelas e a seguir ao almoço já o céu se encontrava coberto de nuvens. Não desanima, ainda está calor! Felicidade acrescida por, pela primeira vez num mês, ter podido sair à rua sem o casacão de inverno.

O Castelo de Grand-Bigard fica nos arredores da capital. Tivemos de apanhar o metro, um tram e andar um bom bocado para lá chegar (meio às cegas porque não havia placas a indicar o caminho). A quantidade de moradias e o largo pitoresco de vila com os cafés e brasseries a toda à volta, mais a igreja centenária, anteciparam que o Castelo estaria perto e que já não nos encontrávamos propriamente em Bruxelas.

À medida que nos aproximávamos do Castelo, a minha antecipação crescia porque eu tinha visto uma ou outra foto na net e aquilo parecia ser qualquer coisa de especial.

Não desapontou. Ainda não estávamos lá dentro do recinto e eu já usava um sorriso de orelha a orelha ao descortinar canteiros de flores de todas as cores e feitios.




O Castelo fica numa grande ilha rodeada a toda à volta por um fosso de água, que em tempos deve ter servido para defender os seus habitantes e que atualmente dá um ar de conto de fadas a todo aquele cenário. Entra-se por uma ponte e encontramo-nos logo no páteo em frente ao Castelo. Tem um ar algo germânico, agora que penso nisso. Depois de devidamente admirado, passa-se ao que lá fomos realmente ver: os jardins no seu auge primaveril. Verde por todo o lado, canteiros e canteiros de flores de toda a espécie e cor, árvores imponentes, arbustos moldados, tudo muito bem arranjado e cuidado. 




Tenho de confessar que uma pessoa começa a enjoar tanta beleza. Ainda há pouco, enquanto passava as fotografias para o computador dei por mim a olhar incrédula para metade delas porque me pareciam montagens ou aqueles wallpapers de imagens de natureza impossivelmente bonitas.




Mas impressionou-me, sem dúvida. Apesar de hoje em dia ser difícil irmos às cegas para qualquer lado - googlar o sítio antes é tão tentador - e eu saber ao que ía, há qualquer coisa de especial em estar fisicamente no local, experimentar uma vista a 360º, percorrê-lo com os nossos pés, sentir os cheiros, o calor (abafado) do dia e ver o que as fotos estilizadas nunca nos mostram. E, claro, descobrir estes locais de extrema beleza aqui em Bruxelas faz bem à alma.




S.  

domingo, 29 de abril de 2012

Ele há coisas... #7

Aqui, as pessoas gostam de comunicar umas com as outras por escrito.





Este desejo anónimo, mais respetiva retribuição, meteu-me um sorriso na cara :) .




S.

sábado, 28 de abril de 2012

Ele há coisas... #6

Não havendo nada de mais substancial para partilhar, partilho estas observações, que essas tenho sempre muitas.

Desta vez, algo que vi em Amsterdão e que me pareceu uma boa ideia: uma grade de perdidos e achados.


Encontrámos esta grade no centro do Voldenpark, o mais famoso e frequentado parque de Amsterdão. Ali as pessoas colocam objetos encontrados dentro do parque e perdidos por alguém. Objetos maiores como lenços, chapéus, gorros, são simplesmente pendurados na grade, ao passo que cartões, passes de metro, bonequinhos, são presos por molas - o que na altura me pareceu um pormenor bastante atencioso.

É um detalhe da cidade apenas, uma coisa que parece insignificante mas que aumenta a agreabilidade da mesma. É um reflexo da confiança mútua das pessoas que nela habitam. 




S.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O outro lado do passeio

No meu caminho para o trabalho e do trabalho para casa, todos os dias, sigo sempre pelo mesmo lado da estrada. Pela simples razão de que o caminho é sempre a direito. E eu sou agarradinha à rotina como lapa, à mesma maneira de fazer as coisas repetidamente. E como de manhã é cedo e está frio e eu tenho sono, é mais fácil ligar o piloto-automático e deixar os pés seguirem a rota pré-definida.

Mas hoje, pela circunstância de um carro atravessado no passeio, vi-me obrigada a atravessar a estrada e a mudar-me para o outro lado. E tenho de confessar que só aí me apercebi de que nunca tinha feito o meu caminho daquele lado da estrada. Porque de repente tudo parecia diferente. Descobri um gabinete de um psiquiatra, dois apelidos portugueses em campainhas e um gato cinzento a olhar-me com altivez através de uma janela.

E um pouco mais à frente, quase ao final do caminho, uma vista que me elevou o coração: um cachorro preto, felpudo, conduzido à trela por uma senhora. E porque tinha mudado de passeio, e porque o cachorro recusou-se a andar assim que viu uma pessoa-potencial-fonte-de-mimos, os nossos caminhos cruzaram-se. "Faço festa, não faço; faço festa, não faço" foi a luta interna que me acompanhou enquanto me aproximava daquela criatura maravilhosa e tão criança-canina. A minha decisão efémera de "Não faço, tinha que pedir, não me ocorre como se diz 'Posso?' em francês..." caiu por terra assim que passei por ele e vi aqueles olhos negros cheios de alegria por anteciparem festas de um humano. Lancei um olhar à dona que me abriu um enorme sorriso e cujo "Bonjour!" muito bem-disposto me poupou um "May I?" por não me ocorrer mais nada. Sorri-lhe em agradecimento, agachei-me e corri as mãos sedentas de contacto com o pelo de um animal (e este era bem felpudo, que maravilha!) e matei as minhas saudades caninas. Ele lambia-me as mãos, abanava o rabinho daquela forma desengonçada de cachorro, louco de felicidade como só os da sua raça mostram para connosco, humanos. O mais engraçado foi que não lhe consegui murmurar aquelas palavras totós que se murmuram aos animais porque só me ocorria "És tão lindo! Ai, coisinha fofa! Que fofinho!" e, apesar de derretida, só pensava "Não vais dizer isso, isto é um cão francófono..." Wtf!? Eu sei. Lá consegui controlar a minha vontade de ficar a dar festas o resto da tarde - a dona estava à espera, afinal - e exclamei um "C'est très joli!" bem sentido e graças aos anjinhos achado a tempo e continuei o meu percurso pelo lado novo do passeio.

Isto tudo para dizer que às vezes basta darmos uns passos para fora da nossa zona de conforto (no meu caso, literalmente) para termos surpresas agradáveis à nossa espera.

Era tipo assim:


Pensando bem, acho que teria atravessado a estrada a correr assim que o visse para ter que me cruzar com ele, de qualquer das formas.




S.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ele há coisas... #5

À primeira vista, uma simples montra de agência de viagens.



Um segundo olhar mais atento e ali está ele:


um pedacinho de Portugal.



S.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

I AMsterdam

Para não correr o risco de parecer demasiado efusiva e não me tomarem a sério por estar de ressaca desta cidade, não vou dizer que Amsterdão é perfeito. Mas Amsterdão mostrou-me tudo o que uma cidade pode ser.

Diria que é o cocktail do melhor que há dos diversos tipos de cidade: grande sem ser gigante, calma mas vibrante, cafés, restaurantes, lojas únicas que suscitam a curiosidade nas vielas mais inesperadas, árvores que ladeiam canais, fachadas centenárias, bicicletas aos montes e às filas, tudo limpo, tudo agradável e de deleitar os sentidos como eu nunca experienciei.

Ganhei um novo conceito de "plano". Eu que pensava que conhecia esta palavra enganei-me redondamente. A expressão "ao nível do chão" ganha redobrado sentido, também. Por quilómetros e quilómetros não há o mínimo declive natural; os escassos declives existentes são feitos pelo Homem, como as pontes arqueadas. Tudo naquela cidade conspira para a utilização das pernas e dos pés, e para que o carro seja uma coisa desprezível: os canais que convidam ao passeio ao longo das suas margens, os passeios e ruas largas, o "plano", a beleza circundante, o sentimento de segurança e bem-estar geral.

Porque nunca eu pensei visitar uma capital onde não houvesse locais duvidosos. Não há áreas graffitadas, sujas ou desertas que emanem ar de crime, mesmo de dia. Todas as cidades têm; Bruxelas, Lisboa, Londres não são exceção. Mas Amsterdão parece que é. Não arrogo ter obtido um conhecimento total da cidade, afinal foram apenas três dias, mas palmilhámos muita milha de chão amsterdiano e ao segundo dia já eu franzia a testa com a estranheza de não termos passado ainda em nenhuma zona percetivelmente insegura. (Red Light District não conta, por amor de Deus, aquilo é só uma rua e demorámos bastante tempo a dar com ela. E tem um canal no meio - com cisnes brancos!! -, pontezinhas bonitas, nem com mulheres semi-nuas nas janelas daquelas fachadas centenárias aquilo assusta...)

Cheguei a pensar que o centro da cidade poderia ser exceção, que normalmente as capitais têm sempre subúrbios duvidosos, fora dos circuitos turísticos cuidados e que portanto a minha opinião poderia mudar assim que chegasse à zona da cidade onde ficava o nosso hotel. Falso. Mais uma vez, tudo de uma planície que mete impressão, surpreendente olhar para uma rua e ela seguir sempre em frente até onde os olhos deixam de poder alcançar. Tudo cuidado, tudo verde, estradas largas, passeios amplos, árvores, arbustos, mais canais, mais patos e cisnes. E os limites da minha imaginação a serem impossivelmente estendidos pelo que eu estava a ver na realidade, uma qualidade de vida incalculável e desesperadamente invejável.

Estes adjetivos estão a dar cabo de mim, até enquanto me leio percebo o quão embriagada ainda estou por esta cidade. Mas é isto mesmo que se quer registar: impressões, o menos filtradas pelo tempo e pela vivência possível.


Tudo a andar de bicicleta com diversos arranjos bicicletianos: cestos à frente, caixas da fruta atadas em frente ao volante, malas de carteiro na parte de trás, bancos de criança na traseira da bicicleta, espécies de carrinhos de mão com pedais para acartar filhos, pessoas adultas à boleia sentadas atrás do condutor. Ali, carro é sinónimo de nojo, inconveniência, matacão. Nem transportes públicos são necessários: metro muito pouco desenvolvido e autocarros no centro da cidade nem vê-los. Apenas trams, que se dão extremamente bem em planícies e não contribuem para a poluição do ar citadino.

Ali, os dias amanhecem chuvosos e cinzentos, mas ao longo do dia enrolam-se as nuvens e o sol dá ar da sua graça, tornando uma cidade inerentemente agradável num deleite para a vista. Os pés não querem parar e ganham vida própria; deixam-se guiar pelos olhos, sem grande cortesia para mapas (acabámos por arranjar um, para sabermos onde era a casa da Anne Frank e o Voldenpark) ou guias. Stress reduzido a zero.

Um senão atravessava-me constantemente a mente: Só é pena a língua. Ao terceiro dia já eu dizia "Que se LIXE a língua, vou aprender holandês e mudo-me JÁ para aqui." Vejam o estado de embriaguez, Deus meu.

Várias vezes me cruzou também a memória um bocado de uma conversa que ouvi há muitos anos, num avião de regresso dos EUA. Uns portugueses falavam entre si "O que é que achaste de Nova Iorque?", "Achei que era assim uma mistura entre Londres e Amsterdão". Na altura achei isto muito pretensioso - o tom de voz com que foi dito foi digno de um Castelo-Branco - mas a verdade é que isto ficou guardado nos recônditos da minha mente. E dei por mim a puxar pela memória visual de há oito anos em busca de comparações possíveis com esta cidade onde eu agora me encontrava. Não cheguei a nenhuma conclusão a não ser com a qual comecei este post: Amsterdão é tudo o que uma cidade pode ser porque tem nela tudo o que de melhor as cidades pelo mundo são.





S.

sábado, 21 de abril de 2012

Para a Veneza do Norte

A tradição vai ser mantida e o dia 22 de abril, anos do D., vai ser passado fora do país. Pensando bem ela já iria ser mantida de qualquer das formas, mas enfim. Aproveitando vivermos agora no Carrefour d'Europe, faremos amanhã a nossa primeira viagem ao estrangeiro desde que chegámos à Bélgica. E que melhor sítio para começar que Amesterdão, a Veneza do Norte, essa cidade estrangeira cliché para todos os bruxelenses. A três horas daqui (duas, de TGV), com comboios que partem de hora a hora todos os dias da semana, percebe-se bem porquê.

É uma cidade que pertence aos nórdicos/germânicos, essa gente evoluída e com sociedades ordeiras quase-perfeitas que às vezes metem um bocado de raiva. Vai ser portanto a minha estreia na parte civilizada da Europa (uuuuh). Espero muita florinha, muito moinho, muita água (nos canais e a cair do céu, infelizmente), muita rua bonita, muita bicicleta. Tudo muito limpinho e ordenado.

Sinceramente não tenho qualquer expetactiva sobre o que vou encontrar, tirando os clichés acima mencionados. Pesquisei apressadamente um ou outro sítio obrigatório para ver, imprimi o mapa da área do hotel, escrevinhei o número do tram que teremos de apanhar da estação central até ao hotel, e pronto. Acho que será a primeira vez que partirei sem guia ou sequer mapa da cidade que vou visitar. Vamos deixar os pés e a vista conduzir-nos por lá. Isto para alguém que escreve planos de três ou quatro dias, divididos em "manhã" e "tarde" com todos os sítios a visitar, respetivas paragens/estações, percursos a pé, mais preços de cada museu/monumento de cada vez que viaja, é pura rebeldia. 

Mais uma vez, vai ser um prazer viajar de comboio em vez de avião, esperando ver as alterações da paisagem denunciarem que estou noutro país. E, pelo menos só por isso, a antecipação já é muito grande.





S.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

David e Golias

Bruxelas é uma cidade difícil de nos cativar. Ainda não me apaixonei por ela e, tendo em conta que já lá vão dois meses, não sei se isso irá acontecer.

Porque o mundo é pequeno e as coincidências abundam na vida, acabei por partilhar o escritório com uma colega de curso da King's aqui no Parlamento. Gosto destas continuações, destas réstias de velhas vidas que permanecem connosco numa vida nova. É uma sensação reconfortante ter alguém que nos conhece de antes e que partilha connosco uma nova aventura, que nos ajuda a fazer comparações com o anterior e que nos serve um pouco como régua para medir o novo.

Claro que nas nossas conversas diárias abundam as comparações e as referências a Londres. Era inevitável. Já se tornou mesmo um cliché o nosso Brussels-bashing, um entusiasmo negativo pela nossa nova cidade adotiva.

Desde que deixei a cidade inglesa que eu sabia que para qualquer sítio onde eu me mudasse as comparações seriam inevitáveis. Com Lisboa fui branda e condescendente - pouco me poderia surpreender, afinal. Mas com Bruxelas eu sabia que iria ser implacável. E não falhei na previsão.

É difícil amar-se Bruxelas. A cidade é pequena. Não é particularmente atrativa ou bonita. Os seus sítios de interesse estão espalhados no espaço. O seu caráter particular ainda não o consegui descortinar. Semi-hiberna aos fins-de-semana. 

Tem coisas que admiro e das quais a possibilidade de viver no centro é a mais notória. Dá-me a possibilidade de me deslocar a pé para o trabalho, o supermercado, a lavandaria, as ruas comerciais principais e bares noturnos, coisa impossível em Londres. 

Mas esta pequenez geográfica acarreta com ela a escassez de coisas para ver, fazer, visitar. A artificialidade deste país, onde valões vivem lado a lado com flamengos sem necessidade de se entenderem uns aos outros, torna extremamente difícil sentir o caráter do povo belga e da sua capital.

Em compensação existem as instituições europeias, qual colmeia gigante em torno da qual zumbem diferentes vozes, linguagens, nacionalidades e espíritos. Aqui as expressões "multiculturalismo", "multilinguismo" e "diversidade" ganham uma conotação plena. E a palavra EUROPA também. Porque existe uma qualquer semelhança entre toda esta gente, há um fio condutor que (n)os liga a todos, que apesar de diversos partilham o mesmo núcleo e os mesmos valores básicos. Como uma família, vá.

Brussels-bashing não é algo limitado às minhas conversas com a M. Expandimos a novos conhecimentos, a pessoas que como nós estão aqui há pouco tempo e temporariamente. E porque as perguntas de circunstância "Estás a gostar de Bruxelas?" ou "O que é que estás a planear para o fim-de-semana?" são frequentes quebra-gelos, como é óbvio. 

Quem vive aqui há mais tempo, durante os nossos almoços de amigos na cantina, recomenda paciência. "Dá-lhe mais uns meses", dizem eles. "A cidade vai acabar por te conquistar." Eu torço o nariz e vejo a mesma reação espelhada na cara familiar à minha frente. Mas porque desconheço a minha vida para além de julho, continuo a dar o benefício da dúvida à cidade.







S.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Ele há coisas... #4


Alguém andou a pedir desejos...

O que é engraçado é que esta não é a única árvore com pulseirinhas; há várias ali no Parlamento cheias de fitas vermelhas e brancas atadas aos ramos.

Espero que o esforço tenha valido a pena...



S. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Dantes era mais o Tulicreme



Não sei como é que passei uma vida inteira sem isto, sinceramente.

No domingo foi dia de crepes barrados com Nutella e ontem fui surpreendida a comer isto à colherada. Era inevitável, nem sei porquê a surpresa. Eu, que amo de paixão chocolate com amendoim como poderia não amar chocolate com avelã? Esta maravilha, que fica a meio caminho entre chocolate quente e M&Ms?


P.S. Este blog está a ficar com demasiados posts de guloseimas e comida de nojo. Tenho de começar a equilibrar isto com mais chás (dos de beber, não dos peludos).



S.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ele ouve-se coisas... (ou "não vás estudar francês que não é preciso!")

Quando regressava do trabalho, oiço uma voz de menina muito entusiasmada que gritava "Le CHÁ! Le CHÁ! Le CHÁ!" enquanto apontava para um muro. Assim que ouvi a palavra virei-me (gosto mesmo muito de chá) e pensei "Chá? Aonde?"

Era um gato.







S.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Conversa de lixo - ou lixo de conversa

Nunca percebi as vantagens dos sistemas de recolha de lixo porta-a-porta.

Dá mau aspeto às ruas das cidades, ocupa espaço nos passeios e os homens do lixo, em vez de pararem em meia dúzia de locais têm de percorrer cada rua e parar de 10 em 10 metros.
 


A única vantagem é mesmo para as pessoas, que escusam de se deslocar ao contentor mais próximo (não há) porque é só mandar o saco do lixo porta fora. Mas claro que ninguém gosta de ver lixo à porta de casa. No dia em que tivemos sem luz - e no qual portanto as distrações não abundaram - ficámos a apreciar da janela uma senhora que mandava pontapés no saco do lixo ao longo do passeio para ficar o mais longe possível da sua residência.

Aqui, a reciclagem é obrigatória por lei. Existem assim os sacos brancos, como os das fotos, para o lixo regular, que é recolhido duas vezes por semana, os sacos amarelos para o papel e os sacos azuis para embalagens/latas, recolhidos uma vez por semana. Uma coisa curiosa é que quando eles dizem "embalagens/latas" é mesmo só isso, embalagens ou latas. Ou seja, não é plástico e metal, uma vez que sacos de plástico, por exemplo, não são admitidos no saco azul e têm de ser deitados no lixo geral - o que ainda me faz muita confusão.



Cada rua tem dias específicos de recolha, por isso o nosso prédio tem uns folhetos que indicam os dias para cada tipo de sacos, no nosso caso: às quartas-feiras são os sacos todos, aos sábados o lixo geral.



Quanto ao vidro... Não faço a mínima ideia. Temos aí umas 3 ou 4 garrafas às quais não sabemos o que fazer. Parece-me sacrilégio mandar vidro junto com lixo geral, por isso continuam aí arrumadinhas até descobrirmos como e onde se reciclam garrafas.

Na minha opinião, o sistema de recolha do lixo é bem mais acertado em Portugal do que em Bruxelas ou Londres. Cada vez que apanho as ruas cheias de sacos de lixo nos passeios não resisto a revirar os olhos com impaciência e pensar "Está visto que hoje é dia de recolher o lixo". Não é uma vista agradável.



S.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ele há coisas... #3


Isto intriga-me. Diariamente.

Quem urinar ali tem defesa? Pode-se urinar ali? Não deveria ser qualquer coisa do género "Aggression pour uriner"?

Desde que vi um homem a aliviar-se contra uma parede de uma estação de metro, em pleno dia e à plena vista de toda a gente, nada me espanta.



S.

Embutilhagem em Bruxelas

Quarto dia sem transportes públicos. Ainda assim, o primeiro dia de trabalho oficial, que foi o que valeu à cidade. Apenas um dia de grande confusão, em vez de quatro.


Enquanto caminhava até ao trabalho esta manhã, lembro-me de pensar "Esta cidade é mesmo esquisita..." Isto porque apesar de saber que os transportes públicos estavam suspensos e que hoje era dia de trabalho normal para os bruxelenses em geral, a cidade estava deserta! Estava à espera de mais pessoas a andar pelas ruas ou a deslocarem-se de bicicleta, muito carro na estrada, filas e confusão de tráfego.

Nada. As duas escolas por onde passo permanecem fechadas, o caminho que faço tem portanto uns menos 90% de gente. Mas e ninguém trabalha? Não seria de esperar mais confusão à hora de ponta, em vez de esta cidade-a-meio-gás-digna-da-semana-passada? Cheguei a pensar que por causa da suspensão dos transportes a maior parte das pessoas tivesse apenas encolhido os ombros e tirado este dia de folga para se poupar à chatice (afinal nem toda a gente tem um carro ou vive a uma distância razoável do emprego para poder ir a pé).

Mas isto foi antes de ter experienciado a hora de ponta ao fim da tarde. Aí sim, a confusão nas estradas foi bem visível. A somar a isto o dia de chuva sem parar, parece que houve mesmo um grande aumento no número de acidentes na cidade.

Ao que parece, os sindicatos resolveram re-abrir a rede de transportes amanhã de manhã. Um alívio de certo para muita gente e uma cidade que volta a funcionar em pleno novamente. Pela parte que me toca, só digo isto: abençoado o dia em que tomei esta resolução.



S.  

Ursinhos de goma

A semana passada acabei com o stock de ursinhos de gomas do Parlamento. Desde então não voltaram a repor. Digam-me agora se tenho condições para trabalhar.




S.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Onde está o tram?

No sábado, quando por acaso fui parar ao site da rede de transportes de Bruxelas, reparei num aviso que informava que devido à agressão violenta de um dos seus funcionários na linha de comboio, os transportes estavam completamente suspensos durante todo o dia. Na altura não percebi bem se seria um suicídio, o que justificaria a decisão de suspender a rede de transportes (ainda que os autocarros também, provavelmente já seria exceder o razoável...)

Ontem e hoje, enquanto andámos pela rua não vimos um único transporte público. Ontem, justificámos com o ser Páscoa, normal já que todas as lojas e restaurantes estavam fechados. Hoje, apesar de ser ainda feriado e a grande maioria dos serviços estar ainda a meio-gás, pensámos "Isto já começa a ser ridículo, então não há transportes públicos aos feriados??"

Mas hoje, após dois dias sem eletricidade e de um corte forçado com o mundo, resolvemos finalmente o mistério.

"Suite à l'agression dramatique d'un de nos collaborateurs samedi matin sur le réseau de surface, la direction de la STIB à décidé de suspendre l'exploitation du réseau de métro, tram et bus et de ne pas reprendre avant la réunion avec les autorités fédérales ce lundi."


A minha primeira reação foi incredulidade. O quê?! Mas há três dias que a rede toda dos transportes está suspensa? Onde é que isto já se viu? Sinceramente, a história do empregado que morreu à pancada é dramática  e macabra o suficiente - o senhor tinha sido chamado para inspecionar um pequeno acidente entre um autocarro e um automóvel quando foi atacado e morto - mas parar todo o tipo de transportes de uma capital? Como é que é suposto as pessoas se deslocarem? Eu sei que disse que Bruxelas era uma cidade pequena, mas pequena na mesma medida em que Lisboa é pequena - o que ainda é tamanho considerável para percorrê-la a pé.

Amanhã retoma-se o trabalho e as caminhadas. Cheira-me que a mim se vão juntar muitos bruxelenses.





S.

sábado, 7 de abril de 2012

O túnel da Mancha

Este assunto, que é ainda uma continuação do post anterior, merece um post à parte. Isto porque tem que ver com algo que há muito brinca com a minha imaginação.

Ora bem, já sabia algumas coisas sobre o túnel do Canal da Mancha antes da passagem do D. por lá, mas havia muita coisa que era ainda nebulosidade no meu conhecimento:

- Sabia que é um túnel que liga a parte mais estreitinha de mar entre França, ou a Europa continental, ao Reino Unido, mais ou menos Calais-Dover;

- Sabia que tinha sido inaugurado em 1994 (!! menos de 20 anos!) e que é tão novinho devido às desconfianças que os britânicos mantiveram durante muito tempo em relação a ter uma ligação terrestre com a Europa continental - assim seriam muito mais fáceis de atacar militarmente. Tendo em conta que foi o facto de serem uma ilha que os livrou de uma invasão Nazi e de uma invasão Napoleónica, e que é uma ilha que não é conquistada por ninguém desde 1066, percebe-se as reticências;


- Sabia que aquilo tem dois túneis, um para passarem comboios - o Eurostar - e outro para passar o trânsito rodoviário.

Mas outras coisas faziam-me coceguinhas no pensamento: será que é tudo escuro? Será que demora muito tempo a atravessar? Será que se veem as famosas White Cliffs of Dover, como quando se atravessa no ferry Calais-Dover (uma das viagens que me ficou encravada por não ter feito)? Por isso chateei as pessoas que conheço que já atravessaram o túnel com a pergunta "Mas o que é que se ?" Ninguém me soube dar uma resposta satisfatória.

Claro que desta vez com o D. a ir a Londres de expresso a oportunidade era boa demais para me escapar. Bombardeei-o com perguntas até a minha curiosidade estar satisfeita, tanto durante a sua viagem como quando cá chegou (sem nenhuma foto, a blasfémia!).

Há um controlo de fronteira, essa foi a primeira coisa. A minha surpresa tornou-se num revirar de olhos impaciente quando me lembrei que os britânicos não estão no espaço Schengen, o espaço europeu onde se pode viajar de um lado para o outro sem controlos de fronteiras. Ali, há, e a espera que se gera para fazer o "check-in" não é pouca.

Mas a grande surpresa veio depois. Parece que a espera é ainda mais demorada porque os carros/autocarros/camiões entram para dentro de contentores sobre carris (!!!) que transportam os veículos do continente para a ilha e vice-versa.



Ou seja, não há estrada, apenas carris. Os veículos vão muito bem sossegadinhos dentro destes contentores que demoram 40 minutos a atravessar o túnel.




Dado o meu grande interesse neste túnel, não faço ideia porque é que nunca me dei ao trabalho de o ir pesquisar no Google. Mas ainda bem que não. O sistema dos contentores foi bem mais interessante e surpreendente - com direito a olhinhos esbugalhados e brilhantes e boca aberta de surpresa - quando explicados por quem já o experimentou.

Se bem que a ausência de fotos ainda não perdoei completamente... Se não fosse o chocolate quente estava lixada.



S.

O chocolate quente da Twinnings

Entretanto ele voltou das Terras da Rainha e eu voltei a ter pennies na mesa da cozinha, um Oyster e um folheto sobre London Bus Tours.

Depois de o ter bombardeado com perguntas - que se podem resumir nesta "Então, Londres está no mesmo sítio onde a deixámos?" - lá desencantou da mala o meu presente:




E em boa hora o fez, porque já só tinha para mais uma dose (se esta conversa da "dose" não me alerta para o facto de estar irremediavelmente viciada neste chocolate quente não sei o que alertará...).



S.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

É Páscoa ou é Natal?

Não sei muito bem porque é que tenho o álbum de Natal do Bublé em modo aleatório no iTunes...

Um viva às incoerências desta vida.





S. 

A solidão é solitária

Já não sei estar sozinha. Acho que lhe perdi o jeito.

Em Londres eu sabia muito bem estar sozinha. O meu horário reduzido de aulas e o trabalho exigente do D. fizeram com que eu passasse muito tempo em casa, contente de volta das tarefas domésticas que eram minha obrigação pela primeira vez, a dar um pulinho à High Street, ir ao banco, ir ao supermercado, ir à Primark bater palminhas aos preços impossivelmente baratos. Palmilhar a cidade na companhia exclusiva de mim mesma. Ao final da tarde, ele chegava a casa, e o sentimento de lar instalava-se; as horas solitárias do dia eram agradáveis porque temporárias. E porque eu sempre gostei muito da minha companhia.

Em Portugal tinha o contrário, horário a rebentar pelas costuras, tempo passado a trabalhar em vários sítios diferentes com pessoas diferentes, sempre com companhia. À noite e aos fins-de-semana lá estávamos nós dois, e se não estávamos, a proximidade dos pais, avós e um Luky a dormir ao tapete nunca deixava espaço para solidões.

Aqui, tenho permanente companhia: no escritório com colegas, ao fim da tarde e fins-de-semana o D. 

Não admira pois que uma solidão, ainda que de poucos dias, me pareça estranha. À boa moda do Luky, eu aproximo-me dela, cheiro-a e torço o nariz por não a achar familiar. Ainda que tenha por ela uma espécie de amor-ódio. Enquanto caminhava para casa depois do trabalho (sim, estou-me a aguentar estoicamente neste meu novo hábito, quem diria...) ía enumerando entusiasmada todas as coisas que podia aproveitar para fazer em casa estando sozinha: aproveitar o silêncio para me embrenhar a fundo na leitura, ver episódios de Downton Abbey em modo contínuo, limpar a casa de alto abaixo, estudar muito muito muito para o exame que se aproxima...

Mas depois uma pessoa chega a casa e não está cá ninguém. Os estores estão corridos e a sala está na penumbra. Silêncio. Nenhum movimento fora o meu. Ninguém com quem dividir a baguete quentinha acabadinha de comprar.

Ainda por cima a cidade está meio deserta, já a hibernar para o fim-de-semana prolongado de Páscoa. A caminho para o trabalho quase não vislumbrei vivalma; as duas escolas por onde passo estão fechadas para férias. Menos gente na rua, no trabalho, menos carros. A minha colega de escritório doente e a minha supervisora de férias. Cidade e Parlamento a meio gás.

Ao que a tudo isto se soma a ansiedade a borbulhar cá dentro quando sei que ele está em viagem. A transitar de um lado para o outro. Eu juro que não era assim; não me lembro de momento em que ganhei esta paranóia estúpida e irracional de entes queridos em viagem. Sei que há cerca de dois anos, quando o D. embarcou para Londres uns meses antes de mim, eu passei o dia todo agitada. Estava no meu trabalho de verão e lembro-me perfeitamente de ter aberto um site daqueles que mostram o percurso dos aviões em direto e estar constantemente de olhos presos na figurinha minúscula do avião por cima do mapa imenso da Europa. Desta vez não deu porque a viagem foi de expresso. Ainda que a possibilidade de mandar mensagem de vez em quando tenha atenuado a paranóia.

Dei o desconto de na altura ser por causa da grande mudança, do lançamento um bocado às cegas que foi a ida dele para lá, a incerteza de se tudo iria correr bem. Mas ele depois veio (foi! não é veio... por mais mudanças o compasso geográfico nunca muda, caraças) a Portugal. E eu passei outro dia com o nervosismo a borbulhar no peito, daquele chato porque não dá para acalmar visto não ter razão lógica. Ainda pensei que tivesse que ver com aviões - tenho uma irritação e nó no estômago cada vez maior quando preciso de utilizá-los - mas hoje veio confirmar que não. Também se aplica a autocarros. Se bem que hoje foi misto de ansiedade com excitação a fazer as contas mentalmente tentando imaginar quando é que ele passaria o Túnel da Mancha. Parecia uma criança: "Já chegaste? Já chegaste? Já chegaste?" Quando me informou que já estava em solo londrino abri um sorriso do tamanho do mundo, de alívio misturado com alegria por tê-lo a ele em Londres - devo pensar que estas coisas se transferem por osmose...

Por isso concluo: estar sozinha num lado qualquer é aborrecido. Desamparador. Tenho muita mania de achar que amo a vida de emigrante, que me abre o espírito e me desperta os sentidos mudar de cidade e de país, mas a verdade é que eu não aguentava aqui sozinha uma semana. E que portanto a companhia, o apoio emocional nas banalidades do dia-a-dia, a partilha da descoberta de novos lugares e as duas escovas de dentes na casa de banho não são para ser tomados como garantidos ou trivializados; se não fossem eles sei perfeitamente que não estaria aqui.




S.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Oyster



Eu sabia. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo íamos precisar deles, vindo viver para Bruxelas. Lembro-me perfeitamente de ter passado pelos cartões, dentro da fruteira onde sempre estiveram (que entre carregar Oysters, lápis, canetas, papel e até pauzinhos japoneses, de fruteira tinha pouco) e hesitar: "Meto-os na mala ou não? Afinal Londres fica a hora e meia de Bruxelas..." mas empinar o nariz e muito dramaticamente pensar "Não! Não os levas, Sara, tens de saber largar o passado!"

Eis que um mero mês depois lá vai ele à cidade inglesa. Vai ter de comprar um para se deslocar por lá e nós com quatro em Portugal, muito quietinhos lá na fruteira-que-não-é-fruteira. Porra para as decisões dramáticas tomadas em vez das práticas!


P.S. Parece que vai realizar um sonho. Ou juntar dois, não sei bem. Afinal um Chelsea-Benfica não é todos os dias. Eu, criaturatizinha mais desafetada por um futebol que move tantos milhões de almas, estaria entusiasmada era por atravessar o Canal da Mancha. Mas parece que agora trabalho ou que é, não vai dar.





S.

Ele há coisas... #2

Eu tinha-me mentalizado que iria colocar aqui um pormenor fotografado todos os dias mas como já sabia que iria falhar nessa tarefa não me comprometi. E ainda bem porque falhei logo no segundo!

Whatever.

Aqui vai o segundo detalhe da série.



Fica muito perto da nossa casa, passo por ela todos os dias, por isso não posso dizer que seja uma surpresa. Mas na altura, quando a vi pela primeira vez, foi. É extraordinário o tempo que levou até eu reparar que esta varanda tinha qualquer coisa de especial. Normalmente caminha-se de olhos postos no chão ou em frente, mas raramente se olha para cima. Especialmente quando se faz o rotineiro caminho casa-trabalho.

Foi o dourado que captou o olhar. Desenhos a dourado não é algo comum, especialmente numa arquitetura urbana que mistura fachadas de pedra ou tijolo. As janelas redondas também são excecionais. O gradeamento branco dá o toque final nesta varanda diferente de todas as outras.




S.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ele há coisas... #1

Sou uma pessoa muito mesquinha. Sempre fui. É a atenção ao detalhe e a meticulosidade na sua versão menos boa. Consigo frequentemente perder o argumento central de uma discussão/notícia/discurso se encontro por lá um errito ortográfico, gramatical ou qualquer outra incorreção (grammar nazi, amo a expressão!). Quem convive comigo frequentemente sabe - é irritante.

Mas por outro lado reparo em coisas insignificantes e que passam ao lado da maior parte das pessoas. Mas são estes pormenores - estou cada vez mais convencida - que são o que acabam por formar as memórias mais duradoras e capazes de nos trazer um sorriso muitos anos depois. E é por isso que vou iniciar uma nova série de posts dedicados a detalhes parvos, aleatórios, insignificantes, mas que de alguma forma me suscitaram a curiosidade, me fizeram olhar duas vezes, ou me puseram a sorrir como uma maníaca em plena rua.

Aqui vai o primeiro:



Na foto não dá para ver claramente mas isto basicamente é o seguinte: duas setas nas quais alguém escreveu por cima "right" e "left" mas nas setas erradas. Alguém achou por bem riscar o "right" e o "left" e escrever novamente "left" e "right" mas desta vez por cima das setas corretas.

Isto foi na estação de metro Schuman, que está em obras e com corredores até às plataformas sinuosos e algo duvidosos. Anda-se um bocado às cegas até lá, de modos que é sempre bom quando nos deparamos com duas setas que indicam para um lado e para o outro mas sem dizer para onde. Muito útil, portanto. A confusão dos "lefts" e dos "rights" foi a cereja no topo do bolo daquela inexistência de direções.

E eu adoro comunicações improváveis. Já disse quão me irritam as incorreções no geral? É sempre bom encontrar almas gémeas!



S.