quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dissertação: check

Afinal escolher o tema da dissertação final foi muito simples.

Dissertações/teses de mestrado sempre foram alvo de muita curiosidade por minha parte mas também muito respeito. Afinal, é preciso alguma dose de coragem para:

1. Escrever 30 000 palavras sobre uma investigação original da nossa autoria;

2. Defender essa mesma investigação numa audição pública, perante um júri e quem mais quiser aparecer.

Mas isto são as teses dos mestrados portugueses. Um Master britânico tem duas diferenças muito significativas, e que tornam todo o processo de imaginar, investigar e escrever uma tese muito menos assustador:

1. São apenas 10 000 palavras (isso é pouco mais do dobro de um essay final; já fiz 3 por isso já cobri o espetro da dissertação :) )

2. Não há defesa da dissertação, apenas entrega e avaliação normal.

Sim, este último ponto só o descobri quando já estava em aulas de mestrado cá e fiquei estupefacta. Não há defesa da dissertação?! Ora, isso tira o pânico todo à coisa. E 10 000 palavras, vamos ser sinceros, é pouco. Para mim é perfeito, nunca consegui meter 'palha' nos testes nem nos trabalhos. Dissertação = 2 essays para mim é perfeito.

A semana passada todos os alunos de European Studies receberam um e-mail do departamento com a tão temida ficha para preencher com o título da dissertação final. Nervosismo e algum pânico verificou-se. Desta vez, e ao contrário dos essays do 1º semestre, não participei nesse pânico.

A minha ideia para tópico de dissertação final tem-se mantido sempre a mesma desde que me inscrevi na King's. Durante o verão, sob a perspetiva de ir estudar num ambiente diferente, numa universidade mais exigente, fartei-me de ler livros sobre a União Europeia, para não entrar no curso sem base nenhuma. Ao mesmo tempo ía tentando perceber qual a área, dentro da UE, que mais me dizia. Foi enquanto lia um livro sobre o Médio Oriente que me surgiu a ideia: direitos das mulheres. Que direitos das mulheres seja algo flagrante quando lemos algo sobre o Médio Oriente não é de estranhar, mas e então onde fica a UE no meio desse tema?

Sempre tive a ideia de que a UE tinha uma preocupação peculiar com a igualdade de géneros. Ou melhor, desde sempre, não. Tenho uma vívida recordação da presidência portuguesa da UE em 2007, muito devido à assinatura do Tratado de Lisboa (nesse dia ninguém pagou transportes em Lisboa! E os autocarros da carris andavam com duas bandeirinhas, da UE e de Portugal x) ). Mas em especial lembro-me de me vir parar às mãos um CD pequenino que continha as prioridades da presidência portuguesa e onde se destacava a igualdade de géneros. E lembro-me de ter ficado surpreendida. E de ter achado um máximo.

Porque quando pensamos em direitos das mulheres pensamos em países árabes, terceiro mundo, etc. É bem mais flagrante a sua violação nesses países. Sem dúvida alguma. Mas a Europa... A Europa ainda tem um percurso longo a percorrer. Ainda existem falhas. Verdade seja dita, as mulheres nunca viveram uma época tão cheia de oportunidades como a minha geração o tem. Mas a igualdade de géneros ainda não é uma realidade. Mais oportunidades para as mulheres significa mais dificuldades, entraves e discriminação. É muito fácil ser mulher num mundo onde a única verdadeira e aceitável hipótese é ser dona de casa e ter filhos. Educação e mercado de trabalho abertos significa potenciais (e reais!) discriminações e obstáculos. É uma área à qual sou muito sensível, toca-me e choca-me como poucas conseguem verdadeiramente fazer. É por isso que só faz sentido que a minha dissertação seja sobre esse tema.

A especificidade tem de ser maior, mas essa será decidida enquanto faço a leituras de investigação sobre o tema. Possíveis tópicos podem ser a evolução da legislação sobre igualdade de géneros, a importância do Tribunal de Justiça Europeu, etc. A professora a quem pedi opinião sobre o tema aconselhou-me a entrevistar as deputadas do Comité dos Direitos das Mulheres do Parlamento Europeu. Disse que iriam ficar encantadas por eu estar a fazer dissertação sobre isso. Não consigo deixar de rir quando penso nisto, um risinho nervoso, porque iria ser tão espetacular mas... sou tão aluna. Mete-me impressão que aquela gente se sentisse minimamente disponível para entrevistas para a minha humilde dissertação :D.

É uma área onde, talvez como mais nenhuma, me vejo a construir uma carreira. Em qualquer instituição, em qualquer país, em qualquer setor do mercado de trabalho. Claro que a minha ambição é a Comissão. Mas penso que seria feliz se pudesse ter um emprego onde o meu trabalho fizesse a diferença nessa área.

Por isso é com um coração muito leve que vou preencher a ficha com o título da minha dissertação.

'How effective has the European Union been in promoting and achieving gender equality'.




S.

3 comentários:

  1. estás mesmo entusiasmada com o tema da tua tese!

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  2. as teses aqui agora também só são 10 000! pelo menos no iseg são...
    e fico feliz por já saberes o que queres fazer para a tese, tanto por teres uma ideia fixa como por realmente gostares do tema. uma amiga minha sofreu imenso por fazer um tema que apenas a interessava "um bocado", custou-lhe mesmo muito... quem me dera ter alguma ideia sobre o que escrever, quiçá tente arranjar estágio e fazer relatório :/

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  3. este é um tema pelo qual tenho muito interesse e desde que soube que era viável para dissertação fiquei muito contente :)

    relatório de estágio acho que é a melhor escolha, já que ficas também com experiência profissional assim que terminas o mestrado. Aqui infelizmente não há essa hipótese, se bem que tenho andado a candidatar a estágios em instituições de direitos das mulheres e a implorar que me aceitem :D

    ps - tens alguma instituição preferida na tua área bárbara? ou o iseg tem parceria com instituições e os alunos são colocados nessas? xx

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