quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quero uma casa deste tamanho

Tenho um grande desgosto de não conseguir ler no autocarro. E que a minha viagem de metro seja tão curta que não dê para ser aproveitada.

Isto porque tenho saudades de ler por prazer, ler apenas literatura, sem ter preocupação de tirar apontamentos, pensar onde aquilo poderá ser útil, anotar a página. É que eu amo o tema da minha dissertação, mas o meu espírito anseia por leitura relaxada, carefree. Não tendo o tempo nem a vida que tinha há 2 meses atrás, faz-me espécie que a 1hora e 30 minutos que passe todos os dias no autocarro seja passada a dormir. E que a meia hora de metro, partida em dois, não chegue para ler uma página, entre o abrir o livro, segurar o poste com a outra mão e fazer as danças costumeiras em cada paragem para acomodar quem sai e quem entra.

Uma das primeiras coisas que estranhei quando mudei os meus movimentos pendulares - o chamado commutting - de Hounslow-London para Mafra-Lisboa foi a ausência de livros e netbooks, kindles e ipads no metro lisboeta. Cheguei à conclusão de que o metro lisboeta não é metro de commuting como o metro londrino o é. Lisboa tem metro de centro de cidade. Quem vive nos arredores tem frequentemente de utilizar outro meio de transporte até uma estação. O que significa menos tempo passado no metro, e a desnecessidade e impraticalidade de aproveitar esse tempo para ler.

Tenho saudades de metro, assim como tinha saudades de cidade. Gosto de não ter necessidade nenhuma de automóveis. De não ter de pensar em preços de gasóleos, em lugares para estacionar, em rebuscar na mala à procura da chave. De ter apenas um livrinho-mapa na mala e toda a vontade do mundo para explorar, sem adereços poluentes atrás. Ir a pé de um lado para outro, para mim a maior vantagem de viver numa cidade.

Há quem anseie pelo campo, pela tranquilidade, pelo silêncio, pela ausência de multidões. Ui, que ovelha tresmalhada sou eu! Eu desejo o rebuliço de qualquer cidade, muita gente na rua, cada um tratando da sua vida, da mudança constante das montras e sítios por onde se passa. Dá-me calafrios ao pensar nas férias sonhadas por muita gente de uma casa no meio do nada, sem vivalma por perto, cortada do resto do mundo. Eu quero o mundo à minha volta, muito mundo, se possível vibrante e cheio de mudanças constantes. Porque em termos de serenidade já basto eu.

Agora, se vou pensar sempre assim? Provavelmente não. A minha opinião em relação a estúdios vs casas grandes também irá provavelmente mudar. A idade, afinal, é mãe de muita mudança. (E já notei que as minhas afirmações não têm necessariamente longa vida. Espero que haja exceções, no entanto.) Por agora é assim que penso, é isto que expresso. E por agora a minha ambição não é vivenda nos subúrbios, é apartamento bem no centro da cidade, seja ela a que o destino me/nos reservar.





S.      

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