quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Correios a correr

Existe um posto de correios em Arroios que encerra muitos dos meus sonhos para um futuro próximo.

Calhou, porque era o que me ficava mais a jeito, ser ali onde eu enviasse três envelopes que me põem cheia de ansiedade cada vez que penso neles, que é todas as vezes que passo por aquele posto de correios, 6 vezes por semana, portanto.

Em agosto, a candidatura para a Comissão, sobre a qual mais depende o meu futuro próximo e o futuro mais longínquo, e sobre a qual fico doente de ansiedade quando penso nela. Evito entrar em devaneios e em "e se..."s, porque senão perco a capacidade de me focar no presente e aguentar os já longos 4 meses de espera por uma resposta.

Em setembro, a minha dissertação final rumou em direção a Londres, naquele mesmo posto, e com as mesmas borboletas na barriga. Não faço ideia do nível de nota a que aquilo está mas sei perfeitamente qual almejo. E as borboletas transformam-se em dragões quando me dá para ler e reler o que escrevi tentando avaliá-lo como terceira-pessoa, tentando perceber o que faria diferente, o que não está assim tão bem, com o meu sempre implacável e auto-crítico olho.

Hoje, foi novamente dissertação, desta vez em versão portuguesa, para tentar a minha sorte e o meu mérito num concurso nacional. Este é talvez o que menos ansiedade me causa, já que do seu resultado não está dependente nenhuma decisão de vida. O facto de o ter enviado no mesmo posto de correios que anteriormente, tratado pelas mesmas caras atrás do balcão, faz com que a coisa se tenha ritualizado e que as borboletas tenham aparecido mesmo sem terem sido convidadas ou merecidas.

Não há vez que não passe ali e não me lembre do que ali deixei e do que por ali está em jogo. É um simples intermediário, pois está claro que sim, eles não decidem nada. Mas é como se fosse a janela pela qual eu libertei um passarinho que criei desde bebé, e que finalmente aprendeu a voar. E quero ver que coisas trará no bico (se é que alguma coisa trará, se é que voltará de todo).




p.s. - Não faço ideia do que é o "passarinho" nesta metáfora... A janela seria o posto dos correios, eu seria a pessoa a libertar o passasinho, agora o passarinho em si não sei o que seria. Metáfora um bocado parva, agora que penso melhor.

S.

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