terça-feira, 18 de outubro de 2011

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Se há coisa que me ficou dos meus anos de missa todos os domingos foi a capacidade de prestar atenção e ficar quieta quando é preciso. É algo que adquiri após muito ano de 1 hora por semana onde não podia rir, sussurrar, mexer, vá.

No fundo, ficou gravado no meu inconsciente que quando é para estar calado e quieto, é para estar calado e quieto, ponto final.

Ora, hoje constatei que tal capacidade é extremamente rara e não tanto do senso comum como eu sempre a tomei.

Sempre pensei que estar com atenção era algo que se melhorava com o tempo, do tipo:

- difícil na primária e no ciclo;
- melhorzita no secundário, mas ainda muita conversa;
- na universidade, já é tudo adulto e ninguém é obrigado a estar ali, portanto a atenção é maior;
- vida adulta, seria total.

A minha experiência até aqui tinha corroborado esta impressão, tanto que no liceu era conversa pegada, na univ chegámos a ouvir ralhetes, e por fim no Mestrado conto pelos dedos os focos de conversa que apanhei.

Não podia estar mais enganada. Hoje, na conferência sobre Violência de Género a que assisti, vi coisas que me fazem perder a fé na correlação + idade = ser humano aperfeiçoado. Pessoas com o dobro da minha idade a consultar facebooks, e-mails, etcs, nos seus netbooks pequeninos durante as apresentações, conversas (às vezes não tão) sussurradas, tiragem de fotos a toda a sala em plenas exposições dos oradores. Às duas senhoras à minha frente, que conseguiram a proeza de fazer as 4, só me apetecia bater no ombro e perguntar, com toda a comiseração do mundo "Quem é que vos está a obrigar a estar aqui, pobres de vós? Que criatura sem coração é que vos está a fazer passar pelo martírio de assistir a uma conferência tão pouco interessante e pertinente para vós como esta sobre a violência de género?"

Ainda fiquei na dúvida se teria regredido à minha adolescência já que comportamentos destes são típicos de adolescentes muito contrariados nas aulas e que querem lá saber o que o professor está para ali a dizer, não veem a hora de tocar para o intervalo. Mulheres muito alouradas e muito encamisadas que aos 40 anos pensam que ser adulto é botar muita maquilhagem no rosto e muito verniz no dedo do pé. E deixar que os anos façam o resto. Continuam a fazer coisas por obrigação mas fazendo questão de mostrar o quão por obrigação as estão a fazer.

Ser adulto é saber ter a consciência de escolher o que se quer realmente e tomar a responsabilidade dessa escolha completamente. Nas coisas às quais não podemos fugir e que não gostamos particularmente, temos pena mas ser adulto é aguentar muita contrariedade sabendo que a vida não é só feita do que se gosta. O muito simpático "suck it", ou o bom "aguente-se" em português. Mas isto sou eu que sou uma ingénua nestas coisas de adultos e só cá ando oficialmente há 5 anos.

Assim como assim gostei muito da conferência em si, a minha primeira a sério. Informação sobre as coisas de género como se quer, e pessoas que percebem do assunto a expôr as suas conclusões/instigar debates. Sim, porque a partir de agora o mais parecido com aulas que eu posso ter são estas coisas. E eu tenho planos de aproveitar todinhas as que forem do meu agrado e às quais puder ir.

FCSH, não te esqueças que ainda me estás a dever um Mestrado. Um dia destes cobro-te-o.



S.

4 comentários:

  1. A FCSH é um tormento que a todos nós nos assombra o dia a dia... Até lá camarada

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  2. Eu tenho que confessar que as minhas memórias daquele sítio são todas boas. Sou doente, eu sei.

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  3. lol sara, não és só tu que pensas assim da fcsh, deixa estar...

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  4. Eeeeh... Não me metas no grupo em que eu acho que me estás a meter Bárbara! Eu não sou graxista!

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