Assim num instantinho e muito de repente, fiquei a saber que dentro de uma semana vou concretizar duas viagens de sonho.
Agora fiquei com um bocadinho de vergonha de dizer quais são, sob pena de quem me lê ficar a pensar que os meus sonhos são bem modestos, eu que sou uma valente defensora do aim high e blá blá blá, mas odeio o calor de fazer vómitos e a Europa é neste momento o que me faz cócegas na curiosidade, não tenho viagens de sonho fora daqui...
Bom.
A primeira será Frankfurt. Há alguns anos que ando com uma vontade imensa de visitar a Alemanha. Sei que é tudo menos um sítio popular neste momento, mas sinto que a Alemanha é neste momento um grande buraco negro no meu conhecimento da minha casa europeia e na minha construção identitária do que é ser europeu. E eu gosto de ser do contra, por isso é quando ela é menos popular que me dá mais vontade de a conhecer, um bocado como quando embirrei com o Avatar porque toda a gente viu e dizia que era maravilhoso e por isso mesmo não o fui ver.
Não sei como ainda não calhou, já que estive muito perto de pisar solo germânico várias vezes: Estrasburgo ficava a uns 10 km da fronteira (de qualquer forma, aquilo é mais germânico que gálico); depois, a conferência de Passau em setembro, que estive a ansiar desde o início do ano mas que acabei por não poder ir por calhar mesmo na minha primeira semana de trabalho (pedir férias antes de começar a trabalhar se calhar não fica muito bem...). Além disso, Bruxelas fica a uma hora e meia de comboio de Colónia e de meia dúzia de outras cidades alemãs, de maneira que o espectro da possibilidade de uma viagem à Alemanha há vários meses que paira por aí.
Calhou agora, e será apenas um cheirinho. Ida e volta no mesmo dia não deixa muito tempo para cirandar mas confio que a minha estreia germânica será interessante de qualquer forma. E farei tudo para lhe tirar o melhor partido. Além disso, consta que Frankfurt não é aqueeela beleza arquitetónica, por isso uma voltita chegará.
Uns dias depois será Edinburgh. Esta está-me encravada desde que vivia em Londres. Planos foram feitos para lá ir, várias vezes, mas nove meses não é assim tanto tempo e a minha vida não é só passear. Abandonei solo britânico com a sensação de missão não-cumprida, de um "não fui à Escócia" que me continuou a moer a cabeça irritantemente. Designei todo um plano na minha cabeça sobre esta viagem que queria muito especial: partiria de Londres, de King's Cross, até Edinburgh ou Glasgow e visitaria a outra cidade porque as duas são pertinho. Depois, seguiria num daqueles comboios que fazem viagens cénicas pelas Highlands para ver as colinas verdejantes, daquele verde mesmo verde, os lochs cristalinos e os castelos fantasmagóricos e centenários. E ali deixaria a imaginação rolar e acredito que não seria nada difícil ter a miragem de um Hogwarts, de uma Forbidden Forest, de um Great Lake. Porque para mim Escócia tem o sabor a Harry Potter, mas também a druidas, a celtas, a palavras esquisitas gaélicas e a Alba.
Não será nada disto que irei fazer, não nesta estreia. Conhecerei apenas Edinburgh, mas diz quem o sabe que planar por cima das Terras Altas, de avião, é uma das melhores maneiras de ficar a conhecer as suas colinas verdejantes, os lochs cristalinos, e um ou outro castelo fantasmagórico. E que Edinburgh tem o suficiente para me entreter na minha curta estadia.
Fiquei profundamente aliviada por não ter que fazer escala em Londres, seja de avião seja de comboio. A minha sanidade mental agradece, já que Londres está a chatear-me que a visite há meses - desde que a vi da última vez, em janeiro - sempre a ser relegada para segundo plano e cada vez mais furiosa com o facto. Estar lá e não ter tempo de sair da estação/aeroporto é tudo o que eu não preciso neste momento - já basta viver a duas horas de comboio da senhora cidade e ainda não lá ter ido.
Estou portanto um bocado surpresa mas muito entusiasmada com o que me calhou na rifa do Destino próximo. Entretanto, há que pensar insistentemente se há algo que eu precise do território britânico, e qual seria a melhor lembrança para trazer de terras germânicas. Em último caso, as memórias serão mais do que suficientes.
S.