sábado, 26 de março de 2011

Verdura citadina - parte I

Não é muito difícil escolher a característica de Londres que mais me fascina. Os extensos km2 de verdura que esta cidade contém sempre foram objeto da minha profunda admiração. Como é possível que uma das maiores cidades do mundo tenha no seu centro extensas áreas verdes que não servem para mais nada que não para o puro contentamento dos seus habitantes? Pressão imobiliária é algo alheio a estes governantes.

Com a primavera a chegar com todo o seu esplendor e várias visitas de amigos/familiares nas últimas semanas, longos passeios nos ditos parques têm sido fonte de grande contentamento para mim (e para os visitantes também :) ). Daí que decidi fazer uma série de posts sobre os parques mais conhecidos de Londres e outros menos conhecidos, os que valem mais a pena e os que ainda tenho de ver se valem a pena.


Hyde Park

Começo pelo mais conhecido dos grandes parques londrinos, e também o maior. Começou por ser uma reserva de caça do rei Henry VIII. O que não espanta que me tenha envergonhado à frente da pobre empregada da loja do parque com o meu entusiasmo a perguntar se havia deers ali (não há). Abriu ao público no séc. XVII.

É muito semelhante ao Central Park em Nova York, como esta foto aérea mostra, o que me surpreendeu bastante quando a vi (pff, americanos, que falta de originalidade).



A característica mais visível deste parque é o grande lago, o 'Serpentine', que na verdade divide essa imensidão verde em dois parques: o Hyde Park e os Kensington Gardens. Visitei-o em pleno inverno e há uma semana atrás, e a diferença não podia ser maior:




É realmente um espetáculo ver a alegria e a mudança de hábitos nesta cidade quando o sol dá o ar da sua graça :). Converge tudo para os espaços verdes, vê-se gente a andar de cavalo (!), a patinar, a andar de skate, a andar de barquinho no Serpentine, a passear os cães, a passear os filhos, sentados na relva a ler, a fazer uma sesta, a meditar, a namorar...



A palavra que melhor caracteriza o Hyde Park é 'extenso', não só por causa do seu tamanho mas principalmente pela impressão que dá: relva e mais relva e mais relva, sempre plano, com uma árvore aqui e ali mas sem grandes pormenores como outros parques londrinos têm. Não se vê muitos canteiros com flores, arbustos ou semelhantes detalhes de jardinagem. Perfeito para fazer um piquenique na relva ou, se se tiver idade para isso, simplesmente rebolar nela (quão eu invejo crianças).

A atração mais conhecida neste parque é o Speaker's Corner, que como o nome indica fica numa das esquinas do parque. Segundo consta, é tradição centenária deixar qualquer pessoa discursar sobre qualquer assunto naquele local. Epítome do direito à livre expressão, ainda hoje se podem ver (e ouvir) pessoas a discursar todos os domingos sobre os mais variados assuntos.


Outras atrações incluem o Holocaust Memorial, o 7/7 Memorial (em memória das vítimas dos atentados de 2005), e o Diana Princess of Wales Memorial.


Nível de esquilidade: baixo (lá está, não é suficientemente selvagem para que os esquilos se sintam à vontade)

Nível de avicidade: moderado (em contrapartida, o enorme lago gera grande felicidade para tudo o que e pato)

Nível de pombaria: elevado (er... é um parque, há pessoas potenciais portadoras de bolachas/pão, é claro que há pombos)

Nível de bambicidade: mínimo (não se verifica :( . Veados é coisa inexistente neste parque. O Henrique VIII deve tê-los caçado todos)



S.

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