Ou, neste caso, após uma visita de potenciais arrendatários.
Estávamos nós a descer as escadas após mais uma vista imobiliária, tentando decidir seriamente se valia a pena ou não, o que nos parecia a casa, o que nos parecia a rua, o que nos parecia a zona, quando a vizinha tomou a decisão por nós, sem o saber:
"Não deixem a porta aberta, hã! Eu cheguei aqui e ela estava no trinco, não pode ser, certifiquem-se que a fecham como deve ser, especialmente à noite, sim porque esta zona não é muito segura." Arregalámos logo os olhos perante inesperada confissão, quando ela lança a bomba:
"Non. En fait, la máfia s'a installé dans notre rue. Oui, c'est vrai."
...
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A oficina do lado não me enganou.
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A senhora não estava a brincar. A expressão séria e a insistência em fechar a porta deu para ter a certeza.
A primeira coisa que eu pensei foi que se calhar o que ela não queria era vizinhos novos no 2º andar, ou tinha alguma querela com a inquilina atual e queria impedi-la de conseguir arrendar o apartamento (na Bélgica, os contratos mínimos são de 3 anos e, no caso de a pessoa querer sair antes, tem que procurar novo inquilino para a substituir e não pagar a multa de saída antecipada.)
Pelo sim, pelo não, pusémos de lado mais uma casa vista. "Ah, nem iamos poupar assim tanto dinheiro... A nossa casa até é boazinha... E depois ter que mudar para outro sítio... Fica longe do ginásio... Não tem transportes..."
Desculpas para quê, a palavra máfia é universal. E, mais uma vez, fica provado que os belgas não dominam a arte do agente imobiliário.
S.
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