terça-feira, 29 de outubro de 2013

Post-its de Varsóvia

- Já sabia que Varsóvia era feia. Já me tinham dito. Que era uma cidade descaracterizada, não necessariamente pobre mas desgastada, sem muitos brilhos anteriores ao século XX. O que não me tinham dito era porquê e quando o descobri fez toda a diferença. Varsóvia é feia graças à determinação dos seus cidadãos: em 1944, após uma revolta da cidade contra o domínio Nazi, Hitler ordenou que a cidade fosse completamente arrasada. E foi. Portanto, a cidade pode não ter a arquitectura grandiosa de séculos passados e a harmonia histórica de outras cidades, mas é bem capaz de ter dos cidadãos mais corajosos da Europa.

- Varsóvia assumiu-se aos meus olhos como uma cidade gigantesca. Depois de visitas recentes a Portos, Yorks, Sintras e a sempre cá Bruxelas, Varsóvia surpreendeu-me com as suas avenidas largas, enormes a perder de vista, que não convidam ao caminhar. Afigurou-se-me como uma cidade de proporções sobre-humanas neste sentido, e por isso não a percorri incessantemente a pé como costumo fazer nos sítios novos onde vou. Mas fico contente por afirmar que o tempo não pesou de todo nesta decisão já que apanhei uns incaracterísticos 18º de máxima em finais de outubro e um sol radioso nos dois dias.

- Como é possível ser a mesma hora que em Bruxelas?! É tão mais para leste. E como é possível que a Galiza e Varsóvia partilhem o mesmo fuso horário? Houve aqui qualquer coisa que escapou ao pessoal que decide que horas são onde.

- Já suspeitava porque já tinha presenciado isto em várias ocasiões no meu trabalho mas reafirmei a noção de que o alemão é uma língua fundamental europeia. Os polacos falam-na facilmente, muitos bem mais facilmente que o inglês, ainda que este não seja nenhum problema nas lojas e cafés da cidade. Não há nada melhor para eu dar valor à minha ainda principiante aprendizagem do alemão do que passar horas a ouvir muito polaco à minha volta em contexto de trabalho e de repente respirar profundamente de alívio porque duas pessoas ao meu lado estão a conversar em alemão. Uma reação muito desesperada de "olha, desta percebo um bocadinho! :')".

- No final, a impressão com que fico é a de que a Polónia é um país grande em muitos sentidos. Eles estão numa fase muito interessante de expandir as suas medidas, quase como de cumprir o seu destino, e isso é uma coisa que Varsóvia transpira. Estão a esforçar-se muito, querem mesmo muito pertencer ao clube dos grandes - como aliás lhes é merecido pela grandeza populacional, geográfica e histórica do seu país - e vão chegar lá não tarda muito. Foi só um país muito maltratado pela História e que está agora a preencher a sua forma.

- Foi a primeira vez em muitos anos que estive numa cidade onde não falava nem entendia de todo a língua e confesso que estava nervosa. Tive também uma preguiça enorme em preparar o que quer que fosse que se parecesse com um plano de visita e isto, por ser tão incaracterístico meu, impressionou-me. Tal coisa aliada a alguns azares turísticos, à mudança de hora e a uma estadia curtinha fez com que Varsóvia ficasse pois extremamente mal explorada. 

- Eu digo se depois de lá ir em janeiro, em pleno inverno europeu continental, continuarei com as minhas primeiras impressões intactas ou se alguns palavrões se juntarão à próxima análise.





S.   

Free fallin'

Ontem estreei uma low-cost nova, a Wizzair, e descobri que ter mais do que dois centímetros entre as minhas pernas dobradas e o banco da frente é um luxo chamado "extra leg room" e sujeito a uma fee especial. Eu tenho metro e meio, portanto não sei como fazem as pessoas normais para caber ali. 

Sonho viver para ver chegar o dia em que uma companhia aérea low-cost repare que alugar as escadas móveis aos aeroportos é também um luxo no desembarque e que passe a dizer "desenmerdem-se, um salto de 5 metros não é nada de outro mundo." Não devo ter que esperar sentada.




S.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Rai's partam a liberdade

Quando eu disse que em York tinha sido a primeira vez que admiti que poderíamos se felizes no UK fora de Londres, não era um desafio nem um convite para dores de cabeça ou acrescento de dúvidas existenciais.

A verdade é que aumentando-se o nosso mundo possível aumenta-se o leque de escolhas e a dificuldade de decidir, e quando admiti aquilo sobre a felicidade não previ isto. E o UK é tão maior que Londres, caraças. E tem tantas universidades. E três/quatro anos parecem-me agora um compromisso demasiado sério, um bocadinho a puxar para o dantesco, para quem tem andado a saltitar de lugar de ano em ano.

Apesar de tudo, a mente já fervilha com a perspetiva longínqua mas a modos que definida de mais um bilhete só de ida. 



S.    

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Isto é que é otimismo climatérico

Aqui há uns tempos, assinei uma petição para salvar a Mini-Europa, um parque muito giro aqui em Bruxelas com réplicas de monumentos e maravilhas naturais de todos os estados-membros da União Europeia. Queriam fechar este parque para construírem de um mega centro comercial. A Mini-Europa tem coisas maravilhosas como estas:








O nível do detalhe das maquetas é espantoso e todos os países estão representados, muitos com coisas não necessariamente sobejamente conhecidas do público geral. Já devia ter escrito sobre este parque aqui, não percebo porque ainda não o tinha feito, é um dos meus sítios preferidos em Bruxelas. E queriam fechá-lo por causa da porcaria de um centro comercial. I don't think so. Daí que fiz uma coisa que não é muito frequente e assinei a tal petição.

Hoje recebi um email efusivo a informar que a Mini-Europa já não vai fechar graças em parte à pressão da petição. Yupiii e hurray às iniciativas de cidadãos! Mas ao que parece, a Mini-Europa faz parte de um complexo de entretenimento que inclui também um parque aquático, o Océade, o qual também já não vão fechar. Portanto, como agradecimento, parece que ganhei um bilhete para o Océade para aproveitar até ao fim deste ano. 

Ainda estou a rir baixinho o facto de ter ganho uma entrada para um parque aquático bruxelense para novembro ou dezembro. Será que aquilo fecha quando cai neve? :D Senão gostava mesmo de lá ir durante um nevão, só para ser o mais surreal possível.






S.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Filmes de terror com bocejo

Eu sou (era?) daquelas pessoas que se borram todas com filmes de terror daqueles com espíritos, e crianças sinistras e assim. Vi o Sexto Sentido quando tinha 11 ou 12 anos e por causa dele apanhei uma psicologice marada em que chegava à noite e era como se uma depressão se abatesse sobre mim, andava convencida, na minha cabeça, que o dia seguinte não chegaria, e que ninguém me conseguiria garantir que ele chegaria (era uma criança muito profunda, eu sei). Não consegui adormecer durante um mês sem ter alguém ao meu lado. Eu era (sou?) este tipo de pessoa.

Continuei-me a borrar com estes filmes ao longo da adolescência, porque isto é mesmo assim, o ser humano tem uma atração masoquista pelo mórbido, e ainda hoje me borro. Mas agora, e quero acreditar que isto é fruto da maturidade, evito filmes destes como a praga. Dos que metem litros e litros de sangue, gritaria e facas nunca gostei, porque também sou daquelas pessoas que começa a ver tudo a andar a roda se vê um pingo de sangue (e um dia conto uma história muito engraçada de como quase desmaiei quando levei a minha gata ao veterinário para tirar análises). As versões mais sofisticadas - e tão incrivelmente sádicas que não percebo como os seus criadores ainda não foram presos (just in case, diria) - como Saws e afins muito menos, por isso diria que filmes de terror não são para mim.

De quando em vez lá me conseguem convencer a suportar o sacrifício, daí que saiba que me continuo a borrar com filmes de espiritices. Mas há uns dias eu tive uma epifania que mudou a minha maneira de olhar para estes filmes. Os filmes que envolvem almas penadas, fantasmas e seres de outros mundos são do melhor porque exploram o nosso medo muito humano do desconhecido, e particularmente se nunca se chega a ver a fonte dos barulhos, risos maléficos e fenómenos estranhos então é de nos ficar a remoer a mente porque é uma ameaça nunca concretizada, impossível de lutar contra. Mas isso é raro, e normalmente lá aparece uma bruxa feia, toda despenteada e de olhos esbugalhados, ou uma criança sinistra de pijama com ar muito sério, e normalmente uma pessoa pensa cheia de desilusão "ah, é isto...". Mas voltando à epifania. Normalmente, nestas coisas dos espíritos e demónios e assim, a arma tem um simbolismo cristão. Nos exorcismos então diria que é 100%. Terços, crucifixos, águas bentas, padres, etc, são sempre a maneira de afastar estes bichos do Além. E isto, descobri eu, é muito aborrecido para uma ateia como eu. Estabelece-se no filme uma narrativa em que o Cristianismo é a realidade. Não há espaço para Alás, nem para Budas, nem deuses mitológicos. E os próprios espíritos vivem (salvo seja) segundo essa narrativa! E validam-na. Ora, porquê? Porquê que um espírito iria dar a mesma validação a um objeto que só tem validação porque os humanos lhe dão? Porque é que atirando com uma Tora à "cabeça" do espírito não funciona? E de que é que tinham medo os espíritos no "Antes de Cristo"? Para mim, a história dos espíritos até seria verosímil, mas deixa de o ser a partir do momento em que vejo o conluio cristão da coisa; se eu não engulo o sagradismo da coisa então também não consigo engolir a sua antítese. Cai todo o sistema de pavor que o filme tenta incutir. 

Outra coisa são as metáforas. Muito gostam os espíritos de assustar através de mensagens veladas. No Conjuring, há lá uma parte em que começam a cair da parede os quadros todos com fotografias dos membros da família. Porquê? Porque o espírito queria matar os membros da família. Uuuuuh, que metáfora tão bem pensada... Para quê? Que maquinação tão humana, valha-me deus*. Deixar mensagens e não sei quê, quer matar, mata. Parvoíce.

Depois há a velha história de alguém que morreu na casa assombrada, que é sempre uma mulher, ou que ficou maluca, ou que matou os filhos ou assim. E estas coisas da representação dos géneros nos filmes vai-me acionando a mente nos momentos mais inoportunos e eu chego à conclusão que isto é tudo a exploração de velhos temas que fazem parte do folclore ocidental há séculos: a loucura que se achava que todas as mulheres tinham em maior ou menor dose mas sempre latente, e o mito da maternidade como expoente máximo da mulher e o sagrado da relação mãe-filho e do quão contra-natura e inspirador de medo é quando isso não é assim (refletido no extremo com a mãe a matar o filho/a filha. Isso é sobrenatural, um homem matar os filhos é "apenas" homicídio a sangue frio). Aposto que esta relação entre filmes de terror e mitos sobre a condição feminina dava um estudo interessantíssimo e aposto como já existem uma data deles.

Não me interpretem mal, eu continuo a ver estes filmes por detrás das mãos e a apanhar cagaços mesmo assim (se metessem aquelas músicas numa comédia continuava-se a apanhar cagaços, mas enfim), mas agora já não me desafiam mentalmente, já não fico com eles agarrados durante dias e dias à cabeça a rever imagens mentais do filme. O que está por detrás dos cagaços e da música bem escolhida tornou-se só parvo. 


* isto é uma expressão linguística, não venham chatear a ateia.

S.   

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ele há coisas... #36

Ena, ena, nunca tinha visto isto no estrangeiro!

                       

Bacalhau escrito como "bacalhau" (e não "bacalao" ou "morue" ou outra estranheza qualquer) e seco e salgadinho como deve ser.

Emocionei.

Vamos esquecer o pormenor de que encontrei isto num folheto de supermercado em que o mês é dedicado à Itália, está-se mesmo a ver, é sul da Europa é tudo igual, qualquer dia acham que um dos pratos tradicionais portuegueses é a pizza. Isto há-de ir lá, devagarinho mas vai.



S.
                                                    

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Toda a gente sabe que as mulheres não suam

A sério que há pessoas que vão correr maquilhadas? Mas há pessoas que chegaram a um ponto de tal abominação pelo seu corpo sem adornos que não podem sequer conceber deixar a pele respirar em momentos de alto esforço?

Deus nos livre de parecer seres humanos.

As pseudo-regras do "ser mulher" continuam a fascinar-me todos os dias.



Faz de conta que esta imagem é a Rosa Mota a fazer um facepalm.

S.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Tenho uma infiltração germânica

Daqui a umas horinhas vou ter o meu primeiro teste alemão. Sinto que já não tenho idade para nervoseiras antes de testes (acho que nunca tive, para dizer a verdade. A nervoseira vinha toda era antes de saber-lhe a nota) e muito porque deste teste nada depende. Não depende nenhuma nota nem nenhuma média final, não depende a minha futura aprendizagem da língua, não depende o meu futuro profissional ou académico, nem depende a minha felicidade. Aprender uma língua como deve ser é um processo moroso, nada linear, cheio de tentativas-erro, de incorporação de palavras novas todos os dias, de entrar numa outra mentalidade linguística com tudo o que ela implica (nada menos que obter uma nova perspetiva sobre o mundo). Encaro pois este teste, e todos os mais que chegarem, como uma auscultação do que já sei. Mas nunca os levarei a peito. Tiraria a felicidade toda ao processo de aprender esta nova língua, que se quer o mais natural possível, e que foi por ela que embarquei nestas aulas. Sim, é verdade, às vezes as aulas são-me tão difíceis e o cansaço é tanto ao fim do dia de trabalho que me apetece rebentar em lágrimas e gritar muito dramaticamente que nunca serei fluente nesta língua estúpida e tão difícil aos meus ouvidos latinos, mas estes momentos são cada vez menos. Depois também me lembro que pressão não há nenhuma, só a que eu puser em cima de mim, e quão sortuda sou eu por isso. Muitos alunos afirmaram na primeira aula que a razão para estarem a aprender alemão era o seu emprego; a minha é a simples curiosidade.

Na última aula a professora disse que o alemão era uma língua extremamente difícil ao princípio porque tem muitas regras gramaticais, mas que torna-se cada vez mais fácil. Assim que se apreender as tais regras torna-se canja porque é sempre certinho consoante as mesmas. Contrapôs com o inglês, que disse ser muito simples de aprender mas incrivelmente difícil de se conquistar verdadeiramente, já que regras são poucas e lógica nenhuma. Fiquei intrigada porque nunca tinha olhado para a língua inglesa dessa maneira. Mas é capaz de ser verdade; é muito fácil chegar-se a um nível bom de inglês, diria que a maior parte das pessoas da minha geração o tem, mas aproximarmo-nos do nível nativo já não é bem assim. Só nos parece que é tão fácil por ser tão omnipresente. Se o alemão é o contrário, melhor, mais ânimo aqui para os meus lados.

Há uma palavra alemã que eu aprendi a gostar muito e que de tanto a ouvir incorporei-a nos meus pensamentos. Neste momento, durante a tarefa esgotante intelectualmente e por vezes tão desencorajadora que é escrever uma proposta de investigação, a dita palavra está sempre a ressoar-me no crânio: warum. "X comporta-se muitas vezes como Y - Porque é que afirmas isso, S.? VÁRRUM?", "Quero perceber porque é que H escolhe Z em vez de W - VÁRRUM, S.? VÁRRUM estudar Z e W em vez de estudar M e K?". É uma palavra poderosa, sonante, que me impede de pressupor coisas sem as questionar. E não se pode pressupor coisas numa tese de doutoramento. Ou pelo menos, não se pode pressupor sem questionar nem argumentar. O warum é a minha voz da consciência científica.

E pronto, agora desejai-me sorte que vou ali analisar umas competências linguísticas e já volto.




S.   


O sarcasmo da sufragista

Afinal, parece que as feministas têm sentido de humor.
  



Alice Duer Miller adapta a condescendência dos argumentos dos opositores ao voto para as mulheres para uma versão masculina.




S.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

'Bora escrever uma Constituição?

Entretanto, no Reino Unido, um Professor da LSE lançou a ideia de se escrever uma Constituição através de uma espécie de brainstorming com toda a gente que quiser participar.

O projeto ConstitutionUK foi lançado ontem na universidade londrina e a intenção é dotar este país europeu de uma Constituição escrita, coisa que, bizarramente, ainda não tem. A Magna Carta de 1215 é o que popularmente mais se lhe aproxima mas há muita contestação no meio académico sobre se este documento histórico pode ser considerado sequer uma constituição na altura em que foi assinado, quanto mais a fonte de lei fundamental para um país de séc. XXI. Parece que 800 anos passaram e a Inglaterra mudou um bocadinho (começando pelo nome).

Ainda assim a ideia é envolver o cidadão comum na discussão dos assuntos que deveriam ser incluídos na Constituição, escrevê-la e lançá-la em 2015, véspera dos 800 anos da tal mítica Magna Carta. Conor Gearty, o professor responsável pelo projeto, diz assim:

These people [experts participating in the launch of the project] have knowledge of the law and experience in exercising power, but their main role will be to help me to encourage ordinary people to drive this debate. Normally these issues are left in the hands of professors, judges, ex-civil servants, the ‘well-educated’ and elite members of society. This project is going about this in a slightly different way.

Assuntos quentes a discutir serão a monarquia, a Câmara dos Lordes e o Bill of Rights. 

Do we need all of these and what is the basis for their existence in the UK? Should parliament be given the power to decide whether or not to send the country to war? These are the kinds of issues we hope to unpick in the course of the next six months.

A sério, quão fixe é isto? Participar no "fazamento" da lei fundamental do país. Quem me dera.

Pelo meio (falta menos de um ano!) poderá haver a secessão de parte do território se a Escócia escolher a independência no próximo setembro mas isso, segundo o mentor do projeto, só traria um novo desafio à coisa.

A ideia é depois levar os cidadãos britânicos a eleger representantes para uma assembleia constitucional que é na prática a instituição que debateria e aprovaria a Constituição final. Finalmente, numa terceira fase, poderia ser convocado um referendo para aprovar o texto final, ainda que nada disto esteja para já muito bem pensado. 

Há muitas vozes céticas sobre este projeto e sobre o que ele pretende realmente ser. Muitos académicos rejeitam a própria ideia de que o UK precisa de uma Constituição codificada e escrita. Ainda assim, e segundo Conor Gearty, a ideia é debater o assunto e engajar as pessoas na discussão sobre o sistema político do seu país. 

Uma entrevista com o mentor do projeto poder ser lida aqui e o website do projeto encontra-se aqui.





S.

domingo, 6 de outubro de 2013

A pity party da corrida que não foi

Os grandes e ansiados planos que tinha de correr a minha primeira prova hoje resumiram-se a fazer zapping entre a Maratona de Lisboa e a Great Scottish Run na televisão, refastelada no sofá, enquanto bezuntava os tornozelos com anti-inflamatório e resmungava entre dentes "Para o ano estou ali, cará, para o ano são 15 ou 20, moderfocas dos pézinhos de princesa, acham que isto foi esforço, vão ver o que é esforço, é só deixarem de fazer 'criiiic' que vão ver o que é bom."

Já oscilei entre orgulho por ter uma lesão desportiva, já que nunca na vida tinha esforçado o meu corpo o suficiente para estar sequer perto de uma, passei à irritação pela estupidez que foi ter achado que os velhos ténis serviam para correr na rua, até à frustração que foi ver o dia da prova chegar e os tornozelos sem melhora. Neste momento estou na fase do lamber as feridas e biding my time






S.     

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Esperar que a princesa encantada o salve

E porque eu tenho uma espécie de relação amor-ódio com a Disney, aqui vai mais uma perspetiva diferente sobre os desenhos animados familiares. O(a) autor(a) imaginou e desenhou as personagens Disney como se elas fossem do sexo contrário. Temos assim as mulheres princesas que salvam os homens príncipes, em coisas como "O Belo Adormecido", "A Aladdin", "O Pequeno Sereio".






Tudo daqui.




S.

Sobre direitos adquiridos e lutas que não travámos



"Eu ia votar sem nada ter feito por esse direito. Não passara os melhores anos da vida nas prisões, ridicularizada pela imprensa. Não fui alimentada pelas narinas nas greves de fome, imobilizada no chão por cinco guardas, como muitas inglesas. Eu não tinha quebrado vitrinas, lançado geleia nas caixas de correio, incendiado igrejas e casas de ministros, socado o próprio Churchill. Eu não interrompera discursos que apregoavam justiça e interesses dos cidadãos, escondida nas cortinas do edifício do Parlamento. Nunca fui escorraçada das assembleias nem tivera coragem de subir aos telhados para gritar por megafones diante das janelas: «voto para as mulheres». Eu estava apenas ali de mãos nos bolsos do meu casaco preto."


Fina D'Armada, (1973) "A mulher na hora de votar", Jornal de Notícias, Novembro


Encontrei isto no livro Feminismos da Manuela Tavares. É um excerto de um artigo que Fina D'Armada escreveu, pouco antes do 25 de abril de 1974, como homenagem às sufragistas britânicas. Votar é um direito que temos mas que não fizemos nada para o conquistar. Exercê-lo é não só um dever de cidadania mas também de respeito por quem antes de nós sofreu lutando por ele. Sendo mulher, tenho dupla consciência do respeito que devo a essa gente. Abster-me não é cuspir na cara dos políticos atuais, é cuspir na cara das sufragistas. 




S.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A linha ténue entre realidade e ficção

Eeeeh, não me lixem a noção da realidade, por favor. 





Como se o Sirius Black fosse comentar o Pinterest. Ele é feiticeiro, sabe lá o que é "internet". Vê-se mesmo que é algum muggle a gozar.



S.