S.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
O regresso do Mocha
Quando vi isto à venda hoje quase chorei de alegria:
Meu companheiro de muitas tardes de estudo e pesquisa em casa, muitos essays por escrever, muito artigo por ler, o mocha está de volta à minha vida.
Nunca o tinha visto cá, apesar de agora suspeitar que não o encontrei porque nunca o procurei. Simplesmente hoje estava bem saliente na prateleira das feiras semanais que o Continente gosta de fazer (já começaram com as bebidas e os bombons que cheiram a Natal).
Temos vício de volta.
Agora é descobrir se o Starbucks de cá vende Eggnog, bebida que nunca consegui experimentar lá porque esgotou demasiado cedo.
Meu companheiro de muitas tardes de estudo e pesquisa em casa, muitos essays por escrever, muito artigo por ler, o mocha está de volta à minha vida.
Nunca o tinha visto cá, apesar de agora suspeitar que não o encontrei porque nunca o procurei. Simplesmente hoje estava bem saliente na prateleira das feiras semanais que o Continente gosta de fazer (já começaram com as bebidas e os bombons que cheiram a Natal).
Temos vício de volta.
Agora é descobrir se o Starbucks de cá vende Eggnog, bebida que nunca consegui experimentar lá porque esgotou demasiado cedo.
S.
sábado, 29 de outubro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Correios a correr
Existe um posto de correios em Arroios que encerra muitos dos meus sonhos para um futuro próximo.
Calhou, porque era o que me ficava mais a jeito, ser ali onde eu enviasse três envelopes que me põem cheia de ansiedade cada vez que penso neles, que é todas as vezes que passo por aquele posto de correios, 6 vezes por semana, portanto.
Em agosto, a candidatura para a Comissão, sobre a qual mais depende o meu futuro próximo e o futuro mais longínquo, e sobre a qual fico doente de ansiedade quando penso nela. Evito entrar em devaneios e em "e se..."s, porque senão perco a capacidade de me focar no presente e aguentar os já longos 4 meses de espera por uma resposta.
Em setembro, a minha dissertação final rumou em direção a Londres, naquele mesmo posto, e com as mesmas borboletas na barriga. Não faço ideia do nível de nota a que aquilo está mas sei perfeitamente qual almejo. E as borboletas transformam-se em dragões quando me dá para ler e reler o que escrevi tentando avaliá-lo como terceira-pessoa, tentando perceber o que faria diferente, o que não está assim tão bem, com o meu sempre implacável e auto-crítico olho.
Hoje, foi novamente dissertação, desta vez em versão portuguesa, para tentar a minha sorte e o meu mérito num concurso nacional. Este é talvez o que menos ansiedade me causa, já que do seu resultado não está dependente nenhuma decisão de vida. O facto de o ter enviado no mesmo posto de correios que anteriormente, tratado pelas mesmas caras atrás do balcão, faz com que a coisa se tenha ritualizado e que as borboletas tenham aparecido mesmo sem terem sido convidadas ou merecidas.
Não há vez que não passe ali e não me lembre do que ali deixei e do que por ali está em jogo. É um simples intermediário, pois está claro que sim, eles não decidem nada. Mas é como se fosse a janela pela qual eu libertei um passarinho que criei desde bebé, e que finalmente aprendeu a voar. E quero ver que coisas trará no bico (se é que alguma coisa trará, se é que voltará de todo).
p.s. - Não faço ideia do que é o "passarinho" nesta metáfora... A janela seria o posto dos correios, eu seria a pessoa a libertar o passasinho, agora o passarinho em si não sei o que seria. Metáfora um bocado parva, agora que penso melhor.
Calhou, porque era o que me ficava mais a jeito, ser ali onde eu enviasse três envelopes que me põem cheia de ansiedade cada vez que penso neles, que é todas as vezes que passo por aquele posto de correios, 6 vezes por semana, portanto.
Em agosto, a candidatura para a Comissão, sobre a qual mais depende o meu futuro próximo e o futuro mais longínquo, e sobre a qual fico doente de ansiedade quando penso nela. Evito entrar em devaneios e em "e se..."s, porque senão perco a capacidade de me focar no presente e aguentar os já longos 4 meses de espera por uma resposta.
Em setembro, a minha dissertação final rumou em direção a Londres, naquele mesmo posto, e com as mesmas borboletas na barriga. Não faço ideia do nível de nota a que aquilo está mas sei perfeitamente qual almejo. E as borboletas transformam-se em dragões quando me dá para ler e reler o que escrevi tentando avaliá-lo como terceira-pessoa, tentando perceber o que faria diferente, o que não está assim tão bem, com o meu sempre implacável e auto-crítico olho.
Hoje, foi novamente dissertação, desta vez em versão portuguesa, para tentar a minha sorte e o meu mérito num concurso nacional. Este é talvez o que menos ansiedade me causa, já que do seu resultado não está dependente nenhuma decisão de vida. O facto de o ter enviado no mesmo posto de correios que anteriormente, tratado pelas mesmas caras atrás do balcão, faz com que a coisa se tenha ritualizado e que as borboletas tenham aparecido mesmo sem terem sido convidadas ou merecidas.
Não há vez que não passe ali e não me lembre do que ali deixei e do que por ali está em jogo. É um simples intermediário, pois está claro que sim, eles não decidem nada. Mas é como se fosse a janela pela qual eu libertei um passarinho que criei desde bebé, e que finalmente aprendeu a voar. E quero ver que coisas trará no bico (se é que alguma coisa trará, se é que voltará de todo).
p.s. - Não faço ideia do que é o "passarinho" nesta metáfora... A janela seria o posto dos correios, eu seria a pessoa a libertar o passasinho, agora o passarinho em si não sei o que seria. Metáfora um bocado parva, agora que penso melhor.
S.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
As pazes
Afinal foi zanga de pouca dura. A Amazon é a melhor. Tratamento ao cliente não pode nunca ser posto em causa, fazem tudo para agradar e para acabar com reclamações antes ainda que surjam formalmente.
Corrobora a impressão que eu tive em Londres de que lá os serviços, nomeadamente os que vendem coisas, têm um medo enorme dos clientes. Medo ou se calhar é só respeito e eu não estava habituada. Lá, a máxima o cliente tem sempre razão é lei. Tanto que cheguei a trocar coisas e a reclamar uma ou outra vez, coisa que em Portugal nunca tinha feito. Uma sociedade extremamente litigiosa, na qual as pessoas metem-se umas às outras em tribunal por tudo e por nada, tem destas coisas.
Corrobora a impressão que eu tive em Londres de que lá os serviços, nomeadamente os que vendem coisas, têm um medo enorme dos clientes. Medo ou se calhar é só respeito e eu não estava habituada. Lá, a máxima o cliente tem sempre razão é lei. Tanto que cheguei a trocar coisas e a reclamar uma ou outra vez, coisa que em Portugal nunca tinha feito. Uma sociedade extremamente litigiosa, na qual as pessoas metem-se umas às outras em tribunal por tudo e por nada, tem destas coisas.
S.
Um dó li tá
Deixando agora de parte as angústias amorosas com a Amazon, tenho uma decisão em mãos. Lambona como sou (e para tirar partido do SuperSaver Delivery, convenhamos) decidi encomendar estes 4. Por onde começo?
Este nem sei bem porque o encomendei, tirando o facto de o ter visto ser discutido por alguém cujo gosto literário me agrada. Fiquei com um feeling que podia gostar, vamos ver. Ah, e o título enche a boca.
Este autor conheci através do programa Mock the Week e eu idolatro o seu humor. Bem negro e bem British, roçando às vezes o macabro, é das pessoas mais cómicas que já ouvi. Portanto, quero ler o que tem a dizer.
Pronto, este é mais da minha área, quero o lado científico da coisa. A premissa é a mesma da Simone de Beauvoir: Ninguém nasce mulher, torna-se. Os meninos e as meninas nascem diferentes, com aptidões e características psicológicas diferentes? Não. Ou pelo menos nenhuma determinada pelo sexo. As diferenças constroem-se socialmente.
E finalmente...
Altamente recomendado por alguém cujo gosto literário é muito semelhante ao meu, logo, confio. Até aqui não me tenho desiludido. Espero para ver.
Que me dizem? Qual escolheriam em primeiro lugar?
Extremely Loud and Incredibly Close
Este nem sei bem porque o encomendei, tirando o facto de o ter visto ser discutido por alguém cujo gosto literário me agrada. Fiquei com um feeling que podia gostar, vamos ver. Ah, e o título enche a boca.
My Shit Life So Far
Este autor conheci através do programa Mock the Week e eu idolatro o seu humor. Bem negro e bem British, roçando às vezes o macabro, é das pessoas mais cómicas que já ouvi. Portanto, quero ler o que tem a dizer.
Delusions of Gender
Pronto, este é mais da minha área, quero o lado científico da coisa. A premissa é a mesma da Simone de Beauvoir: Ninguém nasce mulher, torna-se. Os meninos e as meninas nascem diferentes, com aptidões e características psicológicas diferentes? Não. Ou pelo menos nenhuma determinada pelo sexo. As diferenças constroem-se socialmente.
E finalmente...
Games of Thrones
Altamente recomendado por alguém cujo gosto literário é muito semelhante ao meu, logo, confio. Até aqui não me tenho desiludido. Espero para ver.
Que me dizem? Qual escolheriam em primeiro lugar?
S.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Crying Hearting
Amazon, acabaste de arrasar o enamoramento de longos anos que tenho por ti. Abri a encomenda que espero com tanta antecipação há vários dias e falta lá uma coisa!
Pior, como é que eu agora provo que falta lá uma coisa, se ela vem descrita no recibo, como?! Eu conto cinco só cá estão quatro, volto a contar cinco, só cá estão quatro, olho em volta, viro o papelão de pernas para o ar, nada! Estás a querer pôr-me maluca, Amazon, é isso que estás a fazer?
Sinto-me roubada, Amazon, roubada! Roubaste-me, Amazon?
Ai, que se ainda fosse um daqueles vendedores em segunda mão do Marketplace onde eu compro livros a 1p, aí era bem feito que algum dia tinha de calhar, uma coisa tão boa não pode durar para sempre.
Agora uma encomenda todinha feita de coisas novas, todinha encomendada a ti, Amazon, como foste capaz?
Estou devastada. Sinto-me traída. Não sei se vou conseguir voltar a confiar em ti, Amazon. A continuação da nossa relação e da minha adoração por ti está totalmente dependente das tuas próximas ações.
A bola está do teu lado.
S.
Back to FCSH
Se há coisa que me ficou dos meus anos de missa todos os domingos foi a capacidade de prestar atenção e ficar quieta quando é preciso. É algo que adquiri após muito ano de 1 hora por semana onde não podia rir, sussurrar, mexer, vá.
No fundo, ficou gravado no meu inconsciente que quando é para estar calado e quieto, é para estar calado e quieto, ponto final.
Ora, hoje constatei que tal capacidade é extremamente rara e não tanto do senso comum como eu sempre a tomei.
Sempre pensei que estar com atenção era algo que se melhorava com o tempo, do tipo:
- difícil na primária e no ciclo;
- melhorzita no secundário, mas ainda muita conversa;
- na universidade, já é tudo adulto e ninguém é obrigado a estar ali, portanto a atenção é maior;
- vida adulta, seria total.
A minha experiência até aqui tinha corroborado esta impressão, tanto que no liceu era conversa pegada, na univ chegámos a ouvir ralhetes, e por fim no Mestrado conto pelos dedos os focos de conversa que apanhei.
Não podia estar mais enganada. Hoje, na conferência sobre Violência de Género a que assisti, vi coisas que me fazem perder a fé na correlação + idade = ser humano aperfeiçoado. Pessoas com o dobro da minha idade a consultar facebooks, e-mails, etcs, nos seus netbooks pequeninos durante as apresentações, conversas (às vezes não tão) sussurradas, tiragem de fotos a toda a sala em plenas exposições dos oradores. Às duas senhoras à minha frente, que conseguiram a proeza de fazer as 4, só me apetecia bater no ombro e perguntar, com toda a comiseração do mundo "Quem é que vos está a obrigar a estar aqui, pobres de vós? Que criatura sem coração é que vos está a fazer passar pelo martírio de assistir a uma conferência tão pouco interessante e pertinente para vós como esta sobre a violência de género?"
Ainda fiquei na dúvida se teria regredido à minha adolescência já que comportamentos destes são típicos de adolescentes muito contrariados nas aulas e que querem lá saber o que o professor está para ali a dizer, não veem a hora de tocar para o intervalo. Mulheres muito alouradas e muito encamisadas que aos 40 anos pensam que ser adulto é botar muita maquilhagem no rosto e muito verniz no dedo do pé. E deixar que os anos façam o resto. Continuam a fazer coisas por obrigação mas fazendo questão de mostrar o quão por obrigação as estão a fazer.
Ser adulto é saber ter a consciência de escolher o que se quer realmente e tomar a responsabilidade dessa escolha completamente. Nas coisas às quais não podemos fugir e que não gostamos particularmente, temos pena mas ser adulto é aguentar muita contrariedade sabendo que a vida não é só feita do que se gosta. O muito simpático "suck it", ou o bom "aguente-se" em português. Mas isto sou eu que sou uma ingénua nestas coisas de adultos e só cá ando oficialmente há 5 anos.
Assim como assim gostei muito da conferência em si, a minha primeira a sério. Informação sobre as coisas de género como se quer, e pessoas que percebem do assunto a expôr as suas conclusões/instigar debates. Sim, porque a partir de agora o mais parecido com aulas que eu posso ter são estas coisas. E eu tenho planos de aproveitar todinhas as que forem do meu agrado e às quais puder ir.
FCSH, não te esqueças que ainda me estás a dever um Mestrado. Um dia destes cobro-te-o.
No fundo, ficou gravado no meu inconsciente que quando é para estar calado e quieto, é para estar calado e quieto, ponto final.
Ora, hoje constatei que tal capacidade é extremamente rara e não tanto do senso comum como eu sempre a tomei.
Sempre pensei que estar com atenção era algo que se melhorava com o tempo, do tipo:
- difícil na primária e no ciclo;
- melhorzita no secundário, mas ainda muita conversa;
- na universidade, já é tudo adulto e ninguém é obrigado a estar ali, portanto a atenção é maior;
- vida adulta, seria total.
A minha experiência até aqui tinha corroborado esta impressão, tanto que no liceu era conversa pegada, na univ chegámos a ouvir ralhetes, e por fim no Mestrado conto pelos dedos os focos de conversa que apanhei.
Não podia estar mais enganada. Hoje, na conferência sobre Violência de Género a que assisti, vi coisas que me fazem perder a fé na correlação + idade = ser humano aperfeiçoado. Pessoas com o dobro da minha idade a consultar facebooks, e-mails, etcs, nos seus netbooks pequeninos durante as apresentações, conversas (às vezes não tão) sussurradas, tiragem de fotos a toda a sala em plenas exposições dos oradores. Às duas senhoras à minha frente, que conseguiram a proeza de fazer as 4, só me apetecia bater no ombro e perguntar, com toda a comiseração do mundo "Quem é que vos está a obrigar a estar aqui, pobres de vós? Que criatura sem coração é que vos está a fazer passar pelo martírio de assistir a uma conferência tão pouco interessante e pertinente para vós como esta sobre a violência de género?"
Ainda fiquei na dúvida se teria regredido à minha adolescência já que comportamentos destes são típicos de adolescentes muito contrariados nas aulas e que querem lá saber o que o professor está para ali a dizer, não veem a hora de tocar para o intervalo. Mulheres muito alouradas e muito encamisadas que aos 40 anos pensam que ser adulto é botar muita maquilhagem no rosto e muito verniz no dedo do pé. E deixar que os anos façam o resto. Continuam a fazer coisas por obrigação mas fazendo questão de mostrar o quão por obrigação as estão a fazer.
Ser adulto é saber ter a consciência de escolher o que se quer realmente e tomar a responsabilidade dessa escolha completamente. Nas coisas às quais não podemos fugir e que não gostamos particularmente, temos pena mas ser adulto é aguentar muita contrariedade sabendo que a vida não é só feita do que se gosta. O muito simpático "suck it", ou o bom "aguente-se" em português. Mas isto sou eu que sou uma ingénua nestas coisas de adultos e só cá ando oficialmente há 5 anos.
Assim como assim gostei muito da conferência em si, a minha primeira a sério. Informação sobre as coisas de género como se quer, e pessoas que percebem do assunto a expôr as suas conclusões/instigar debates. Sim, porque a partir de agora o mais parecido com aulas que eu posso ter são estas coisas. E eu tenho planos de aproveitar todinhas as que forem do meu agrado e às quais puder ir.
FCSH, não te esqueças que ainda me estás a dever um Mestrado. Um dia destes cobro-te-o.
S.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Discriminação gritante
Senhores/as Enfermeiros/as,
Metade da população humana não tem sistema de direcionamento do xixi. Logo, isto
não é de todo um sistema inteligente de recolha.
Já isto
seria uma solução mais adequada nomeadamente ao nível higiénico.
Mas que vos interessa isto, não são vocês que procedem à recolha, não é verdade? Desde que o tubinho caiba naqueles suportezinhos para vocês está tudo bem.
Discriminação com base no sexo, é o que isto é. Vejam lá se reveem prioridades (estou certa de que também existem suportezinhos de boiões muito jeitosos).
Cumprimentos,
Uma pessoa daquelas que não têm direcionador de xixi.
E agora vou ali comprar um funil e já venho.
Metade da população humana não tem sistema de direcionamento do xixi. Logo, isto
não é de todo um sistema inteligente de recolha.
Já isto
seria uma solução mais adequada nomeadamente ao nível higiénico.
Mas que vos interessa isto, não são vocês que procedem à recolha, não é verdade? Desde que o tubinho caiba naqueles suportezinhos para vocês está tudo bem.
Discriminação com base no sexo, é o que isto é. Vejam lá se reveem prioridades (estou certa de que também existem suportezinhos de boiões muito jeitosos).
Cumprimentos,
Uma pessoa daquelas que não têm direcionador de xixi.
E agora vou ali comprar um funil e já venho.
S.
domingo, 16 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Children, y u no pay attention!
Hoje, pela primeira vez nas minhas aulas de inglês, perdi a cabeça. Mandei um berro como nunca mandei na vida porque tudo o que é demais enjoa e o respeito é uma coisa muito, mas muito bonita.
Estranhamente, foi uma sensação boa.
Que isto não fique mal interpretado e que se pense que uso estas aulas para descarregar stresses ou que afinal tenho um fraquinho por controlo e as crianças minhas alunas, por estarem numa posição hierarquicamente inferior à minha, são o alvo fácil e preferencial para o descarregamento de acessos de fúria.
Não. Até agora, o meu medo era verdadeiramente este: que eu, porque nunca tive um acesso de fúria na minha vida, e perco pela maciez do meu temperamento, fosse daqueles professores incapazes de levar uma aula a bom termo porque incapazes de manter silêncio numa sala de aula.
Simplesmente gostei porque fiz o que devia ser feito. E a sensação de justiça é uma das melhores do mundo.
A convivência com crianças de 10 anos tem-me ensinado muito sobre o mundo infantil com o qual nunca tive contacto (salvo durante o meu tempo), e portanto zona totalmente desconhecida para mim. Mas tem-me ensinado ainda mais sobre mim, sobre as minhas aptências sociais (que são muito fraquinhas) e sobre que espécie de pessoa sou. Tem provado muita coisa que eu já desconfiava, mais do que me tem realmente surpreendido.
Hoje descobri que um berro bem dado e bem dirigido à fonte causadora da indisciplina na sala de aula, é remédio santo. E que não há nada como a disposição tradicional de mesas e cadeiras de sala de aula em fila, viradas para o quadro, por oposição a grupos de 4 ou 5.
Após um mês de aulas dadas as conclusões não são definitivas nem concretas. É uma experiência desafiante, esgotadora por vezes, e uma vez por outra gratificante. Sinto-a, sobretudo, como necessária ao meu crescimento como pessoa, ainda que não consiga explicar exatamente porquê. Desistir porque sim nunca foi opção.
No final, far-se-á o balanço.
Estranhamente, foi uma sensação boa.
Que isto não fique mal interpretado e que se pense que uso estas aulas para descarregar stresses ou que afinal tenho um fraquinho por controlo e as crianças minhas alunas, por estarem numa posição hierarquicamente inferior à minha, são o alvo fácil e preferencial para o descarregamento de acessos de fúria.
Não. Até agora, o meu medo era verdadeiramente este: que eu, porque nunca tive um acesso de fúria na minha vida, e perco pela maciez do meu temperamento, fosse daqueles professores incapazes de levar uma aula a bom termo porque incapazes de manter silêncio numa sala de aula.
Simplesmente gostei porque fiz o que devia ser feito. E a sensação de justiça é uma das melhores do mundo.
A convivência com crianças de 10 anos tem-me ensinado muito sobre o mundo infantil com o qual nunca tive contacto (salvo durante o meu tempo), e portanto zona totalmente desconhecida para mim. Mas tem-me ensinado ainda mais sobre mim, sobre as minhas aptências sociais (que são muito fraquinhas) e sobre que espécie de pessoa sou. Tem provado muita coisa que eu já desconfiava, mais do que me tem realmente surpreendido.
Hoje descobri que um berro bem dado e bem dirigido à fonte causadora da indisciplina na sala de aula, é remédio santo. E que não há nada como a disposição tradicional de mesas e cadeiras de sala de aula em fila, viradas para o quadro, por oposição a grupos de 4 ou 5.
Após um mês de aulas dadas as conclusões não são definitivas nem concretas. É uma experiência desafiante, esgotadora por vezes, e uma vez por outra gratificante. Sinto-a, sobretudo, como necessária ao meu crescimento como pessoa, ainda que não consiga explicar exatamente porquê. Desistir porque sim nunca foi opção.
No final, far-se-á o balanço.
S.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Que está a dizer?!
Embarquei numa nova aventura literária sem saber bem o que me esperava. É uma lotaria e, por não haver expectativa nenhuma, podem surgir boas surpresas.
Este foi escolhido aleatoriamente, numa daquelas bancas que vendem livros em segunda mão, de capas respeitosas e com uma porrada de anos em cima. Nem sei porque é que me decidi por este já que nem tinha resumo. Ou foi o desenho ou foi a capa rija azul bebé.
Seja como for, foi uma boa escolha. Estou a gostar muito. Faz-me lembrar o Levantado do Chão do Saramago, o primeiro livro que li que me deu uma noção completamente crua e portanto realista do que era a vida no interior do nosso país na primeira metade do séc. XX.
E depois tem o benefício de estar repleto de expressões que deduzo serem de Trás-os-Montes (Terra Fria), daquela altura (anos 40), e que faz com que apareçam frases como:
A minha mente de séc. XXI habituada a duplos significados da Língua Portuguesa não é de ferro. Quase larguei a rir no meio do autocarro. Tenho a certeza de que pelo menos as sobrancelhas fizeram danças estranhas pela minha testa.
Só tenho pena que o livro não esteja escrito em português de oitocentos. Com dois fs e não sei quê. Entrava em contato com três formas de escrever português e contaria como sobrevivi.
Tudo isto para dar conta da minha nova incursão literária. E para referir que já consigo ler no autocarro e assim aproveitar pelo menos 45 minutos diários que eram passados a dormir ou a olhar para ontem.
Este foi escolhido aleatoriamente, numa daquelas bancas que vendem livros em segunda mão, de capas respeitosas e com uma porrada de anos em cima. Nem sei porque é que me decidi por este já que nem tinha resumo. Ou foi o desenho ou foi a capa rija azul bebé.
Seja como for, foi uma boa escolha. Estou a gostar muito. Faz-me lembrar o Levantado do Chão do Saramago, o primeiro livro que li que me deu uma noção completamente crua e portanto realista do que era a vida no interior do nosso país na primeira metade do séc. XX.
E depois tem o benefício de estar repleto de expressões que deduzo serem de Trás-os-Montes (Terra Fria), daquela altura (anos 40), e que faz com que apareçam frases como:
"A manhã não havia nascido ainda e já ele arreava a pileca."
A minha mente de séc. XXI habituada a duplos significados da Língua Portuguesa não é de ferro. Quase larguei a rir no meio do autocarro. Tenho a certeza de que pelo menos as sobrancelhas fizeram danças estranhas pela minha testa.
Só tenho pena que o livro não esteja escrito em português de oitocentos. Com dois fs e não sei quê. Entrava em contato com três formas de escrever português e contaria como sobrevivi.
Tudo isto para dar conta da minha nova incursão literária. E para referir que já consigo ler no autocarro e assim aproveitar pelo menos 45 minutos diários que eram passados a dormir ou a olhar para ontem.
S.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Macacos do Ártico
Sabemos que uma banda é a nossa preferida quando:
- 24 das nossas 25 músicas mais tocadas são dessa respetiva banda;
- após 7 meses ainda não nos fartámos do primeiro álbum que começámos a ouvir ("You should know you're his favourite worst nightmaaaare");
- decidimos que 4 álbuns não chegam e portanto toca a sacar tudo o que é single;
- as músicas são tão brilhantes que passado uns meses revelam novas rimas de génio e/ou passagens que acabam por viciar;
- cada semana se descobre uma nova música preferida (esta é o Jeweller's Hands, a semana passada foi o Crying Lightning);
- ouvimos uma nova música aleatória de outra banda, gostamos e tal, "sim, mas não é Arctic Monkeys...". O padrão para comparações passa a ser essa banda;
- ouve-se a banda em qualquer sítio, com qualquer estado de espírito.
A minha teoria sobre ser pessoa de pessoa só? Pois, parece que também sou pessoa de banda só. E finalmente encontrei a minha.
- 24 das nossas 25 músicas mais tocadas são dessa respetiva banda;
- após 7 meses ainda não nos fartámos do primeiro álbum que começámos a ouvir ("You should know you're his favourite worst nightmaaaare");
- decidimos que 4 álbuns não chegam e portanto toca a sacar tudo o que é single;
- as músicas são tão brilhantes que passado uns meses revelam novas rimas de génio e/ou passagens que acabam por viciar;
- cada semana se descobre uma nova música preferida (esta é o Jeweller's Hands, a semana passada foi o Crying Lightning);
- ouvimos uma nova música aleatória de outra banda, gostamos e tal, "sim, mas não é Arctic Monkeys...". O padrão para comparações passa a ser essa banda;
- ouve-se a banda em qualquer sítio, com qualquer estado de espírito.
A minha teoria sobre ser pessoa de pessoa só? Pois, parece que também sou pessoa de banda só. E finalmente encontrei a minha.
Jeweller's Hand
"If you've a lesson to teach me
Don't deviate, don't be afraid"
The Hellcat Spangled Shalalala
Toda ela é brilhante ao nível da letra mas
"I took the bateries off my mysticism
And put them in my thinking cap"
É uma expressão que gosto especialmente.
Crying Lightning
É bem capaz de ser a minha música favorita.
"With folded arms you occupy the space like toothache
Stood and puffed your chest out like you never lost a war
And though I tried so not to suffer the indignity of a reaction
There were no cracks to grasp
Nor gaps to crawl
And yooooooooour....
Pastime consisted of the strange
Twisted and deranged
And I love that little game you had called
Crying Lightning"
(chega)
E por fim... A primeira música deles pela qual me apaixonei:
505
"Stop and wait a sec
Oh, when you look at me like that my darling
What did you expect
I probably still adore you with your hands around my neck"
Qual será a próxima música preferida? Não faço ideia. Muito provavelmente uma que me tem passado despercebida até agora e que em breve acenderá uma luzinha que me fará dizer "Espera lá, esta música é bem capaz de ser qualquer coisinha..." E vai-me apetecer ouvi-la em repeat durante dias. (Mas não vou porque é assim que se estragam as músicas. Eu sei, aprendi com a experiência.)
S.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Literatura para porteiras
Inspirado nisto:
Acabei o tão aguardado Jane Eyre, que me foi altamente recomendado.
Acertadamente.
Adorei. Prendeu-me às páginas como nem todos os clássicos o conseguem fazer. Ao início custou-me um bocado a entrar na personagem, a gostar dela, a percebê-la. Mas a partir das 100 páginas apanhei o bichinho vira-página, já era com grande entusiasmo que pegava no livro. A partir do meio já o lia em qualquer lugar, ele era metro, ele era paragem do autocarro, só não lia enquanto caminhava pela rua porque ainda assim prezo a minha dignidade e não me apetecia esbardalhar-me no chão.
Dou-lhe quatro estrelas e meia. Só não dou cinco porque o fim foi um bocado chocho.
SPOILER EM BAIXO
Então não é que a rapariga, toda educada e culta como se quer, sem laivos de materialismo nem de afetações parvas de feminilidade ou vaidosismos, desiste de fazer qualquer coisa de útil na vida e vai-se dedicar a tempo inteiro ao marido?! Nem uma escola de raparigas, nem um trabalhinho como enfermeira, governanta da enteada, qualquer coisa do género? Eu já nem digo ir para a Índia, como esteve quase para acontecer, já que frágil como ela era aquilo não era coisa para durar muito tempo. Agora, 24 horas com o marido, sempre a falar, sem um momento para respirar sozinha, fazer qualquer coisa parva daquelas que só fazemos quando estamos sozinhos, epá... Meteu-me impressão. Eu a pensar que aquilo era uma história com um leivo feminista implícito, impercetível, a provar às mentalidades do séc. XIX que uma mulher pode ser muito mais do que uma escrava do lar e da família, e afinal cai tudo por terra nas últimas 40 páginas. Enfim, não se pode ter tudo.
Tirando isso, livro fabuloso. Na escrita, nada a apontar, flawless, bem corrida, refinada, perfeita. A história dá cambalhotas completamente inesperadas, o que é receita ideal para prender a atenção.
Recomendado.
Acabei o tão aguardado Jane Eyre, que me foi altamente recomendado.
Acertadamente.
Adorei. Prendeu-me às páginas como nem todos os clássicos o conseguem fazer. Ao início custou-me um bocado a entrar na personagem, a gostar dela, a percebê-la. Mas a partir das 100 páginas apanhei o bichinho vira-página, já era com grande entusiasmo que pegava no livro. A partir do meio já o lia em qualquer lugar, ele era metro, ele era paragem do autocarro, só não lia enquanto caminhava pela rua porque ainda assim prezo a minha dignidade e não me apetecia esbardalhar-me no chão.
Dou-lhe quatro estrelas e meia. Só não dou cinco porque o fim foi um bocado chocho.
SPOILER EM BAIXO
Então não é que a rapariga, toda educada e culta como se quer, sem laivos de materialismo nem de afetações parvas de feminilidade ou vaidosismos, desiste de fazer qualquer coisa de útil na vida e vai-se dedicar a tempo inteiro ao marido?! Nem uma escola de raparigas, nem um trabalhinho como enfermeira, governanta da enteada, qualquer coisa do género? Eu já nem digo ir para a Índia, como esteve quase para acontecer, já que frágil como ela era aquilo não era coisa para durar muito tempo. Agora, 24 horas com o marido, sempre a falar, sem um momento para respirar sozinha, fazer qualquer coisa parva daquelas que só fazemos quando estamos sozinhos, epá... Meteu-me impressão. Eu a pensar que aquilo era uma história com um leivo feminista implícito, impercetível, a provar às mentalidades do séc. XIX que uma mulher pode ser muito mais do que uma escrava do lar e da família, e afinal cai tudo por terra nas últimas 40 páginas. Enfim, não se pode ter tudo.
Tirando isso, livro fabuloso. Na escrita, nada a apontar, flawless, bem corrida, refinada, perfeita. A história dá cambalhotas completamente inesperadas, o que é receita ideal para prender a atenção.
Recomendado.
S.
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