No fundo, ficou gravado no meu inconsciente que quando é para estar calado e quieto, é para estar calado e quieto, ponto final.
Ora, hoje constatei que tal capacidade é extremamente rara e não tanto do senso comum como eu sempre a tomei.
Sempre pensei que estar com atenção era algo que se melhorava com o tempo, do tipo:
- difícil na primária e no ciclo;
- melhorzita no secundário, mas ainda muita conversa;
- na universidade, já é tudo adulto e ninguém é obrigado a estar ali, portanto a atenção é maior;
- vida adulta, seria total.
A minha experiência até aqui tinha corroborado esta impressão, tanto que no liceu era conversa pegada, na univ chegámos a ouvir ralhetes, e por fim no Mestrado conto pelos dedos os focos de conversa que apanhei.
Não podia estar mais enganada. Hoje, na conferência sobre Violência de Género a que assisti, vi coisas que me fazem perder a fé na correlação + idade = ser humano aperfeiçoado. Pessoas com o dobro da minha idade a consultar facebooks, e-mails, etcs, nos seus netbooks pequeninos durante as apresentações, conversas (às vezes não tão) sussurradas, tiragem de fotos a toda a sala em plenas exposições dos oradores. Às duas senhoras à minha frente, que conseguiram a proeza de fazer as 4, só me apetecia bater no ombro e perguntar, com toda a comiseração do mundo "Quem é que vos está a obrigar a estar aqui, pobres de vós? Que criatura sem coração é que vos está a fazer passar pelo martírio de assistir a uma conferência tão pouco interessante e pertinente para vós como esta sobre a violência de género?"
Ainda fiquei na dúvida se teria regredido à minha adolescência já que comportamentos destes são típicos de adolescentes muito contrariados nas aulas e que querem lá saber o que o professor está para ali a dizer, não veem a hora de tocar para o intervalo. Mulheres muito alouradas e muito encamisadas que aos 40 anos pensam que ser adulto é botar muita maquilhagem no rosto e muito verniz no dedo do pé. E deixar que os anos façam o resto. Continuam a fazer coisas por obrigação mas fazendo questão de mostrar o quão por obrigação as estão a fazer.
Ser adulto é saber ter a consciência de escolher o que se quer realmente e tomar a responsabilidade dessa escolha completamente. Nas coisas às quais não podemos fugir e que não gostamos particularmente, temos pena mas ser adulto é aguentar muita contrariedade sabendo que a vida não é só feita do que se gosta. O muito simpático "suck it", ou o bom "aguente-se" em português. Mas isto sou eu que sou uma ingénua nestas coisas de adultos e só cá ando oficialmente há 5 anos.
Assim como assim gostei muito da conferência em si, a minha primeira a sério. Informação sobre as coisas de género como se quer, e pessoas que percebem do assunto a expôr as suas conclusões/instigar debates. Sim, porque a partir de agora o mais parecido com aulas que eu posso ter são estas coisas. E eu tenho planos de aproveitar todinhas as que forem do meu agrado e às quais puder ir.
FCSH, não te esqueças que ainda me estás a dever um Mestrado. Um dia destes cobro-te-o.
S.
A FCSH é um tormento que a todos nós nos assombra o dia a dia... Até lá camarada
ResponderEliminarEu tenho que confessar que as minhas memórias daquele sítio são todas boas. Sou doente, eu sei.
ResponderEliminarlol sara, não és só tu que pensas assim da fcsh, deixa estar...
ResponderEliminarEeeeh... Não me metas no grupo em que eu acho que me estás a meter Bárbara! Eu não sou graxista!
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