Estranhamente, foi uma sensação boa.
Que isto não fique mal interpretado e que se pense que uso estas aulas para descarregar stresses ou que afinal tenho um fraquinho por controlo e as crianças minhas alunas, por estarem numa posição hierarquicamente inferior à minha, são o alvo fácil e preferencial para o descarregamento de acessos de fúria.
Não. Até agora, o meu medo era verdadeiramente este: que eu, porque nunca tive um acesso de fúria na minha vida, e perco pela maciez do meu temperamento, fosse daqueles professores incapazes de levar uma aula a bom termo porque incapazes de manter silêncio numa sala de aula.
Simplesmente gostei porque fiz o que devia ser feito. E a sensação de justiça é uma das melhores do mundo.
A convivência com crianças de 10 anos tem-me ensinado muito sobre o mundo infantil com o qual nunca tive contacto (salvo durante o meu tempo), e portanto zona totalmente desconhecida para mim. Mas tem-me ensinado ainda mais sobre mim, sobre as minhas aptências sociais (que são muito fraquinhas) e sobre que espécie de pessoa sou. Tem provado muita coisa que eu já desconfiava, mais do que me tem realmente surpreendido.
Hoje descobri que um berro bem dado e bem dirigido à fonte causadora da indisciplina na sala de aula, é remédio santo. E que não há nada como a disposição tradicional de mesas e cadeiras de sala de aula em fila, viradas para o quadro, por oposição a grupos de 4 ou 5.
Após um mês de aulas dadas as conclusões não são definitivas nem concretas. É uma experiência desafiante, esgotadora por vezes, e uma vez por outra gratificante. Sinto-a, sobretudo, como necessária ao meu crescimento como pessoa, ainda que não consiga explicar exatamente porquê. Desistir porque sim nunca foi opção.
No final, far-se-á o balanço.
S.
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