“Porque mostrei enfado com as diligências necessárias para despachar a bagagem, considerou que sofria de horror aos preparativos das viagens, rotulando-me de efodiofóbico.” - Antero de Quental
É sempre bom darmos o nome às coisas. E eu, há semanas a adiar começar os preparativos para a mudança, tornei-me claramente uma efodiofóbica. Mas é bom saber que não estou sozinha; pelos vistos também acusavam Antero de Quental de o ser. Quantas mais alminhas andarão por aí sofrendo desta fobia esquisita sem o saberem, interrogo-me eu. A partir de hoje, menos uma.
Faltam duas semanas, a verdade é que tenho tempo suficiente. Mas as malas de Londres já estavam a ser preparadas um mês antes de eu partir (eu aí ainda não era efodiofóbica). E assim é que deve ser, porque estas coisas levam tempo. Não é só enfiar a roupa nas malas no dia antes. Elaboradas relações de peso-espaço-utilidade vão ter de ser calculadas, extensas listas de coisas a levar vão ter de ser escritas, roupa terá que ser ordenada por estações do ano e por nível de utilidade agoraagora-duranteospróximosmeses-verão (seja lá quando ele for em Bruxelas).
Adivinham-se decisões de vida ou morte ou, pelo menos, de partir o coração (por exemplo: tenho duas latas de chocolate em pó, uma da Twinings outra da Nestlé, qual levar, meu deus? A máquina das waffles é para ir ou é uma blasfémia levar semelhante objeto para a terra que inventou as ditas cujas?)
Tudo isto demora o seu tempo. E estas decisões não podem ser tomadas de ânimo leve, têm de ser pensadas. Muita roupa para lavar. Certinhos na lista para escrever. Desencantar roupinha que já não se usa para vestir nos últimos dias cá, para não sujar a que já está guardada na mala. Os dias para me esquivar estão a acabar. Daqui a 7 a tarefa monstruosa tem de estar começada.
S.
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