quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ontem, hoje e amanhã

Antes de ontem, foi dia de palmilhar a cidade de Lisboa de mão dada. Unir com passos zonas da cidade e dar uma cara e um caráter ao que só se conhece por nomes de estações de metro. Só quando se calca terreno com os nossos pés - seja ele alcatrão, terra ou calçada - é que se pode sentir uma cidade como nossa, nem que seja só por um bocadinho. E só partilhando esses trilhos, com conversa, chalaças e beijinhos é que a cidade ganha realmente corpo na nossa memória.

Ontem foi dia de despedidas, indignações e abraços calorosos. E, para minha grande surpresa, algumas lágrimas. Foi dia de peso na consciência, por estar a abandonar um trabalho a meio por outro em Bruxelas. Senti-me um verdadeiro Durão Barroso. As crianças foram rápidas a chamar a atenção para tal e não tornaram o peso mais leve. Muito desenho no quadro, muita dedicatória para a teacher S. que tornaram óbvio que os corações não se medem aos palmos. Será que vou sentir saudades disto?

Hoje foi a despedida dessa escola, no dia das máscaras, em que cada um pode ser mais do que ditam os limites dos dias normais. Muitas gargalhadas e boa disposição, não podia ter pedido um melhor último dia.

Amanhã será a machada final na rotina de há 9 meses. A despedida do trabalho onde me senti em casa e que me introduziu ao mundo profissional dos crescidos. Onde tive o prazer de conhecer pessoas inesquecíveis e, suspeito, raras. Vou ter de arrumar a secretária. Vou ter de arrumar o copo da água. O chá preto vai para a copa. E o computador vai deixar de ter uma pasta com o meu nome. Caramba, como é que se diz adeus a pessoas com quem passámos todos os dias dos últimos meses? Desajeitadamente e com pancadinhas nas costas, como é o meu costume.

O nervosismo já aperta. São demasiadas "esta é a última vez que...". É inevitável o nervosismo e a expectativa em relação à nova etapa que está quase a começar, e a ansiedade face à incerteza sobre o que se irá sentir quando se olhar para trás e para o que era rotina. Haverá saudades? Haverá nostalgia? Algum arrependimento? Espero que só um enorme orgulho e alegria.




S.

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