sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ele há coisas... #21

Em outubro, Bruxelas vai ter eleições comunais para se escolher o governo de cada comuna. Um bocadinho como as eleições municipais portuguesas.

A cidade anda cheia de posters com diferentes candidatos, que variam também de comuna para comuna. É muito útil para delinear onde começa e acaba cada uma destas porções territoriais, já que, como é óbvio, as fronteiras não são físicas.

O que é interessante saber é que eles permitem a todos os residentes registados na sua comuna votar, mesmo sendo estrangeiros. Nós seríamos eleitores em outubro se nos tivéssemos registado até dia 31 de julho. O que não foi o caso.

Ainda assim, é engraçado dar uma vista de olhos nos panfletos que todas as semanas nos chegam invariavelmente à caixa do correio. A semana passada, foi este:



Quando lhe peguei não percebi do que se tratava, e o facto de que era um dos candidatos a Ixelles não me passou logo pela cabeça. Mas a conversa do "votar" (vinda de um cão!...) garantiu-me que sim.

É deveras... Diferente. Temos, portanto, um aspirante a presidente da câmara com um cão ao colo, cão esse com ar extremamente aborrecido, que nos pede "Votem no nº 18, é o meu papá".

... Que dizer? Dizer que o senhor podia ter escolhido um cão mais fofinho, tipo o do papel higiénico, que se é para acarretar o conselho de um cão ao menos que se tenha a desculpa do "deixei-me levar pela emoção".

Uma coisa que me intriga: não sei porque é que o senhor insiste em esconder a cara. 


Cá está ele novamente, no reverso do panfleto, a correr com uma cambada de putos, mas de cara aos quadradinhos. Terá alguma coisa a esconder? É para o suspense? Será testemunha de algum crime manhoso? Tem vergonha da sua aparência? Tantas possibilidades...

Começo a achar que os belgas devem ter um sentido de humor a que eu não ando a dar o devido valor... Já os programas da TV belga, aqueles da tarde de encher chouriços, são sempre todos de comédia stand up ou concursos de improvisos (que apanho sempre que vou ao gym. É bom porque lá as televisões estão no mute e passam as legendas do que as pessoas estão a dizer, boa prática de francês). Este pode ser mais um exemplo desse humor que eles parecem tanto prezar.

Não deixa de ser estranho para mim, portuguesa, habituada a pensar nos políticos como gente sisuda, de fato e gravata, e que se leva extremamente, ridicularmente, a sério.




S.

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