Os chás andam afastados aqui do blog. Mas sem razão. O seu consumo continua extremamente elevado (só não perigosamente elevado porque intervalado com chocolate quente) e recentemente fiz duas descobertas.
Bem, uma delas não foi uma descoberta minha. A minha prima J. foi passar o Natal a Tóquio e trouxe-me a melhor prenda que alguém me pode oferecer: um chá diferente.
De notar que, por razões óbvias, nenhuma de nós tinha qualquer ideia sobre que chá era este (a única coisa que conseguimos ler foi que a embalagem tinha 10 pacotes; e mesmo assim, considerando que depressa se chega aí, contando-os, não foi uma descoberta particularmente conquistadora). Foi por isso com duplo entusiasmo que estreámos em família este novo chá. Um bocadinho a medo, tenho que confessar.
Começa-se pelo cheiro, claro está, para tentar antever ao que é que aquilo saberá.
Cheiro: praia durante a maré vazia.
Isso mesmo. Um cheiro intenso a lapas ou a mexilhão acabado de apanhar, cheiro àquelas poças que ficam nas rochas quando a maré está baixa, cheias de limos verdes, peixinhos pequeninos, ouriços e anémonas. Cheiro a férias de infância, portanto. Nada mau para começar. Um cheiro invulgar para chá, mas reconfortante.
A cor é esta: verde intenso, o mesmo verde - lá está - dos limos dessas poças. Começámos a suspeitar que o chá era mesmo chá de algas.
Nunca tendo provado algas, não podia dizer com certeza. Mas o sabor era o mesmo que o cheiro portanto acho que acabei por provar a minha primeira bebida/comida feita desses vegetais marítimos.
É um sabor estranho a princípio, mas uma pessoa habitua-se. E dá sempre a sensação de que se está a beber iodo, e isto, numa terra onde o peixe fresco é raro e custa os olhos da cara e onde o mar mais próximo fica a duas horas de comboio, torna-se positivo.
S.
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