Há duas semanas fomos à praia. A intenção principal de ir até à beira-mar era fazer um passeio de bicicleta de vários quilómetros pela costa flamenga e holandesa, que me haviam dito ser lindíssimo. Andava a sonhar com Knokke há mais de um ano. Como todas as previsões meteorológicas apontavam para um dia soalheiro e de mais de 25 graus naquela cidade costeira, permitimo-nos sonhar.
Começámos a rir maniacamente quando, ainda no comboio, cai uma carga de água enorme. Não faz mal, já estamos habituados, declarámos nós, os fatos-de-banho vieram vestidos mas bom, temos o pedalanço na mesma para fazer. Não seria em vão como há dois anos.
Fomos então pedalar, eu sempre de antena no ar para descobrir o momento em que passássemos a fronteira com a Holanda. Nem uma placazinha azul com estrelas amarelas a anunciar, nem bandeiras holandesas em lado nenhum, mudança de língua nicles porque já estávamos na Flandres de qualquer das formas, olhar para as matrículas dos carros não me elucidou porque havia igual número de BEs e NLs, e as pessoas como é óbvio não têm escrito na testa de que país são. Cheguei a procurar desesperada anúncios em edifícios ou paragens de autocarro que tivessem um website com .nl, cheguei ponderar perguntar a alguém na rua se já estava na Holanda, mas senti-me ridícula e tive medo de ofender nacionalismos desenfreados caso ainda estivesse na Flandres. Lá vislumbrei uma caixa de correio amarela que dizia qualquer-coisa-qualquer-coisa-Nederland mas acabei por nunca vislumbrar a linha divisória como esperava. Só em casa, com o mapa GPS do percurso feito transferido para o computador pude ver que tínhamos avançado 10 km para dentro da Holanda sem nunca nos apercebermos.
Apanhámos chuva e fresquinho, como era esperado desde a forte chuvada no comboio. O que não era esperado foi o sol que de repente brilhou em toda a sua glória no pedalanço de regresso a Knokke, e que me garantiu um lindo bronzeado à camionista que ainda hoje apresento com alguma vergonha. Apanhar escaldões aqui nestas costas do norte é uma verdadeira humilhação para pessoas Europa-sulistas como eu.
Ainda fomos à praia, o único final lógico de um pedalanço debaixo de sol quente (aqui isto não é uma redundância). E tomei banho! Fiquei mesmo feliz, felicidade essa que se esbateu um bocadinho quando dei um pontapé sem querer numa alforreca*. Acabaram-se os banhos de Mar do Norte que foi uma beleza. Secar é que não deu. Para fornecer um inesperado escaldão lá esteve ele, para secar uma pobre alma após banho de mar é que já seria pedir demais. Tentei mas não pedi, porque fique a sentir-me uma privilegiada por ter conseguido em dois anos apanhar um dia de praia digno desse nome.
não li este teu texto todo, que vim só dar uma passagem rápida pelo blogger, mas lembrei-me logo que este fds estive em Caminha, e a ver se escrevo umas linhas sobre a bela praia de Moledo (onde estava excelente tempo ao contrário de zona mais a sul - na autoestrada de ida e regresso só fez sol a partir de vila do conde para cima), com ligação a Caminha pela marginal onde dá para ir de bicleta de certeza. Se bem me lembro, só há camping em vila praia d'ancora (desta vez não passei lá), mas olha que a praia de moledo vale bem um mergulho. Acresce que se comem lá uma fritada de peixe bem barata e com peixe fresquissimo.
ResponderEliminarAh e em Caminha, já que se fala de gastronomia local, a não perder são uns mexilhões que em nada ficam atrás dos dos Pirinéus (na marisqueira valadares, mais uma vez excelente relação qualidade preço, como aliás é apanágio de todos restaurante no norte. Em caminha, eu evitaria o Solar do pescado (que tem as melhores críticas no tripadvisor) que é muito caro para o que é, todo armado em pipi.
(boa viagem/férias de bicleta se entretanto não escreveres mais!)
Os nossos primeiros três dias vão ser feitos um bocado a correr porque tivemos que adiar o dia da partida, de maneiras que acho que não vamos ter muito tempo para aproveitar esses locais e gastronomia maravilhosos que sugeres (já estou a salivar só de pensar em peixe fresco). Mas obrigada pelas dicas! Vou dando notícias no Bicicleta pela Costa, nem que seja sob a forma de um "aaaaaaaaaaai, doem-me as pernas!"
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