Ainda não me habituei a isto de fazer uma viagem de menos de meia-hora de comboio e parecer que estou num país completamente diferente. Esqueço-me sempre, sempre, que Bruxelas é um enclave numa Flandres cada vez mais nacionalista e que me rosna sempre que ouso trazer os meus hábitos linguísticos francófonos para dentro do seu território. É como se sair para as redondezas de Bruxelas fosse ir ao estrangeiro. Os mesmos mecanismos mentais têm que ser feitos: desabituar a ver as coisas escritas numa língua que se entende, desabituar a ouvir pessoas falarem numa língua que se entende, e ter de ter cuidado para se nos dirigirmos a elas no inglês de turista. É estranho, ir ali dar um passeio a Louvain (ou, devo dizer antes, Leuven?) numa tarde e sentir-me uma turista desenquadrada, apesar de não ter passado nenhuma fronteira nacional.
Nem vou falar da cidade em si, toda limpa, ordenada, pituresca como uma caixa de bolachas belgas, e cheia de bicicletas. Só iria dar azo a mais lamentos sobre a fealdade, estranheza e sujice bruxelense. Como todas as cidades flamengas (das que eu conheço, pelo menos), Leuven tem aquele ar de País Baixo que mete impressão.
Só para registar aqui então que dei início à minha despedida formal da Bélgica no sábado ao começar uma série de passeios pelas cidades principais do país que vai deixar de ser o meu não tarda muito e do qual eu conhecia vergonhosamente pouco. Lovaina (até me assustei quando descobri que era este o nome da cidade em português) foi a primeira.
S.
Sem comentários:
Enviar um comentário