A uma semana de ir fazer o exame de admissão à função pública da UE, e depois de algumas horas de volta de exercícios de racionalidade numérica (medo... ou terror!) compreendo perfeitamente o que há uns posts atrás mencionei: por mais que nos tornemos excelentes numa segunda língua, nunca atingiremos o nível da nossa língua materna.
Sim, compreensão numérica ou problemas cheios de números, gráficos, tabelas e percentagens são uma porcaria. Mas são uma porcaria maior em inglês. E isto porquê... Porque eu não aprendi matemática em inglês, aprendi-a em português. O raciocínio matemático, o que subiu, o que decresceu, a percentagem do não-sei-quê, são tudo coisas tão viscerais e tão primárias que não se trata simplesmente de traduzir na nossa cabeça. É sempre possível traduzir, mas para o raciocínio rápido que se precisa nestes casos - que envolve compreender exatamente o que nos pedem - não é útil. Até a simples contagem! Já não é a primeira vez que observo a minha supervisora, que fala impecavelmente e do pé para a mão francês e inglês, a contar baixinho as colunas de uma tabela em alemão, a sua língua nativa.
Os números e as relações entre eles são algo demasiado primário e que muito raramente temos a oportunidade de treinar a fundo noutra língua, por mais que nos aproximemos do nível dos nativos. É isto que eu digo a mim mesma nas vezes mais que muitas em que nem com a solução e a explicação de como chegar àquele resultado eu percebo o problema. É um esforço quase físico - juro que consigo sentir o cérebro a aquecer! É excesso de trabalho em neurónios que não estão habituados a correr desde há muito, muito tempo.
Tenho o pequenino conforto de ter escolhido fazer o exame em português para não largar num pranto.
S.
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