É sempre assim: os primeiros dias nunca têm fotos a gravá-los para a posteridade. A incerteza quanto à morada, o andar atarantado pela cidade desconhecida, a procura incessante de casa e as malas às costas implicam que apeteça tudo menos sacar da máquina e fotografar o que se vê pela primeira vez. A mentalidade do "tenho tempo" também ajuda a adiar as fotos.
A sensação de descoberta é para ser aproveitada. Afinal, só se veem as coisas pela primeira vez uma única vez. E fotos há-as no Google.
Com casa já garantida e data de mudança marcada já dá para respirar e saborear melhor a cidade que vai ser a nossa casa pelo menos nos próximos cinco meses. Tudo gira à volta desse ponto que é a nova morada: o caminho que se faz todos os dias, a paragem de metro/autocarro/tram onde se espera o transporte, o supermercado onde se faz as compras, a loja de lavar-roupa onde se irá - pela primeira vez - pôr roupa a lavar. Por isso ontem o dia foi de passear calmamente e à deriva pela zona onde iremos viver. O que se viu, gostou. É uma zona calma mas central, com muito comércio, pracetas agradáveis e até uma igreja antiga. Deparámo-nos com um mercado de rua numa dessas pracetas, e o passeio tomou proporções mais agradáveis ainda, por entre os cheiros das comidas de barraquinha (incluindo as gauffres de cá, que já vão sendo lanche regular), as cores vivas de legumes e frutas variadas, e até talhos e peixarias ambulantes.
Hoje foi o primeiro dia de trabalho. O estágio no Parlamento ganhou finalmente uma dimensão real na minha cabeça, como eu sabia que só estando lá, conhecendo colegas e supervisores, ía acontecer. Ainda estou um bocado, hmm, overwhelmed, nem que seja pelo sítio em si, mais diverso do que eu podia pensar, com mais gente, mais línguas, mais movimento e mais labiríntico do que eu o imaginava. Os pés têm de se manter bem assentes na terra, ao deslumbre sou dada com alguma facilidade, e a UE já tem o espacinho no meu coração e imaginação que se sabe. São estas as impressões dos primeiros dias.
S.
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