Ontem tomei duas decisões, com potencial de mudança de vida, que me fizeram constatar que eu não me conheço. Ou não me conheço, ou estou a evoluir* para outra coisa qualquer mais depressa do que o meu ego consegue desvendar.
- Inscrevi-me na Meia-Maratona de Lisboa. Vou em março a Portugal, de propósito correr uma prova que insisti durante uma hora, ainda há dias, nunca me meter. Em retrospetiva, após os últimos meses de treinos continuados nem sei bem em nome de quê, faz todo o sentido. Do ponto de vista de quem eu sou (era? sempre fui?), juro que não faz. Não foi preciso a Gralha me espicaçar muito para ficar com o bichinho desta prova, depressa anui. O que revela, mais uma vez, que eu não me conheço.
- Recusei uma perspetiva profissional em Londres. Ainda não acredito. Não acredito é no alívio que senti após o decidir, sabendo, aqui algures mas que não era só na cabeça, que tomei a decisão correta. Afinal tenho instinto ou coisa que o valha... (Mentira, a lista dos prós e contras também esteve presente e foi o teste final. Se bem que o alerta veio das entranhas.) Eu amo Londres, eu fui lá tão feliz, eu cheguei a sentir-lhe mais a falta, tantas vezes, do que a pátria materna, e recusei conscientemente, livremente e aliviadamente me mudar para lá, trocando esta cidade pela qual não tenho carinho especial pela minha amada Londres.
Desculpem-me os clichés mas isto é aquilo do rio não passar duas vezes pelo mesmo sítio? Ou do outro que dizia que o difícil não é ir atrás dos nossos sonhos, é saber e ter a coragem de largá-los quando já não são os nossos sonhos?
É por estas e por outras que eu tenho um medo terrível de ter filhos. Não é pelas mudanças do corpo, não é pelos vómitos, não é pelos horrores do parto, não é pela alteração do ritmo de vida, não é por ter que cuidar de outro ser humano, não é pelas manhãs a dormir até ao almoço que se acabam, não é pelo aperto financeiro, não é pelo We Need To Talk About Kevin, não é pelo fim do tempo e espaço pessoais, não é pela adolescência da prole, não é pelo mudar de fraldas, não é pela incerteza do futuro. É simplesmente porque o meu eu de hoje não sabe que eu vai encontrar do outro lado da maternidade. E eu ainda tenho tanta coisa que quero concretizar neste estado mental do presente.
S.
*Atenção que quando digo evoluir não é como sinónimo de progresso, é mais no sentido de como os Pokémons evoluíam: chegavam a determinada altura, após não sei quantas batalhas e skills adquiridos tinham a possibilidade de evoluir para uma criatura diferente. Mas quantas vezes o estádio anterior não era bem mais poderoso...
Tens razão, Caterpie > Metapod. Mas Butterfree >>>>> esses dois juntos! ;-)
ResponderEliminarDar um passo atrás para depois dar quatro à frente. ;)
ResponderEliminarIsto é que é entrar em grande no ano novo!
ResponderEliminarVemo-nos no Pragal ;)
As borboletas no estômago já cá estão. Até março!
ResponderEliminar