Muito por acaso, apanhei um mercado enorme em Barcelona, daqueles mesmo bons, tradicionais e enormes, com bancas de todos os vegetais, frutas, peixes, queijos, carnes e enchidos que se possa imaginar. Não tem o caos do mercado do Midi, aqui de Bruxelas, nem a ordem do mercado de Loulé (por alguma razão, o mercado português que está mais vívido na minha memória), mas é labiríntico como nenhum destes dois e com uma variedade que me espantou francamente.
Enquanto por lá cirandava, uma banca de bacalhau chamou-me a atenção. Pensei: "Olha, que curioso, os espanhóis também apreciam bacalhau, não sabia." Até que me aproximei e vi melhor:
Postas de bacalhau fresco, com uma grande camada de sal por cima, no que eu desconfio ser uma tentativa muito esforçada mais muito fail de produzir um bacalhau igual ao português.
Soltei uma gargalhada sarcástica e meio arrogante porque é sempre a mesma coisa. Todos tentam mas ninguém consegue ter bacalhau como em Portugal. Não, senhores barcelonenses, não é assim que se faz. O bacalhau tem que ser seco; não é só espetar um monte de sal por cima e esperar pelo melhor. Eu sei, eu já tentei...
Corei um bocadinho quando me lembrei disto. No Natal londrino, numa tentativa um bocado desesperada de ter o tradicional bacalhau à mesa da ceia natalícia, comprei as típicas postas de peixe fresco e no dia anterior salguei-as como se não houvesse amanhã. Remediou, mas não é de todo a mesma coisa.
Por isso, vá, se é para vender tem que se fazer como deve ser; isso não engana ninguém, sim?
S.
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